No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
A criatura está condicionada pelo corpo, pelo meio físico, pela cultura, pela tradição, pelas suas próprias deficiências físicas, psíquicas e mentais, pelos limites do seu grau de inteligência e por outros muitos fatores que determinam a sua posição evolutiva na Terra. E a Terra é um dos mais obscuros mundos do infinito, uma das mais inferiores entre as muitas moradas da casa do Pai, segundo a expressão de Jesus.
Mas essa pequena e limitada criatura, fugaz como a sombra, passageira como um fogo fátuo, é mais egoísta e orgulhosa do que um leão dominador das selvas. Porque Deus lhe acendeu a luz da consciência e a colocou acima dos animais, ela se considera capaz de julgar o próprio Criador. Porque Deus lhe permitiu desenvolver a razão, ela se considera ilimitada para negar a existência do Pai. Porque Deus lhe concedeu um corpo material de origem animal, ela se propõe a demonstrar que nada mais existe além da matéria.
Deus é a inteligência suprema do universo, causa primeira de todas as coisas. O grão de areia, a folha de relva, a estrela cintilando no céu, o verme no subsolo e as constelações no infinito são criações eternas de Deus. Entretanto, a inteligência finita do homem cai na contradição de negar a sua própria eternidade para se considerar superior às demais criaturas de Deus. O homem que nega o espírito nega-se a si mesmo. Rebaixa-se à condição de um ser marginal da criação, porque só o espírito integra na eternidade das coisas e dos seres. Só o espírito, que ele nega, lhe dá a superioridade que ele pretende possuir na fatuidade do seu orgulho.
Amigo ouvinte, a Terra está agora se elevando na escala dos mundos. Deus marcou um limite à estupidez humana. A era cósmica é apenas um sinal exterior da era do espírito que está alvorecendo em nosso planeta. As ciências humanas já não cabem mais na estreita medida do materialismo. As mãos divinas do Cristo curaram a cegueira das ciências. Os “Tomés” arrogantes do materialismo tocaram com os dedos as chagas do Messias. A física descobriu a antimatéria e os físicos soviéticos puderam ver e fotografar o corpo bioplasmático do homem. Quem quiser que fique para traz. Nós, amigos ouvintes, avançaremos com o Cristo em direção ao infinito na ascensão de Betânia.
No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão número 120. Terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.
Todas as semanas neste dia e neste horário este programa é transmitido pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640 KHZ, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780 KHZ. Aos domingos, este programa é reprisado pela Rádio Mulher de São Paulo das seis às sete horas da manhã com sugestões especiais para o seu domingo espiritual.
Não se esqueça, caro amigo ouvinte: no próximo dia quatro, primeira quarta-feira do mês de julho, teremos o nosso programa de auditório com livre participação de todos os interessados. Entrada franca. Início às 20h30, no auditório da Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Venha participar do nosso diálogo radiofônico ao vivo e traga seus amigos e familiares.
Toda primeira quarta-feira do mês, gravamos o programa no auditório. Você pode fazer suas perguntas ao microfone e ouvir as respostas na hora. Você pode dialogar conosco, discutir a nossa resposta se acaso ela não satisfizer a sua pergunta. No Limiar do Amanhã é um diálogo radiofônico livre. Não queremos pontificar, queremos debater. Romances que não são apenas romances
Pergunta nº 1: Romances
Locutor - Escreve-nos o senhor Augusto Almeida Giunqueti, da Avenida Paulista, 2026: Li com muito interesse seus dois livros, professor Herculano, o Barrabás e o Lázaro. O primeiro com o acréscimo da novela Judas. Mas gostaria que o senhor me respondesse o seguinte: Escrever romances em invés de livros de estudos doutrinários não seria perder o seu tempo? Não se aborreça comigo, mas entendo que devo ser sincero ao me dirigir ao senhor.
J. Herculano Pires - Absolutamente senhor Augusto. Não tenho motivo nenhum para me aborrecer, mesmo porque o senhor diz aqui que gostou dos livros. Depois o senhor acha que talvez se eu escrevesse estudos doutrinários fosse mais acertado. Quer dizer, o senhor está, de certa maneira, me valorizando como ensaísta, ao mesmo tempo me aprovando como romancista. Eu não tenho nada que lhe perdoar, que lhe desculpar, pelo contrário, só tenho que lhe agradecer a atenção com que se dirige ao nosso programa, e a atenção a mim quanto ao seu interesse pelo que eu estou fazendo. Entretanto, eu queria lembrar o senhor o seguinte: é um erro muito comum por se julgar que romances são romances, apenas romances. Na verdade não o são. Os romances feitos para distração, para passatempo, são romances para distração, romances que não aprofundam nada, que não realizam nenhum estudo, que apenas propõem uma história, uma história que pode ter ocorrido ou não, e não teria nenhuma significação mais profunda. Mas quando nós fazemos romances reais, romances verdadeiros como obra de literatura, nós então estamos num campo muito mais profundo do que parece do trabalho intelectual. Porque romance não é apenas um contar histórias; ele é, sobretudo, um aprofundar a natureza humana. O romancista, na verdade, pega um tema, coloca os personagens e os desenvolve no sentido de atingir um objetivo. Ora, o que o senhor encontrou em Barrabás é, por exemplo, o aprofundamento do problema entre violência e não violência no nascimento do cristianismo. Barrabás encarna violência. Jesus, a não violência. A necessidade de colocá-los frente a frente não em forma apenas de ensaio ou de estudo, mas de maneira vivencial através da criação de personagens que vivam, que realmente apareçam na imaginação do leitor, tocando-lhe a sua própria vivência, esta necessidade se torna bem clara quando nós queremos aprofundar um tema dessa natureza. O romance é, por assim dizer, podemos defini-lo assim, um meio de conhecimento, um meio de conquista do homem. Nós queremos conquistar o homem através de ensaios, de estudos, de livros de várias perquirições. No entanto, é hoje ponto pacífico no mundo que o romance é o instrumento mais adequado para conhecermos o homem, para aprofundarmos o nosso conhecimento da natureza humana e particularmente das aspirações fundamentais do homem. É por isso, por exemplo, que Sartre, Simone de Beauvoir, Camus e outros escritores da corrente filosófica mais recente do nosso tempo que é a corrente do existencialismo, também “perdem o seu tempo” – este perdem entre aspas – escrevendo romances, porque além das suas obras filosóficas propriamente ditas, dos seus ensaios, dos seus estudos, eles encontram no romance um meio mais direto de comunicação com o público e de transmissão das suas ideias, dos seus princípios, que são os princípios das suas filosofias. Assim o senhor se engana quando considera que o romance é inferior ao ensaio, é inferior ao estudo. Não. O senhor tem no próprio espiritismo o exemplo de Emanuel, que através de Chico Xavier, não se limitou a dar mensagens e a escrever ensaios, mas também a escrever romances.
Download Pergunta nº 2: Romances amorosos
Locutor - Aguardo com interesse o anunciado romance sobre Madalena que encerrará a sua trilogia evangélica. Mas pergunto: Para tratar do tema do amor num romance, o senhor não se arrisca a enfrentar problemas que poderão levá-lo a posições menos edificantes? O senhor não se arrisca a cair na tentação do sensacionalismo para maior venda do livro? Não me queira mal por isso, pois o que eu quero é somente um esclarecimento deste problema que me aflige.
J. Herculano Pires - Perfeitamente. Mais uma vez não tenho motivos para lhe querer mal. O senhor está interessado no meu trabalho, na minha obra, interessado em que ela possa ter os melhores resultados possíveis. O senhor está me prestando um serviço de amigo, um serviço de irmão, como diríamos no meio espírita. Assim, eu queria responder ao senhor apenas o seguinte: quando nós tratamos da figura de Madalena num romance, nós enfrentamos um dos temas mais difíceis e ao mesmo tempo um dos mais produtivos. Por quê? Porque Madalena é a própria conversão. O senhor sabe que existem vários ensaios sobre a conversão do mundo. O momento em que, com o aparecimento de Cristo na Terra, o mundo se transformou de mundo pagão em mundo cristão. Essa transição levou muitos filósofos a estudarem o assunto, a se aprofundarem nele. E muitos estudos, muitos ensaios foram publicados nesse sentido, procurando esclarecer o problema. Mas quando nós tomamos como objetivo de um romance a figura de Madalena, nós temos uma condição muito mais favorável para o esclarecimento do problema. Por quê? Porque Madalena viveu a conversão. Ela é a própria conversão. O mundo se converteu em Madalena. Se em Barrabás nós temos o problema da violência e da não violência, que é uma parte da conversão, um primeiro passo, em Madalena nós temos a culminância da conversão que é o momento do amor. Em Madalena nós temos o amor pagão dos tempos antigos, daquilo que nós poderíamos mesmo chamar das grandes civilizações eróticas da época mitológica. Temos aquele amor que se restringe apenas à carne e aos interesses mundanos imediatos. Mas no momento em que ela se encontra com Cristo, toda sua alma se transforma. Há um problema de renovação profunda no seu espírito. Ela se desliga do passado e mergulha no futuro através da presença do Cristo. Então transubstancia o seu amor. Ela o eleva, ela vê em Cristo não mais um objeto de desejo, mas sim um objeto de amor. Quer dizer, que ela transfunde o seu coração no próprio coração do Cristo, procura senti-lo, compreendê-lo, e o seu valor então é amor espiritual, profundo e sublime, que a eleva acima de todo seu tempo, de toda sua época, de toda sua vida anterior. E o amor a redime. O amor a livra de todo seu passado, porque é o verdadeiro amor. Então, a figura de Madalena não oferece perigo nenhum, desses perigos que o senhor apontou aqui. Primeiro porque eu nunca tive, em matéria de livros, nenhum interesse imediatista. Eu acho que principalmente no nosso tempo, um escritor que se dedica a fazer literatura, que é uma obra de arte, ele não pode estar interessado apenas nos resultados imediatos, financeiros da sua obra. Segundo, porque no Brasil, o escritor que mais ganha não ganha quase nada. Basta dizer ao senhor que os direitos autorais de uma obra pagos pelo editor ao escritor são apenas de 10% sobre o preço do livro na venda, ou seja, o preço de capa, como se costuma dizer. Veja bem: 10%. O livreiro ganha 20% sobre o preço de capa, e o distribuidor ganha 30%, ou melhor, me desculpe: o distribuidor ganha 20% e o livreiro ganha 30%. Como o senhor vê, o escritor é o que menos ganha, o que mais trabalha, que faz o livro e o que menos ganha. Por outro lado, não há no Brasil um mercado de livro capaz de produzir vendas espetaculares a menos que se tratem de livros que saem do campo propriamente literário e entram para o campo do comércio. Ora, eu não sou comerciante, nunca fui, e posso dizer, como dizia Vargas Villa, o grande escritor colombiano, não aprendi ainda a vender a minha alma nem mesmo por um dólar. De maneira que não há esse interesse e Madalena é uma figura extraordinária que exige mesmo de quem trata da sua vida, da sua figura, da sua posição histórica com amor, com interesse de realmente atingir o mistério da sua conversão, não pode absolutamente cair nos buracos da estrada. Pode estar tranquilo.
Download Pergunta nº 3: Madalena
Locutor - Quando o senhor pensa que poderá publicar Madalena? Permita-me insistir. Tenho medo de que a trilogia Caminhos do Espírito se afunde nesse romance nos caminhos da carne. Bem sei que Madalena santificou-se ao encontrar o Cristo, mas para chegar até esse encontro, há muitos caminhos esburacados que o romance terá de passar. Ficarei grato, muito grato, pelos seus esclarecimentos.
J. Herculano Pires - Posso lhe dizer com franqueza que a estrada já está asfaltada. Realmente, no tocante ao problema de Madalena não há mais esses buracos da estrada. Isso haveria antigamente quando ainda não se conhecia de maneira suficiente a figura de Madalena. Hoje, como eu já lhe disse anteriormente, ela está profundamente estudada. Os estudos que penetraram no problema de Madalena, esclareceram bem o caminho da sua evolução espiritual, e esta evolução é maravilhosa. Não é uma estrada cheia de buracos, é uma estrada realmente asfaltada em que nós deslizamos com facilidade e encantados com as belezas que ela vai nos apresentando, à proporção que se aproxima o momento da conversão, o momento final de toda vida de Madalena. Pode estar tranquilo, meu amigo, que nós logo estaremos com o romance de Madalena publicado, e o senhor vai ver que eu tinha razão ao lhe dar aqui estas respostas.
Download Perguntas e respostas.
Pergunte para você e para os outros, pois toda pergunta que você nos fizer interessará a muitas outras pessoas. Pergunta nº 4: Passado
J. Herculano Pires - Antes de entrarmos propriamente nas perguntas e respostas, eu tenho aqui um bilhete do senhor Fernando de Brito Gordin e quero lhe responder esse bilhete porque ele toca num ponto de bastante interesse para o nosso programa. Diz aqui o senhor Fernando de Brito:
Vocês vão buscar coisas do século XV e do século XVIII. É o caso das encarnações do padre Manoel da Nóbrega e das influências que Dom Pedro I teve em Tiradentes. Isso é progresso. O padre Edivino vai buscar fatos históricos nos museus públicos. Isso é atraso. Até aí nada de mais. O maior é vocês julgarem um presidiário, que talvez nem sequer chegou a ter curso primário de melhor conhecimento, ou seja, de maior conhecimento do que um padre.
Nota: Não tenho religião. Acredito apenas em Deus.
Senhor Fernando de Brito, o senhor se engana várias vezes neste assunto. O senhor diz que nós vamos buscar coisas do século XV e do século XVIII, como a encarnação do padre Manoel da Nóbrega no início do desenvolvimento do nosso país e tratamos de influências que Tiradentes teria exercido sobre Dom Pedro I na Proclamação da República. Nós não estamos indo buscar fatos à distância como o senhor pensou. Nós estamos tratando de história. Quando falamos de história, é evidente que nós não podemos ficar no presente. O presente é história que se está ainda fazendo. O passado é história que está feita. Quando nós nos referimos ao problema da fundação de São Paulo, por exemplo, a figura do padre Manoel da Nóbrega é uma figura tão presente como qualquer um de nós, neste momento. Porque ele é o objetivo da história, ele é aquela figura que está sendo tratada diretamente por nós com vistas às coisas que decorreram do seu ato de fundação e assim por diante. Quando recebemos uma mensagem de Emanuel dizendo que Tiradentes, ou seja, o espírito de Tiradentes influiu sobre Dom Pedro I no ato da Proclamação da República, nós temos uma informação histórica que nos vem através da mediunidade, através daquilo que nas religiões se chama de revelação. É uma revelação espiritual. Então essa revelação espiritual é um assunto imediato, deste mesmo momento, esclarecendo dúvidas e problemas do passado. Quando, entretanto, o padre Edivino vai remexer as bibliotecas para encontrar nelas escritos do começo deste século contra o espiritismo, ele não tem interesse histórico; ele vai atirar contra o espiritismo informações de médicos ultrapassados, médicos que não entendiam naquela época nada, absolutamente nada de espiritismo, e que não estavam, portanto, em condições de fazer afirmações contra o espiritismo. O padre sim está sendo anacrônico, está fora do seu tempo. Ele devia procurar as opiniões dos médicos atuais. Mas isso ele não procura porque sabe que atualmente existem até no Brasil, como existe no Rio de Janeiro e aqui em São Paulo, e agora na Bahia, existem sociedades de médicos espíritas, sociedades médicas formadas por espíritas. Sabendo disto, o padre Edivino então procura se servir das opiniões de médicos que são figurões do passado, que não representam nada neste momento atual. O senhor vê que o senhor raciocinou muito mal a respeito deste assunto. Nós estamos certos quando nos referimos aos fatos históricos, porque estamos dentro do critério histórico necessário. Não é por uma questão de religião. O padre Edivino está errado quando vai buscar essas opiniões ultrapassadas, porque ele sabe que essas opiniões estão ultrapassadas, e ele não tem outro interesse senão o interesse sectário de combater religião. Nós não buscamos estes fatos para combater nenhuma religião. Um princípio do espiritismo é precisamente o de que todas as religiões são boas. Por todas as religiões, através de todas elas, o homem caminha para Deus. A função da religião é sempre benéfica. Nós não temos nenhum interesse em combater religiões. Temos interesse em auxiliá-las. Já dizia Allan Kardec que o espiritismo nasceu para auxiliar as religiões. Realmente auxiliá-las, uma vez que elas estavam fechadas em seus dogmas teológicos que as ciências no seu avanço destruíam todos os dias. Então o espiritismo vinha com os próprios métodos da ciência, com a investigação científica dos fenômenos paranormais, como se diz hoje, para através desta investigação dar às religiões as armas que lhes faltavam para que elas pudessem enfrentar o avanço das ciências. Assim, o senhor vê que não há de nossa parte nenhum interesse sectário. Por outro lado, o espiritismo não é igreja. Nós não temos sacerdócio. O espiritismo se constitui de organizações livres. Um centro espírita é uma sociedade civil. Os indivíduos que frequentam estes centros são como membros de uma sociedade civil qualquer, de um clube, ou de uma outra instituição semelhante. Eles não estão sujeitos a juramento, não estão sujeitos a fazer nenhum voto, a se submeter a nenhuma ordem sacerdotal, nada disto. O espiritismo é o campo do livre pensamento em matéria de espiritualidade, de maneira que não temos também esse interesse proselitista de estar conquistando adeptos através de agressões a sacerdotes. O que nós fizemos aqui foi defender o espiritismo contra violentas e contínuas, incessantes agressões do padre Edivino. Enquanto ele agride de maneira, assim, sem segurança histórica nenhuma, e tentando mesmo levar os seus ouvintes e os seus leitores a pensarem que ele está com a verdade, nós aqui falamos de espiritismo com inteira liberdade, aceitando que todo mundo venha discutir conosco: padres, pastores, quem quiser, e procurando levar a discussão no plano do diálogo, do entendimento fraterno para o esclarecimento dos problemas espirituais. É isso que nos interessa. Mas não podemos deixar que o padre Edivino continue a usar armas tão inadequadas do ponto de vista religioso, armas que não correspondem com a retidão e a nobreza que deve ter alguém que discute ideias. Penso que a minha resposta está dada ao senhor.
Eu vou passar a outra carta que temos aqui, um pouco mais extensa que a sua, mas também me interessa responder imediatamente. É ela a é do senhor Mário Fernandes de Araújo. Senhor Mário nos escreve dizendo o seguinte: Acho que quem estava certo: era o padre Antônio Vieira. Dizia ele: Se lançarmos os olhos por todo o mundo, acharemos que o todo, ou quase tudo, é habitado de gente cega. O gentio é cego. O judeu é cego. O herege é cego. O católico, que não devera ser, também é cego. Mas de todos estes cegos, quais vos merece mais amparo? Não há dúvida que nós, os católicos, não devíamos ser cegos, porque os outros são cegos com os olhos fechados, nós somos cegos com os olhos abertos. Se alguém aparecer que me alegro muito em dizer que a nossa cegueira, a dos católicos, é maior que a dos judeus, dos hereges e dos gentios, que seria se eu dissesse que entre todas as cegueiras só a nossa é a cegueira maior e que entre todos esses cegos só nós somos os cegos.
Eu entendo que o senhor Mário Fernandes copiou, me perdoe seu Fernandes, mas copiou mal um trecho de Antônio Vieira. Antônio Vieira é uma figura exponencial das letras portuguesas e brasileiras, é um homem dotado de um estilo vigoroso, extraordinário, e aqui neste trecho aparecem assim de vez em quando alguns relâmpagos dessa genialidade do padre Vieira, mas logo desaparecem, porque o escrito não está certo, absolutamente, não está bem copiado. Acredito que o senhor mandou alguém bater à máquina essa cópia e ela não saiu perfeita. Mas em todo caso o que interessa aqui é o problema do padre Antônio Vieira considerar como cegos todos os homens, tanto das várias religiões como os ateus, mas considerar os católicos como os maiores cegos. Ora, esta é uma atitude muito comum no padre Vieira, porque ele não era apenas um pregador. Ele era um crítico, um homem que advertia, que chamava a atenção. Ele seguia, neste sentido, o exemplo do próprio Cristo. Nós vemos no evangelho que Jesus não apenas ensinava, mas também advertia e repreendia, e às vezes repreendia com energia. Quando o padre Vieira disse isso, ele estava se dirigindo à comunidade católica e estava lembrando que os judeus ainda podiam ser cegos, porque não tinham tido a revelação do Cristo. Mas os católicos, estes não têm o direito de serem cegos, porque tiveram a revelação do Cristo. É esta posição que segue o padre Antônio Vieira.
Por sinal que a sua carta, caindo logo em seguida à do senhor Fernando de Brito, deu a impressão – e eu ainda não tido lido sua carta, por isso a pus em seguida – deu a impressão de que talvez eu quisesse colocar essa seguida à outra para uma finalidade de mais ou menos mostrar aos ouvintes que um próprio padre, como o padre Antônio Vieira, vinha falar da cegueira dos católicos. Não. O objetivo não foi esse. Eu li com o objetivo apenas de responder com mais rapidez à carta que me chegou e lhe confesso que, na verdade, o assunto foi importante, porque mostra, deu a oportunidade de esclarecermos bem isso: mostra que o padre Vieira ao dizer isso, não estava chamando os católicos de cegos; ele estava dizendo que os católicos não têm o direito de serem cegos, porque eles receberam a iluminação do Cristo. E quando um padre diz isso, não diz no sentido espírita, diz no sentido católico, principalmente o padre Antônio Vieira que era um líder, um grande líder do catolicismo no seu tempo. Ele então estava ensinando os católicos a se apegarem mais à sua religião, a cumpri-la melhor, a seguirem melhor os ensinamentos de Jesus. É o que nós todos, em todas as religiões, devemos fazer.
Download Pergunta nº 5: Atendimento por espíritos superiores
Locutor - Professor: o ouvinte José Carlos, da Rua Afonso Vergueiro, 1.193, pergunta: Sobre o trabalho do senhor Osvaldo Polidoro, de quem eu li um livro e a quem eu fui procurar para a solução de alguns problemas da minha vida, fiz isso aconselhado por uma senhora minha amiga, e confesso: saí daquela reunião não acreditando muito no referido senhor. Quero soluções para as seguintes dúvidas deixadas pelo senhor Osvaldo. O senhor acha possível que um espírito superior, no caso o espírito de São João Batista, possa comunicar-se durante cinco horas seguidas, dando conselhos e passando receitas de remédios? J. Herculano Pires - A verdade é a seguinte: os espíritos superiores, como o espírito de João Batista, não estão absolutamente à disposição de consultas corriqueiras como essas e nem comparecem a centros espíritas para dar atendimento. Isto é muito comum., a manifestação de espíritos dessa natureza, é muito comum em centros de pessoas geralmente muito humildes e desprovidas de conhecimento, porque toda pessoa que estudou um pouco de espiritismo sabe que é preciso muito respeito, como dizia Kardec, para essas figuras, principalmente as figuras exponenciais do cristianismo que são espíritos de elevada posição espiritual, que tem sobre si grandes responsabilidades no mundo espiritual e que por isso mesmo não podem estar assim se comunicando corriqueiramente aqui e ali para dar remédios, atender consultas e coisas semelhantes. Não, não acredito que foi João Batista que o senhor viu dando consultas no centro do senhor Osvaldo Polidoro. Absolutamente não. Download Pergunta nº 6: Provas de encarnações
Locutor - Quem seria o espírito de João Batista? O senhor Osvaldo ou o guia dele?
J. Herculano Pires - O senhor Osvaldo Polidoro é o senhor Osvaldo Polidoro. Nós não podemos naturalmente ir procurar no passado certos espíritos para querer que estejam aqui reencarnados nesta ou naquela pessoa. O senhor Osvaldo Polidoro costuma se apresentar como reencarnação de grandes figuras da história; não sei se ele se apresentou como João Batista. Na verdade, isso é um problema dele pessoal. Se ele quer se apresentar assim, que se apresente. Mas nós temos o direito de não acreditar, de não aceitar isso, porque isso no espiritismo é considerado simples obsessão. São médiuns obsedados, perturbados por espíritos que, em geral, querem desmoralizar o espiritismo, que transmitem essas ideias a certas pessoas e as fazem proclamar: eu fui fulano de tal, eu fui cicrano, eu fui isto ou aquilo. Quem se lembra de uma encarnação passada deve procurar imediatamente os cientistas que estão hoje tratando das encarnações passadas, que estão investigando o problema da reencarnação. Então, a pessoa que se lembra, tem de mostrar que realmente lembra. Não basta dizer eu fui fulano. É preciso dizer eu fui fulano por isto, por aquilo, lembro daquele tempo, eu me lembro daquele tempo, lembro do que eu fiz, lembro do que acontecia naquela época... E dar elementos que possam ser historicamente comprovados. Quem não fizer isso não tem o direito de dizer que foi ninguém no passado, porque está sendo simplesmente instrumento de perturbação para si e de desmoralização para a própria doutrina a que pretende servir.
Download Pergunta nº 7: Pretensão de Osvaldo Polidoro
Locutor - O senhor não acha que é muita pretensão dele querer dar a última palavra na doutrina de Kardec em um pequeno livro cujo nome não me recordo agora, quando o espiritismo está praticamente começando agora? J. Herculano Pires - Essa pretensão do senhor Osvaldo Polidoro é bastante conhecida. Ele se apresenta mesmo como reencarnação de Kardec também. Há tantas reencarnações que aparecem na vida deste homem, que ele parece assim uma destas colunas de copos que a gente põe sobre a mesa com um copo dentro do outro, e depois a gente não sabe qual é que vai tirar primeiro. Na verdade, o senhor Osvaldo Polidoro necessita muito da prece, da oração de nós todos, de boas vibrações em seu favor. E o senhor faria muito bem em não procurá-lo mais. Espere que ele perca essas ideias de reencarnações e a pretensão de querer ser um novo Kardec, o Kardec do século XX, como ele diz. Então, quando ele for humilde, quando ele voltar à humildade de que ele saiu infelizmente, porque ele era um homem humilde e um bom médium, então naturalmente as portas da compreensão espiritual se abrirão para ele.
Download Pergunta nº 8: Padre nosso indígena
Locutor - Professor, o ouvinte José Ferreira Mendes pergunta: Gostaria que o senhor nos explicasse por que o Padre Nosso tem também o nome de oração dominical. E como se deu a encarnação do primeiro índio aqui no Brasil, já que aqui era desconhecido pelo homem antes da descoberta, como narra a história.
J. Herculano Pires - O Padre Nosso tem a denominação de prece dominical porque geralmente aconselham-se as pessoas a orar o Padre Nosso todo domingo. Padre Nosso é uma oração que Jesus ensinou aos seus apóstolos para se dirigirem a Deus. Quando se fala Padre Nosso está se dizendo Pai Nosso. Sabemos que a expressão padre é aplicada aqui neste sentido. Pai Nosso, tanto que hoje, em todas as igrejas, não se reza mais o Padre Nosso. Fala-se Pai Nosso que estais no céu. Quando falamos Pai Nosso que estais no céu, nós estamos nos dirigindo a Deus. Então como os homens daquele tempo não sabiam se dirigir a Deus, porque Deus para eles ou era aquele Deus guerreiro comandante dos exércitos, da Bíblia, terrível e perigoso, ou então era um Deus mitológico daqueles vingativos como Moloque, Baal e outros deuses assim, então Jesus, que trazia uma nova ideia de Deus, uma nova imagem de Deus, mostrando que Deus era pai, o pai de nós todos e, portanto, podemos nos dirigir a ele como filhos que falam ao Pai, então Jesus ensinou o Pai Nosso: é a prece que está nos evangelhos. “Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome”, quer dizer, é uma forma pela qual Jesus entendeu que nós podemos falar com Deus. Então, costuma-se dizer em várias igrejas que essa prece deve ser proferida ao menos todos os domingos, senão todos os dias. E como aconselha-se a proferi-la pelo menos todos os domingos, muita gente lhe dá o nome de Prece Dominical.
No tocante a este problema da encarnação do primeiro índio no Brasil, o senhor está me perguntando demais, tenha paciência. Nós aqui estamos para responder perguntas dentro das possibilidades humanas. Eu sou uma criatura humana, eu não poderia lhe responder quando reencarnou o primeiro índio no Brasil. Por sinal, que este problema do primeiro índio no Brasil é um problema bastante interessante do ponto de vista histórico, porque acredita-se que os nossos índios não nasceram propriamente aqui, que eles vieram da Ásia. Havia ligação do nosso continente com o continente asiático e eles então teriam vindo de lá. É um problema, portanto, de investigação científica e o senhor encontra referências bastante importantes nos livros que tratam do assunto. O senhor pode procurar este problema não no espiritismo, que o espiritismo não trata disso; o senhor deve procurar o problema do aparecimento do primeiro índio no Brasil nos estudos especializados sobre este problema do aparecimento das populações primitivas e do aparecimento do homem na Terra. Então o senhor terá uma resposta não precisa. Dizer que o primeiro índio apareceu em tal época o nome dele era tal, isso o senhor nunca encontrará. Mas terá uma ideia de como surgiram os índios no Brasil. E como o senhor pergunta aqui antes da descoberta, o senhor diz que aqui era desconhecido pelos homens, né?
Locutor - O senhor quer que eu repita?
J. Herculano Pires - Quero.
Locutor - Ele diz assim: como se deu a encarnação do primeiro índio aqui no Brasil, já que aqui era desconhecido pelo homem antes da descoberta, conforme narra a história.
J. Herculano Pires - Ah, entendo. Ele quer dizer que o Brasil era desconhecido pelo homem. Portanto, o primeiro índio que apareceu aqui é para ele um mistério. Sim, era desconhecido o Brasil para o homem europeu, mas os índios já o conheciam, de maneira que os índios moravam aqui. Mas, tratando-se da origem o senhor deve procurar, como lhe disse, nos estudos históricos e nos estudos de antropologia o problema do nascimento dos índios no Brasil.
Download Atenção, amigo ouvinte! Atenção! Chegou a hora de fazermos a nossa pergunta a vocês. Quem acertar ou se aproximar da resposta certa, ganhará um livro esclarecedor. Atenção!
Quais são os três elementos gerais do universo que constituem a trindade universal?
Respondam por escrito a este programa: Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo.
J. Herculano Pires - Quero fazer um aviso aos ouvintes a respeito de perguntas feitas por nós aqui no programa. Nós estamos com uma pergunta no ar que é a pergunta sobre o agênere. O que é o agênere? Essa pergunta deve ser respondida ainda durante esta semana. Quer dizer que até o fim desta semana nós temos a possibilidade de receber respostas sobre a pergunta do agênere. Muita gente confundiu o agênere com a gênese. Quero esclarecer bem isso. O agênere é uma palavra que se escreve assim A-G-E-N-E-R-E. Uma palavra só: agênere. Agênere designa um fenômeno espírita bastante curioso que se encontra descrito no Livro dos Médiuns. As pessoas que responderem, portanto, não devem confundir. A gênese é outra coisa, como sabemos. A gênese é a formação do mundo, o início, por exemplo, da vida terrena, da formação do próprio planeta terreno em que vivemos. É preciso não fazer essa confusão porque senão as perguntas que tratam da gênese não podem entrar em competição com as outras, porque elas não estão respondendo o que foi perguntado. O que nós queremos saber é o que é o agênere, notem bem isto. Outro aviso é o seguinte: a pergunta que acaba de ser feita aqui no programa de hoje ela vai até o fim do mês. Quer dizer, até o fim do mês nós não faremos mais nenhuma pergunta. Fica essa que foi feita hoje para ser respondida. E a pergunta do agênere pode ser respondida ainda até o fim dessa semana que está entrando agora.
E nós vamos continuar então com perguntas e respostas.
Pergunta nº 9: Castigo
Locutor - Professor, o ouvinte Albert Bibiano, da Rua Aimberê, 661, pergunta: Ouvi no programa de 12 de maio o professor mencionar o meu nome como ganhador do livro Iniciação Espírita. Como já tenho o referido livro e o estudei com muito carinho, se for possível trocar pelo Livro dos Médiuns. Tenho vinte e nove anos, e desde os dois anos tenho as pernas e o braço esquerdo defeituosos. Com muito sacrifício, consegui estudar até o segundo ano do curso ginasial, mas tive que abandonar os estudos devido aos tratamentos que precisei fazer. Agora estudo com muito carinho os livros espíritas e compreendo que tudo aquilo que sofremos são dívidas de outras existências e que Deus é infinito amor, nunca nos desampara e nem nos castiga.
J. Herculano Pires - Sim, senhor Bibiano, a sua compreensão espírita está se revelando bastante interessante. Mas eu queria lembrar ao senhor que quando nós dizemos isso: “Deus é infinito amor” e, entretanto, nos queixamos dos nossos males, damos a impressão para aqueles que não conhecem o espiritismo, de que somos contraditórios. Muita gente me pergunta assim: Se Deus é infinito amor, porque nos faz sofrer? Se essas pessoas lessem o espiritismo, se estudassem o espiritismo, saberiam o seguinte: Não é Deus que nos faz sofrer. Deus nos cria para o nosso desenvolvimento espiritual. Nós somos como sementes que estão se desenvolvendo; uma pequena semente enterrada na terra ela revela com o tempo, quando germina, cresce, se desenvolve, que ela trazia dentro dela um poder extraordinário, trazia potencialidades enormes que se traduzem mais tarde numa árvore gigantesca com ramagens, folhagens, frutos. Então, numa pequena semente pode estar o plano de uma grande árvore. Assim num espírito por pequeno, por humilde que seja, está o plano de um grande espírito, de um espírito que pode ser no futuro de uma luminosidade, de um poder supremos. E justamente por isso Deus, nos criando com estas potencialidades, Ele precisa que nós a desenvolvamos. E assim como o lavrador planta a semente na terra para se desenvolver, Deus, por assim dizer, planta o espírito na carne, porque é na encarnação, nas vicissitudes da vida terrena, no relacionamento com os outros homens, vencendo os diversos problemas e provas da existência terrena, que o espírito, como a semente dentro da terra, começa germinar. Os seus poderes vão se desenvolvendo. Mas o homem tem por finalidade ser um ser inteligente e livre. Ora, um ser inteligente e livre não pode se desenvolver como a semente regida por leis exteriores. Então Deus concede ao homem o livre arbítrio, a liberdade de agir, de escolher, de fazer o que quer. Ora, esta liberdade é fundamental para o espírito, porque sem liberdade ele não tem responsabilidade. Ele precisa ter liberdade para ser responsável por aquilo que ele faz. Se ele não tiver liberdade, o responsável é o próprio Deus, é a natureza, são as forças que o conduzem. Mas se ele tem liberdade de escolher – eu agora neste momento posso fazer isso ou aquilo –, essa liberdade não é absoluta, é limitada, é condicionada como toda liberdade, é claro, mas ela existe permanentemente no homem. No momento em que o senhor está dizendo uma boa palavra, o senhor pode dizer uma palavra má. No momento em que o senhor está elogiando um bom ato de uma pessoa, o senhor pode estar fazendo uma calúnia. Isso depende do seu livre arbítrio. O senhor escolhe, nesses momentos, o que o senhor vai fazer. Ora, então o comportamento do homem nas vidas sucessivas, que são necessárias ao desenvolvimento das potencialidades do espírito, esse comportamento do homem é que determina as penas por que ele tem de passar em vidas futuras. Vamos dizer isso de uma maneira bem mais clara, mais objetiva. Se uma criança vai pegar o fogo de uma vela, o senhor diz: Não pegue. Mas a criança teima e pega. O que acontece? Ela queimou a mão. Nunca mais ela vai pegar. Por quê? Porque ela aprendeu pela experiência. Assim acontece conosco nas vidas sucessivas. Embora o evangelho nos diga: não faça coisa, não odeie seu inimigo, ame o seu inimigo, nós odiamos, porque queremos odiar. Nós sentimos aquele impulso inferior de odiar o inimigo, e odiamos. O evangelho diz: Não mate seu inimigo, ele é seu irmão. Mas nós achamos que devemos matá-lo, e matamos. Então nós cometemos coisas que acarretam, para nós situações difíceis numa vida futura, porque a vida ,como todas as coisas na natureza, é regida por uma lei de ação e reação. Cada ação que nós praticamos tem uma reação. Então agora sim, depois de esclarecido este problema, o senhor pode dizer que Deus é infinitamente misericordioso, infinitamente bom, porque ele quer o nosso progresso, a nossa evolução, e ele não condena ninguém, ele não manda ninguém para o inferno. Esse negócio de inferno, de a pessoa ser condenada eternamente é um absurdo. Deus não faz isso. Deus quer, como Jesus disse no evangelho, a salvação de todos. Então ele é bom, misericordioso, ele quer o bem de todos. Mas as penas que nós sofremos na vida são decorrentes dos nossos atos, das nossas faltas, e nós sofremos as penas para aprender e não falir mais, não tornar a faltar. Eu estou de pleno acordo e o senhor vai poder mandar procurar a partir de segunda-feira no horário comercial ali no escritório central da Rádio Mulher, à Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111, mandar retirar o Livro dos Médiuns da editora LAKE que lhe é entregue através deste programa.
Download Pergunta nº 10: Mediunidade
Locutor - Professor, a ouvinte Laís Maria Ferrin pergunta: No centro onde eu frequentava havia um dos diretores que tentava forçar o espírito comunicante a falar. Eu fiquei frustrada com isso, pois nunca dava comunicações com os outros. Desorientada, afastei-me deste centro. Com o passar do tempo, comecei a sentir fortes dores nos ombros e nos braços. Quando estou escrevendo, sinto calafrios e dores nos braços. Às vezes, preciso fazer massagem para impedir que adormeçam. Fui ao Centro Espírita Renovação, e baseados nos sintomas que sinto, disseram que tenho mesmo mediunidade e preciso desenvolver, mas sinto medo do espírito que está para incorporar. O que devo fazer? Qual o livro que me aconselha para esclarecer meu problema e descobrir que tipo de mediunidade tenho.
J. Herculano Pires - A senhora não deve se incomodar com o problema de tipo de mediunidade, porque a mediunidade é uma faculdade natural da criatura humana. Todas as criaturas humanas têm mediunidade. Acontece que como todas as faculdades humanas, a mediunidade numa pessoa é mais acentuada do que em outra. Numa pessoa a mediunidade se especializa num determinado assunto. Por exemplo, todos nós temos inteligência. Uns têm menos, outros têm mais, mas todos temos inteligência. Em alguns a inteligência deriva para o campo estético, artístico. Então ele é um pintor, um músico, um escritor, um poeta, coisa assim. Para outros, ela deriva para o campo científico, para outros para o campo mecânico, para outros para o campo comercial e assim por diante. Quer dizer, a inteligência tem várias tendências, várias nuances, assim também as faculdades mediúnicas. A mediunidade, no fundo, é uma só, como a inteligência é uma só em todas as criaturas. Quer dizer, quem é inteligente é mesmo, mas a tendência artística, ou comercial, ou semelhante é sempre uma tendência que vai se servir da inteligência. Assim a mediunidade é sempre mediunidade – todos nós temos ela. Mas ela se manifesta em nós de acordo com certas tendências do nosso temperamento. A senhora deve esperar que a sua mediunidade se desenvolva. Não há razão nenhuma para a senhora ter medo do espírito que vai se incorporar na senhora, porque para começar – é preciso à senhora saber isso, a senhora vai aprender isso lá no centro –, para começar não há incorporação. Esse termo “incorporar o espírito na pessoa” é apenas simbólico, alegórico. O espírito não se incorpora. No seu corpo só pode haver um espírito que é o seu. O espírito que se comunica, ele se aproxima do médium, envolve o médium na sua vibração, estabelece uma ligação fluídica com o médium e então ele pode transmitir a sua mensagem. A senhora já assistiu, por exemplo, algumas tentativas assim de hipnotização de pessoas? Já viu como faz um hipnotizador para uma pessoa sensível? Ele hipnotiza a pessoa, faz a pessoa dormir, e a pessoa entra em transe. Nesse estado de transe, ele faz a pessoa ter sensações que não tem. Diz: “está fazendo frio”. Ela fica com frio. “Está fazendo calor”. Ela fica com calor. “Olha tem uma vara na sua mão”. Não tem vara nenhuma, ela pensa que tem uma vara e começa gesticular como se tivesse a vara. É o que o espírito faz com o médium. O espírito envolve o médium e através do médium ele diz o que quer, faz o que quer, o médium se torna como um sujeito hipnotizado pelo espírito. Não é propriamente hipnotismo. É diferente. Mas estou fazendo uma comparação para a senhora entender bem. De maneira que o espírito que se aproximar da senhora numa sessão para dar comunicação, a senhora não deve ter medo nenhum, porque ele não vai tomar o seu corpo, ele não vai envolver a senhora de maneira negativa, porque está no centro com a proteção das pessoas ali presentes e dos espíritos que dirigem os trabalhos no plano espiritual. A comunicação se dará naturalmente e a senhora se livrará desse espírito. Porque todo médium que sente a presença constante de um espírito, este espírito lhe provoca dores, provoca ansiedades, provoca sofrimentos de várias espécies porque é um espírito sofredor, um espírito sem esclarecimento. Então ele precisa se comunicar na sessão para que, através dessa comunicação, ele possa conversar com as pessoas ali e receber instruções, receber esclarecimentos. Muita gente diz: por que os espíritos superiores não podem fazer isso, precisam vir na sessão? Quando vem à sessão é porque se trata de um espírito tão apegado ainda à matéria, à vida terrena, tão ligado aos problemas materiais, que ele não tem condições para entender no mundo espiritual aquilo que ele precisa aprender a respeito da sua situação espiritual. Então os próprios espíritos superiores trazem eles ao centro para que através de médiuns eles se manifestem. E eles, espíritos superiores, muitas vezes incorporam em outros médiuns para doutrinarem esses espíritos. Não somos nós, os homens, que esclarecemos esses espíritos, embora possamos fazê-lo também. Em geral são os espíritos mais elevados que servem-se da mediunidade para esclarecer essas criaturas. Afastam essa criatura do médium, tornam o médium livre para receber bons espíritos. É por isso que a senhora precisa ir ao Centro Espírita Renovação ali na Rua Espírita, 116, travessa da Rua Lavapés, no Cambuci, onde a senhora já foi. Eu estou repetindo o endereço porque muita gente sobre esse endereço aqui. Nós damos de vez em quando, mas quando aparece a oportunidade de esclarecer e repetir, eu repito, para essas pessoas que querem saber, fiquem sabendo. O Centro Espírita Renovação, que pertence ao Grupo Espírita Emanuel, que divulga aquele folheto de mensagem de Chico Xavier chamado Comunicação e que dirige também a editora GEEM, que publica os livros do Chico Xavier, este centro espírita fica na Rua Espírita, 116, travessa da Rua Lavapés, no Cambuci, antigo bairro do Lavapés. As pessoas que quiserem ir lá tem sessão às segundas-feiras e sextas-feiras sempre com início às 20h30, toda segunda-feira e toda sexta-feira. Este centro fornece instruções, orientações e ajuda as pessoas no desenvolvimento mediúnico quando as pessoas precisam desenvolver a mediunidade. Quando não, procuram auxiliar através de esclarecimento e orientação espiritual. Vou lhe dar um livro que é Iniciação Espírita de Allan Kardec. Eu faço questão de dizer de Allan Kardec pelo seguinte: porque existem outros livros com este título Iniciação Espírita. Mas o que interessa à senhora é o livro Iniciação Espírita de Allan Kardec. A senhora pode retirar no escritório central da Rádio Mulher no endereço que dei ainda há pouco, a partir de segunda-feira na hora que a senhora quiser. Procure lá este livro Iniciação Espírita de Allan Kardec que estará em seu nome. Leia este livro e principalmente estude, no final do livro, o problema da mediunidade.
Download Pergunta nº 11: Esclarecer para católicos
Locutor - Professor, a ouvinte Maria Aparecida Fragoso pergunta: Sou espírita, mas tenho um colega de escola que é católico e líder da Congregação Mariana e tem gostado muito das minhas revelações espíritas e as mensagens de Emanuel e André Luiz. Esse rapaz pediu para que eu fosse à sua Congregação fazer uma palestra sobre o espiritismo. O que acha o senhor, professor? Devo ir ou não?
J. Herculano Pires - É claro que se a senhora estiver em condições de esclarecer o que é o espiritismo, de responder às dúvidas surgidas ali é bom que a senhora vá. Mas se esse moço está lhe convidando, certamente é porque ele já a conhece e também deseja que a senhora vá lá para entrar num entendimento assim mais informal do que formal. Quer dizer, ao invés de ser uma palestra num sentido talvez de uma exposição oral, seja talvez uma conversa com as pessoas presentes ali sobre o espiritismo. Entretanto, é bom que a senhora esteja bem informada do assunto. Se não estiver, a senhora convide uma outra pessoa que conheça bem o problema para ir com a senhora a fim de auxiliá-la. Porque é evidente que num grupo de jovens que tem formação católica, eles têm muitas perguntas a fazer, e perguntas às vezes embaraçosas para as pessoas que não conhecem bem a doutrina. Estou apenas dizendo que a senhora deve se precaver no sentido de não deixá-los frustrados quanto a perguntas fizeram e que não podem ser respondidas, ou interpretando mal o espiritismo por alguma falta de resposta que a senhora deixar no ambiente.
Download O evangelho do Cristo em espírito e verdade. Não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Aberto o evangelho ao acaso, encontramos o seguinte: Rm, 5:20-21.
Sobreveio a lei para que sobrasse a ofensa. Mas onde sobrou o pecado, excedeu a graça, para que assim, como reinou o pecado na morte, assim também reine a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, Nosso Senhor. O advento da lei naturalmente trouxe, como Jesus ensinou em uma das suas passagens evangélicas bem conhecidas, trouxe um aumento de responsabilidade para os homens. A lei submeteu os homens a determinadas regras de conduta. E quando se fala da lei, está se referindo no evangelho ao tempo da lei judaica, dos preceitos bíblicos, das determinações emanadas no próprio texto bíblico para o comportamento do homem no judaísmo. Todos estavam sob a lei, costuma dizer o apóstolo Paulo em suas epístolas. Todos estavam, portanto, regidos por uma lei que era imposta pela primeira revelação de Moisés ordenando que as pessoas cumprissem tais e tais obrigações, principalmente nas sinagogas e no templo de Jerusalém. Ora, a lei trouxe consigo o pecado. Por quê? Porque antes da lei, aquilo que era pecado não era considerado como tal. Só depois que a lei estabeleceu: “isto não pode ser feito” é que então houve o pecado. Porque aquele que fez o que estava proibido, pecou. É preciso entender então porque que houve excesso de pecado. Mas o excesso de pecado trazido pela lei redundou em excesso de graça. Por quê? Porque antes do pecado não precisava haver a graça. Este é raciocínio de Paulo. Antes do pecado não precisava haver a graça, porque se não havia pecado, não havia o que perdoar, não havia nada do que se precisasse fazer para salvar a criatura do pecado. Tudo era permitido nos tempos pagãos. Entretanto, no judaísmo muita coisa foi proibida.
E a seguir veio o tempo da graça em abundância, que foi quando surgiu a revelação cristã. O advento do Cristo trouxe para os homens a época da graça. O tempo da lei foi substituído, portanto, pelo tempo da graça. E por quê? Porque Jesus nos liberta da lei. Tudo aquilo que estava condenado na lei judaica foi liberado na lei cristã. A lei cristã é a lei da liberdade, porque é a lei da responsabilidade. Se a mulher adúltera, por exemplo, devia ser morta a pedradas em praça pública, Jesus, entretanto, impediu que fizessem isso. Por quê? Porque estávamos em numa outra fase da revelação divina. Já não havia aquele pecado gravíssimo que fazia perder-se a alma. Havia o erro. Mas o erro podia ser emendado, podia ser corrigido, e a alma que errou, podia acertar dali por diante. Então, a graça de Jesus se consubstancia no seu perdão, o perdão que ele concede à mulher adúltera. Se não era possível aos judeus sentar-se à mesa sem lavar as mãos, porque isso era pecado, os discípulos de Cristo, entretanto, sentavam-se à mesa com ele sem lavar as mãos. E quando os fariseus observavam isso a Jesus, ele replicava que o mais importante era ter o coração limpo do que as mãos limpas. Era muito mais importante limpar o copo por dentro do que por fora. Todos os seus ensinos, então, nos mostram uma nova época com o cristianismo. É a época da graça. E a graça abundou em justiça, porque através da justiça nós conseguimos libertar o homem de todas as suas implicações do passado. A justiça de Deus, entretanto, é feita de misericórdia. Não é a justiça pesada dos homens, não é a justiça agressiva, esmagadora da criatura humana. Não. A justiça de Deus é feita e dosada pela misericórdia. Onde quer que Deus chame o pecador, por assim dizer, às contas perante o seu tribunal, ele o está chamando perante o tribunal da própria consciência do pecador, e está dando ao pecador as condições necessárias para se corrigir. Ele não quer a perdição de ninguém.
Então podemos encontrar a vida eterna mediante nosso senhor Jesus Cristo, segundo afirma Paulo neste trecho da sua epístola aos Romanos. Encontrar a vida eterna de que maneira? Nós já somos eternos. Nós sabemos que o espírito não morre. O que morre é o corpo. O espírito sobrevive através da eternidade, portanto, ele é eterno. Mas a expressão “vida eterna” tem nas escrituras sagradas do cristianismo e do judaísmo um sentido especial: “vida eterna” quer dizer vida perfeita, vida divina, e não vida humana, porque o espírito pecador, ele tem vida eterna, mas ele vive em estado de trânsito entre a espiritualidade e a Terra. Ele não entrou na vida eterna propriamente dita, porque ele está vivendo as vidas passageiras. É aquilo que o Kardec ensina muito bem no Livro dos Espíritos. Os espíritos passam da morte para o plano espiritual e de lá são obrigados a retornar à Terra, encarnar-se de novo. Então ele está vivendo o ciclo das reencarnações, o ciclo de renascimentos e mortes, ele está passando por vidas passageiras. Para atingir a vida eterna, ele tem de se libertar desse ciclo, e a libertação só vem no momento em que ele se aperfeiçoa o suficiente para não precisar voltar à encarnação, para viver no plano espiritual, para viver a vida eterna. É assim que temos de entender este trecho da epístola de Paulo aos Romanos que nos traz no programa de hoje a mensagem da vida eterna que espera a nós todos.
No Limiar do Amanhã é um programa livre, um diálogo radiofônico sobre os problemas fundamentais da vida e da morte. Não queremos convencer ninguém, não queremos fazer prosélitos, mas despertar os ouvintes para a compreensão da natureza e do destino espiritual do homem. Queremos a verdade, só a verdade, nada mais que a verdade, e se você provar que está com a verdade, ficaremos com você. Não somos dogmáticos, nem estamos sujeitos a nenhum juramento, a nenhuma profissão de fé. Nossa doutrina é aberta a todas as indagações. É uma busca permanente da verdade sobre o homem e o mundo. No Limiar do Amanhã: tragada foi a morte na vitória.