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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

. No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.

 

As religiões são escolas destinadas a ensinar e educar os homens. Cada escola tem a sua forma própria e os seus métodos particulares. As criaturas que nelas se matriculam e acompanham o curso com interesse pertencem a faixa evolutiva da humanidade que necessita precisamente daquele ensino e daquela educação. As que mudam para outra religião não estavam matriculadas na escola certa.

 

Quase todas as religiões são formalistas, exclusivistas, dogmáticas, privilegiadas. Deus concede a seus adeptos o privilégio da salvação, mas existe uma religião do espírito que não se prende a formalidades. Essa é a religião de que Jesus falou à mulher samaritana. A religião dos que adoram a Deus em espírito e verdade, a religião que brota do coração como a água da fonte. Essa religião é uma forma superior de educação que oferece ao homem a convicção de sua natureza imortal, da continuidade de sua vida após a morte. Ela oferece o ensino da verdade e a educação da liberdade, livre dos dogmas, das formalidades, dos compromissos de submissão e das ameaças de um Deus vingativo. Essa religião é uma escola diferente. A liberdade que proporciona aos que a adotam tem por finalidade educá-los na responsabilidade individual.

 

A educação espírita se funda nos princípios dessa religião superior anunciada pelo Cristo. A criatura humana é livre de manter a sua liberdade que Deus lhe conferiu para que seja responsável. Os homens fazem robôs, mas Deus cria seres vivos e inteligentes. A inteligência se atrofia no ambiente de coação, a liberdade é a sua atmosfera. Só na liberdade ela pode desenvolver-se no controle de si mesma na prática da responsabilidade.

 

Para o mundo livre, necessitamos de uma educação livre. Se queremos um mundo melhor, livre de coações, de pressões, de imposições e de ameaças, temos de criar uma nova educação, apoiada não só na liberdade mas também na responsabilidade. Essa é a educação espírita pela qual temos de lutar, uma educação baseada na pedagogia do espírito, como ensino livre nas ciências, na filosofia e na religião. Só a educação espírita pode atender a essas exigências dos novos tempos, uma educação livre para um mundo livre.

 

No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Transmissão número 135, terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.

 

Esse programa é um desafio a todos os que dormem no colchão de molas das verdades feitas. É um desafio a busca da verdade verdadeira. E se você estiver com a verdade, esteja certo de que ficaremos com você. Queremos a verdade, só a verdade, nada mais que a verdade.

 

Perguntas e respostas.

 

Pergunta nº 1: Sonho profético

 

Locutor - Professor, J. L. S. revela o seu sonho profético: encontrava-me num ambiente de acontecimentos onde estava, havia desfile militar, evidentemente organizado às pressas. Também havia emoção e solenidade. Estava situado no pé de um pedestal, que sua proximidade dava-me a impressão de ser bastante alto. Ao levantar meu olhar para ele, vi um homem de pé que pelo seu aspecto podia ser uma alta patente da marinha. Provavelmente impressionado com o implacável terno azul que vestia, não obstante não descobria nenhuma distinção em sua indumentária que assim o confirmasse. Seu olhar dirigia-se ao infinito e manifestava uma certa emoção. Quando notou a minha presença, olhou-me com expressão amável, dedicou-me um sorriso que senti ser de amizade, cheio de bondade e que parecia dizer: pode ver onde estou. Ele não me era estranho. Três dias depois conversava com um amigo, quando alguém entrou precipitadamente e com visível emoção falou: acaba de ser assassinado Kennedy. Foi como uma bomba. Impressionei-me extraordinariamente. Quando procurei o jornal, havia diversas fotos e numa delas aparecia um novo presidente. Fiquei pasmado, ela era a mesma pessoa que três dias antes ocupava o pedestal do meu sonho. O fim trágico de Kennedy estava marcado e como se alguém estivesse mexendo onde guardamos a memória, senti que me era sugerido que devia compreender que foi dali, daquela nação, que saíram os filmes de faroeste que percorreram todo o mundo, impressionado pela brutalidade e violência do uso sem piedade das armas.

 

J. Herculano Pires - O nosso ouvinte está relatando aqui um sonho premonitório. Nós podemos perceber que ele compreendeu, no que se passou com ele durante o sonho, que havia de ocorrer alguma coisa de grave. O sonho não se tornou bem nítido para ele. Mostrou-se um tanto confuso, mas impressionante. Geralmente os sonhos quando querem nos dar uma mensagem e que não a querem tornar explícita, eles a revestem de certas alegorias e ao mesmo tempo nos causam uma impressão que seja duradoura. O que ocorreu com esse nosso ouvinte foi isso. Ele viu então e sentiu e percebeu que o assassinato de Kennedy estava, como ele diz aqui, escrito ou previsto. Na realidade, nós sabemos que os acontecimentos graves na vida de qualquer pessoa já estão pré-determinados. Sabemos que isso é assim não só porque os espíritos dizem, mas também porque através das investigações da própria parapsicologia atual, no campo da percepção extra-sensorial, já se confirmou esse princípio do espiritismo. No final, o nosso ouvinte não volta a tratar do que aconteceu de certa maneira, curioso, com ele, que foi encontrar Johnson, Lindon Johnson colocado em cima do pedestal, vestido como oficial da marinha. Porque, segundo ele nos diz aqui, ele verificou pela fotografia, com espanto, que na realidade era aquela pessoa que se encontrava no seu sonho, e foi isso que o convenceu de que o assassinato de Kennedy já estava previsto, porque ali estava o sucessor sendo naturalmente aclamado, empossado no lugar de Kennedy. Ora, quanto ao final desse relatório feito pelo nosso ouvinte, senhor S., na verdade, tem também a sua razão de ser. Diz ele que como se mexesse no fundo da memória, ele sentiu que dali tiravam alguma coisa que o fazia lembrar que naquela nação haviam sido organizados os filmes de violência, que de fato durante anos e anos estão semeando pelo mundo a tendência da violência. Esses filmes realmente exerceram e exercem, mas têm sido intensificados; exercem uma função realmente negativa no espírito das populações em todo o mundo. Ele quis dizer com isso que a semeadura de violência do cinema norte americano, hoje repetido por outros cinemas no mundo, essa semeadura representava alguma coisa de ligação com os acontecimentos violentos que tinham levado o presidente Kennedy à morte. Na realidade, há um fundo de percepção verdadeira nesse sentido, porque, como nós sabemos, a violência gera a violência, e por toda causa, e por toda parte a lei de causa e efeito predomina fazendo com que nos efeitos determinados ocorram acontecimentos que na verdade se relacionam, ou melhor, que das causas determinadas ocorrem efeitos que se relacionam diretamente com aquelas causas. É, portanto, um episódio bastante curioso e o nosso ouvinte já deve ser advertido de que lhe foram, lhe foi conferido um prêmio pelo relato desse fato, prêmio esse que ele já deve ter retirado no escritório central da Rádio Mulher, à Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111 – uma coleção da revista Educação Espírita e um volume de Antologia do Mais Além.

 

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Pergunta nº 2: Vidência

 

Locutor - Professor, o caso do ouvinte A. A. é o seguinte: em 1927, eu morava na cidade de Jundiaí, numa casa que tinha um quintal grande e a casa ficava nos fundos. Na frente tinha mangueiras, laranjeiras etc. Certa noite, entre vinte e duas horas, entrei no quintal e do pé da mangueira começou a cair pedras. Entrei em casa, tomei um café, fui para o quarto, apaguei a luz e deitei-me. Logo após o quarto ficou claro e um homem com chapéu grande entrou com uma escada e colocou-a junto ao guarda-roupa. Pensei que fosse ladrão, mas o homem subiu em cima do guarda-roupa, atravessou o forro e sumiu. Professor, no dia seguinte aconteceu exatamente a mesma coisa.

 

J. Herculano Pires - O ouvinte, o senhor A. A., de fato parece espantar-se de que no dia seguinte tenha acontecido a mesma coisa, e esse fato realmente deve ter ficado marcado de maneira profunda na sua memória, porque ele atendeu o nosso convite relatando esse pequeno e misterioso incidente. Realmente é difícil de interpretar qual teria sido a intenção do espírito que assim se manifestou a ele. Talvez trata-se de acontecimentos relacionados com as vidas anteriores de ambos, algum episódio que o espírito tentou reavivar na sua memória atual, o que, entretanto, nem sempre é fácil de acontecer. A insistência, principalmente, a volta do espírito a repetir o mesmo fato na noite seguinte revalida essa nossa suposição de que talvez tenha sido uma tentativa de reabilitar na memória do senhor A. Al. algum episódio de vida anterior. Esse espírito, portanto, deve ter tido ligações com ele, mas os fatos revelam a presença de mediunidade de efeitos físicos com a caída das pedras da mangueira e, ao mesmo tempo, mediunidade de visão, porque segundo ele descreve aqui, a visão do homem subindo na escada, subindo no guarda-roupa e dali se projetando através do telhado, essa visão foi bastante nítida e assim nítida revela uma mediunidade de vidência que o senhor A. A. deve ter.

 

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Pergunta nº 3: Salvação por espírito

 

Locutor - Professor, o senhor A. S. R. relata um caso de comunicação espírita: quando menino morava com meus pais no Itaim, tendo como vizinhos minha tia Zica, casada em segundas núpcias com o Sr. Varela. Certa manhã, o Sr. Varela, vitimado por um colapso cardíaco, veio a falecer diante de todos nós. Acontece que nesse mesmo dia, tínhamos mudança marcada para outra casa, na Rua João Cachoeira, e essa mudança foi efetuada, apesar daquela atmosfera de dor e de desespero. Após um dia exaustivo causado pela mudança, tratamos de dormir na nova casa, ainda sem estar tudo devidamente arrumado. O quarto por mim ocupado comunicava-se diretamente com o quarto de meus pais. No meu quarto tinha apenas a cama e pendurados na parede um par de quadros grandes e pesados. Tendo ficado um dos quadros justamente sobre a cabeceira de minha cama. Depois de certo tempo de lufa-lufa, resolvemos dormir. Pelas tantas da madrugada acordei vendo um vulto, não sendo outro senão o Sr. Varela. Amedrontado, virei-me para o outro lado, mas para o lado em que voltava, aparecia o mesmo vulto. Não podendo suportar mais o pavor do qual fui tomado, chamei por papai, contando que vira um vulto no meu quarto. Papai passou meu colchão para o seu quarto, tendo a minha cama ficado no mesmo lugar ocupado anteriormente. Depois que deitei de novo sobre o colchão, não mais vi o vulto, mas pelo vão da porta via no canto do meu quarto uma luzinha azul que descia e subia com uma sensação de paz e tranquilidade. De manhã soube que o quadro que estava sobre a minha cama, estava no chão espatifado. Tenho certeza que o Sr. Varela salvou-me da morte.

 

J. Herculano Pires - Realmente o caso descrito pelo nosso ouvinte Sr. A. R. é um fato espírita típico. O Sr. Varela era o seu amigo, era praticamente o seu tio, seu tio indireto e havia morrido recentemente, mas isso não impede que os espíritos que já tenham uma certa evolução e algum conhecimento dos problemas espirituais, possam manifestar-se até mesmo antes do enterro. Os fatos ocorridos nesse sentido são numerosos. De maneira que o Sr. Varela quis realmente adverti-lo de que ele estava correndo perigo embaixo daquele quadro, na casa nova para que se tinha mudado. Isso fica bem patente no fato de que, enquanto ele estava ali naquela cama com o quadro pendente sobre ele, o Sr. Varela permaneceu com insistência. Quando ele se virava de um lado para outro, o Sr. Varela aparecia do lado em que ele se virasse. Essa insistência tinha por finalidade fazer com que ele saísse do quarto e ele realmente saiu, então tendo havido a queda do quadro. Outro fato sintomático é esse do aparecimento da luzinha que lhe dava uma sensação de calma, de paz, porque o perigo havia transcorrido, já não havia mais perigo. Então havia paz e no espírito do Sr. Varela e consequentemente no espírito do Sr. R. que havia se livrado do perigo de tomar um quadro na cabeça.

 

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Pergunta nº 4: Fenômeno teta

 

Locutor - Professor, a ouvinte G. B. escreve-nos contando o seguinte: duvidava um pouco da minha vidência, pensando que poderia ser imaginação, quando aconteceu um fato há quatro anos atrás que confirmou a minha mediunidade. Estava estudando uma sonata dificílima de Bach para violino e piano, concentradíssima no meu trabalho, quando de repente senti alguém ao meu lado direito. Virei-me e vi um grande corpo de não sei o sexo, sem cabeça. Rezei e depois de alguns instantes dissipou-se vagarosamente. Olhei o relógio, eram nove horas e trinta minutos. Às onze horas da mesma manhã uma vizinha anunciava-me a morte de uma ex-empregada minha que gostava muito de mim e que falecera. Minutos antes de sua morte, às nove e trinta, pronunciara o meu nome. Sou médium desenvolvida há doze anos e trabalho no centro espírita Amor e Paz nas sessões dirigidas por Anleto Matei.

 

J. Herculano Pires - A nossa ouvinte G. B. de fato relata um episódio bastante significativo. É um episódio referente a comunicações de morte. Poucos minutos antes de sua morte, como ela diz aqui, ela havia pronunciado, ou seja, a empregada havia pronunciado o seu nome, o nome da ex-patroa G.. Ora, pronunciando o seu nome mostrava que estava pensando nela no momento da morte. Geralmente quando isso acontece, os espíritos se manifestam para aquela pessoa que os está preocupando, porque essa preocupação revela uma ligação emocional, uma ligação emotiva, uma ligação de amizade da pessoa que está morrendo com aquela a quem ela dirige o eu pensamento, ou então uma preocupação qualquer. O espírito morre com aquela preocupação de falar com a pessoa e geralmente lhe é possível, ele imediatamente se apresenta junto da pessoa e procura manifestar-se. Foi o que ocorreu nesse caso e nós tivemos realmente um caso muito interessante daquilo que em parapsicologia hoje se chama fenômeno teta, ou seja, os fenômenos de comunicações de aviso de morte, fenômenos que têm sido amplamente estudados, particularmente nos Estados Unidos, pelo Professor Pratti da Universidade de Duke. Fenômenos relacionados com os avisos de morte que são dados logo que a pessoa falece ou até às vezes um pouco antes.

 

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Pergunta nº 5: Formo da perispírito

 

Locutor - Professor, o ouvinte A. pergunta: desde que os espíritos em conjunto com os períspiritos tenham a forma dos seus respectivos corpos, como se transforma no plano espiritual o adulto para o recém-nascido? Por que não se ouve falar no padre Anchieta? Não era ele contemporâneo de Manuel da Nóbrega, que é, na atualidade, o espírito de Emmanuel?

 

J. Herculano Pires - Bom, o nosso ouvinte A. nos faz aqui duas perguntas, vamos então responder primeiramente a que se refere ao problema do perispírito, ou seja, do corpo espiritual e da sua relação com o problema da reencarnação. Geralmente, muitas pessoas se preocupam com isso. Se nós temos um corpo espiritual que é considerado a duplicata do corpo material, e de maneira mais exata é considerado um modelo, o molde do corpo material, então nós temos um corpo espiritual que se assemelha perfeitamente ao nosso corpo material. Isso é que permite em geral a identificação dos espíritos nas suas manifestações visuais, quando eles aparecem através da vidência ou quando eles se projetam na vidência das pessoas através de manifestações em que se tornam visíveis. Ora, na realidade pergunta-se então como esse espírito ao reencarnar, ao voltar à Terra, ao tomar um outro corpo, como ele faz para não se manifestar ou não voltar com aquele mesmo perispírito que teria de produzir um corpo evidentemente semelhante ao que ele possuía na encarnação anterior. Realmente um problema que preocupa muitas pessoas que não conhecem a doutrina espírita. Na verdade, não há problema nenhum do ponto de vista espírita pelo seguinte: porque o espírito só conserva a forma do seu corpo espiritual depois da morte durante o tempo em que prossegue, por assim dizer, no mundo dos espíritos a vida que ele havia vivido aqui na Terra. Há uma continuidade natural. Na natureza nada é descontínuo. Quando nós morremos e passamos para a vida espiritual, passamos com o nosso corpo espiritual que usávamos aqui na Terra, esse mesmo corpo que serviu de modelo para a formação do corpo material. Mas durante a nossa vida no plano espiritual, esse corpo já vai naturalmente se modificando, porque assim como durante a nossa vida terrena, o nosso corpo material se transforma, se modifica, desde a infância até a idade adulta e até a velhice, assim também na vida espiritual acontece um processo de modificações naturais no corpo espiritual. Ali ele não envelhece, mas pelo contrário, ele, poderíamos dizer assim, se remoça. O tempo que transcorre no mundo espiritual tem o efeito inverso sobre o espírito ao do tempo no seu transcorrer na vida material. O espírito então vai se modificando de acordo com as novas aquisições que ele adquire na vida espiritual. Ele se melhora, ele aprende mais coisas, ele adquire maiores conhecimentos e ao mesmo tempo um maior poder espiritual sobre si mesmo. Então isso faz com que seu corpo manifeste as novas situações em que ele se encontra, as novas aquisições que ele realizou no plano espiritual. O seu corpo não perde a forma que levou da Terra, o seu corpo espiritual, mas aperfeiçoa, embeleza essas formas. É muito comum vermos, por exemplo, médiuns videntes dizerem: estou vendo dois espíritos. Um deles que tem as seguintes características e dá o seguinte nome, parece-me que já desencarnou, porque ele está aparecendo irradiante, bonito; o outro me parece que ainda está apegado à Terra, deve ter desencarnado muito recentemente ou não desencarnou, está se manifestando como espírito de vivo, pois nós sabemos que não só os espíritos de mortos se manifestam, também os espíritos dos vivos. Essa diferença que os médiuns reconhecem já mostra então a realidade das transformações por que passam os espíritos. Mas quando chega o momento da reencarnação, ainda há outro processo de transformação. O espírito é submetido naturalmente a uma preparação para a sua volta à Terra. Em geral ele mesmo já pediu essa volta. Ele necessita voltar à Terra para continuar a sua evolução espiritual, porque no desenvolvimento da evolução espiritual ele notou que certos atos, certas situações dele na Terra, certos episódios ocorridos com pessoas diversas não se deram de acordo com as necessidades da sua evolução. Ele deixou de cumprir certos compromissos espirituais com pessoas a que está ligado, então ele pede para voltar. Esse pedido já implica naturalmente no seu próprio espírito uma atitude de transformação para uma nova adaptação à vida terrena. Por outro lado ele tem de voltar e reencarnar-se numa determinada família. Essa família está sujeita a uma linha hereditária que corresponde aos corpos materiais na Terra. Então é preciso adaptar-se às condições desse espírito, àquelas exigências da linha hereditária em que ele vai se colocar. Tudo isso requer um processo que os espíritos chamam de um longo processo técnico de preparação para que o espírito se reencarne. Por outro lado, ele se reduz a um espírito de criança, ele toma a forma infantil para poder realmente renascer em condições de acompanhar, como um modelo energético, o desenvolvimento do corpo material na Terra.

 

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Perguntas e respostas. Continuamos a responder.

 

Pergunta nº 6: Padre Anchieta

 

Locutor - Professor, o ouvinte A. pergunta: por que não se ouve falar no padre Anchieta? Não era ele contemporâneo de Manuel da Nóbrega, que é na atualidade o espírito de Emmanuel?

 

J. Herculano Pires - Realmente essa pergunta do nosso ouvinte Alfredo já foi dita até na parte anterior, mas não houve tempo para nós respondermos e vamos agora voltar a ela. O senhor pergunta, Sr. Al., por que não se ouve falar no padre Anchieta. Ora, eu compreendo, o senhor quer dizer por que não se ouve falar do padre Anchieta quanto uma possível reencarnação dele, ou coisa semelhante. Não se ouve falar porque não houve nenhuma comunicação do padre Anchieta dizendo que se ele houvesse reencarnado como houve do padre Nóbrega. Se nós falamos que Emmanuel é a reencarnação do padre Nóbrega é porque o espírito do padre Nóbrega, que havia sido anteriormente o espírito de Emmanuel, ele mesmo nos fez essa revelação através de uma linda mensagem recebida psicograficamente por Chico Xavier. Quanto ao padre Anchieta, não houve nada disso, ele não deu comunicação nenhuma dizendo o que tinha havido com ele. Entretanto, posso lhe informar o seguinte: o padre Anchieta aparece recentemente numa bonita antologia de poesia mediúnica, A Antologia do Mais Além, de Jorge Rizzini. Jorge Rizzini recebeu uma infinidade de poemas de espíritos de poetas e é muito interessante que começou por um poema do padre Anchieta, um poema que realmente identifica o espírito comunicante não só pelo estilo que é o mesmo do padre Anchieta, como também pelo tema e pela maneira com ele encara os problemas agora, os problemas com que ele agora se defronta no plano espiritual. Eu vou lhe fazer, de acordo com que várias vezes temos feito nesse programa, um presente de irmão, como dizemos, que o livro espírita é um presente de irmão. Vou lhe fazer um presente de irmão oferecendo-lhe a Antologia do Mais Além, de Jorge Rizzini. É uma edição da Lake, Livraria Allan Kardec Editora.

 

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Pergunta nº 7: Chamados à distância

 

Locutor - Professor, nosso ouvinte J. da S. C., de Suzano, pergunta: para saber notícias de uma pessoa que se encontra fora da cidade, por intermédio de um médium espírita, é necessário apenas a foto e o nome da pessoa, e o guia ou médium pode fazer essa pessoa vir ao nosso encontro? J. Herculano Pires - Não. No espiritismo nós não usamos absolutamente essas práticas. Essas práticas são usadas fora do espiritismo nas formas de sincretismo religioso afro-brasileiro, porque as religiões primitivas da África que vieram ao Brasil e aqui se misturaram com as religiões existentes em nosso país, essas formas primitivas, como em todas as demais partes do mundo, elas são aplicadas na solução de problemas assim práticos, imediatos através de sistemas materiais, mas no espiritismo nós condenamos isso. Os espíritos não se manifestam para participarem assim ativamente da nossa vida, principalmente atendendo a problemas materiais imediatos. Eles se manifestam para lembrar-nos que nós somos espíritos, para nos encaminharem no conhecimento da vida espiritual, para nos prepararem, enfim, com vista à verdadeira vida que é a vida do espírito. Aqui na Terra nós temos, como se costuma dizer, uma passagem rápida, uma passagem de poucos anos, mas nessa passagem nós estamos resolvendo problemas do nosso espírito, estamos realizando um aprendizado e nesse aprendizado nós estamos nos preparando para uma vida futura que é a vida espiritual. Então os espíritos dão muito mais importância a essa vida espiritual do que a essa passagem rápida aqui, e procuram nos auxiliar mais com as suas mensagens espiritualizadoras do que com trabalhos materiais visando a solução desse ou daquele problema ou encontro dessa ou daquela pessoa ou forçar uma determinada pessoa a atender ao chamado de outro. Um espírito que fizesse isso seria um espírito inferior. Os espíritos superiores não fazem essas coisas, e nós, no espiritismo, procuramos tratar acima de tudo dos problemas espirituais do homem, da vida humana. É claro que independentemente disso, os espíritos superiores nos amparam, nos orientam através de sugestões, através de orientações mentais que eles nos dão, para solução de problemas que realmente representem problemas sérios na nossa vida e que podem ter repercussões na vida espiritual. Fora disso não se faz nenhum trabalho dessa espécie, com retratos ou coisas semelhantes no espiritismo. No espiritismo não se faz nada disso.

 

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Acorde, amigo ouvinte! Um novo dia está raiando: é o dia do espírito que inicia na Terra a era do espírito. Procure compreender o evangelho de Jesus em espírito e verdade.

 

Aberto o evangelho ao acaso, como sempre fazemos, saiu o seguinte (At, 26:01-23):

 

Agripa disse a Paulo: a ti se te permite fazer a tua defesa. Então Paulo, estendendo a mão, começou a defender-se: julgo-me feliz, ó rei Agripa, por ter de fazer hoje perante ti a minha defesa de tudo que me acusam os judeus, mormente porque és versado em todos os costumes e questões que há entre eles, pelo que te rogo que me ouças com paciência. Quanto à minha vida durante a mocidade, que passei desde o princípio entre o meu povo e em Jerusalém, sabem-na todos os judeus, conhecendo-me desde o princípio, se quiserem dar disto testemunho, como vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião. Agora estou aqui para ser julgado pela esperança da promessa feita por Deus a nossos pais, a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente, de noite e de dia, esperam alcançar. Por causa desta esperança, ó rei, sou acusado pelos judeus. Por que é que se julga entre vós coisa incrível ressuscitar Deus aos mortos? Eu, na verdade, entendia que devia fazer toda oposição ao nome de Jesus, o Nazareno, e assim o fiz em Jerusalém. Tendo recebido autoridade dos principais sacerdotes, eu não somente encarcerei muitos santos, como também dei o meu voto contra estes quando os matavam, e muitas vezes castigando-os por todas as sinagogas, obrigava-os a blasfemar, e enfurecido cada vez mais contra eles, perseguia-os até nas cidades estrangeiras. Nesse intuito, indo a Damasco com autoridade e comissão dos principais sacerdotes, ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, mais brilhante que o sol, a qual resplandeceu em torno de mim e dos que iam comigo. Caindo nós por terra, ouvi uma voz que me dizia em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões. Eu perguntei: quem és, senhor? Respondeu-me o senhor: eu sou Jesus, a quem tu persegues, mas levanta-te e fica em pé, pois para isso te apareci a fim de constituir ministro e de testemunha das coisas em que me viste e daquelas em que me hei de manifestar, livrando-te do povo e dos gentios aos quais eu te envio, para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de satanás a Deus. Para que pela fé em mim recebam remissão dos pecados e herança entre os santificados.

 

Por isso, ó rei de Agripa, não fui desobediente à visão celestial, mas anunciei primeiramente não só aos de Damasco e em Jerusalém e por toda a terra da Judéia, como também aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de seu arrependimento. Por isso, alguns judeus me prenderam no templo e procuravam matar-me. Tendo, pois, obtido socorro da parte de Deus, permaneço até hoje dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer, isto é, haver de sofrer o Cristo e que seria ele o primeiro, que pela ressurreição dos mortos, havia de anunciar a luz ao povo e aos gentios.

 

Este episódio do apóstolo Paulo, como nós sabemos o episódio central e mais importante da sua vida, este episodio figura no capítulo vinte e seis do livro de Atos, Atos dos Apóstolos. Ora, nós vemos por essa descrição minuciosa, uma linda descrição do momento em que Paulo encontrou-se com Jesus na estrada de Damasco. Vemos que houve ali uma verdadeira manifestação espiritual. Jesus, como nós sabemos, já havia se manifestado espiritualmente desde a sua crucificação, desde a sua morte e ressurreição, e havia se manifestado aos seus discípulos em numerosas ocasiões. Há, por exemplo, a manifestação de Jesus para Maria Madalena, como sabemos, no próprio túmulo em que ela o foi procurar. Há manifestação de Jesus no cenáculo de Jerusalém. Há manifestação de Jesus na estrada de Emaús para os discípulos que iam se retirando de Jerusalém. Há manifestação na direção do mar da Galiléia para outros discípulos e assim por diante várias manifestações. Ora, diz Paulo neste relato, nesta defesa que ele faz perante o rei Agripa, que o devia condenar, porque ele, Paulo, estava preso justamente por anunciar a Jesus Cristo e por anunciar o evangelho de Jesus. Ele diz ali de maneira bem precisa que a sua situação contrastava com a sua vida anterior, porque ele havia nascido em Jerusalém, havia renascido em Tarso e sido educado em Jerusalém, crescido ali desde pequeno, desde jovem, e havia realizado muitas coisas em Jerusalém, sendo participante, como nós vimos, da seita dos fariseus que, segundo ele mesmo diz, era a mais rigorosa das seitas do judaísmo naquele tempo. Não precisamos falar do que ele fazia, porque ficou bem claro aí que ele perseguia os cristãos, ajudava matá-los, a condená-los, porque ele achava que os cristãos estavam errados, e estavam errados porque pregavam a ressurreição de um homem que havia sido crucificado. Os judeus acreditavam na ressurreição. Isto está bem claro na própria bíblia, na própria literatura judaica tanto antiga, tanto moderna, está isso bem vidente. Eles acreditavam na ressurreição, mas a ressurreição para eles era muito confusa, eles não sabiam explicar como se dava e achavam também que em certos casos o espírito, por exemplo, morto através de uma condenação ignominiosa, como foi a de Cristo, não podiam ressuscitar; eles ficavam mergulhados na terra e condenados às condições inferiores na vida infernal.

 

Ora, acontece que Jesus morreu crucificado, mas ressuscitou, e Paulo, que não acreditava nisto, perseguia aqueles que pregavam isto. Entretanto, depois desta visão na estrada de Damasco, como nós vimos, Jesus apareceu para ele mais brilhante do que o sol, e tal foi a irradiação da sua luz, que não só Paulo mas toda a sua comitiva – porque Paulo era um chefe, ele era um doutor da lei, ele era um enviado do templo de Jerusalém, e justamente por isso ele era acompanhado por uma comitiva de guardas –, pois ele com toda a sua comitiva caíram todos dos cavalos, assustados e extasiados com a luz brilhante que veio do céu. E nesse momento Jesus falou com ele. Nós sabemos depois por outros relatos de Paulo que nesse momento, nesse próprio momento, Jesus transmitiu a ele não apenas o convite para ir pregar, mas também o ensino do seu evangelho. Foi um lapso de tempo apenas em que, entretanto, o ensino do evangelho foi dado a Paulo. Tanto que Paulo depois, durante toda a sua vida apostólica, ele repetiria sempre com uma grande satisfação, com grande contentamento que ele não havia recebido o evangelho dos discípulos de Jesus, mas diretamente do próprio Jesus na sua manifestação na estrada de Damasco. Entretanto, o que mais nos interessa nesta mensagem é lembrar que Paulo reafirma a sua teoria da ressurreição, que ele deixou-nos na primeira epístola aos Coríntios: a teoria pela qual ele explica que quando morremos nosso corpo é enterrado, mas o nosso corpo espiritual ressuscita. Então, como ele explica muito bem na epístola aos Coríntios, enterra-se o corpo animal e ressuscita o corpo espiritual. E ele afirma que foi Jesus o primeiro a demonstrar isso, de maneira visível e de maneira palpável, porque, como sabemos, Jesus não só se manifestou aparecendo e falando aos discípulos, mas também se deixando tocar por eles. Na sua manifestação na estrada de Emaús, ele sentou-se à mesa com os discípulos e partiu o pão com eles. Os discípulos não o haviam reconhecido. Eles não podiam admitir que aquele homem que surgira ali, embora fosse, tivesse alguma semelhança com Jesus, não podiam admitir que fosse ele; pensaram que era um caminhante qualquer. Quando se sentam à mesa numa estalagem da estrada para uma refeição rápida e Jesus parte o pão, então eles reconhecem que estão diante do mestre. E no cenáculo, como nós sabemos, Jesus se deixou tocar por Tomé; chamou mesmo para que ele tocasse nas suas chagas, uma vez que Tomé não queria acreditar na sua ressurreição. Então vemos nessa passagem de Paulo, uma nova posição em que ele se define decisivamente pela ressurreição dos mortos. E como nós sabemos, na primeira epístola aos Coríntios, quando ele fala da ressurreição de Jesus, ele diz que todos nós ressuscitamos dos mortos, que a ressurreição é um processo geral. Não foi só Jesus que ressuscitou, não foi um privilégio concedido a uma alta figura da espiritualidade, mas sim uma lei, uma lei geral a que todos estamos sujeitos. Todos morremos e todos ressuscitamos: este é o ensino de Paulo que mais uma vez se confirma na leitura do evangelho de hoje.

 

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No Limiar do Amanhã: anunciamos a era do espírito.

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