No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
Alô brasileiros de todas as origens que formam no Brasil a raça da fraternidade universal, a nova humanidade. Nosso desafio está no espaço, o desafio do futuro convocando os homens a uma nova compreensão da vida. Superemos os limites da rotina milenar. É chegado o tempo de todas as renovações. A Terra treme de estranhas emoções ante o raiar da era do espírito. Não há mais lugar para desesperos e angústias. Quem procura compreender e acompanhar os tempos novos, só encontra motivos para esperança e alegria.
Nada se perde, nada se destrói, tudo se transforma, mas toda transformação é um salto para o futuro. A vida é ascensão, é um bater de asas no infinito. Aceitemos o desafio da vida e avancemos para o amanhã. Estamos No Limiar do Amanhã.
Aprendamos a repetir a pergunta do apóstolo Paulo: onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, a tua vitória? Repitamos essa pergunta a cada instante, pois o milagre da vida se renova sem cessar. Cada berço é o início de uma vida, e cada túmulo a promessa de um novo berço. No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Transmissão número 140, terceiro ano, direção e participação do professor Herculano Pires.
Esse programa não quer fazer prosélitos. Defende uma tese: a da imortalidade do homem na criação eterna de Deus, sob o impulso universal da evolução. A morte é um fenômeno biológico, um momento de transição em que a criatura humana se lança em dimensões mais amplas da vida. Não queremos converter ninguém. Queremos despertar os que dormem. Se você pode provar o contrário, mande-nos a sua prova ou venha defendê-la ao nosso microfone. Só queremos a verdade, nada mais que a verdade, e se você provar que está com a verdade, ficaremos com você. Perguntas e respostas. Pergunte para você e para os outros. Há muita gente que tem as mesmas dúvidas que você. Pergunta nº 1: Parapsicoparafísica
Locutor - Escreve-nos o ouvinte C. R. G.: professor, a Revista Veja, número 274, saída na primeira semana de dezembro, publicou em sua sessão de religião a matéria que lhe mando em anexo à carta. Da matéria gostaria de evidenciar três perguntas. Primeiro, o que vem a ser parapsicoparafísica?
J. Herculano Pires - Trata-se de uma teoria como vemos no próprio recorte da revista que o senhor me enviou, uma teoria do professor Valdez. Esse professor espanhol praticamente não tem aparecido no campo da parapsicologia. Entretanto, aparece agora com esse fenômeno, com esse episódio que o senhor nos relata e que foi divulgado aqui em São Paulo através da Revista Veja. Bom, então trata-se apenas de uma teoria do professor Valdez. Por quê? Porque ele criou, dentro do campo da parapsicologia, uma teoria pessoal dele. Ele fala em parapsico e parafísica e une as duas coisas dizendo que há, nos fenômenos paranormais, uma convergência desses dois campos. Parapsico certamente ele quer dizer e talvez a tradução aqui esteja errada, queria dizer parapsíquico, porque não vejo razão assim para essa expressão estranha, parapsico. Parapsico ou parapsíquico, que seria mais certo, segundo eu penso, quer dizer simplesmente aquilo que a parapsicologia exprime. Quer dizer, ao lado do psiquismo, existe do psiquismo comum do homem, existe ao lado desse psiquismo uma zona que não é explorada, que só agora está sendo explorada pela parapsicologia. Essa zona de fenômenos constitui a zona dos fenômenos paranormais. Então, parapsíquico seria isso, seria a zona dos fenômenos paranormais investigada pela parapsicologia. Parafísica é uma expressão usada para designar aqueles fenômenos materiais, físicos, objetivos que estão além dos fenômenos comuns que ocorrem na matéria. Por exemplo, se nós produzimos um fenômeno de levitação de objeto, ou se produzimos um fenômeno de materialização, nós estamos diante do campo da parafísica. Fora da área dos fenômenos físicos propriamente ditos, surge então essa área dos fenômenos paralelos a eles que são chamados de parafísicos. Na verdade, não vejo razão nenhuma para a criação dessas expressões alheias ao campo já estabelecido universalmente da parapsicologia. O professor Valdez me parece aqui um pouco, ou bastante semelhante ao padre Quevedo, que procura fazer uma parapsicologia por conta própria. Seria isso, por acaso, uma espécie de epidemia espanhola, à semelhança da gripe espanhola? Porque nos vem da Espanha também o professor Valdez. Não há necessidade da criação de termos que querem dizer a mesma coisa dos termos já consagrados no campo parapsicológico. Quando falamos de parapsíquico, como ele fez aqui, e parafísica, falamos simplesmente de fenômenos psigama e fenômenos psicapa. Aquilo que ele chama de parapsico são os fenômenos psigama da parapsicologia, quer dizer os fenômenos parapsíquicos de ordem subjetiva, de ordem puramente mental, como seja, por exemplo, a telepatia, a percepção extra sensorial. São fenômenos assim que nós sentimos que ocorrem conosco, com o indivíduo, dentro do próprio indivíduo, mais subjetivos, não são objetivos. Então, não vejo necessidade de se criar um termo novo.
Quanto à parafísica, é aquilo que chamamos na parapsicologia de psicapa. Fenômenos psicapa são os fenômenos objetivos; um fenômenos de levitação, como dissemos, um fenômeno de materialização; são fenômenos objetivos, materiais. Então, são eles os fenômenos psicapa. Estabelece ainda o professor Valdez que há na produção de certos fenômenos uma convergência de parapsico e parafísica. Ora, essa convergência é muito conhecida no campo parapsicológico mundial. Há trinta anos atrás já o professor Rhine explicava esse problema. O fenômeno parapsicológico ou paranormal, e que para nós, espíritas, é simplesmente o fenômeno mediúnico, este fenômeno paranormal ele não se divide propriamente em dois campos nítidos. Há uma convergência entre eles. Muitos fenômenos se constituem da junção desses dois campos: o parapsíquico, ou seja, o psigama e o psicapa ou parafísico. De maneira que não vejo absolutamente nada de novo nessa teoria do professor Valdez, segundo a reportagem que o senhor me mostra. Apenas uma vontade de se tornar original dando nomes novos, inventando expressões novas – aliás, que me parecem muito impróprias – para designar fenômenos e campos fenomênicos já bastante definidos, classificados e universalmente aceitos, oficialmente aceitos em todas as grandes universidades do mundo.
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Pergunta nº 2: Condições para fenômenos
Locutor - A segunda pergunta, professor: existem lugares especiais para que aconteçam fenômenos paranormais? J. Herculano Pires - Outra coisa curiosa. Diz aqui o professor Valdez que, na verdade, na cidadezinha de Bélmez de Moraledav na Espanha, nessa cidadezinha de Bélmez de Moraleda estão ocorrendo fenômenos muito especiais na casa de uma senhora, por sinal na cozinha da casa dessa senhora. E ele acha, então, que esses fenômenos mostram a possibilidade de estarem ocorrendo lá, nessa cidadezinha, condições especiais para verificação de fenômenos paranormais. Ora, as condições especiais para que ocorram fenômenos paranormais são apenas unicamente, exclusivamente a presença de indivíduos dotados de condições mediúnicas, nada mais do que isso. Onde houver um médium, o fenômeno paranormal pode ocorrer com muita facilidade. Onde não houver e, entretanto, se puder ter uma conjugação de vários elementos com quantidades mínimas de mediunidade, mas que possam ser conjugadas para a produção do fenômeno também pode ocorrer. Não é o lugar que determina a produção do fenômeno, não é a cozinha dessa senhora espanhola onde o professor Valdez chega a afirmar aqui, espantosamente. Ele e seus auxiliares, diz aqui a reportagem, estão convencidos de que na cozinha de dona Maria estão ocorrendo os mais importantes fenômenos parapsicológicos da atualidade. Esta é de espantar, de estarrecer! Dizer que as figuras que aparecem lá na cozinha de dona Maria são os mais espantosos fenômenos parapsicológicos da atualidade é uma calamidade, uma verdadeira calamidade. Nós estamos num momento em que, por exemplo, na Alemanha o professor Raudive está gravando vozes de espíritos em gravadores comuns, mensagens provindas da espiritualidade, aparentemente sem intervenção de médium. Quer dizer, aquilo que Chico Xavier faz com o lápis recebendo mensagens psicográficas, o professor Raudive faz com o gravador comum de fita magnética. Ele liga o gravador, põe na mesa, não se ouve coisa alguma, o gravador funciona e a fita ficou gravada com uma mensagem, uma mensagem de um espírito amigo, de muitos outros espíritos. No último congresso internacional de parapsicologia, o professor Konstantin Raudive apresentou nada menos de trinta mil gravações de vozes feitas em gravadores comuns. E ele é um cientista, ele não é um espírita, ele é um cientista, um investigador. Então, vem o professor Valdez lá da Espanha e diz que os fenômenos da cozinha de dona Maria são os mais importantes! Tenha paciência né, professor Valdez! E o senhor que me escreveu essa carta bondosa e me mandou esse assunto, esteja convencido de que o professor Valdez está nas nuvens.
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Pergunta nº 3: Figuras no cimento
Locutor - A terceira pergunta ainda do ouvinte C. R. G.: qual seria a explicação que a doutrina espírita daria ao fenômeno “figuras no cimento”?
J. Herculano Pires - Esse fenômeno “figuras no cimento” é o fenômeno que está sendo considerado pelo professor Valdez como o mais espantoso. Quer dizer, lá na cozinha da dona Maria em Bélmez de Moraleda, na Espanha, está ocorrendo coisas assim: aparecem manchas no cimento da parede, do chão, e essas manchas vão tomando durante um certo tempo, configurações de fisionomias humanas. Então, diz mesmo aqui um trecho da reportagem, a igreja católica, a princípio curiosa, desinteressou-se do caso tão logo soube que um médium espírita fora convocado para entrar em estado de transe no interior da casa de dona Maria. Uma atitude favorável. De certo, animaria mais os estudos de parte da igreja, mas diante disso, houve um desinteresse quanto ao assunto. Ora, então nós vemos que houve interesse de cientistas, houve interesse de clérigos, de sacerdotes, de teólogos, da própria igreja, pelo assunto, mas no fim todo mundo se desinteressou, e o professor Valdez se interessou, ele e o seu grupo – não diz aqui quem são os elementos que constituem o seu grupo –, ele e seu grupo se interessaram muito por isso. Essas figuras surgem ali, vão tomando a configuração de uma fisionomia humana e eles acham isso bastante expressivo, importante, significativo. E o professor Valdez diz assim: podemos explicar isso pelo animismo, quer dizer, ele quer tirar de qualquer maneira a explicação espírita que poderia também ser admitida. Por que o animismo? Ele acredita que talvez a dona Maria, com o seu pensamento, com a sua influência mental, esteja produzindo esses fenômenos. E por que não admitir que poderiam ser entidades espirituais que estivessem querendo se manifestar? De qualquer maneira, o certo é o seguinte: esses fenômenos são fenômenos físicos que o espiritismo já estudou há muito tempo, se realmente essas figuras merecem essa atenção, se de fato elas estão se formando de maneira tão nítida, tão perfeita. Mas nós sabemos que nas pesquisas espíritas, nas pesquisas metapsíquicas, nas pesquisas da psíquica inglesa, da antiga parapsicologia alemã e da parapsicologia moderna, nós sabemos, e estão aí os livros que nos contam essas histórias, fenômenos dessa natureza aparecem constantemente, são esses os fenômenos psicapa, são esses os fenômenos produzidos no campo material. Quer dizer, fenômenos dessa natureza não quer dizer que sejam todos figuras brotadas no cimento, na parede, essa coisa toda. Quer dizer que existem realmente possibilidades de impregnação de certos objetos onde se produz uma figura humana ou onde se escreve. Por exemplo, a escrita direta não é nada mais de que um fenômeno de escrita que aparece num papel, numa face de objeto qualquer, escrita que não é produzida por ninguém, que é gravada ali através de um fenômeno paranormal. O que não há nada de novo nisso tudo. Tudo isso é coisa que está sendo apenas reelaborada pelo professor Valdez no seu desejo de apresentar as coisas de uma maneira toda pessoal.
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Pergunta nº 4: Casamento
Locutor - Professor, o ouvinte A. L. pergunta o seguinte: nossos irmãos protestantes e católicos dizem que os espíritas têm o evangelho diferente. Não é verdade. Eu, infelizmente, não dou crédito ao evangelho, mas estudo sempre o seu conteúdo, coisa que pouca gente faz. É por esse motivo que procuro esclarecer-me com pessoas que possuem conhecimentos profundos do assunto. Neste caso, a pessoa indicada é o senhor. No meu entender, o apóstolo Paulo era um paradoxal, senão vejamos: o que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações, quem não é casado cuide das coisas do senhor, de como agradar ao senhor. Mas o que se casou, cuide das coisas do mundo etc. Quer dizer, não devia ter casado para melhor servir ao senhor (Coríntios, capítulo sete, versículo trinta e dois a trinta e seis). Mas em Timóteo, primeira epístola, capítulo três, versículos de um a doze, Paulo declara que tanto o bispo como o diácono devem ser casados. Afinal, deve-se ou não casar? Em que fica reduzido o mandamento do crescei-vos e multiplicai-vos? É por esses pontos confusos das chamadas escrituras sagradas que não consigo aceitar o evangelho e as epístolas de Paulo e dos demais apóstolos. Eu prefiro ficar com os ensinamentos dos espíritos dados a Allan Kardec. J. Herculano Pires - Meu caro senhor A. L., se o apóstolo Paulo é um sujeito como o senhor diz aqui paradoxal, a sua atitude também é paradoxal. O senhor rejeita os evangelhos, rejeita as epístolas dos apóstolos, e quer ficar com os ensinamentos dos espíritos dados a Allan Kardec. O senhor não se lembra de que o fundamento desses ensinamentos está nos evangelhos, quer dizer, os evangelhos, as epístolas, os livros do novo testamento, aquelas informações que nos são transmitidas ali por essas escrituras sagradas do cristianismo são precisamente os fundamentos morais de todo o ensino dado pelos espíritos a Allan Kardec. O senhor rejeita a base e quer ficar apenas com as paredes do monumento. Não é bem certa essa sua atitude. O senhor é mais paradoxal do que o apóstolo Paulo. Por sinal, eu quero, o senhor naturalmente não vai se zangar comigo, porque eu gosto de dizer as coisas como penso, nunca com a intenção de ofender, apenas para esclarecer, mas como as pessoas, às vezes, se zangam por pouca coisa, eu quero deixar bem claro: estou dizendo isso apenas porque é o que eu sinto a respeito. A sua posição é contraditória. Mas o principal não é isso. Os motivos pelos os quais o senhor rejeita esses livros também não são justos. Por exemplo, o senhor pensou que pegou aqui uma contradição do apóstolo Paulo entre a primeira epístola aos Coríntios e a primeira epístola a Timóteo. Entretanto, não há contradição nenhuma. O senhor leia de novo o texto, leia sem preconceito, sem prevenção, perca a sua prevenção no tocante ao apóstolo Paulo. Na verdade, o apóstolo Paulo é uma das figuras mais excepcionais de todos os tempos. Ele foi, como o senhor sabe, um doutor da lei no templo de Jerusalém, era um homem dotado de vasta cultura não só no campo do judaísmo, mas também da cultura helênica e da cultura romana. Era um homem excepcional que gozava do mais alto prestígio em Jerusalém e que, não obstante – o que prova mais profundamente a sua grandeza –, abandonou tudo isso para servir à verdade cristã no momento em que ele viu que realmente os cristãos estavam com a verdade. E passou de um grande doutor da lei a um simples trabalhador manual no deserto, fabricando tendas, tecendo panos para venda a fim de poder, e lidando com couros, a fim de poder se sustentar, a fim de não ser pesado a ninguém, como ele dizia. E sustentou ele sozinho durante muitos anos a difusão do evangelho entre os gentis, pelo o que ele é chamado o apóstolo dos gentis. Não há contradição no que o apóstolo Paulo disse na primeira epístola aos Coríntios no capítulo sete, versículos trinta e dois a trinta e seis, e aquilo que ele disse a Timóteo na primeira epístola a Timóteo. Não há absolutamente nenhuma contradição. O senhor consulte, por exemplo, em Coríntios primeira, no mesmo capítulo sete, os versículos vinte e sete e vinte e oito. O senhor verá que o apóstolo Paulo escreveu o seguinte: “estás casado? Não procures separar-te. Estás livre? Não procures casamento. Mas se te casares, por isso não pecas. Ainda assim, tais pessoas sofreram angústias na carne e eu quisera poupar-vos”. Compreenda-se bem então o seguinte: o apóstolo Paulo está escrevendo aos Coríntios, quer dizer, à igreja cristã que existia em Corinto. Nessa igreja, segundo o senhor lê na própria epístola de Paulo, estavam ocorrendo grandes desastres morais, imoralidades que o apóstolo Paulo chega a dizer: piores do que as praticadas pelos pagãos. Então apóstolo Paulo está chamando a atenção daqueles crentes iniciais do cristianismo para o erro em que eles se encontravam, e ele adverte que é necessário conter tudo aquilo que pode levar o homem a se golfar apenas dos prazeres materiais e à dissolução moral. E ele diz que, quando se quer servir realmente a Deus, servir a Deus numa atitude naturalmente religiosa que ele adquiriu da sua formação judaica, quando se quer servir realmente a Deus, deve se afastar de todas as ligações mais profundas com os prazeres carnais. Então por isso ele insiste em que aqueles dos frequentadores da igreja de Corinto, dos participantes dessa igreja que já estiverem casados, devem continuar casados e não devem apartar de suas esposas, porque a fidelidade ao lar é importante na moral paulina. Entretanto, aqueles que não estiverem casados e que quiserem se dedicar aoevangelho, ele aconselha que não se casem, e ele mesmo adverte aqui, porque as pessoas que se entregam a esses interesses puramente materiais, sofrem angústias que ele deseja poupar para aqueles que querem servir ao senhor. É uma atitude muito lógica, muito precisa. Não sei se o senhor entendeu bem. Quer dizer, o apóstolo Paulo está admitindo que cada um permaneça no seu terreno como está, desde que esteja com a disposição de realmente servir ao senhor de acordo com os preceitos religiosos daquele tempo. Na epístola a Timóteo, o senhor se admira de Paulo haver dito que tanto o bispo como o diácono devem ser casados. Mas, o senhor relendo essa epístola com atenção e estabelecendo a ligação com a epístola dos Coríntios, o senhor verá que Paulo está falando que devem se casar aqueles que não puderem conter-se no terreno dos interesses carnais. Devem casar-se para ter uma vida moral, uma vida moral com sua família, sua mulher e seus filhos, e que devem se restringir ao lar. Não devem, naturalmente, atirar-se a quaisquer aventuras que seriam perigosas para um pregador cristão. Ora, ele então não nega absolutamente o direito e nem mesmo o dever de casar-se para aqueles que ele acha que assim devam fazer. E quando ele aconselha os diáconos e os bispos a se casarem, é precisamente porque ele quer que a moralidade seja mantida na igreja, e ele aconselha mesmo logo a seguir que os bispos e os diáconos procurem manter-se com o maior rigor dentro do comportamento moral. Nós vemos, por exemplo, nesse capítulo sete de Timóteo, primeiro, que quanto àqueles que estejam necessitados de realmente se dedicarem ao serviço do bem, que eles procurem se comportar de maneira adequada, e que aqueles que quiserem evitar a impureza, cada um tenha a sua própria esposa e cada uma o seu próprio marido. É a moral paulina que está sendo divulgada, que ele está transmitindo através de suas cartas às igrejas. Mas o senhor não vê Paulo negar terminantemente o direito de casamento aos fiéis das igrejas, nem na primeira epístola aos Coríntios, nem na primeira epístola a Timóteo. De maneira que não há contradição entre essas epístolas.
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Pergunta nº 5: Mediunidade
Locutor - Professor, a ouvinte E., da Rua Irmã Filomena, Jaçanã, pergunta: certa noite acordei com uma pessoa me chamando. Perguntei quem era. Era meu irmão que estava muito doente. Respondi e ele do outro lado do quarto pedia a minha ajuda, pois caíra no chão e não conseguia levantar-se. Chamei minha irmã e pedi-lhe que chamasse o guarda noturno, pois meu irmão era forte e sozinha não poderia erguê-lo do chão. Enquanto minha irmã saiu, eu tentei levantá-lo, peguei-o pelos braços. Quando dei o impulso, perdi os sentidos, o quarto escureceu e fiquei na penumbra. Vi levantar no quarto um moço vestido de branco, resplandecente de luz que foi direto até meu irmão, segurando seus pulsos e levantando-o como se fosse um guindaste, e assentando de pé no chão vagarosamente. Quando voltei a mim, meu mano estava em pé e o moço tinha desaparecido. Vi-me ao seu lado, tendo as palmas das mãos voltadas para o meu rosto. Ele foi para a sua cama. Quando quis arrumá-lo para não cair novamente, disse-me com voz autoritária: “não ouse tocar em mim”. Afastei-me, e ele foi deitar-se dizendo: “estou bem, não tenho nada”. Minha irmã chegou, e perguntei-lhe se havia chamado o guarda. Ela disse-me que não, pois não o havia encontrado. Quem era o moço e por que disse meu irmão que não o tocasse? No dia seguinte, perguntei-lhe quem o levantara. Respondeu: “foi você com uma força incrível”. Perguntei-lhe: “e o moço de branco?” Ele disse: “não vi ninguém”. J. Herculano Pires - A senhora está me relatando simplesmente um fenômeno espírita comum. A senhora tem mediunidade, não sei se a senhora sabe disso mas se as coisas se passaram dessa maneira, a senhora é médium. Seu irmão naturalmente estava precisando de auxílio. Esse espírito deve ser um espírito amigo de seu irmão, da senhora, da família, que o socorreu naquele momento. É possível que ele tenha feito com que a senhora mesmo erguesse o seu irmão, porque o seu irmão assim o disse que a senhora, com uma força incrível, ergueu-o e o colocou-o em pé. Ora, dessa maneira, a senhora teria sido então envolvida por esse espírito, por esse moço que a senhora viu, e seu irmão não percebeu nada porque não tem mediunidade ou não tinha, pelo menos, a mediunidade de vidência. O fenômeno ficou bem nítido pelo que a senhora descreve aqui, provando a sua mediunidade. Eu não sei se a senhora frequenta centros espíritas, se a senhora tem ligação com o espiritismo, a senhora não diz nada disso aqui. Mas eu acredito que a senhora deveria se interessar seriamente pelo assunto, porque quem tem mediunidade deve aproveitá-la e porque também quem tem mediunidade está sujeito naturalmente a muitos outros acontecimentos dessa natureza. Procure estudar, ler um pouco de espiritismo e frequente um bom centro espírita bem dirigido, sem bobagens, centro onde não haja nada de misterioso, nada com o sentido de magia, nada de vestimentas apropriadas para os médiuns, nada de incenso, nada de qualquer coisa assim como velas acesas, defumador e outras coisas, nada disso. Centro espírita onde se pratique simplesmente a prece e a comunicação espiritual.
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Pergunta nº 6: Repensando
Locutor - Professor, o ouvinte R. M. relata o seguinte: aconteceu dia 30 de outubro de 1973, no centro que frequento. Minha esposa falecida veio e disse-me em duas palavras para eu ser calmo e fazer preces, que os mentores vão trazê-la de volta para falar comigo. Quando escrevi a carta falando do irmão Jacó e Dr. Bezerra de Menezes, estava perturbado. Tive uma grande lição do plano espiritual: que a gente nunca deve revoltar-se contra os mentores espirituais.
J. Herculano Pires - Muito bem, amigo M. Você se lembra que eu disse na resposta à sua pergunta que não podia entender como você, que estava estudando espiritismo e tão interessado pelo espiritismo, tomava uma atitude daquela. Agora se explica. Eu percebi, naturalmente, que você estava numa grande perturbação e entendi que você havia recebido instruções negativas em algum grupo espírita que frequentasse. Acredito agora que você venceu a sua crise e está compreendendo. Realmente o Dr. Bezerra de Menezes foi um homem de grandes virtudes, de grande abnegação, era chamado no Rio de Janeiro o Médico dos Pobres, um homem que prestou serviços inestimáveis não só à pobreza no Rio de Janeiro, mas também ao nosso país, pois ele foi senador, foi deputado federal, foi presidente da câmara municipal do Rio no tempo do império, era um homem público de grande projeção e que, depois que se tornou espírita, abandonou por completo a carreira política, para se dedicar exclusivamente ao espiritismo. A tal ponto que foi cognominado o Kardec brasileiro. Deixou grandes obras, importantes livros. Ainda agora a editora Edicel está preparando o lançamento das obras completas de Bezerra de Menezes sob a orientação do deputado Freitas Nobre, que é também cearense como Bezerra de Menezes e que está coletando todas as obras dele para uma divulgação mais ampla do trabalho desse grande espírito. Ora, aceitar que esse espírito estava impedindo a comunicação de sua mulher seria realmente um absurdo. De maneira que o senhor agora já se informou disso e está seguindo um caminho certo. De fato não adianta nós nos revoltarmos contra aquilo que você chama aí – eu lhe chamei de senhor, mas agora eu me lembrei que você é o M., meu amigo –, você chama de mentores espirituais. Ora, mentores ou não, o certo é que os espíritos superiores quando se comunicam e se nos dizem alguma coisa que nós não gostamos, é para o nosso bem. Não adianta nos revoltarmos contra isso, mesmo porque a nossa revolta só fará nos prejudicar. O que precisamos é aprender a compreender as coisas espiritualmente e não aceitar confusões em nossa mente. Download
Pergunta nº 7: Experiência espiritual
Locutor - Ouvinte C., do bairro da Liberdade, pergunta: tenho 67 anos, moro sozinha, sou crente da Assembleia de Deus. Aconteceu há poucos meses atrás; eu machuquei-me no ombro. Uma noite não conseguia dormir, pois o ferimento doía demais. Deitei-me mais ou menos às onze horas. Ouvi estalos na porta, fiquei quieta. Passado alguns segundos, novamente o mesmo barulho na cozinha. Depois senti a presença de alguém perto de mim. Em seguida, ouvi passos que identifiquei como os de uma criança. Senti as mãos delicadas em cima de meu ombro que estava machucado. Levantei-me, tirei a faixa do ombro e não senti mais aquelas dores terríveis. Não é a primeira vez que ouço esses estranhos ruídos. O que o senhor me aconselha fazer? O que representa isso? Estranho que quando sinto essa presença, adormecem minhas pernas.
J. Herculano Pires - Eu aconselho a orar para esse bom espírito que a assistiu, essa criatura de Deus que veio socorrê-la no momento em que a senhora estava necessitando de auxílio. Se se manifesta como espírito de criança, é porque certamente pertenceu de alguma maneira à sua família, está ligada à senhora e a senhora deve ter dele uma recordação do tempo de infância. Então, ele procura manifestar-se de uma maneira que possa não só tocá-la, emocioná-la, porque a senhora sendo assistida por uma criança, a senhora se sente naturalmente mais emocionada, como também despertar na senhora alguma lembrança referente a ele. É um espírito bom, espírito amigo, aquilo que na sua religião e nas demais religiões se chamaria de anjo. Na verdade, a senhora vê que foi uma coisa bastante tocante. Uma simples criança com a sua mãozinha delicada socorrendo a senhora e lhe tirando as dores terríveis que a senhora sentia. Então, mantenha o seu pensamento voltado para Deus, faça preces, agradeça esse espírito o auxílio que ele lhe deu e esteja certa de que toda vez que a senhora o sentir, e a senhora sente esse problema nas pernas, é porque a senhora está em contato com aquilo que nós chamamos as vibrações do espírito que naturalmente a empolgam, a envolvem. Essas vibrações, entretanto, são benéficas.
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Pergunta nº 8: Mediunidade à distância
Locutor - Professor, R. M. pergunta ainda: existe um médium que opera à distância. O nome dele é Indalécio Araújo. No jornal Notícias Populares foram publicadas várias reportagens sobre esse senhor. Como se processa essa mediunidade?
J. Herculano Pires - A mediunidade que o senhor fala, essa mediunidade que permite operações à distância, é evidente que se processa de maneira natural de acordo com os princípios que você, meu caro M., já deve ter lido no Livro dos Médiuns. Os efeitos à distância são produzidos graças à intervenção de entidades espirituais. O médium contribui com o seu poder mediúnico, ou seja, com a sua faculdade mediúnica – não gosto muito de falar poder, porque as pessoas acreditam que a mediunidade é uma espécie de poder e isso envolve muitos mistérios. Na verdade, é uma faculdade humana, como a inteligência, como a audição, como a percepção, como qualquer outra faculdade. Então, os espíritos que servem da mediunidade para conduzirem até ao necessitado aquilo que nós chamamos os fluídos vitais do médium. Porque o espírito que não está encarnado ele não possui esses fluídos materiais. Ele então se serve dos fluídos materiais do médium para operar à distância. O médium, naturalmente, concorre com a sua boa vontade, com a sua abnegação, com o seu desejo de servir ao próximo. E é por isso que os fatos podem ocorrer, as operações realmente se realizam. Eu não quero dizer absolutamente que as operações com esse médium Indalécio Araújo sejam reais. Preste atenção nisso, M. Eu não conheço esse médium. Já vi algumas reportagens sobre ele, mas não o conheço. Não encontrei dados assim positivos que me levassem a acreditar na realidade de um fenômeno palpável, aceitável. Eu não estou me referindo a esse médium, estou me referindo aos fatos que ocorrem com numerosos médiuns no mundo. Pode ser que esse também seja assim, pode ser, eu não estou pondo em dúvida. Eu apenas não o conheço, não posso afirmar que o que está anunciado com referência a ele seja real. Mas se ele realmente tem essa mediunidade, os fatos ocorrem dessa maneira natural.
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Pergunta nº 9: médicos espirituais
Locutor - Professor, os médicos espirituais desencarnados ajudam o médium a operar?
J. Herculano Pires - Sim, é claro. Geralmente são eles que operam. Os médicos desencarnados se servem do médium como um instrumento. É como se o médium fosse, por assim dizer, um arsenal de instrumentos cirúrgicos de que o espírito se serve. Ele se serve dos elementos fluídicos do médium, principalmente do fluído vital que ele possui, para poder então agir sobre o doente e realizar as operações.
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Pergunta nº 10: Falha do médium
Locutor - E se o médium falhar, o que pode acontecer com a mediunidade? Ela pode estacionar ou ser afastada? J. Herculano Pires - O médium pode falhar de muitas maneiras. Ele pode falhar na sua missão, ele pode falhar, porque se deixa levar pela vaidade, pelo orgulho ou pelo interesse. Ele pode passar a ser um médium que mercantilize a sua mediunidade. Em qualquer desses momentos de falha, ele pode não propriamente perder a sua mediunidade, como se costuma dizer. O que acontece é que os espíritos que o auxiliam, que trabalham com ele, que são espíritos nobres, elevados, sentindo que ele descambou para um terreno impróprio, esses espíritos se afastam. Então, ele passa a ser assistido por espíritos inferiores que podem, inclusive, levá-lo à obsessão, senão levá-lo a outros desastres que podem ocorrer na sua vida. O médium não será punido, por assim dizer, por um espírito superior. Os espíritos superiores eles não punem. Eles apenas se afastam. É como, por exemplo, um professor que está lidando com um aluno, querendo encaminhá-lo, orientá-lo; o aluno é rebelde, não aceita, destrata o professor; o professor se afasta, vai lidar com outros alunos, não dá mais atenção àquele, e o aluno fica entregue a si mesmo. Assim acontece com o médium. Os espíritos bons se afastam e os espíritos maus se aproximam dele, porque ele os atrai pela sua própria condição.
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Acorde, amigo ouvinte. Acorde do sono da letra que mata para a alvorada do espírito que vivifica.
O evangelho de Jesus em espírito e verdade.
Abrindo o evangelho ao acaso, saiu-nos o seguinte (Lc, 8:04-07)
Afluindo uma grande multidão e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus em parábola: saiu o semeador para semear a sua semente. Quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, foi pisada e as aves do céu a comeram; outra caiu sobre a pedra, e tendo crescido, secou, porque não havia umidade; outra caiu no meio dos espinhos; com ela cresceram os espinhos e sufocaram-na; outra caiu na boa terra, e tendo crescido, deu fruto a cento por um. Dizendo isto, clamou: quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Esta passagem do evangelho de Lucas, esta passagem é bastante importante, como nós sabemos, e muito comentada, muito apreciada no meio cristão, porque se refere ao desenvolvimento espiritual da criatura humana sob o impacto do evangelho de Jesus. Esta passagem pertence ao capítulo oito do evangelho de João, é a Parábola do Semeador e bastante conhecida, não é preciso estar minuciando o texto. Vamos apenas procurar mostrar o que isto significa do ponto de vista espírita, de acordo com aquilo que nós entendemos pelo espírito que vivifica e não a letra que mata.
Jesus ensina que a palavra do evangelho corresponde a uma espécie de semeadura. Ele está semeando não na terra, mas nos corações e nas consciências dos homens; está semeando para a colheita futura da grande safra do reino de Deus, que virá mais tarde. Tudo isto são alegorias, são imagens, mas que têm um profundo significado espiritual. Quando ele explica, por exemplo, que uma parte das sementes que o semeador saiu a lançar caiu à beira do caminho e foi pisada pelos homens ou comida pelas aves, ele se refere às numerosas pessoas que ouviram a pregação evangélica, que ouviam naquele tempo, ao seu lado, acompanhando-o nos caminhos por ele seguidos, e que, não obstante, não guardavam nada consigo; as palavras entravam por um ouvido e saiam por outro. Dessa maneira, não sobrava nada na beirada do caminho. As sementes eram esmagadas pelos caminhantes ou comidas pelas aves do céu. Não sobrava nada para germinar.
Quando ele fala nas sementes que caíram na pedra, ele se refere aos corações endurecidos que não aceitavam a verdade evangélica. Entretanto, muitas vezes, essas criaturas de coração endurecido se encantavam com as expressões de Jesus. Jesus falava numa linguagem poética – nós não temos, naturalmente, nenhum texto dele que seja exatamente aquilo que ele disse, mas temos a reprodução pelos vários evangelistas e vemos sempre que a sua linguagem era bastante poética. Essa poesia tocava os corações, mas os corações eram empedernidos; a semente ali ficava, mas não podia germinar, porque a pedra, exposta ao sol, não tinha umidade, não havia condições para a semente germinar, para criar raízes, e ela se secava.
Depois nós temos, como vimos, as sementes que caíram no espinheiro. Caíram algumas sementes entre os espinhos e lá elas puderam nascer; sim, porque havia o chão úmido, havia condições para a sua germinação. São aqueles corações que receberam a palavra do evangelho e aceitaram como boa e procuraram cultivá-la. Entretanto, esses corações que estavam enredados num espinheiral. Este espinheiral era formado pelos cuidados do mundo, pelas preocupações mundanas das criaturas. Essas preocupações terminavam asfixiando a semente do evangelho e ela morria.
Quarto, nós temos em quarto lugar a semente que caiu na boa terra e produziu cento por um. É aquela semente que realmente caiu nos corações preparados para recebê-la; corações que já haviam evoluído suficientemente; espíritos que na sua evolução espiritual já haviam atingido a condição necessária para compreender a mensagem evangélica. Assim, esta parábola do semeador, como vemos, é uma das mais belas e mais profundas do evangelho, e tanto se aplica naquele tempo de Jesus como no tempo atual do consolador. Muita gente representa essas diversas fases, essas quatro fases a que se refere a parábola do semeador no tocante aos ensinos espíritas. Aqueles que recebem realmente esses ensinos e procuram desenvolvê-los, estes são a boa terra.
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No Limiar do Amanhã: um desafio aos que dormem.