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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

 

No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.

Vários ouvintes nos interpelam sobre a questão das fotografias Kirlian [1]. Pedem maiores esclarecimentos a respeito, alegando disparidades nas informações através dos jornais e revistas. Querem saber se realmente se trata de fotografias da alma ou de efeitos puramente físicos.

Este programa foi o primeiro a divulgar em São Paulo a notável descoberta russa, hoje amplamente pesquisada nos meios universitários norte-americanos. Podemos informar com segurança, que as fotografias Kirlian constituem uma penetração da pesquisa cientifica em zonas, até há pouco, inacessíveis à investigação da ciência.

Escrevem alguns ouvintes perguntando por que falamos em fotografias do corpo espiritual, quando até hoje só foram obtidas fotos da aura ou irradiações em torno de objetos ou corpos animais e humanos.

Há duas fases distintas nessa pesquisa. A primeira é a que se refere às fotografias da aura. A fase da efluviografia em que ainda se encontram os norte-americanos. A segunda é a referente a descoberta do corpo bioplasmático dos seres vivos e do homem. Esta é a fase em que se encontra a pesquisa russa no momento, segundo as informações obtidas da União Soviética pelas pesquisadoras universitárias norte-americanas, Sheila Ostrander e Lynn Schroeder, cujo livro foi editado pela Prentice Hall University e posteriormente pela Bentan Books, editora de New York[2].

A ouvinte Mariana Veiga dos Santos pergunta em que nos baseamos para afirmar que o corpo bioplasmático é o corpo espiritual. Entende que nos adiantamos às conclusões científicas, no desejo de impor aos ouvintes os princípios da doutrina espírita. E pergunta se isso é busca da verdade ou tentativa de proselitismo.

Não adiantamos conclusões científicas. Estabelecemos apenas o confronto da descoberta russa com a descoberta de Kardec há mais de cem anos na França. O confronto nos mostra que as funções do corpo bioplasmático, admitidas pelos biólogos soviéticos através de suas pesquisas, são exatamente as mesmas do perispírito ou corpo espiritual. Não é assim que se procede na busca da verdade?

Prossegue a carta da ouvinte. Quais os dados científicos de que dispõe o programa para chegar a essa conclusão? Qual a origem desses dados? Se tudo isso não for respondido com precisão, julgar-me-ei no direito de afirmar que o programa No Limiar do Amanhã não quer a verdade, mas apenas fazer propaganda do Espiritismo. E isso será lamentável, pois eu e minhas amigas estávamos até agora, muito confiantes nesse programa. Admiramos a firmeza da sua orientação doutrinária. Mas não podemos aceitar que uma falsa informação científica seja nele divulgada com fins puramente sectários.

Gostamos que os nossos ouvintes nos vigiem e nos contestem. Mas a ouvinte se precipita no seu julgamento. Os dados científicos estão no livro de Ostrander e Lynn, Psychic discoveries behind the Iron Curtain. Essa edição universitária norte-americana, uma edição que realmente já se encontra à venda em São Paulo. O volume pode ser adquirido nas livrarias, portanto. Os ouvintes podem confrontar as funções do corpo bioplasmático ali descritas, com as funções do perispírito descritos nas obras de Kardec. O Espiritismo não é uma seita, nem uma religião proselitista. É uma filosofia baseada nas pesquisas da ciência espírita e de consequências religiosas. A religião espírita é, portanto, consequência da busca científica da verdade. Gostaríamos de receber a contestação da ouvinte, com base na sua própria busca. Se nos provar o contrário do que afirmamos, do que sustentamos, daremos a mão à palmatória.

No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel. Transmissão 182 – 4° ano. Uma busca sincera da verdade.

Apresentação de Teresinha Ribeiro e José Pires. Sonoplastia: Antonio Brandão. Técnica de som: Edvaldo Francisco. Direção e participação do Professor Herculano Pires.

Gravação dos estúdios da Rádio Mulher – São Paulo – Brasil.

Todas as semanas, neste dia e neste horário, transmissão pela Rádio Mulher, 730kHz, São Paulo. Pela Rádio Morada do Sol, de Araraquara 640kHz. Pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780 kHz. Toda semana neste dia e neste horário.

Diálogo no Limiar do Amanhã.

Uma busca da verdade sobre o homem e o seu destino.

Pergunta 1: Ciência Espírita x Parapsicologia

Locutor – O ouvinte Aldovando Pascoal de cidade Leonor, pergunta: O senhor diz que o Espiritismo se baseia em fatos e, portanto, em fenômenos. Mas os fatos espíritas são hoje explicados pela parapsicologia, sem nenhuma necessidade dos Espíritos. O senhor não acha que o Espiritismo se apoia numa interpretação de fenômenos que Kardec não conseguiu explicar no seu tempo?

JHP – Não. E não acho isso, pelo seguinte: porque se o senhor realmente estudar parapsicologia hoje, se o senhor acompanhar o que se está fazendo no mundo inteiro a respeito dos fenômenos paranormais em parapsicologia, o senhor verá que a parapsicologia (como já aconteceu anteriormente com a metapsíquica e com a ciência psíquica inglesa, como já aconteceu com essas duas ciências), a parapsicologia comprovou plenamente Kardec. Aquilo que Kardec afirmou no tocante a estes fenômenos paranormais, considerando-os como produzidos não apenas pelo Espírito humano, mas também por entidades espirituais que interferiam nas atividades humanas, é hoje plenamente confirmado pela parapsicologia. Basta dizer ao senhor que há grandes parapsicólogos no mundo, como o professor Soal[3] , por exemplo, da Universidade de Londres, que é considerado o expoente da parapsicologia inglesa. Que considera a sobrevivência da mente após a morte do corpo, como uma realidade comprovada parapsicologicamente. Outro grande professor inglês, que foi o professor Carington, Whately Carington[4] da Universidade de Cambridge na Inglaterra, chegou não só a essa mesma conclusão, como até mesmo a elaborar uma teoria parapsicológica da sobrevivência do homem após a morte.

De maneira que não se trata de Kardec ter dado uma interpretação do fenômeno de acordo com o seu tempo. Porque essa interpretação de Kardec está hoje confirmada no tempo atual, através das pesquisas minuciosas e rigorosas dos parapsicólogos, tanto no mundo ocidental, quanto no mundo oriental. Quando eu falo em mundo oriental, estou me referindo naturalmente à Rússia. Nós todos sabemos que a ideologia de Estado na Rússia, na União Soviética, é uma ideologia materialista. Consequentemente eles não podem admitir a sobrevivência do homem após a morte do corpo. Com o corpo, deveria morrer a alma também, deveria morrer o homem totalmente, o seu espírito. Mas como nós já vimos no caso das pesquisas com as câmeras Kirlian, os russos conseguiram observar o desprendimento do corpo energético, que eles chamaram de corpo bioplasmático do homem. O desprendimento deste corpo, do cadáver, logo após a morte. E consequentemente, conseguiram detectar no ambiente, as pulsações biológicas deste corpo, fora do corpo material.

Ora, o relato destas pesquisas pode ser perfeitamente encontrado no livro que citamos aqui no início do programa, é Descobertas psíquicas por trás da Cortina de Ferro. Este livro ainda não está traduzido para o português. Está em fase de tradução, mas já pode ser encontrado no original em inglês, nas livrarias de são Paulo. De maneira que é fácil verificar se aquilo que estamos dizendo, confrontando aquilo que as duas pesquisadoras, Ostrander e Lynn Schroeder, conseguiram obter de informações diretas de entrevistas pessoais com os cientistas que fizeram essas descobertas. Então na própria Rússia, não obstante o materialismo de estado que ali vigora, este materialismo está sendo ameaçado, dentro da própria estrutura da pesquisa científica soviética. Está sendo ameaçado pela descoberta de que quando morre o homem, nem tudo se acabou, nem tudo morreu. Porque alguma coisa sobrevive e continua viva no espaço. No espaço do ambiente em que se encontra o corpo material, segundo as pesquisas de físicos e biólogos soviéticos, na universidade de Almaty, no Casaquistão.


 

Pergunta 2: Cientistas materialistas e espíritas

Locutor - O mesmo ouvinte, pergunta: O senhor fala muito em ciência espírita e só cita cientistas materialistas. Não entendo essa contradição num professor de filosofia. Poderia ter a gentileza de explicar-me essa curiosa situação?

JHP – Não há dúvida. Posso dar a explicação e acredito que ela vai satisfazê-lo. Quando eu cito cientistas materialistas, o senhor deve se lembrar que eles eram materialistas. Por exemplo, William Crookes[5], o grande físico e químico inglês, que foi um nome luminar nos fins do século passado[6] e início deste. William Crookes era materialista. Ele foi pesquisar os fenômenos espíritas partindo de um pressuposto negativo. Quer dizer, ele não acreditava absolutamente que houvessem Espíritos e que pudessem haver manifestações espirituais. Ele chegou a fazer aquilo que nós poderíamos chamar de programa mínimo da pesquisa. Então, dizia ele: “Os espíritas dizem que existe um fenômeno de materialização. Materialização de um Espírito é muita coisa. Eu não quero ver isso. Eu quero ver apenas uma manifestação ou materialização de um pequeno objeto qualquer. Dizem que, por exemplo, há transportes de objeto à distância, sem que vejamos o objeto transportado e ele aparece numa sala fechada, entrando não se sabe por onde. Eu não quero ver isso, é muito. Eu queria ver apenas numa ampola em que se fez o vácuo, os Espíritos introduzirem um pequeno grânulo de qualquer coisa, uma coisinha leve, pequenina. Eu já ficaria satisfeito. Falam que os espíritos provocam movimentações na matéria. Movimentar objetos, erguer uma cadeira no ar e assim por diante. Eu não quero ver isso. Eu quero que numa balança de precisão de laboratório. Uma balança fechada, isolada do ambiente. Que nesta balança os Espíritos façam baixar levemente um prato da balança. Eu ficarei satisfeito com isso.”

Como se vê, ele era materialista e não aceitava, nem por pressuposto, a possibilidade dos fenômenos espíritas. Pesquisou dizendo que ia dedicar apenas três meses de pesquisa ao assunto, porque não tinha tempo a perder com essas coisas. Atendia apenas a uma solicitação da Sociedade Dialética de Londres, para acabar com a mistificação espírita na Europa. E com esse intuito ele começou as pesquisas, levou três anos pesquisando. E veio a público dizer, com fotografias, com registros científicos, com todo o seu protocolo científico minuciosamente registrado e com o testemunho de vários outros cientistas que o acompanharam. Para dizer: “O que os espíritas dizem, é verdade. Eu pedi o mínimo e obtive o máximo.” Como nós sabemos, ele obteve a materialização total de um espírito que se chamava Katie King[7]. Este espírito materializado chegou a passear de braços com ele na frente de seus colegas de pesquisas científicas. Então Crookes daí por diante não foi mais um cientista materialista e, sim, um cientista espírita. Compreende agora, o senhor?

Quando eu me refiro a Oliver Lodge[8], é a mesma coisa. Ele era materialista. Até que as manifestações de seu filho Raymond, através da mediunidade, lhe demonstraram de sobejo a existência do Espírito após a morte e o levaram a escrever um livro famoso que é, Porque creio na imortalidade pessoal. Assim, aconteceu com tantos outros. Inclusive com Lombroso[9]. Cesare Lombroso , como sabemos, foi um dos mais acérrimos adversários do Espiritismo na Europa. Ele publicou uma série de artigos violentíssimos contra o Espiritismo e a Metapsíquica de Richet[10]. Richet como sabemos, era Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina. Entretanto Lombroso o atacou violentamente, dizendo que Richet estava amparando o renascimento de superstições do passado, na Europa moderna. Um dia o professor Chiaia[11] de Milão, mandou um bilhetinho a Richet, a Lombroso. “Você duvida e escreve barbaridades contra todos aqueles que esposam a concepção espírita, inclusive não respeitando a glória de um sábio como Richet. Entretanto, eu o convido. Venha assistir comigo uma sessão com a médium Eusápia Paladino[12], aqui em Milão.” E Richet foi. E o que aconteceu nessa sessão? Apareceu materializada, a mãe de Lombroso. E Lombroso descreveu isto e foi para uma revista, a Revista Luce e Ombra, de Milão, onde escreveu um artigo contando como, segundo a expressão dele, aquela pequenina mulher, analfabeta, que era Eusápia Paladino, pudera fazer uma coisa que para ele, os maiores cientistas e os maiores sábios do mundo jamais poderiam. E acrescentava: “arrancar minha mãe do túmulo e a devolver a meus braços”.
É claro que Lombroso depois escreveu um livro sobre o Espiritismo, como sabemos, sobre os fenômenos espíritas. E nesse livro ele descreve as manifestações, que não foi apenas uma, que foram várias de sua mãe. Manifestações que ele constatou como absolutamente reais e o converteram ao Espiritismo. Então quando eu estou falando de ciência espírita e cito cientistas que, para os leigos em Espiritismo, são os cientistas materialistas, eu estou citando cientistas que eram materialistas no passado, mas que depois se tornaram espíritas diante da realidade dos fenômenos. Mas eu queria acrescentar uma coisa a respeito da ciência espírita. Nós não consideramos, entretanto, que este seja o campo exato da ciência espírita. Kardec, quando fundou a ciência espírita, ele delimitou bem o campo. Ele disse: “Existe a ciência da matéria. Estas ciências, todas elas, são voltadas para a matéria. Todas elas tratam de aspectos da natureza material. E não existe a ciência do espírito. Devia existir, que era a psicologia, mas a psicologia se desviou do espírito. Se desviou da alma, para tratar apenas do comportamento humano. Então, não existe uma ciência do espírito.” Diz Kardec: “nós fundamos com o Espiritismo a ciência do espírito. É a ciência para investigar a natureza, a origem dos espíritos e a sua possibilidade de comunicação com os homens.” Esta é uma ciência estritamente espírita, que não entra no campo propriamente dos fenômenos físicos. Os fenômenos físicos ficaram para os cientistas físicos, para os cientistas materialistas.

Por quê? Certa vez, membros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, insistiram com Kardec para fazer uma série de pesquisas de materialização, experiências de materialização na Sociedade. Kardec respondeu: “Não. A nossa tarefa é outra. Nós tratamos do problema do espírito. A nossa pesquisa é psicológica no bom sentido, no sentido mais profundo. Nós queremos saber o que é o espírito. Quais as suas possibilidades de vivência após a morte. Como ele vive após a morte. Como ele se comunica conosco. Qual a mecânica dessas comunicações. Dessas manifestações. Este é o terreno da ciência espírita. Entretanto, há entre as ciências materiais e a ciência espírita, uma zona intermediária que é hoje chamada a zona metapsíquica[13]. Quer dizer, a zona das pesquisas dos fenômenos físicos que podem ser realmente pesquisados à luz do próprio Espiritismo.

De maneira que, quando estou falando de ciência espírita, não estou caindo em nenhuma contradição, ao admitir naturalmente que esta ciência trata dos problemas espirituais. Para o Espiritismo, o Universo se constitui de dois elementos fundamentais distintos, mas não obstante interatuantes, interligados. Estes dois elementos são: espírito e matéria. A matéria é o instrumento de manifestação do Espírito. E o espirito é a própria vida, é ele que dá vida a matéria. E é a inteligência, porque é ele que realmente revela aquilo que nós temos de indiscutível em nós, de existência inegável. Que, segundo as pesquisas cartesianas, é o nosso pensamento, a manifestação do nosso Espírito. O Espírito então é a realidade, a realidade total, completa do homem. O corpo é apenas a sua manifestação temporária, passageira, numa determinada existência terrena. Ora, colocando-se as coisas assim, compreendemos então o que é a ciência espírita e como ela realmente vem cumprindo as suas finalidades. Pois que hoje, as próprias ciências materiais, como vimos ainda há pouco, estão confirmando a realidade dos princípios espíritas. Princípios estes que como diz Richet , só foram determinados depois da pesquisa e da experiência.


 


Pergunta 3: Mensagens piegas ou de consolação?

Locutor: O ouvinte Jurandir Clemente Pina da rua Botucatu, Vila Mariana, pergunta. Por que Chico Xavier perde tanto tempo recebendo mensagens piegas? Se ele é um grande psicógrafo, por que não recebe mensagens de cientistas e filósofos do outro mundo, que pudessem nos ajudar a resolver os grandes problemas do momento?

JHP – É curiosa esta pergunta porque revela que o senhor desconhece a obra de Chico Xavier[14]. Chico Xavier não tem recebido apenas as mensagens piegas a que o senhor se refere. As mensagens piegas não são propriamente piegas. São mensagens de consolação e de orientação espiritual. O senhor naturalmente queria que essas mensagens fossem dadas em linguagem tecnológica, pois estamos na era da tecnologia. Mas os espíritos não pensam assim. Os espíritos reconhecem no homem uma criatura sensível, dotada não apenas de raciocínio, mas também de afetividade, de emoção, de sentimento. Então eles socorrem as criaturas necessitadas não através de uma linguagem puramente mecânica, mas através de uma linguagem afetiva, uma linguagem amorosa, carinhosa. O senhor vê nestas mensagens uma espécie de pieguismo místico. Muita gente vê assim, mas estas mensagens têm trazido consolação para muita gente.

Aliás, existem hoje aqueles livros que estão sendo editados pela Editora GEEM, do Grupo Espírita Emmanuel, de São Bernardo do Campo, onde se pode ver toda a mecânica de recepção dessas mensagens. As mensagens não são dadas a Chico Xavier gratuitamente, porque um espírito qualquer achou que devia transmitir uma mensagem. Não. As mensagens são sempre respostas a consultas. Consultas de pessoas e de grupos de pessoas que vão a Uberaba. E quando vão para lá, são levadas naturalmente por problemas agudos ou conflitos na família, problemas muitas vezes desesperantes. Vão para lá porque perderam um ente querido, porque houve, às vezes, um desastre na família em que várias pessoas morreram. Há a angústia destas criaturas que se dirigem a Uberaba e procuram Chico Xavier. Vão expor a ele as suas angústias, os seus desesperos e pedir consolo. Chico de si mesmo, como ele costuma dizer, não pode dar nada. Mas ele se concentra e recebe uma mensagem de algum Espírito.

Ainda agora, recebeu nestes dias uma curiosa mensagem entre as muitas que ele tem recebido, de pessoa falecida numa família, dirigindo-se à família em termos puramente pessoais, particulares, a linguagem usada dentro de casa, com simplicidade, demonstrando a sua sobrevivência. Esta pessoa que assim se comunicou, este Espírito que assim se manifestou, não deu uma mensagem piegas. Deu uma mensagem da amizade, a mensagem do amor, a mensagem da saudade e da emoção que naturalmente o espírito colocado fora da matéria e fora do corpo humano, fora da convivência humana, sente no plano espiritual. É preciso compreender as situações humanas. Nós não temos o direito de querer encarar tudo de maneira técnica. A técnica é uma expressão do pensamento, mas o homem não vive só destas expressões mentais, ele vive principalmente do sentimento, da emoção. As nossas aspirações, os nossos desejos, os nossos sonhos são o que constituem realmente a nossa vida. E quem diz isso não é apenas o Espiritismo.

Eu gostaria que o senhor soubesse que as filosofias típicas do nosso tempo, as chamadas filosofias existencialistas, as filosofias existenciais não são materialistas. Mesmo quando nós encontramos um pensamento negativo como o de Sartre[15], na verdade nem mesmo Sartre é materialista. Ele apenas procura fugir à realidade espiritual, mas admite um pressuposto espiritual na manifestação da criatura humana, no aparecimento do homem. Ele adotou a tese de Hegel, filósofo alemão como nós sabemos. Ele adotou aquela tese ao explicar que o homem se manifesta na Terra como algo que existia antes de existir. E este algo aparece em Sartre como um mistério. Portanto, nem ele no campo existencialista, é materialista. Este algo se manifesta na matéria. Ora, segundo essas doutrinas existencialistas, sem nenhuma distinção entre elas neste campo de que vou tratar, a nossa vida é pura subjetividade. Quer dizer, nós vivemos apenas subjetivamente, não objetivamente. Não vivemos materialmente no corpo, nós fazemos do corpo um instrumento para a busca daquilo que espiritualmente, que mentalmente, que psicologicamente, e portanto subjetivamente, nós desejamos. Tudo é manifestação do Espírito. E consequentemente a realidade do espírito se prova no pensamento moderno e se impõe na atualidade muito mais do que no tempo de Kardec.


 


Pergunta 4: Pesquisa no Espiritismo

Locutor: E esse ouvinte ainda pergunta, Professor. Por que o senhor se desgasta tanto no trabalho de divulgação doutrinária, em vez de fazer pesquisas e publicar obras de atualização científica do Espiritismo ou de atualização filosófica?

JHP – Eu ia dizendo que o senhor revelou não conhecer a obra de Chico Xavier. O senhor não me conhece também. Mas no tocante a Chico Xavier, o senhor fala dos livros científicos. Existem livros científicos de Chico Xavier muito importantes, recebidos por entidades espirituais que lhe transmitiram informações bastantes valiosas no campo da ciência atual. Seria interessante o senhor fazer uma visita a uma livraria espírita e pedir alguns livros de Chico Xavier de teor científico. E o senhor iria ver que Chico Xavier recebe também obras muito significativas para o desenvolvimento das ciências.

No tocante ao meu trabalho de divulgação, este trabalho não me dá nenhum desgaste, me dá muito prazer, muita satisfação. Nós, quando possuímos uma percepção que nos parece justa, certa e que pode auxiliar as outras pessoas, temos por dever humano de divulgar aquilo que temos, que possuímos, que conhecemos. O meu esforço de divulgação atende, portanto, a esta exigência natural do homem. Todo homem que aprende alguma coisa de útil, procura ensinar, transmitir aos seus semelhantes. É um processo espontâneo da solidariedade humana. Por isso é que se diz que todos nós temos um pouco de louco e um pouco de médico. De louco, porque nós às vezes sonhamos coisas que não podemos realizar e de médico, por quê? Porque tudo quanto é remédio ou qualquer coisa que possa auxiliar as outras criaturas, que nós sabemos, nós procuramos receitar para os outros. Isto fazemos instintivamente, é um impulso de comunicação, um impulso de auxílio. É a solidariedade humana que se manifesta dentro de nós e nos leva a fazer isto.

É claro que eu sei que o senhor deve confundir este programa com programas religiosos salvacionistas e proselitistas, que pretendem arrancar as criaturas do pecado e levá-las para Deus através de uma determinada igreja. O nosso objetivo não é absolutamente isto, o Espiritismo não é igreja. O Espiritismo não tem igreja, não tem clero. O Espiritismo é uma doutrina livre, de pensamento, de investigação, de compreensão dos problemas da vida e da morte. E o Espiritismo nos leva à divulgação apenas por isto, porque é nosso dever comunicar aos outros, particularmente àqueles que desejam saber, aqueles que procuram conhecer estas coisas, comunicar um pouco do que aprendemos. É neste sentido que fazemos este trabalho.
Quanto a fazer trabalhos mais sérios de investigação científica ou de orientação doutrinária: Eu não vou aconselhar o senhor a passar em uma livraria e pedir os meus livros, mas se o senhor quiser saber isso, o senhor vai ter de ir a uma livraria e perguntar também se existe lá, por exemplo, O Espírito e o Tempo, de Herculano Pires; se existe O Ser e a Serenidade, no campo da Filosofia; se existe Os Três Caminhos de Hécate, e assim por diante. Quer dizer, o senhor encontrará então livros que lhe mostram que eu não fico apenas no trabalho de divulgação. E que tenho trabalhos de pesquisas, mas que estas pesquisas naturalmente, eu não posso estar revelando como, onde faço, mas cujos resultados são publicados por mim. Era, me parece, o que eu tinha de lhe responder.


Mande suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã. Rádio Mulher, rua Granja Julieta 205, São Paulo. Pergunte o que quiser, ouça as respostas nos próximos programas. E se for o caso, conteste-as. Estamos no ar para dialogar.

Diálogo no limiar do amanhã. Problemas do Espírito em debate.

 



Pergunta 5: Pesquisa espírita em São Paulo

Locutor - A ouvinte Ambrosina Costa Vasconcelos, do Rio de Janeiro, passando as férias em São Paulo, pergunta. Primeiro: no Rio, frequento a Sociedade de Medicina e Espiritismo que tem feito novas e importantes descobertas espíritas. Dizem que os paulistas são mais práticos do que os cariocas. Mas aqui só encontro sessões comuns e trabalho de assistência social. Os espíritas de São Paulo não se interessam por pesquisas?

JHP – Sim, os espíritas de São Paulo se interessam por pesquisas. Mas acontece uma coisa muito curiosa no Espiritismo de que a senhora precisa tomar conhecimento com urgência. Fazer pesquisas espíritas não é fácil. Se as pesquisas científicas no plano material são difíceis, exigem muito rigor, muito critério e muito conhecimento e muita experiência, para que sejam feitas com eficácia, muito mais no plano espiritual, onde lidamos com problemas mais sutis e difíceis de se compreender e entender. Assim, não é fácil fazer pesquisas espíritas. A senhora se refere às pesquisas da Sociedade de Medicina e Espiritismo no Rio de Janeiro. Ora, no tempo do doutor Levindo Melo, que foi quem fundou a Sociedade de Medicina e Espiritismo, esta sociedade realmente correspondia aos seus objetivos. Atualmente, o que estamos vendo na sociedade é de assombrar.

O senhor Artur Massena, que é o seu atual presidente, meteu-se a pesquisador psíquico. E a fazer descobertas assustadoras, inovadoras no campo da fenomenologia espírita. Descobriu fenômenos novos. Imagine a senhora. Fenômenos novos, métodos novos de tratamento. Alguns deles são bastante ridículos. Por exemplo, a chamada lavagem do inconsciente de vivos. O senhor Massena pretende que através da mediunidade ele consegue lavar o inconsciente de criaturas vivas. Mas, preste atenção nisto. A lavagem é feita de maneira a provocar no médium vômitos secos e incoercíveis. Quer dizer, nunca me constou no que eu soube que pudesse haver vômitos secos e que através desses vômitos, fosse possível lavar-se o inconsciente de uma pessoa. A lavagem do inconsciente tem que ser uma lavagem feita através de manifestação oral. A pessoa que sofre de alguma perturbação no inconsciente, só pode extravasá-la através da catarse psicanalítica. Ou seja, de uma investigação rigorosa que faz com que o psicólogo possa penetrar nos meandros do inconsciente da pessoa. E nem se deve dar a isto o nome de “lavagem”, porque se aproxima à lavagem cerebral.

Ora, o que se está fazendo, portanto, na Sociedade de Medicina Espírita do Rio de Janeiro, nós não fazemos em São Paulo e nem podemos fazer. É absurdo. E se alguém fizer isso aqui, que Deus o perdoe. Porque é uma calamidade fazer uma coisa dessa. Querer dizer que se descobriu um fenômeno novo que Kardec não viu, porque se deu uma aparência diferente ou uma determinada manifestação, é simples absurdo. Não existe esse interesse em São Paulo. Nós temos interesse pela pesquisa espírita, mas esta pesquisa deve ser sempre reservada, cuidadosa. Como se faz com a pesquisa no campo da matéria. As pesquisas devem chegar a conclusões definitivas. Quando se consegue alguma coisa nesse campo, é preciso que se faça como se faz na ciência comum. Essa conclusão nossa, pessoal ou de um grupo de pesquisadores, seja comprovada mundialmente, universalmente. Precisa ter a comprovação universal do mundo cultural, do mundo científico. De maneira que a senhora não tem encontrado nada disso em São Paulo, porque os paulistas são realmente espíritos práticos, de espírito prático. E justamente por isso, eles têm cuidado. Procuram evitar as teorias e as hipóteses abusivas. Procuram pisar com segurança no terreno espírita.

Ora, pisando com segurança nesse terreno, nós o que temos feito em São Paulo com mais intensidade, é o trabalho espírita de assistência não só espiritual, como material. E as investigações reservadas em sessões especiais, se referem sempre a problemas de cura. Existe em São Paulo, por exemplo, a Sociedade dos Médicos Espíritas. Ainda agora, foi publicado o relatório trienal dos trabalhos dessa sociedade. Vê-se por esse relatório que aqui não se cometeram os exageros e absurdos que estão sendo cometidos no Rio de Janeiro. É por isso. Nós não queremos, naturalmente com isso estabelecer uma divisão entre o Espiritismo paulista e o Espiritismo carioca. Não, pelo contrário. Há até uma ligação muito estreita entre os espíritas do Rio e nós. Mas o que acontece é que no Rio tem havido o aparecimento de pessoas interessadas em fazer pesquisas no campo espírita de maneira completamente atrabiliária. Transtornando todas as coisas e criando problemas muito sérios para o desenvolvimento do movimento espírita no Brasil. É por isso que a senhora não encontra isso aqui. Mas esteja tranquila, que de acordo com os trabalhos que estão sendo realizados pela Sociedade dos Médicos Espíritas de São Paulo e que também no Rio de Janeiro, estão sendo feitas por algumas sociedades bem intencionadas e bem orientadas, e, principalmente o que se faz com muito carinho e atenção no Instituto de Cultura Espírita do Brasil, dirigido, presidido por Deolindo Amorim, é um trabalho grandioso de Espiritismo que se faz no Rio. Livre de todas essas implicações de pesquisas absurdas a que me referi. Eu acredito, que a senhora prestando atenção nisso, compreenderá que o Espiritismo de São Paulo não deverá decepcioná-la. É um Espiritismo conduzido segundo as regras do bom senso, determinadas por Alan Kardec.


 

Pergunta 6: Umbanda e Espiritismo

Locutor - Mais uma pergunta dessa mesma ouvinte. No Rio, a Umbanda é aceita pelo Espiritismo e há maravilhosos trabalhos de Umbanda, com fenômenos que todos admiram. Aqui só vejo combaterem a Umbanda como se fosse coisa inferior. Por que fazem isso?

JHP – Não se faz combate à Umbanda. O que se faz em São Paulo (e isto dentro daquele próprio bom senso a que me referi ainda há pouco), o que se faz em São Paulo, é dividir precisamente as coisas. Umbanda é Umbanda, Espiritismo é Espiritismo. Quem é espírita, já tem em suas mãos a chave de todos os problemas de Umbanda. Porque os fenômenos de Umbanda são os chamados fenômenos paranormais. E estes fenômenos, quando existem realmente, porque há muita reunião de Umbanda em que não se verificam os fenômenos alardeados. É preciso ter muito cuidado nestas coisas. A criatura humana é muito flexível e muito fácil de deslizar para o campo das mistificações. Mas o que se faz aqui é uma distinção assim bem clara, precisa e necessária.

Quem é espírita, não deve estar recorrendo a terreiros de Umbanda. Por que o que ele vai ver lá? Fenômenos? Mas fenômenos existem também no meio espírita. É necessário as pessoas compreenderem que Umbanda como uma forma de religião primitiva, africana, vinda das selvas da África para o Brasil, através do tráfico negreiro, não tem nenhum elemento superior para oferecer à nossa civilização. É preciso compreender isto. Nós aceitamos que exista Umbanda. Reconhecemos até na Umbanda, fatores muito favoráveis no campo da assistência a milhares de criaturas que não podem entender aquilo que consideram a sutileza do Espiritismo. Então elas têm mais satisfação, mais prazer, mais alegria, no contacto com as festas ruidosas de Umbanda, do que com as sessões sérias e tranquilas do Espiritismo.

Nós não combatemos Umbanda, o que combatemos é a mistura. É a mixórdia que infelizmente se faz no Rio, se faz na Bahia, entre Espiritismo e essas práticas. Daquilo que sociologicamente, como sabemos, se chama o sincretismo religioso afro-brasileiro. Sincretismo religioso afro-brasileiro é uma coisa, Espiritismo é outra muito diferente. É preciso separar essas duas coisas. Tanto que nós não somos contra a Umbanda, não a combatemos, não queremos acabar com a Umbanda. Porque se ela existe, é em virtude de faixas da nossa população que ainda estão nesse nível. No nível ainda das religiões primitivas, no nível ainda das coisas misteriosas, das coisas que podem impressionar. Dos fenômenos que podem provar ao homem certas coisas que ele espera obter através de outros meios e que ele não alcança. Mas nós não combatemos isto, porque cada um dentro de sua faixa evolutiva. Mas Espiritismo é Espiritismo. É uma doutrina moderna, de bases científicas, de orientação filosófica e de consequências religiosas. Sem a compreensão exata desse problema, dessa trindade que constitui o Espiritismo, não é possível falar-se naturalmente de problemas espíritas com proveito.


 

Pergunta 7: Prova da existência da alma

Locutor - A ouvinte Josefina Alencar, da rua 24 de Maio, pergunta. Como posso provar, sem aceitar o Espiritismo, que tenho alma e não sou apenas corpo?

JHP - Parece que eu já tratei disso aqui rapidamente, numa resposta anterior. Nós podemos provar isto de maneira muito fácil. Observando-nos. Lembre-se por exemplo que há um velho ditado que vem do Oráculo de Deltos, na Grécia, onde se manifestava o deus Apolo, no tempo da mitologia grega. O filósofo Sócrates viu lá no frontispício do oráculo, uma inscrição que dizia assim: conhece-te a ti mesmo. E ele transformou esta inscrição no slogan de sua filosofia moral, que ele fundou e desenvolveu. Pois bem. Conhecer-se a si mesmo, é procurar saber o que somos, qual é a nossa natureza íntima, qual é a verdade que reside em nós. Se nós somos somente materiais e se vivemos uma vida inteiramente material, ou se há em nós, algo que não é material. Atualmente a senhora pode provar isto através da pesquisa parapsicológica. A pesquisa parapsicológica já demonstrou que nós possuímos, como diz o professor Rhine, fundador da parapsicologia na universidade de Duke, nos Estados Unidos. Diz ele que nós temos um elemento extrafísico, um elemento que não é material. E além disso, outros pesquisadores chegaram a outras conclusões ainda mais avançadas.
Pois bem. Como nós demonstramos ainda há pouco, os próprios russos materialistas tiveram de chegar a esta conclusão, quando começaram através das fotografias kirlian, a pesquisar o que se passa na hora da morte. E verificaram que na hora da morte há alguma coisa que sai do homem. E que esta alguma coisa não está sujeita às leis físicas, pelo menos as leis físicas conhecidas. E apesar disto, eles insistem em chamar este elemento, corpo bioplasmático do homem, como constituído de energias puramente físicas. Tudo isto, então, no campo da ciência atualmente, já nos serve de elementos para a prova de que não somos apenas matéria.

Mas o mais importante é investigarmos a nossa própria natureza, é vermos como vivemos. Se a senhora prestar atenção, a senhora não vive apenas pelo corpo. Pelo contrário, a senhora vive muito mais dos seus pensamentos, dos seus sentimentos, da sua imaginação, dos seus anseios, do que da realidade física em que a senhora vive. De tal maneira isto é verdade, que a filosofia é sempre definida como um processo de reajustamento do homem à realidade. Porque o homem vive a maior parte do tempo fora da realidade física. O mundo físico lhe parece estranho. E ele está no campo da imaginação. Imagina tantas coisas, sonha tantas coisas, procura atingir coisas que estão fora do seu alcance material. E neste esforço, ele sofre, ele se choca com uma porção de decepções. Porque ele imagina uma coisa que não é realidade. Ele imagina coisas que não pode alcançar. Se ele fosse realmente material, estivesse pisando na Terra como elemento terreno nela integrado, ele não escaparia para o mundo dos sonhos. Mas o mundo dos sonhos o persegue e ele é sempre levado pelas suas ideias, pelas suas aspirações, pelos seus desejos. Examine bem a sua vida e a senhora verá que a senhora vive como um espírito dentro de um corpo. E não como um corpo sem espírito.


 

Mande suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã, Rádio Mulher. rua Granja Julieta 205, São Paulo. Pergunte o que quiser, ouça as respostas nos próximos programas. E se for o caso, conteste-as. Estamos no ar para dialogar.


***


O evangelho de Jesus em Espírito e Verdade. Abrindo o Evangelho ao acaso, encontramos o seguinte: Mateus 24, 3-5.

“O princípio das dores. Estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram os seus discípulos em particular, dizendo-lhe: declara-nos quando sucederão estas coisas e qual o sinal da tua vinda e do fim do mundo. Respondeu Jesus: vede que ninguém vos engane, pois muitos virão em meu nome dizendo: eu sou o cristo. E enganarão muitos.”

JHP - Esta passagem de Mateus se refere àquele momento em que Jesus, em conversa com os seus discípulos, ele falara precisamente na destruição do templo de Jerusalém. E nós vemos aí que Jesus insiste na necessidade de compreendermos que a nossa vida é realmente espiritual e não, material. Anunciando o fim do mundo, de acordo com as previsões judaicas, de acordo com o pensamento do tempo, Jesus entretanto procurava explicar que este fim não é como nós pensamos. Não é um fim propriamente definitivo, mas apenas o fim de uma fase, o fim de um ciclo. Jesus que conhecia, como espírito elevado que ele era, profundamente o que podemos chamar os “mecanismos da vida” e do processo evolutivo, ele sabia que já estava chegando o fim de um mundo, naquele tempo. Que era o fim do mundo pagão, do mundo dominado pelo Império Romano. Era o fim desse mundo. A cultura greco-romana estava expirando, ia morrer. O mundo greco-romano portanto, o mundo clássico, ia desaparecer, como realmente desapareceu. E um novo mundo teria de surgir. Mas é evidente que este novo mundo surgiria das próprias palavras, dos próprios ensinos de Jesus.

Entretanto, apareceriam, como realmente aparecem até hoje, muitas criaturas mistificadoras querendo enganar os outros. Apresentando-se como messias. Como capazes de realmente realizar milagres espantosos. De arrancar o homem da sua situação inferior e levá-lo para o “Céu” e coisas semelhantes. Muitas destas criaturas se apresentam ainda hoje como sendo a reencarnação do Cristo. Aqui mesmo, em São Paulo, nós temos uma famosa reencarnação do Cristo que aí está presente. Está presente e atuante. Tem adeptos que o seguem, que acreditam que ele é realmente a reencarnação do Cristo. Sendo que ele é uma pobre criatura humana que está tão distante do Cristo, como nós estamos distantes da constelação de Órion. Na Inglaterra, não faz muito tempo, apareceu também uma reencarnação do Cristo. Um homem que montou um escritório. Um Cristo diferente, moderno. Montou um escritório e pregou na parede: Jesus Cristo reencarnado. E assim nós vemos aparecerem por toda parte.

Jesus advertiu os homens do seu tempo. Os apóstolos que o seguiam, os seus discípulos. Porque eram homens simples. Advertiu-os de que não deviam se deixar levar por estas mistificações. E estas mistificações continuam, como nós vimos, até o nosso tempo, em pleno século XX, em pleno desenvolvimento da cultura. No auge em que nós atingimos da nossa evolução cultural, ainda existem estes problemas nos países mais civilizados do mundo. Então o aviso de Jesus, a advertência de Jesus é neste sentido. Mas o importante é ele dizer que o fim que chegará, entretanto não deve ser tomado no sentido literal com que os judeus o anunciavam. Nada se acaba no Universo. Tudo se transforma constantemente. Nós passamos de um ciclo para outro. Encerra-se o ciclo da civilização romana e nasce o ciclo medieval, o ciclo da civilização medieval. Encerra-se o ciclo do medievalismo e nasce o renascentismo, a Renascença. E encerra-se a Renascença e nasce o mundo moderno.
Estamos hoje na civilização tecnológica. Mas todos os grandes pensadores do mundo e todos os grandes historiadores estão aí afirmando que nós estamos no fim de um ciclo. A civilização tecnológica está chegando ao fim. Porque uma nova civilização vai surgir. E esta nova civilização, como nós temos dito constantemente aqui, temos insistido nisso, esta civilização é a Civilização do Espírito. Não dizemos isto por nós, dizemos por vários pensadores em todo mundo que assim afirmam. René Hubert, por exemplo, um grande pedagogo francês, afirma que nós estamos num momento em que vai se instalar na Terra uma nova forma de civilização. Kirkpatrick, nos Estados Unidos, publica um livro sobre as transformações por que estamos passando, mostrando como essas transformações nos levam para uma civilização inteiramente nova. É a Civilização do Espírito que está surgindo. A civilização voltada para os problemas do espírito.

Um recado para você, amigo ouvinte. Ouça e responda.

As religiões e as filosofias são formas de busca da verdade. Uma religião ou uma filosofia que se arroga à posse absoluta e exclusiva da verdade, nega sua própria razão de ser. Todos os que buscam a verdade, são dignos da nossa atenção e de nosso respeito. Os que tudo negam e os que tudo afirmam com autossuficiência, não sabem o que fazem e merecem a nossa piedade. Qual é a sua posição? Você está certo de possuir a verdade integral? Você não alimenta a menor dúvida sobre a sua concepção do Universo, do homem e da vida? Ou você é capaz de analisar os seus conceitos e revisá-los à luz das novas descobertas?

 

[1] Fotografias Kirlian registram a passagem de correntes pela resistência elétrica da superfície dos materiais, biológicos ou não, por intermédio de uma chapa metálica eletrificada colocada em oposição. Há quem diga que se trata de uma imagem da aura, uma hipótese praticamente desacreditada atualmente. (Wikipedia.org)

[2] Psychic discoveries behind the Iron Curtain, de S. Ostrander e L. Schroeder foi publicado no Brasil com o título Experiências psíquicas além da Cortina de Ferro pela Ed. Cultrix (1970).

[3] Samuel George Soal (1889 – 1975), matemático e parapsicólogo britânico.

[4] Whately Carington (1892 – 1947), parapsicólogo britânico.

[5] William Crookes (1832 – 1919), químico e físico britânico.

[6] Século XIX.

[7] Em seu livro Fatos Espíritas (Ed. FEB), Crookes relata sua pesquisa, experimentos e conclusões.

[8] Oliver Lodge (1851 – 1940), físico e escritor inglês.  O livro citado (Why I believe in personal immortality. Londres: Doubleday Doran, 1929) é publicado atualmente com o título Por que creio na imortalidade da alma, pela Ed. FEESP.

[9] Cesare Lombroso (1835 – 1909), psiquiatra e antropólogo italiano.

[10] Charles Robert Richet (1850 – 1935), médico fisiologista francês. Fundador da Metapsíquica.

[11] Ercole Chiaia (1858 – 1905), espiritualista italiano, conhecido por organizar turnês com a médium Eusapia Palladino.

[12] Eusápia Paladino (1854 – 1918), italiana, primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experimentos por cientistas da época.

[13] Segundo seu fundador, Charles Robert Richet, Metapsíquica é “uma ciência que tem por objeto o estudo de fenômenos mecânicos ou psicológicos, devidos a forças que parecem inteligentes ou a poderes desconhecidos latentes na inteligência humana”. Em RICHET, Charles: Traité de métapsychique, Paris: Librairie Félix Alcan,1922, p.5.

[14] Francisco Cândido Xavier (1910 – 2002), médium espírita mineiro.

[15] Jean-Paul Sartre (1905 – 1980), filósofo, escritor e crítico francês.

 

 


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