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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

 

No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.

Dirigimos este programa a todos os que desejam saber para crer e não apenas crer. Já superamos a era, a fase da crença ingênua. A fé verdadeira é somente aquela que pode encarar a razão face a face.

Costuma-se afirmar que a mulher é mais crédula que o homem, mas isso é coisa do passado. A mulher moderna é tão racional como o homem e mais intuitiva que ele. As mulheres que ainda revelam fanatismo religioso ficaram no passado, mas as suas filhas e as suas netas já estão na era da razão.

Há também fanatismo da razão que caracteriza as mentalidades estreitas. Os fanáticos do materialismo são também resíduos do século XVIII, apegados a uma visão mecanicista do Universo. No século XIX, a razão se definiu como o poder do espírito e, no século XX, esse poder permitiu ao homem o conhecimento de si mesmo, como ser espiritual.

Na crença ingênua, a mulher era escrava do homem. Na era da razão, a mulher é a companheira do homem. Ambos possuem os mesmos direitos, embora com diversidade de funções. O espírito é um só. A mulher e o homem exigem hoje a coerência lógica no campo da fé. A mulher e o homem buscam a verdade.

Um homem que se apega a mitos, ídolos, amuletos e fórmulas sacramentais, ainda não saiu das fases inferiores da evolução humana. O espírito é a nossa própria essência, a essência do homem, e por isso pertence à Natureza, não é sobrenatural. Mas as coisas materiais não têm poder sobre o espírito.

A prece, a oração, é uma forma de comunicação. Não precisamos de fórmulas especiais para prece. Quanto mais espontânea e sincera for a prece, maior a sua eficácia. Pela prece, a criatura humana se comunica telepaticamente com as entidades espirituais superiores.

Só podemos crer naquilo que sabemos existir.

Deus é o poder inteligente que estrutura o Universo Inteligente. A inteligência suprema se reflete em sua própria obra.

No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel, transmissão 181, 4º ano.
Apresentação de Terezinha Ribeiro e José Pires. Sonoplastia, Antônio Brandão. Técnico de Som, Edvaldo Francisco. Direção e participação do Professor Herculano Pires.
Gravação dos estúdios da Rádio Mulher São Paulo/Brasil. Todas as semanas, neste dia e neste horário.
Transmissão pela Rádio Mulher 730kHz, São Paulo. Pela Rádio Morada do Sol 640kHz, Araraquara. Pela Rádio Difusora Platinense 780kHz, Santo Antônio da Platina/Paraná.

Diálogo No Limiar do Amanhã. Uma busca da verdade sobre o homem e o seu destino.

Pergunta 1: O uso da palavra 'espiritismo'.

Locutor: O ouvinte Osvaldo Morsi, da Rua Brigadeiro Tobias, pergunta: Primeiro, não se poderia dar um puxão de orelhas na Federação Umbandista, no sentido de lhe proibir o uso da palavra ‘espiritismo’?

JHP: Não. Não se pode dar nenhum puxão de orelhas nesse sentido. O que se deve fazer e o que os espíritas tentam fazer, em toda parte, é demonstrar que Umbanda não é Espiritismo. Umbanda é uma religião africana, primitiva, que veio das selvas da África para o Brasil, através do tráfico negreiro [1] . Como todas as religiões primitivas, ela implica naturalmente a manifestação dos espíritos. Aliás, poderíamos ir mais longe, dizer como todas as religiões. Porque não há uma só religião no mundo, a não ser a chamada “religião da humanidade” [2], do Positivismo de Augusto Comte, que não cuida de absolutamente nada de espiritual. Não há nenhuma religião que não tenha sido formada assim, por um filósofo, religiões espontâneas, nascidas e desenvolvidas através de processos históricos, nenhuma delas que não se baseia na comunicação dos espíritos.

Por exemplo, tanto a religião católica, quanto as diversas religiões protestantes que conhecemos, todas elas têm como base a manifestação espiritual. A revelação é, em si mesma, uma manifestação. Além disso, as manifestações são constantes nas igrejas, nas religiões diversas. Apenas há uma interpretação diferente de parte dessas religiões, no tocante às manifestações espirituais, que são consideradas como angélicas ou demoníacas. No Espiritismo, as manifestações são consideradas naturalmente, como sendo procedentes de criaturas humanas desencarnadas, de espíritos humanos portanto, nem divinos, nem demoníacos. Assim sendo, a Umbanda não é Espiritismo porque Espiritismo é doutrina. A Umbanda como religião primitiva tem naturalmente os seus ritos, a sua própria liturgia, tem as suas maneiras de agir e de proceder no tocante ao mundo espiritual. Mas a Umbanda como religião primitiva que é, não se destina ao desenvolvimento espiritual do Ser, não cuida deste aspecto. Como todas as religiões primitivas, ela cuida apenas de aspectos práticos, de problemas imediatos da vida humana, procurando solucionar problemas, ao invés de encaminhar os espíritos à solução maior, que é a espiritualização.

Justamente por ser assim, nós não podemos intervir porque a palavra Espiritismo embora tenha sido criada por Kardec para designar a doutrina dos espíritos, e vem daí a designação do Espiritismo. Espiritismo é um nome que nós consideramos genético, quer dizer, um nome que nasceu com a própria doutrina. Essa palavra não existia no mundo no tempo de Kardec. Kardec a criou, Kardec a cunhou por assim dizer, a fim de com ela designar a doutrina do espíritos, por isso que é Espiritismo. Quando alguma instituição de Umbanda usa a palavra Espiritismo para designar-se a si mesma, ela está revelando duas coisas bem característica das religiões primitivas. Primeira, ela não conhece o que é Espiritismo. Segundo, ela não sabe o que essa palavra quer dizer e o que ela representa realmente no campo filosófico. Essa palavra figura nos dicionários filosóficos, designando a doutrina codificada por Alan Kardec. Mas somente o esclarecimento, somente o esclarecimento da questão vai poder fazer com que os umbandistas afinal compreendam quem eles tem a sua própria doutrina. Embora ainda em formação, embora ainda imperfeita, mas eles possuem a sua própria doutrina, que não é o Espiritismo, é o umbandismo.

 

Pergunta 2: Deus é estático?

Locutor - Ainda ele faz uma outra pergunta. Num programa Xênia e você, em que o senhor Professor tomava parte, ouvimos a apresentadora as vezes dizer. Deus é estático porque é perfeito e toda a perfeição é estática. Tenho a minha opinião, mas gostaria de ouvir a sua.

JHP - Eu li a sua carta meu querido Morsi e verifiquei que você trata do assunto mais vagamente. Entretanto aqui no programa o nosso sistema é esse, de reduzir as perguntas para podermos atender a um maior número possível. E se eu as vezes me estendo numa explicação é porque ela se faz necessária à compreensão do assunto. Você tem razão. A concepção de Xênia de que Deus é estático pois é perfeito, é uma concepção que está atrelada por assim dizer, à nossa lógica humana e a uma lógica determinada praticamente pelas concepções do século XVIII. Já no século XIX e mesmo no século XVIII, nos finais do século XVIII, já se tinha uma concepção diferente da perfeição. A perfeição não é estática. Perfeito não é aquilo que está acabado. Pode haver uma perfeição naquilo que está iniciado, é um início perfeito. Naquilo que está em desenvolvimento, um organismo perfeito em seu desenvolvimento, rumo aquilo que Kant chamava a perfectibilidade possível de cada ser. Assim há na perfeição um dinamismo e não uma estática. Há um dinamismo constante porque a perfeição implica o processo de desenvolvimento das potencialidades do ser.

No caso do homem por exemplo, isso se torna bem claro. O homem aparece na terra nos tempos primitivos como um selvagem, como quase um animal. Entretanto ele traz dentro de si todas as potencialidades da sua perfeição. Ele é portanto perfeito em potência. Potencialmente ele é perfeito. Na proporção em que ele vai se desenvolvendo, através das vidas sucessivas, na renovação das gerações na humanidade. Na proporção em que ele vai se desenvolvendo, essas potencialidades vão se manifestando. Nós então dizemos. Fulano é uma criatura imperfeita, uma criatura ainda em desenvolvimento. Mas esta é a nossa compreensão humana. Para Deus aquele fulano que está em desenvolvimento é perfeito. Porque ele traz em si todos os elementos da perfeição que estão apenas aflorando, desenvolvendo, maturando, amadurecendo. Para chegarem enfim a um ponto determinado, que nós humanos consideraríamos a perfeição, mas que ainda não é perfeição para Deus. Porque para Deus nós podemos imaginar assim. Para Deus a perfeição é um constante devir, é um incessante evoluir. A perfeição não está de maneira alguma em algo que se completou.

Por isso eu costumo dizer que as pessoas que dizem assim. Eu sou um homem que realmente me realizei, sou uma criatura realizada. Estas pessoas, se soubessem bem o que quer dizer a realização das potencialidades internas de espírito da criatura humana, nunca usariam essa expressão. Porque mm homem realizado, uma criatura realizada, seria alguma criatura que não teria mais nada a desejar, não teria mais nada a fazer, estava completa em si mesmo. E diz o filósofo Heidegger, que é uma das expressões mais altas do pensamento contemporâneo. Diz ele: “O homem se completa na morte.” Ele só está completo quando morre. Porque a passagem do homem na vida é uma constante transformação, um constante evoluir. Assim nós só podemos considerá-lo completo na morte. Por que? Na morte terminou a sua vida de homem. Não obstante quando termina esta vida de homem, que nos dá a figura completa daquele homem, a figura perfeita dele no sentido de estar completa. Quando termina esta vida, ele inicia uma nova vida, a vida espiritual. E então este homem que já não é mais homem no sentido de criatura encarnada, mas que é um espírito, irá prosseguir numa nova existência no mundo espiritual, continuando o desenvolvimento das suas potencialidades.

Ora, Deus não é aquilo que nós poderíamos chamar um homem acabado, segundo a expressão de Papini, considerando que um homem que chegou a sua velhice e está encerrando a sua carreira, é um homem acabado. Não. Deus é um renovar constante, incessante. Por exemplo. Vamos à uma imagem que talvez nos dê uma ideia mais concreta e mais precisa disto. Quando o Zoroastro na Pérsia, Zoroastro que é o fundador da religião chamada hoje de Masdeísta. Quando ele na Pérsia quis dar uma ideia de Deus aos seus adeptos, ele disse: A única imagem possível de Deus na Terra é o fogo. Por quê? Porque o fogo nunca está parado, o fogo não é estático, o fogo está continuamente se renovando através das suas labaredas. E o fogo afugenta as trevas, o fogo produz a luz. O fogo afugenta as feras no mato, quando os selvagens precisam de afugentar as trevas que os rodeiam, que os rondam. Assim o fogo dava para aquele povo, ainda numa fase primitiva da sua evolução, a única imagem que segundo Zoroastro ou Zaratrusta, era a imagem perfeita de Deus, o Fogo. E o que fizeram os homens? Passaram a adorar o fogo. Hoje quando nós vemos velas acesas em algum lugar, num sentido devocional. Ou quando vemos lâmpadas acesas nos altares das igrejas, nós estamos diante de uma transposição do Zoroatrismo para as outras religiões. A adoração do Fogo, a simbologia do fogo presente nas manifestações religiosas. Ora, esta concepção de Zoroastro, nos dá um exemplo concreto do que seja aquilo que nós podemos imaginar como a constante, incessante dinâmica da existência de Deus, se podemos chamar assim. Da sua vivência como uma inteligência que é centro de todo o universo e que controla toda a movimentação dos astros, das galáxias no espaço infinito. Deus é um dinamismo constante. Não pode ser portanto estático, de maneira alguma.

 

Pergunta 3: Experiências espirituais x doença mental

Locutor - A ouvinte Juraci Camargo, da Lapa, pergunta. Primeiro. Uma irmã nossa esteve cinco meses no hospital, passando mal. Nesse tempo visitou em espírito lugares muito bonitos, voltou a ver-se na infância e outras coisas assim. Ainda na doença, chamou a sua mãe e um sobrinho e, chorando, pediu perdão dos maus tratos que lhes havia feito, prometendo ficar boa. Era uma doença mental?

JHP - Não posso dizer se isso era uma doença mental, se era uma doença física que afetava naturalmente o funcionamento do cérebro. Este é um problema que naturalmente não compete a nós. O que eu posso dizer é o seguinte. Essas visitas da moça à regiões muito bonitas, muito distantes; a sua volta à infância através, naturalmente, da memória, revendo acontecimentos da sua vida infantil – tudo isto corresponde a um processo espiritual bastante conhecido e estudado no Espiritismo. É que, durante momentos em que o cérebro fica, por assim dizer, bloqueado por influência do sono, ou de um anestésico, ou de um tóxico, ou de uma doença qualquer (e, portanto, de uma intoxicação orgânica), nestes momentos, o espírito tem a liberdade de afastar-se do corpo. Porque ele não se deixa influenciar por essas barreiras puramente materiais. Então, ele adquire liberdade e, ao adquirir liberdade, ele pode visitar o plano espiritual, pode visitar lugares distantes na própria Terra... Ele tem a possibilidade de retornar ao passado, recompondo a sua memória perdida. Aparentemente perdida, quando nós estamos no estado de vigília, porque esta memória de fato não está perdida, ela está no subconsciente. Ou melhor, no inconsciente, nas profundezas daquilo que hoje a parapsicologia chama a memória extracerebral, memória que não está no cérebro. Então, podemos explicar perfeitamente este fenômeno ocorrido com ela. O desprendimento do seu espirito lhe permitiu todas estas visões e estes passeios por assim dizer, muito felizes em tempos agradáveis para ela.

 

Pergunta 4: Experiências espirituais e mudança de atitude.

Locutora – Mas a cartinha continua e diz mais: “Agora voltou a maltratar todo mundo. Frequenta centros, acende velas todos os dias, mas não melhorou nada. Eu não me considero boa, mas pergunto por querer saber e ver se posso tirar da resposta algum proveito para mim, que sou muito pequena ainda."

JHP – Sim, realmente quando nós observamos um fato como este, temos que tirar algum proveito dele. O fato de ela, esta moça, não haver melhorado, apesar da doença que passou, que sofreu durante os cinco meses que passou no hospital... O fato de haver ela encontrado regiões maravilhosas no mundo espiritual, ou talvez aqui na própria Terra (muitas vezes, uma visão terrena distante de um país diferente do nosso), pode parecer até paradisíaco para uma pessoa que nunca viu esse país. Este fato devia naturalmente ter provado a ela que, na verdade, nós somos espíritos, temos a liberdade da vida espiritual. E podemos as vezes ter plena consciência disso, quando sofremos uma doença, ou quando passamos por uma fenômeno qualquer, chamado paranormal, que nos dá uma visão além da visão puramente dos olhos físicos que nós temos. Entretanto, nem todas as experiências nos levam a realmente melhorarmos. A finalidade destas experiências é isso, podemos dizer até o seguinte: é bem possível que, no momento em que ela estava doente no hospital, Espíritos amigos, inclusive seu Espírito protetor, o seu “anjo-da-guarda”, como se diz nas religiões, tenham conseguido retirá-la do corpo momentaneamente para estas visões, a fim de chamar a sua atenção para a necessidade de melhorar-se. Mas ao retornar ao corpo, ao retornar à saúde, ao readquirir novamente a sua integração na vida comum humana, ela passou a se lembrar dessas coisas como uma espécie de sonho e não deu a elas a importância necessária, e nem procurou descobrir o seu verdadeiro sentido.

Então aquilo que a senhora quer tirar de proveito deste fato, realmente existe. Nós precisamos ter muita atenção com esta questão que é importante. Veja a senhora, o seguinte: quando nós estamos em bom estado de saúde, quando tudo nos corre bem, raramente nos lembramos de problemas espirituais. Raramente nos lembramos de Deus e, às vezes, nunca nos lembramos dele. E muitas vezes estamos dispostos a negá-lo. Aceitamos a realidade da vida na sua plenitude material, aparentemente material, porque na verdade a matéria é animada pelo espírito. Nós aceitamos essa plenitude como algo que nos satisfaz plenamente e algo que nós temos de gozar na sua plenitude, sem nos importarmos com problemas espirituais. Quando, entretanto, nós ficamos doentes ou abalados por alguma coisa e caímos em desespero, imediatamente voltamos o nosso pensamento para Deus. Retornamos aos caminhos do Espírito, porque sabemos que só ali (intuitivamente sabemos disso), só no espírito está a realidade. E só no espírito está a segurança que nós desejamos inutilmente encontrar no mundo falível, completamente destituído de estabilidade como é o mundo da matéria. Onde tudo se desfaz constantemente ante os nossos olhos, ante os nossos sentidos. Só então nesses momentos é que nós nos lembramos de nos voltar para Deus e de tentar melhorar-nos. Este me parece que é o que, aquilo que nós podemos tirar de útil deste fato, quando o analisamos, do ponto de vista de uma aplicação a nós mesmos.

 

Pergunta 5: Espiritismo perante a Igreja Messiânica

Locutor - A ouvinte Adelina de Abreu Silva, da Rua Bueno de Andrade, pergunta: A Igreja Messiânica mundial está conquistando muitos adeptos no Brasil, com as curas que vem fazendo pela aplicação do Johrei. Houve um congresso no Ibirapuera, no mês passado, com participação de representantes de todos os Estados brasileiros. Uma sacerdotisa japonesa Kyoshu-Sama, aplicou o Johrei a mais de mil pessoas e muitas choraram de emoção. Outras religiões japonesas estão invadindo o Brasil. Isso não representa um fracasso do Cristianismo e até mesmo do Espiritismo?

JHP – Não, não penso assim e vou dizer por quê. As religiões japonesas vieram ao Brasil através de elementos da colônia nipônica. É claro que, assim como os africanos quando vieram ao Brasil, trazidos pelo tráfego negreiro, trouxeram para aqui as suas religiões, poderíamos dizer que o Cristianismo fracassou, na tentativa de converter os escravos negros. Mas não foi bem assim, porque os escravos negros, embora não tivessem a mentalidade superior do branco e não dispusessem de cultura suficiente para atingir a concepção cristã, entretanto, eles assimilaram do Cristianismo o que puderam e modificaram as suas religiões primitivas. Hoje, quando nós vemos Umbanda, Quimbanda, Aruanda, Candomblé e assim por diante, nós vemos que estas religiões estão impregnadas de princípios e de práticas cristãs. O Cristianismo, por assim dizer, conseguiu penetrar, na proporção possível, na mentalidade do negro e transformá-lo.

Por outro lado, na proporção em que o negro se aglutinou no nosso meio, se adaptou à civilização, mostrou também possuir a mesma capacidade dos brancos para desenvolver a cultura dos brancos. E assim ele foi se integrando no nosso meio e foi se cristianizando. Hoje, nós sabemos que a maioria dos negros não professam absolutamente as religiões africanas, ancestrais que vieram da África mas, sim, a religião cristã, em seus lares, em seus diversos aspectos. Ora, o que está acontecendo no tocante a esta Igreja Messiânica e a outras religiões japonesas, que se espalham no Brasil, é a mesma coisa. Os japoneses trouxeram de lá estas religiões, essas religiões foram se desenvolvendo aqui e, entretanto, elas estão também interpenetradas de elementos cristãos. Por sinal, que esta Igreja Messiânica não é propriamente uma igreja primitiva, uma religião primitiva do Japão. A Igreja Messiânica foi fundada, se eu não me engano, em 1939, pelo pai dessa moça, a Kyoshu-Sama. O pai dela foi quem fundou esta religião. E esta religião é uma espécie de uma seita nova do Japão. À maneira das seitas protestantes, de origem protestante, que nos chegam dos Estados Unidos, as seitas cristãs que se espalham aqui pelo Brasil procurando retornar a nossa mentalidade aos tempos bíblicos, antes do Evangelho.

Isto representa, portanto, simplesmente um fenômeno de aculturação do japonês e, ao mesmo tempo, um fenômeno de miscigenação religiosa, ou seja de sincretismo religioso, de mistura de religiões. No Brasil, naturalmente, a aceitação desta religião messiânica é grande e me parece que, em função de dois elementos essenciais: O Johrei é uma prece, mas é também uma benção. E o Johrei se transmite de maneira mais precisa e eficiente, através de um talismã, que as pessoas mais avançadas na religião costumam trazer no peito.
Segundo as explicações messiânicas, esse talismã funciona como uma espécie de um aparelho de rádio. Ele recebe uma energia poderosíssima, que se chama Luz Divina, e transmite esta energia àqueles que recebem a benção do Johrei. Ora, existe neste processo uma mistura de tecnologia moderna e de magia antiga. O talismã funciona como um elemento mágico, porque ele se impregna da Luz Divina e pode beneficiar os outros. Mas também há uma explicação tecnológica, de tipo radiofônico, que é a recepção dessa luz e a sua transmissão para os outros.

Por outro lado, há também um aspecto prático bastante interessante, a tentativa de cura e de curar moléstias, doenças, que todo mundo procura. E não se aplica o Johrei apenas para isso, aplica-se também para soluções materiais de problemas. Então, a Igreja Messiânica está dotada dos mesmos elementos práticos, pragmáticos, utilitários, que fizeram das religiões africanas no Brasil, um processo em franco desenvolvimento em nosso tempo. A maioria das pessoas não procura soluções espirituais para os seus problemas, procuram soluções práticas e imediatas, materiais. Ora, tanto no sentido religioso afro-brasileiro, como nessas formas sincréticas que estão chegando do Japão, o que nós encontramos são soluções práticas para todos os problemas humanos. As criaturas então procuram estas religiões, sem nenhuma concepção superior de religião, apenas como um elemento prático, para utilização na sua vida com vistas à solução de problemas imediatos. Ora, isto não representa portanto nenhum fracasso do Cristianismo, cujos objetivos são muito mais elevados. E muito menos do Espiritismo, que é o restabelecimento do Cristianismo em Espirito e em Verdade em nosso tempo.

 

Mande suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã. Rádio Mulher, 730kHz, São Paulo. Rádio Morada do Sol, 640kHz, Araraquara. Rádio Difusora Platinense, 780 kHz, Santo Antônio da Platina/Paraná. Pergunte o que quiser, ouça as respostas nos próximos programas e, se for o caso, conteste-as. Estamos no ar para dialogar.

Diálogo no limiar do amanhã. Quem estará com a verdade?

 

Pergunta 6: Espiritismo, doutrina racional

Locutor - Continuamos com a carta da ouvinte Avelina de Abreu Silva, da Rua Bueno de Andrade, que pergunta: o Espiritismo se vangloria de ser uma doutrina racional e científica, mas usa a prece e o passe e se diz continuador do Cristianismo. Vejo nisso uma tremenda contradição. O que que o senhor me diz?

JHP - Não há contradição nenhuma. Porque quando o Espiritismo se diz uma doutrina racional e científica, ele o prova através dos seus princípios. Basta ler-se, por exemplo, O Livro dos Espíritos, obra fundamental do Espiritismo, para se ver que ali tudo é racional e tudo baseado em observações e pesquisas que resultaram nos princípios da doutrina. Então, a posição do Espiritismo é realmente racional e científica. Quanto à prece, ela não é irracional. Pode ser irracional para, por exemplo, o selvagem que pronuncia uma prece sem saber a quem a dirige e, às vezes, nem mesmo por que a faz impulsionado apenas por uma emoção do momento. Mas a prece, quando pronunciada por uma pessoa que já tem desenvolvimento mental suficiente para compreendê-la, ela é uma forma de comunicação. E a forma de comunicação não é absolutamente alguma coisa mágica ou supersticiosa do passado. A comunicação existe em todos os campos.

Ora, quando nós nos comunicamos pela prece, fazemos aquilo que o psicólogo Karl Jaspers [3] chamou de comunicação vertical. Há dois tipos de comunicação humana: a “comunicação horizontal”, que é a comunicação no plano social, na terra, a comunicação de homem para homem, a comunicação entre as criaturas humanas, esta é a horizontal. Mas existe a comunicação vertical que é a comunicação com as entidades espirituais ou com Deus. O Homem pode falar inclusive com Deus. Quando nós dirigimos, por exemplo, a prece do Pai Nosso a Deus, repetindo aquelas palavras que Jesus deixou no Evangelho, nós estamos procurando uma comunicação com Deus. E esta comunicação é racional. A prece do Pai Nosso traduz uma porção de pedidos, de solicitações que correspondem precisamente às nossas necessidades humanas. Nós então tentamos comunicar-nos com Deus. E Deus nos ouve? Há essa comunicação? Para aquele que realmente usa a prece sabendo usá-la, compreendendo o seu sentido e compreendendo o seu alcance, Deus realmente ouve e responde.

É claro que a resposta de Deus é dada em nossa própria consciência. Nós a recebemos intuitivamente, ou muitas vezes através dos fatos. Os fatos para os quais nós pedimos a sua Providência e que revelam após a prece a manifestação dessa Providência. Então a prece tem um sentido puramente racional, nós nos dirigimos a uma entidade que sabemos que existe e que é Deus. Sabemos que ela existe, por quê? Porque a vimos? Porque a tocamos? Não. Mas porque a vimos e sentimos na Natureza que nos cerca, em toda estrutura ordenada do Universo, onde nada acontece por acaso, onde tudo é determinado por leis. E, portanto, dirigido por uma inteligência. Esta Inteligência Suprema que rege o Universo, esta Inteligência é uma realidade inevitável em nossas vidas. O nosso próprio corpo, a nossa própria vida atestam a presença dessa inteligência.

Teríamos nascido por acaso? O acaso não é inteligente. Se nós nascêssemos por acaso, deveríamos ser uma monstruosidade. Nada existe por acaso. A pedra tem a sua estrutura, a planta tem a sua estrutura. Leis determinadas, perfeitas, regem a existência de todas as coisas e de todos os seres na Terra. Então, nós sabemos que Deus existe. Deus é este poder que, embora não possamos tocar e ver, porque ele é o absoluto e nós somos o relativo. Embora isto, Deus está presente, sempre e em toda parte, em nossa consciência e em nosso coração. Falar com Deus não é tão difícil como pensam, não precisamos de um alto-falante, não precisamos de uma estação de rádio para transmitir uma mensagem a Deus no infinito do espaço. Não. Porque Deus está presente em nós mesmos. Na nossa consciência e no nosso coração, Deus está e ele nos ouve dentro de nós. Então, basta nós dirigirmos uma prece a ele, no sentido de uma comunicação real com ele, e nós realmente conseguimos comunicar-nos. A prece espírita, ela se dirige não só a Deus, naturalmente, mas a todos os Espíritos bons, espíritos que podem não ser santificados, mas são bons. São Espíritos de criaturas boas que viveram na Terra e que podem nos auxiliar, que são nossos amigos. Todos nós, como dizia o apóstolo Paulo, temos as nossas testemunhas. Essas testemunhas são os espíritos que se aproximam de nós e, na maioria, simpáticos a nós, que procuram auxiliar-nos. Ou aqueles que nos detestam e que procuram às vezes atingir-nos com algumas coisas que possam prejudicar-nos. Mas todos eles estão ao nosso redor e aqueles que nos ajudam, nos defendem da maldade daqueles que nos perseguem. Então quando dirigimos a nossa prece a estes Espíritos, nós estamos quase que na própria comunicação horizontal, falando de criatura humana para criatura humana, porque eles estão ao nosso redor, eles convivem conosco na Terra.

Ora, a prova de que isto não é uma superstição está, por exemplo, nas pesquisas atuais da Parapsicologia, principalmente no campo da transmissão do pensamento. Por que a Rússia, neste momento, investiga com tamanha intensidade, tamanho interesse, os problemas da Parapsicologia? Não devia haver interesse dela nesse assunto, porque a parapsicologia não trata da matéria, de problemas materiais, mas sim de fenômenos paranormais, que se passam fora daquilo que é considerado normal na vida terrena, normal no campo material.

Por que é que os Estados Unidos também desempenham tamanha campanha no sentido de desenvolvimento das pesquisas parapsicológicas? Por que há uma verdadeira corrida parapsicológica entre os Estados Unidos e a União Soviética? Porque as experiências científicas demonstraram esta coisa extraordinária para todos aqueles que quiserem pensar um pouco a respeito. O pensamento é a mais poderosa energia no campo da comunicação que se conhece. Por exemplo, quantos astronautas vão para a Lua e a nave espacial fica atrás do corpo lunar, não é possível nenhuma comunicação da nave com a Terra, nem da Terra com a nave. Por quê? Porque o corpo da lua, o corpo lunar impede a passagem de qualquer energia da comunicação terrena. Entretanto, lá detrás da Lua, é possível a um astronauta mandar o seu pensamento para a Terra e receber o pensamento que daqui lhe enviam.

Eu não estou naturalmente jogando com palavras. Eu posso lembrar a experiência de Mitchell [4], o astronauta Mitchell na Apollo 14, ele que foi para Lua levando a incumbência de fazer transmissões telepáticas para Terra. As transmissões telepáticas foram recebidas no centro espacial de Houston e deram o resultado positivo, demonstrando a possibilidade das transmissões telepáticas no Cosmos. Sendo assim, as experiências telepáticas, tanto na Rússia, como nos Estados Unidos, demonstraram que não há barreiras físicas que impeçam a transmissão do pensamento. E nem o espaço, nem o tempo, impedem essa transmissão ou a desfiguram. A transmissão telepática é precisa e perfeita em qualquer distância, há qualquer tempo e através de qualquer espécie de barreiras físicas. Só para se ter uma ideia de como isso foi determinado com precisão, eu devo dizer que, quando o professor Rhine [5], na Universidade de Duke, nos Estados Unidos afirmou isto, o professor Vasiliev [6] na Universidade de Lenigrado, contestou esta afirmação de Rhine e disse: “Vou mostrar objetivamente, através de pesquisas, que há barreiras físicas capazes de deter a transmissão telepática.”

O professor Vasiliev fez uma série de investigações nesse sentido e chegou à conclusão de que a energia do pensamento é, segundo disse ele, uma energia física, mas de tipo ainda desconhecido, porque nenhuma barreira física consegue impedi-la. O que levou o professor Rhine a dizer assim: “O professor Vasiliev chegou a uma conclusão científica de acordo com a minha. Mas não a expôs de maneira científica, porque quando ele diz que essa energia é de tipo desconhecido, não podia afirmar que ela era física. Para o professor Rhine, a energia mental é extra física, não pertence ao plano físico, porque ela supera todos os condicionamentos e todas as barreiras do mundo físico. Isto prova que mesmo que Deus estivesse distante de nós no infinito, que um espírito esteja há muitas distâncias de nós no infinito, nós podemos enviar para ele a nossa mensagem mental. Porque o pensamento atravessa as distâncias cósmicas e não há barreira que impeça a sua comunicação às maiores distâncias.

Assim, a prece não é absolutamente um elemento mágico, é uma realidade no campo da comunicação hoje em dia. Na Universidade de Moscou, por exemplo, a telepatia figura nas escolas de comunicação como pertencente ao campo das comunicações biológicas. Pois bem, no tocante aos passes, o que se dá é a mesma coisa. O que acontece no momento do passe? No Espiritismo, o passe não é considerado de maneira mágica. É considerado como um elemento que permite a transmissão de energias vitais do passista para aquele que recebe o passe, para o paciente. Essa transmissão de energias vitais (está provado ainda agora, nessas pesquisas feitas, não só na Rússia, como nos Estados Unidos), sobre a aura humana e a aura das coisas. Ainda recentemente, em nossas televisões, foram passadas várias experiências nesse sentido, demonstrando que, de acordo com o sentimento da criatura, a aura se amplia ou diminui. De acordo com a posição mental da pessoa ou das suas emoções, há variações, não só na intensidade, como no colorido da aura. A aura representa portanto, não como se está dizendo por aí, a alma, não é a alma não. A aura representa a energia vital do homem, que extravasa do corpo e forma então essa aura verdadeiramente de luminosidade, em torno da pessoa. Mas esta aura existe nos objetos também, na pedra, no vegetal, no animal. Porque todos os seres têm, são dotados desta energia íntima. Esta energia que determina a sua expansão luminosa, além dos limites da estrutura puramente material.

Assim, o passe é considerado como uma transmissão energética de uma pessoa para outra. E esse passe é tanto mais valioso e mais poderoso, quando é auxiliado por uma entidade espiritual que socorre, muitas vezes, a fraqueza das energias do indivíduo que dá o passe, com os seus próprios recursos espirituais intensificando estas sinergias. Não há portanto nenhuma contradição no Espiritismo, ao se dizer racional e científico e ao admitir a prece e o passe.

 

Pergunta 7: Espiritismo e nova civilização

Locutor - O ouvinte Aldrovando Pascoal, de Cidade Leonor, pergunta: o Espiritismo é uma doutrina de resignação. Temos de aceitar tudo e não murmurar, segundo ensina Kardec. Uma doutrina fatalista, pois todo o nosso destino já está previsto. Como o senhor sustenta que ele vai construir uma nova civilização?

JHP - O senhor vê o Espiritismo apenas, como dizia Kardec, por um ângulo do quadro. O senhor não viu o quadro total. O senhor está fazendo um julgamento parcial e restringindo-se apenas a um aspecto limitado. É preciso ver o Espiritismo na sua totalidade. É preciso abranger o quadro geral da Doutrina Espírita para se compreender que o Espiritismo não é fatalista. E que o Espiritismo não é uma doutrina de resignação submissa, do tipo das doutrinas passivas, muito desenvolvidas na Índia. Pelo contrário, o Espiritismo é uma doutrina dinâmica e de esforço, de dedicação, de luta do homem para vencer-se a si mesmo.

Basta dizer ao senhor o seguinte: As Igrejas Cristãs costumam dizer que nós, no Espiritismo, desenvolvemos muito a vaidade, porque nos julgamos capazes de nos salvar a nós mesmos. E sustentam a tese da graça. Deus nos salva pela graça. Quando Deus quer concede a graça a uma pessoa e a salva – aí sim, está o fatalismo! Esta uma posição fatalista, não bem um fatalismo. E está em uma maneira de interpretar as coisas, excluindo a vontade humana.

No Espiritismo, não é assim. Todos nós temos a possibilidade de melhorarmos cada vez mais. De conseguirmos a nossa evolução aceleradamente, bastando a nossa vontade. Se nós resolvermos entrar por um caminho evolutivo, desenvolvendo as nossas potencialidades espirituais que são muitas, que são grandes. Pois não disse Jesus, no Evangelho, aos judeus: vós sois deuses, lembrando principios da escritura sagrada? Nós somos realmente deuses em potencial, deuses no sentido de criaturas super-humanas. Mas é preciso desenvolver essas possibilidades e o Espiritismo nos estimula a desenvolver estas possibilidades. E nos determina mesmo, como dever, como condição essencial da nossa existência, o esforço para esse desenvolvimento. Kardec tem uma expressão muito bonita, quando ele diz assim: “A Graça é a força que Deus concede ao homem de boa vontade para vencer as suas imperfeições.”

A graça portanto, é dada a todos. Não há uma discriminação da graça para esta ou aquela pessoa, a graça incide sobre todo aquele que se esforça. Isto coincide com aquela expressão popular: "ajuda-te que o céu te ajudará". É esta, a posição do Espiritismo. E é justamente por isso, que ele vem se desenvolvendo em todo o mundo e incentivando o desenvolvimento espiritual do homem em todas as latitudes. E vem conseguindo comprovar os seus princípios através das pesquisas científicas do nosso tempo. É por isso que todas as pesquisas realizadas hoje, no campo da natureza humana e no Cosmos, levaram sempre à confirmação dos princípios espíritas. O que mostra que o Espiritismo é uma doutrina perfeitamente atualizada e, mais de que isso, que está balizando o futuro no campo do conhecimento humano. E é neste sentido que ele está e vai realmente construir uma nova civilização na Terra.

 


Mande as suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã. Rádio Mulher, 730kHz, São Paulo. Rádio Morada do Sol, 640kHz, Araraquara. Rádio Difusora 780kHz, Santo Antônio da Platina/Paraná. Pergunte o que quiser, ouça as resposta nos próximos programas e, se for o caso, conteste-as. Estamos no ar para dialogar.

 

* * *


Evangelho de Cristo em Espírito e Verdade.

Aberto o Evangelho ao acaso, encontramos o seguinte. Mateus 24: 1-2.

“O sermão profético. A destruição do templo. Tendo saído Jesus do templo, ia se retirando quando se chegaram a ele os seus discípulos para lhe mostrarem os edifícios do Templo. Mas ele lhes disse: vedes tudo isto. Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.”

Nós temos, aqui nesta passagem de Mateus, um trecho bastante expressivo da maneira porque Jesus ensinava praticamente, objetivamente. Nós temos em geral uma visão mística de Jesus, como se ele fosse uma criatura inteiramente divina e não humana também. E que essa criatura divina só nos desse lições de alto teor, elevando-nos acima de todas as contingências humanas. Mas quando lemos o Evangelho com atenção verificamos o contrário. Jesus, há momentos em que parece um homem prático, ele vai direto às questões, aos assuntos. Os discípulos queriam naturalmente conhecer todo o templo de Jerusalém, que era uma estrutura gigantesca e maravilhosa. Mas Jesus não se importou com isto e lhes deu uma lição. A lição de que tudo aquilo que ali estava tão grandioso aos olhos dos homens, na verdade nada valia perante o princípio espiritual que é eterno. Porque todas as coisas materiais passam com muita rapidez. Tudo se transforma na Terra, incessantemente, e tudo desaparece aos nossos olhos do dia para a noite. Tudo é fugaz. Então Jesus mostrou que aquele templo que ali estava, com toda a sua pompa e toda a sua arrogância – porque era um templo arrogante, era o centro da vida política e cultural de Israel naquele tempo - todo aquele edifício gigantesco, aquele monumento, iria desaparecer de tal maneira que não ficaria pedra sobre pedra. E realmente foi o que aconteceu, historicamente. Por quê? O templo foi aniquilado, foi totalmente destruído por ordem do imperador Tito [7], romano.

Ora, assim sendo, aquilo que podemos considerar uma profecia de Jesus neste momento, se cumpriu de maneira plena, absoluta e não ficou pedra sobre pedra, no Templo de Jerusalém. Mas outras passagens do Evangelho, em outros evangelistas, nos mostram Jesus cometendo uma espécie de heresia para os judeus daquele tempo, quando ele diz que ele poderia destruir aquele templo em três dias e reconstruí-lo de novo. Esta outra passagem, que naturalmente se conjuga com esta, nos mostra outra posição de Jesus, mas aí já é uma posição alegórica. Jesus na verdade não se refere neste momento ao Templo de Jerusalém, mas ao templo do corpo, do seu próprio corpo. Ele está se referindo a sua morte e a sua ressureição. Em três dias, este corpo será destruído, de acordo com o que o Evangelho nos relata, isso aconteceu. E eu poderei reconstruí-lo, como de fato reconstruiu.

Entretanto a ressurreição de Jesus, após o sepultamento do seu corpo, é encarada ainda hoje, no mundo cristão, como uma ressurreição da carne. E isto é absurdo. Diz o apóstolo Paulo bem claramente em sua I Epístola aos Coríntios, que quando morre o corpo material, nós o enterramos e ressuscita o corpo espiritual. E acentua o apóstolo Paulo, que o corpo espiritual é realmente o corpo da ressurreição. Depois diz ele: “Se Cristo não ressuscitou, nós também não ressuscitamos. Se nós não ressuscitamos o Cristo não ressuscitou.” E tudo isso mostra naturalmente a relação estreita entre Jesus e nós, criaturas humanas. Jesus se havia humanizado, reencarnado, ou melhor encarnado na Terra. Porque as suas encarnações anteriores não foram aqui. Reencarnado na Terra, ele se apresentava então com um corpo que tinha que perecer como todo corpo humano. E a sua ressurreição se deu no corpo espiritual, que é o corpo da ressurreição. Esta passagem portanto, embora pequenina, implica problemas evangélicos bastante interessantes, para se olhar, não do ponto de vista místico ou teológico, mas do ponto de vista das conquistas que o Espiritismo tem realizado nesse campo de investigações em todo mundo.

 

Vamos ao recado final do nosso programa. Ouça-o com atenção e mande-nos a sua resposta, que poderá ser lida ao nosso microfone. Entre no diálogo, amigo ouvinte.

 

Todos as raças humanas pertencem ao mesmo tronco. Somos todos irmãos. A cor da pele, a nacionalidade, a posição social, a religião, não concedem privilégios a ninguém. Não foi pelos brancos ou pelos negros, nem pelos ricos ou pelos pobres, que Jesus fez o sacrifício de encarnar-se na Terra, mas por todos. Porque todos somos filhos de Deus e Deus não faz acepção de pessoas. Deus não vê a nossa cor ou a tradição a que pertencemos, mas o nosso Espírito. Não despreze o seu semelhante por ser judeu, pois Jesus encarnou-se como judeu. Não menospreze o amarelo e nem o negro, pois amanhã você pode encarnar-se entre eles. E quem lhe deu o direito de julgar o seu próximo? Deus é o Criador de toda a Humanidade e nós todos, sem exceção, somos seus filhos.

 

 [1] Umbanda e Candomblé. A Umbanda se originou no Brasil, no século XX em Niterói/RJ, combinando elementos católicos e africanos. O Candomblé é uma religião originária da África.

[2] Auguste Comte (1798 – 1857) criou o Positivismo, que ele passou a considerar a “religião da humanidade”, cujo catecismo ele escreveu em 1852, contendo os novos conceitos a serem adotados no chamado “estado positivo da humanidade".

[3] Karl Jaspers (1883-1969), filósofo e psiquiatra alemão.

[4] Edgar Mitchell (1930-2016), astronauta, engenheiro e piloto estadunidense.

[5] Joseph Banks Rhine (1895 – 1980), botânico e pesquisador, cunhou o termo ‘parapsychology’ juntamente com o psicólogo William McDougall.

[6] Leonid Leonidovich Vasiliev (1891–1966), parapsicólogo da Universidade de Leningrado, na antiga União Soviética.

[7] Tito Flávio Vespasiano (9 – 79), imperador romano.


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