No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
Onde está, oh morte, a tua vitória? Essa pergunta é do apóstolo Paulo revela o segredo do poder transformador do cristianismo. A vitória da morte não existe, porque o vitorioso é sempre o espírito. Os homens não morrem, apenas se transformam. Por isso nos diz o livro de Jó: dia a dia aguardo a minha mutação. Todos mudamos. Todos passamos por uma mutação. O que morre é apenas o corpo material.
Os túmulos estão vazios: foi essa a última lição de Jesus dada através do seu próprio corpo que desapareceu do túmulo. Muita gente pergunta: como foi isso? Ora, então não sabemos que os corpos não ficam nos túmulos? Não sabemos que os corpos são logo destruídos e que a sua matéria retorna ao laboratório da natureza para servir a outros corpos na roda incessante da vida?
Ai dos que pensam que os mortos estão realmente mortos. Choram como cegos espirituais ante o alvorecer da verdadeira vida. Felizes os que sabem que ninguém morre, que os seus mortos, como ensinou Jó, voltam à vida superior no espírito e mais tarde retornarão à Terra. Acaso não explicou o apóstolo Paulo que enterramos o corpo material e ressuscita o corpo espiritual? Se você ainda não aprendeu isso é porque vive de olhos fechados. Abra os olhos para a realidade maior da vida espiritual. Acorde enquanto é tempo!
Os que pensam que tudo se acaba com a morte, ficam dormindo depois da morte. Hipnotizaram-se a si mesmos durante a vida material e não conseguem despertar quando o corpo material desfalece. Reaja contra essa triste cegueira. Pense na morte como uma simples fase de transição dessa vida precária para a vida maior. Quando aprendemos a lição do túmulo vazio, podemos repetir com entusiasmo e alegria a pergunta de Paulo: onde está, oh morte, a tua vitória? Temos corpo material e corpo espiritual, explica Paulo em sua primeira epístola aos Coríntios, e acrescenta: planta-se o corpo animal e ressuscita o corpo espiritual. Pense nisso, amigo ouvinte. No Limiar do Amanhã, um programa desafio, transmissão número 136, terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.
Perguntas e respostas. Pergunte para você e para os outros.
Pergunta nº 1: Espíritos que não gostam de outros
Locutor - Professor, o ouvinte R. M. pergunta: quero explicar por que sou revoltado? Existem dois espíritos que costumam levar a gente no tapa, um é o Jacó e o outro é o Dr. Bezerra de Menezes. A minha esposa C. L. M. desencarnou há três anos, ou melhor, dia 29 de outubro de 1973 completará exatamente os três anos, e esses espíritos não deixam a minha esposa comunicar-se. Estou pensando em suicídio. Os culpados serão o irmão Jacó e o Dr. Bezerra de Menezes, porque eles afastaram a minha companheira de mim e não gostam dela. As pessoas que gostam, eles deixam se comunicar.
J. Herculano Pires - Meu prezado ouvinte, caro amigo M. e essa sua carta e essa sua consulta principalmente me surpreendem. Tenho visto o seu interesse pela doutrina espírita, tenho acompanhado a maneira por que você, amigo M., procura compreender a doutrina. Como pode você cair numa situação tão estranha? Acreditar que espíritos da envergadura do Dr. Bezerra de Menezes, que é um verdadeiro apóstolo do bem, da caridade, da assistência ao próximo, esteja impedindo a comunicação de sua esposa? Quanto ao irmão Jacó a que você se refere, eu não o conheço, não sei quem seja, há muitos espíritos com o mesmo nome. Entretanto, posso lhe assegurar: se esses espíritos dizem que estão impedindo a sua comunicação de sua mulher, o irmão Jacó deve ser um mistificador e aquele que está dando o nome de Dr. Bezerra de Menezes também é um mistificador. A gente precisa usar de bom senso. Kardec disse que o espiritismo é, sobretudo, uma questão de bom senso. Precisamos pensar sempre com lógica. Não é possível admitir-se que espíritos elevados queiram fazer isso que você acredita que estejam fazendo com você. Acontece o seguinte, meu caro M., nem todos os espíritos que passam para o plano espiritual têm facilidade em comunicar-se conosco. Às vezes, não estão mesmo em condições de se comunicarem. Não importa que faça três anos, cinco anos, dez anos que uma pessoa faleceu. Eu estou no espiritismo há muitos e muitos anos, faz mais de trinta anos que estou espírita; tenho participado de numerosos trabalhos; realizo sessões continuamente; estou em comunicação com espíritos numerosos. Há muitos espíritos queridos,, para mim, que ainda não se comunicaram. São meus familiares que eu estimo, que eu quero muito bem, que eu desejaria que se comunicassem, mas eles ainda não puderam fazê-lo. Por quê? Por motivos os mais diversos que nós não conhecemos. É preciso compreender, meu caro M., que o mundo espiritual é um mundo diferente do nosso, e as pessoas que morrem não estão assim facilmente a nossa disposição. É uma graça que nos é concedida quando nós obtemos a comunicação de um espírito querido e podemos conversar com ele. Mas muitas vezes a morte é para nós uma prova. A morte de uma criatura querida tem por fim distanciar-nos dela, separar-nos dela, a fim de nós podermos, sozinhos na existência, mostrar a nossa coragem, a nossa capacidade de viver e, principalmente, a nossa capacidade de compreender os problemas da vida. Nós sabemos que a vida terrena é rápida, é efêmera, é uma breve passagem. Olhe para trás, M., e veja com que rapidez você passou da adolescência para a mocidade, da mocidade para a madureza e está agora voando, podemos dizer assim, voando em direção à velhice, ao envelhecimento. Ora, nós todos passamos muito rápido pela Terra. O que é uma vida de cinquenta, sessenta, setenta anos diante da eternidade do espírito? Muitas vezes somos submetidos a provas que merecemos, provas que correspondem a nossas atitudes no passado e que precisam ser vencidas por nós com tranqüilidade, com firmeza, com paciência e, sobretudo, com compreensão. Como pode uma pessoa como você, meu caro M., que vive estudando espiritismo, falar em suicídio? Então você não sabe o que é o suicídio? Você ainda não leu aquele livro Martírio dos Suicidas? É bom que você leia e que investigue principalmente no Livro dos Médiuns e na Revista Espírita de Allan Kardec o problema do suicídio para você ver a responsabilidade que tem a criatura que, diante de uma prova, prefere fugir, prefere escapar da maneira mais negativa que é cometendo um assassinato. Sim, porque o suicídio é um assassinato. Não é o assassinato de uma pessoa estranha, mas da nossa própria pessoa. Nós nos matamos a nós mesmos, cometemos uma violência contra a natureza e uma violência contra a nossa decisão interior no mundo espiritual de enfrentar aqui na Terra as provas para as quais nos encarnamos. Como quer você pensar em suicídio? Onde está o Evangelho Segundo o Espiritismo que você vinha lendo? Abra o evangelho, procure no evangelho os tópicos referentes aos suicidas e consulte especialmente livros como Céu e Inferno de Allan Kardec, o Livro dos Médiuns. Veja as comunicações dos suicidas. Veja se é possível um espírita ou mesmo uma pessoa que está apenas se interessando pelo espiritismo, mas que já fez leituras importantes a respeito, pensar no suicídio, simplesmente porque não obtém comunicações do espírito de sua mulher. Se essas comunicações lhe são negadas atualmente, deve haver para isso motivos muito profundos que nem você, nem eu, nem ninguém no espiritismo tem o direito de compreender, de pesquisar, de buscar, porque elas estão nos desígnios de espíritos superiores que regem a nossa evolução no planeta. Precisamos nos convencer, meu caro M., que o espiritismo não estabelece nenhum sistema de ligação permanente entre as criaturas do além e nós. A mediunidade nos é concedida de acordo com o nosso merecimento e até mesmo com as necessidades nossas de evolução. Muitas vezes, a comunicação de uma criatura que foi nossa companheira aqui na Terra, como acontece com a sua mulher, poderia trazer complicações para ela e para você. Você tem de esperar pacientemente, orando, pedindo a Jesus em favor dela, e afaste de sua mente a idéia absolutamente absurda de que um espírito da elevação do Dr. Bezerra de Menezes pode ter preferências para comunicação de espíritos. Não. O Dr. Bezerra de Menezes é um santo, é uma alma pura, elevada. Dr. Bezerra de Menezes é um espírito que recusou a passar para plano superiores, quando chamado pela espiritualidade superior, e pediu para continuar ligado a nós aqui na Terra, a fim de poder auxiliar-nos, ajudar-nos e consolar-nos. A sua vida terrena foi uma vida de apóstolo, uma vida de inteira dedicação ao próximo. Ele era conhecido, como você deve saber, no Rio de Janeiro, como o médico dos pobres. Ele não média sacrifícios para atender a pobreza. Então pensa você que um espírito desses pode cometer coisas tão inferiores como as que você lhe está retribuindo? Meu caro M., escreva-me de novo, dizendo-me se ouviu essa minha explicação, se concorda com ela, se não concorda, porque eu estou seriamente preocupado com a sua situação diante desse problema.
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Pergunta nº 2: Paulo e o espírito
Locutor - A ouvinte M. A. F., da Rua Martins Fontes, cidade, envia-nos as seguintes perguntas: professor, onde o apóstolo Paulo escreveu sobre o espiritismo?
J. Herculano Pires - O apóstolo Paulo não escreveu propriamente sobre o espiritismo, porque o espiritismo como doutrina não existia no tempo do apóstolo Paulo. Naquele tempo, os discípulos de Jesus faziam sessões de espíritas, mas não lhe davam esse nome. Eram as reuniões do cristianismo primitivo. Ora, a senhora pode ler na epístola dos Coríntios, na primeira epístola dos Coríntios do apóstolo Paulo, é a carta que o apóstolo Paulo dirigiu à igreja de Corinto, à igreja nascente de Corinto – quer dizer, igreja é uma palavra que quer dizer, assembleia, a reunião dos cristãos em Corinto, onde procuravam desenvolver o cristianismo. Nessa carta há um tópico bastante extenso referente aos dons espirituais, e nesse tópico o apóstolo Paulo nos deixa a revelação escrita por ele de como eram realizadas as sessões espíritas entre os apóstolos. Ele então nos mostra com explicações detalhadas como os médiuns é que eram então chamados os profetas deviam então sentar-se a mesa da sessão, como eles deviam se portar durante os trabalhos, qual a atitude que deviam assumir, e chega mesmo até a recomendações pormenorizadas, como no tocante à mediunidade de xenoglossia. A mediunidade de xenoglossia é a mediunidade de falar línguas estrangeiras. Então, o apóstolo Paulo adverte que o profeta, ou seja, o médium não deve falar numa língua estrangeira, não deve transmitir a sua mensagem numa língua estrangeira se não estiver presente na mesa alguém que possa interpretar essa mensagem. Porque se não tiver ninguém que possa interpretar, a mensagem não servirá para ninguém, e assim por diante. Então o apóstolo Paulo não escreveu propriamente sobre espiritismo no sentido que nós interpretamos hoje como uma doutrina moderna, nascida na França em meados do século passado, mas sim, como já dizia Kardec, ele escreveu sobre o espiritismo primitivo que ainda não tinha esse nome, mas que já era realizado por todos aqueles que conheciam o problema das comunicações espirituais. Podemos dizer ainda, para que a senhora compreenda bem esse problema, podemos dizer que quem fundou o espiritismo não foi o apóstolo Paulo e nem foi Allan Kardec. Aliás, Allan Kardec sempre insistiu em esclarecer que ele não foi o fundador do espiritismo, mas apenas o codificador da doutrina. Quem fundou o espiritismo foi Jesus, Jesus Cristo. O evangelho nos mostra isso. Até aquele momento, os homens se interessavam pelos espíritos como se fossem Deuses. Nós vemos durante todo o passado da Grécia e de Roma, nós vimos o interesse das pessoas pelas manifestações dos oráculos e das pitonisas. Oráculos e pitonisas eram médiuns, mas recebiam mensagens de quem? Mensagens de Deuses. Os espíritos eram chamados Deuses. Vemos na Bíblia o próprio Iavé, ou Jeová, considerado como Deus supremo dos judeus sendo na verdade um espírito que se comunicava inclusive através de sessões de materialização como as que Moisés realizava nas tendas do deserto. E vemos que através dessas manifestações todas, estava presente, como diz Allan Kardec, o fato espírita, o fenômeno espírita e, portanto, o espiritismo baseado na sua fenomenologia eterna, constante que sempre existiu e existirá no mundo. É nesse sentido que nós nos referimos à posição espírita do apostolo Paulo e também, naturalmente, à fundação do espiritismo por Jesus. Porque Jesus não só ensinou através de palavras, de pregações, mas ensinou através de atos. Quando ele levou, por exemplo, os apóstolos até o Monte Tabor e ali diante deles, ele provocou um fenômeno importantíssimo, um fenômeno espírita dos mais significativos que foi a materialização de Elias e Moisés aos seus lados, ele mesmo, tendo se transfigurado numa irradiação extraordinária, e os apóstolos caindo ao solo, como diz o relato evangélico, nós estamos diante de uma verdadeira sessão espírita em que dois espíritos se materializam ao lado de Jesus, beneficiados, naturalmente, pela emissão de ectoplasma, ou seja, da matéria radiante dos apóstolos e do próprio Jesus para que eles pudessem aparecer. E nós sabemos que foi Jesus quem andou por toda a Palestina afastando os espíritos perturbadores das pessoas possessas, assediadas por espíritos, perturbadas. As curas que ele realizou foram todas curas espíritas, e o seu ensino também, o ensino de que nós devemos nascer de novo, nascer não apenas em espírito, mas na água e no espírito. E a água era, então, o símbolo da matéria, como nós sabemos, em toda a antiguidade a água foi o símbolo da matéria. Ora, quanto ao apóstolo Paulo, além do que ele disse no referente às sessões, é preciso não esquecer – e nesse programa nós acentuamos isso desde o início – que o apóstolo Paulo é, entre os apóstolos, o teórico do perispírito. O perispírito, que tem esse nome técnico no espiritismo, não é nada mais do que o corpo espiritual. E o apóstolo Paulo foi o primeiro a ensinar a existência do corpo espiritual do homem, de todas as criaturas humanas, e a ensinar que não apenas o Cristo ressuscitou, porque nós todos ressuscitamos. Leia, portanto, as epístolas de Paulo, leia o livro de atos dos apóstolos no próprio Novo Testamento e a senhora compreenderá onde foi que o apóstolo Paulo falou de espiritismo.
Locutor - A segunda pergunta, professor: o senhor disse em um programa, que eu ouvi, que o apóstolo Paulo ensinou como se fazer uma sessão espírita. Onde está isso?
J. Herculano Pires - Exatamente aquilo que eu já lhe falei: na Primeira Epístola aos Coríntios no tópico referente aos dons espirituais.
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Pergunta nº 3: Fundação do espiritismo
Locutor - A terceira pergunta da ouvinte M. A. F.: o senhor ensinou também que Jesus Cristo fundou o espiritismo. Como o senhor prova isso? Onde está escrito isso?
J. Herculano Pires - Ao responder a primeira pergunta, eu já respondi também a essa e foi naturalmente sem querer, levado, assim, pelo interesse do assunto que eu tive que desenvolver. Eu já disse à senhora, e a senhora consultará os evangelhos. A senhora verá que todos os relatos evangélicos estão cheios de fatos espíritas, e que Jesus ensinou os princípios fundamentais do espiritismo. Jesus ensinou não apenas que nós temos de renascer para poder chegar ao reino do céu. Temos, portanto, de reencarnar. Mas também ensinou que nós temos o corpo espiritual; ensinou que nós podemos provocar a aparição dos espíritos através da mediunidade como ele mesmo o fez; ensinou que nós podemos afastar os espíritos perturbadores que atacam as criaturas; podemos libertá-las, quando ele libertou, por exemplo, Maria Madalena de sete demônios. É preciso compreender que a palavra demônios na antiguidade queria dizer simplesmente espíritos. Demônios eram os Deuses. Hhavia demônios bons e demônios maus, Deuses bons e Deuses maus, são os espíritos bons e maus que nós hoje conhecemos no espiritismo. Mas o próprio Jesus declarou, e lá está no evangelho, particularmente no evangelho de João, na promessa do consolador, lá está a sua declaração de que ele não podia ensinar mais, porque o povo daquele tempo não estava em condições de compreender o que ele ainda tinha por ensinar. Então, ele disse: mas eu os mandarei o espírito da verdade, eu rogarei ao pai e ele os enviará o espírito da verdade, e esse espírito da verdade vos conduzirá toda verdade. Ele relembrará o que eu vos ensinei e vos dirá ainda outras coisas que eu agora não posso vos dizer, porque não as entenderíeis. Procure compreender bem isso e a senhora verá que o evangelho inteirinho é uma lição da mais elevada, referente aos princípios fundamentais do espiritismo. Nem mesmo faltou a teoria da pluralidade dos mundos habitados, porque Jesus disse, afirmou ali: há muitas moradas na casa de meu pai.
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Pergunta nº 4: Comunicação com outros mundos
Locutor - O ouvinte J. M. M. da S. O., residente na Avenida Rangel Pestana, pergunta o seguinte, professor. Primeiro, se há mundos mais evoluídos no espaço ou civilizações superiores à nossa e, portanto, consciência e técnica mais avançadas, por que motivo esses mundos não se interessam por comunicar-se com a Terra? Os espíritos dizem que o nosso mundo é um dos mais atrasados e, no entanto, não estamos ansiosos por estabelecer comunicações com outros mundos? Não é estranho que essa curiosidade não exista em mundos mais adiantados?
J. Herculano Pires - Não podemos dizer propriamente que não existe. Pelo contrário, ainda agora, recentemente, nesses dias, os jornais trouxeram uma notícia importante. Astrônomos de Moscou, da Rússia, portanto, astrônomos que são materialistas, e podemos dizer os mais ferrenhos materialistas do mundo, acabam de anunciar mais uma vez – não é a primeira vez que eles anunciam – que estão recebendo emissões radiotelegráficas de outros mundos. Não conseguiram ainda decifrar essas emissões, mas torna-se evidente diante de todas as observações feitas que não se tratam de sinais comuns, os sinais cósmicos que comumente se recebe nos observatórios astronômicos. Tratam-se mesmo de emissões radiofônicas. Ora, não faz muito tempo, em 1960, já um astrônomo de Moscou deu uma entrevista a imprensa dizendo que ele estava recebendo no observatório lá da própria capital russa mensagens que vinha de uma super-civilização do espaço. Por que super-civilização? Porque, diz ele, a potência da emissão radiotelegráfica mostrava que nós aqui na Terra não temos ainda capacidade para montar uma emissora com aquela potência. Assim, diz ele, para esse mundo chegar à produção de uma emissora radiotelegráfica com essa capacidade, é evidente que se trata de uma super-civilização, uma civilização muito superior a nossa. Posteriormente procurou-se esquecer essa coisa. Mas em 1965, nos Estados Unidos, também foram captados sinais radiográficos atribuídos a emissões provenientes de outros mundos. E agora, recentemente, o professor Kaplan, que é considerado um dos principais astrônomos russos, vem a público dizer a mesma coisa, dizer que, na verdade, ele na universidade de Gork, utilizando-se do observatório astronômico de Gork, ao qual ele pertence, ele captou e está captando numerosas transmissões radiotelegráficas provenientes de mundos superiores do espaço, e interessado na tradução, na investigação que possa dar uma explicação dessas comunicações ou dessas tentativas de comunicações. Ora, nós temos de considerar o seguinte: a Terra é um pequeno mundo do espaço, um mundo realmente inferior e está num estágio de civilização que para nós parece muito elevado. Mas é preciso não esquecer que nós estamos ainda numa fase de grande agressividade. O homem na Terra é uma espécie de fera. Para civilizações mais adiantadas de espaço, esse homem assemelha-se a animais selvagens; eles se trucidam, se matam entre si, promovem guerras arrasadoras, destruidoras, sem levar em consideração a pessoa humana, o valor da criatura humana, a importância de uma vida humana. A vida humana não representa nada. A todo momento nós estamos vendo aí nos jornais os homens se matarem a troco de coisa alguma, de nada. Ora, não é possível que uma civilização elevada do espaço procure primeiro contatos conosco para estabelecerem alguma ligação que permita nos trazer também alguma mensagem benéfica no sentido de nos melhorarmos? Nós ainda não merecemos entrar no concerto das civilizações do espaço. A nossa situação ainda é perigosa. Nós não tínhamos nada a oferecer a eles. Seriamos como uma tribo de índios antropófagos com os quais os civilizados procuram tomar contato com muito cuidado para não se submeterem a situações perigosas. Porque nós sabemos que os homens civilizados, que são realmente civilizados, não pretendem matar os índios inocentes, selvagens, que não sabem o que fazem. Assim os mundos superiores do espaço se portam com referência a nós. Eles tem muito cuidado nas suas tentativas de estabelecimento de relações conosco, porque descer aqui uma nave espacial seria arriscar-se a ser essa nave destruída, com receio de se tratar de uma invasão de tipo militar. Nós estamos tão acostumados, habituados às guerras, às lutas entre povos, entre nações, que só pensamos em relações espaciais em termos também de violência. Vemos os filmes sobre outros mundos do espaço, vemos os romances publicados, as novelas que saem falando de outros mundos, é sempre estabelecendo um sistema de guerra de mundos, mundos invadindo outros mundos. Ora, as civilizações superiores do espaço naturalmente estão nos observando; estão nos observando para ver o momento em que a nossa evolução permitirá o estabelecimento de relações com elas.
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Pergunta nº 5: Objetos voadores
Locutor - A segunda pergunta: se há objetos voadores, ou chamados discos voadores e outros que dizem existir, por que os nossos foguetes e os nossos aviões não se encontram com eles? Não os observam em seus voos na nossa atmosfera? Não acha o senhor que tudo isso parece nos mostrar que todas essas suposições são absurdas? J. Herculano Pires - Naturalmente se o senhor ler alguns livros especializados no assunto, não livros de fantasias, livros objetivos, relatando acontecimentos reais, o senhor ficará sabendo que aviões não só norte-americano, como também aviões de outros países do mundo, já tiveram oportunidade inclusive de acompanhar discos voadores. Aqui mesmo no nosso país já aconteceu isso. Há uns cinco ou seis anos atrás, houve um alarme no país através de notícias provindas de Porto Alegre, porque na base aérea de Porto Alegre os observadores haviam não só constatado a presença de objetos estranhos sobre a base, como também puderam fotografar, desenhar a estrutura desses aparelhos e remeter elementos para exame oficial no ministério da aeronáutica. Assim, nós sabemos também de acontecimentos semelhantes nos Estados Unidos. Para que o senhor veja que não se trata apenas de fábula, basta dizer que países como a Rússia, os Estados Unidos, que são as duas grandes potências mundiais, têm comissões especiais para estudar esse assunto, quer dizer, os discos, o nome de discos foi substituído por uma expressão OVNI. OVNI por quê? Objetos voadores não identificados. Porque não são propriamente discos, discos é uma expressão popular, quer dizer, são objetos vários, de vários tipos que têm percorrido a nossa atmosfera. Muitas vezes os aviões conseguem seguir, outras vezes não, porque esses objetos têm uma velocidade supersônica, uma velocidade muito maior do que a dos nossos aviões. Então, eles se furtam e eles só se deixam acompanhar quando eles querem. Isto tudo revela que, na realidade, se trata senão de naves espaciais, pelo menos de sondas espaciais que devem estar sendo enviadas à Terra por outros mundos. Pense no seguinte: nós aqui da Terra estamos enviando as nossas sondas espaciais para Marte, para a Lua, até mesmo para outros planetas, inclusive já se tentou, os Estados Unidos tentaram a remessa de uma sonda espacial em direção a Júpiter. Ora, se nós estamos fazendo isso, também outros mundos, talvez mais adiantados do que nós, não podem estar sondando a nossa atmosfera através de sondas espaciais que para nós parecem verdadeiras naves e que, no entretanto, devem ser aparelhos de controle remoto? Assim como nós enviamos à Lua tratores especiais que podem andar no solo da lua, dirigidos daqui da Terra, dirigidos remotamente daqui da Terra, por que não podem outros mundos enviarem também sondas espaciais para observarem o nosso planeta e colherem elementos informativos como as nossas sondas na Lua colhem e remetem para nós elementos informativos sobre aquele satélite? Tudo isso é bastante lógico e mais do que lógico, está cercado de um volume tão grande de provas materiais que não se pode negar a realidade. Existe, não há dúvida, muita lenda a respeito, mas as lendas são inevitáveis em casos desta natureza.
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Pergunta nº 6: Divisão de mundos
Locutor - Professor, o ouvinte M. F., da Rua Casimiro de Abreu, no Braz, pergunta: como ensinam todas as religiões, há dois mundos distintos, o espiritual e o material. Os vivos estão no mundo material e os mortos no mundo espiritual. Qual o interesse da comunicação entre esses dois mundos? Vou me explicar melhor. A vida dos mortos, se assim posso falar, é completamente diferente da vida dos vivos, e a vida dos vivos é completamente diferente da vida dos mortos. O melhor e o mais certo não é ficarem bem separados um dos outros como a natureza nos fez? Os mortos para lá e os vivos para cá? Assim penso e acho que o espiritismo é antinatural, pois força a mistura desses vivos e desses mortos, atrapalhando a nossa vida aqui na Terra e a deles lá no Éter. O que me diz o senhor?
J. Herculano Pires - Eu digo simplesmente o seguinte: que o senhor não conhece o espiritismo. Se o senhor realmente conhecesse o espiritismo não diria isso. Primeiro, porque o espiritismo não força as ligações com o mundo espiritual. O espiritismo, como Kardec explica muito bem, é uma ciência baseada em fenômenos, fenômenos que sempre existiram desde que o mundo é mundo, desde que o homem é homem. A natureza não nos fez separados. O senhor pode ver que desde a mais alta antiguidade, desde os povos selvagens – para quem estuda o assunto isso é ponto pacífico –, desde os povos selvagens até os nossos dias, as comunicações de espíritos são constantes. Existiram em todos os povos, existe em toda parte, no mundo inteiro, e comunicações espontâneas, comunicações que nunca foram forçadas, pessoas que de maneira alguma queriam se comunicar com espíritos, foram surpreendidas por comunicações e acontece isso constantemente no mundo inteiro. Então, esses fenômenos, que são fenômenos reais, naturais, foi que deram base ao desenvolvimento da ciência espírita. Kardec não inventou os espíritos. como ele disse. Kardec não inventou a mediunidade. Kardec não inventou nenhum meio de comunicação específico com outro mundo. Kardec simplesmente estudou os fenômenos, os fenômenos espíritas, e verificou a sua realidade. Então nós estamos diante de uma coisa muito diversa da que o senhor pensa. O senhor pensa que os mortos estão de um lado e os vivos estão de outro. Os fatos nos mostram outra coisa: os mortos estão ao nosso redor, convivem conosco, atuam sobre nós, agem sobre nós constantemente. O espiritismo é simplesmente a ciência que nos ensina como disciplinar essa relação nossa com os espíritos para evitar perturbações, evitar situações perigosas e, ao mesmo tempo, para aproveitar aquilo que de bom nos pode vir do mundo espiritual.
O que são as religiões? O senhor já pensou nisso? As religiões não são nada mais do que revelações. Revelações do quê? Revelações feitas ao homem sobre a vida espiritual do homem, porque o homem na Terra, passando rapidamente por uma vida material, tem o seu destino marcado que é o mundo espiritual. Então as religiões são formas de preparar o homem na Terra para que ele possa depois passar para o mundo espiritual em condições de bem viver ali. Ora, o espiritismo não é nada mais do que a disciplinação das normas necessárias para isso. O espiritismo trabalha no sentido de que essa preparação no homem se faça de acordo com a sua evolução atual. O espiritismo nasceu em meados do século passado. Por quê? Porque é uma doutrina moderna. Quando o mundo se tornou capaz de compreender o fato espírita e aproveitá-lo bem, foi que o espiritismo se desenvolveu. Como vê o senhor, às vezes, a gente pensa uma coisa e a realidade é outra muito diferente. O senhor precisa estudar um pouco de espiritismo, conhecer esse problema e compreender que se Deus estabeleceu o mundo dessa forma, estabelecendo a relação permanente entre os mortos e os vivos, é porque assim deve ser, e não como o senhor pensou.
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Pergunta nº 7: Médiuns de transporte
Locutor - Professor, o ouvinte R. M., de Santo Amaro, pergunta: qual é o perigo do médium que tem a mediunidade de transporte fora de um ambiente? Se o médium não tem controle sobre si mesmo, o espírito transporta-se com perigo de não voltar ao corpo físico? O médium que tem a mediunidade de transporte deve ser bem orientado a respeito desse tipo de mediunidade?
J. Herculano Pires - Ainda há pouco falei do se interesse pelo espiritismo e vem a conformação aqui nesta sua nova pergunta. O senhor interessa-se pelo espiritismo bastante, portanto é preciso também interessar-se por frequentar um centro bem dirigido, bem orientado, em que não haja possibilidade de perturbações semelhantes a que, segundo nós vimos, já perturbaram o senhor. É preciso que o senhor se oriente bem na frequência a centros espíritas bem organizados que realmente disponham de elementos competentes para dirigirem as sessões e não permitirem a presença de mistificações do tipo daquela que o senhor nos revelou. No tocante a esse assunto que o senhor fala, está havendo aí uma designação errada. Não se trata de médiuns de transporte. Médiuns de transporte são médiuns de efeitos físicos, médiuns que produzem o transporte de objetos de um lado para outro, movimentação de coisas a distância dele, sem contato. Esses são os médiuns de transporte. Mas pelo que o senhor está falando aí, o senhor nos pergunta de médium de desdobramento. Médiuns de desdobramento ou de bicorporeidade como se diz, bicorporeidade. Por que bicorporeidade? Porque é o médium que tem a capacidade de desprender-se do seu corpo material. Ele, como espírito, abandona o corpo e pode se manifestar a distância. Ele se manifesta, se torna visível e, às vezes, até palpável para pessoas que ele conhece. Assim são os casos relatados não só no espiritismo, mas em todas as religiões, dos desdobramentos ocorridos, como, por exemplo, no caso muito conhecido de Santo Antônio que se desdobrou no momento em que estava pregando, deixou o seu corpo ali e foi acudir o seu pai que estava sendo condenado a distância. Assim também o caso bastante conhecido de uma história de São Paulo de Frei Galvão. Frei Galvão estava pregando aqui na Sé de São Paulo, na catedral, não essa catedral atual, mas daqueles tempos coloniais, no tempo das monções, e de repente ele, no púlpito, pede licença a seus ouvintes que esperem um pouco porque ele precisava atender um caso urgente. E foi atender a Maneco Porto que, em Itu, estava morrendo na beira do rio, e de lá voltou para o seu corpo novamente e anunciou que já havia atendido a Maneco Porto e podia, portanto, continuar a sua prédica. Depois se soube pelo relato histórico daqueles que estavam com Maneco Porto que ele morreu atendido por Frei Galvão, que apareceu ali de repente e lhe deu a extrema unção. Isto é o médium de bicorporeidade, quer dizer, o corpo se divide em dois, o corpo material, que fica onde está, o corpo espiritual, que se manifesta a distância, ou então o médium de desdobramento, justamente por isso porque ele se desdobra. Mas o senhor esteja certo de que os médiuns desta faculdade, eles estão sempre amparados pelos espíritos guias. Ninguém está abandonado no mundo, ninguém está entregue a si mesmo. Nós todos temos aquilo que o apóstolo Paulo chamava as nossas testemunhas. São os espíritos que nos acompanham, que testemunham a nossa vida e que nos auxiliam. Portanto, o senhor esteja certo de que esses médiuns são sempre amparados.
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O evangelho do Cristo em espírito e verdade. Desperte, amigo! Acorde ante às clarinadas do evangelho de Jesus. Um novo dia está amanhecendo na terra e no céu.
Abrimos o evangelho ao acaso, e vamos ler o que saiu. Atenção! (Jo, 1:29-34)
No dia seguinte, João viu a Jesus que vinha para ele e disse: eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Este é o mesmo de quem eu disse. Depois de mim, há de vir um homem que tem passado adiante de mim, porque existia antes de mim. Eu não o conhecia, mas para que ele fosse manifestado a Israel é que eu vim batizar com água. João deu testemunho dizendo: vi o espírito descer do céu como pomba e permaneceu sobre ele; eu não o conhecia, mas o que me enviou a batizar com água disse-me: aquele sobre quem vires descer o espírito e ficar sobre ele, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Eu tenho visto e testificado que ele é o filho de Deus.
Como vemos nesse trecho do evangelho referente ao batismo de Jesus por João Batista, vemos que o batismo da água feito por João Batista não é, na realidade, o batismo estabelecido pelo Cristo. Pelo contrário, o batismo estabelecido pelo Cristo, de acordo com as próprias palavras de João, é o batismo do espírito, e o batismo do espírito é o que se realiza através da capacidade que o homem desenvolve de se ligar com os planos espirituais. É necessário ele receber primeiro as instruções espirituais. Em todas as religiões do mundo o homem recebe essas instruções, mas, depois de receber essas instruções, ele vai naturalmente, pela elevação do seu pensamento, pelo aprimoramento dos seus sentimentos, pelo seu desenvolvimento moral e espiritual, ele vai entrando numa nova ordem de coisas e estabelecendo relações com o espírito que, muitas vezes, é chamado, de acordo com as diversas religiões, de Espírito Santo, quer dizer, o espírito elevado, o espírito puro. Foi o que nós vimos, por exemplo, naquele conhecido episódio do livro de atos em que o apóstolo Pedro, estando no porto de Jope, é procurado pelo centurião Cornélio, um centurião romano que quer levar o apóstolo Pedro à sua casa. Por quê? Porque, dizia o centurião, na casa dele os espíritos estavam se manifestando através de todas as pessoas da família. Entretanto, o apóstolo Pedro, que havia sido criado e educado dentro do judaísmo, considerava Cornélio, que era um romano, como um pagão e de acordo com os preceitos judaicos, os judeus não deviam ligar-se a pagãos que eram criaturas impuras. Ir à casa de Cornélio, por exemplo, era um absurdo para um judeu ortodoxo. E Pedro, apesar de haver acompanhado Jesus durante toda a sua pregação e de ter ouvido tantas vezes Jesus dizer que todos os homens eram iguais, que todas as criaturas humanas são filhas de Deus – e João não havia aprendido isso; Pedro não havia aprendido isso –; e Pedro, então, está vacilando sobre isso, quando veio uma revelação do alto, uma manifestação espiritual que lhe mostra a necessidade de ir à casa de Cornélio. Ele vai e chegando lá, o que vê? Vê os espíritos se manifestando realmente pelos familiares de Cornélio, mas não eram espíritos perturbadores, nem sofredores, não eram espíritos inferiores; eram espíritos elevados, e Pedro vai à igreja de Jerusalém, a chamada igreja do caminho, onde se desenvolvia o cristianismo nascente, e ali ele declara perante todos, de acordo com o que vemos no livro de atos, que ele havia encontrado na casa de um pagão, de um centurião romano, o batismo do espírito; que todas aquelas pessoas estavam sendo batizadas pelo Espírito Santo, porque o espírito descia sobre elas, as envolvia e através delas se comunicavam. Assim, às pessoas que perguntam por que não adotamos no espiritismo o sacramento do batismo, nós podemos responder sempre com esse esclarecimento dos próprios textos evangélicos: porque o batismo não é o que se faz pela água – o próprio João Batista disse isso (ele era chamado Batista, porque batizava). Ele mesmo disse, como vemos nesse trecho lido, que ele batizava em água, porque assim tinha sido ordenado a ele por espíritos mais elevados, a fim de que ele pudesse preparar o advento do messias entre os israelitas. E isso por quê? Porque o batismo da água era usado em toda a antiguidade, é um batismo simbólico. Derramar água sobre a pessoa representa lavá-la, purificá-la. Então usava o símbolo da água como um símbolo de transformação, a pessoa jurava que dali por diante iria ter uma vida nova, uma vida diferente, ia renovar a sua existência. Então ela entrava no rio e era banhada com a água como um símbolo para o início de uma vida nova. Mas como disse João Batista: atrás dele vinha aquele que existia antes dele, que era Jesus de Nazaré, e que viria trazer, como dizem outros trechos do evangelho, o batismo do fogo, o batismo do espírito, o batismo através do qual o espírito do homem se liga realmente com espíritos superiores, inicia-se numa vida nova e passa a desenvolver, então, a sua espiritualidade para a realização de um plano de evolução a que ele está destinado desde o nascimento.
No Limiar do Amanhã: um desafio aos que dormem.