No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
Recordar é viver, diz a sabedoria popular. A saudade vive em nosso coração. Quem não sente os olhos embaçados ao lembrar-se de acontecimentos e criaturas que se foram na voragem do tempo? Então podemos perguntar como esquecer o passado para só pensar no presente e não no futuro. Não amigos! Ninguém pode querer que esqueçamos o passado. Recordar é viver, e estamos sempre recordando. Mas o que não podemos fazer é estacionar no passado, guardar em nosso coração o fermento velho de que trata o evangelho, mesmo porque, amigos ouvintes, viver é renovar-se. Sim, viver é renovar-se. Quem estaciona morre. Ninguém pode parar na correnteza da vida. A lembrança do passado está sempre conosco e, na verdade, orienta a nossa vida de hoje. Essa lembrança, arquivada em nossa memória atual ou soterrada à nossa memória profunda, é traduzida em pulsos, tendências, vocações, habilidades, afinidades espirituais e profundas aspirações que dirigem o nosso presente nos rumos do amanhã. O que fomos no passado nos condiciona no presente, mas esse condicionamento é dinâmico e não estático, é feito de impulsos que nos instigam a prosseguir, a avançar. Recordar é viver.
O ferreiro de ontem será o mecânico de hoje e o técnico do amanhã. Viver é evoluir, é progredir sempre sem cessar. Felizes os que entendem isso, os que conhecem a lei da evolução que impulsiona a cada um de nós e a todo universo. Nossas vidas se sucedem num processo ascensional. Temos sempre de ascender, de subir, de evoluir. Ai dos que ficarem parados repetindo as mesmas experiências. São esses os que se apegam às suas vidas. Ouça bem: à sua vida, que é uma forma pessoal e estreita de viver comodamente. Ai deles porque perderão a vida, como ensinou Jesus. Mas os que perdem a sua vida por amor à vida em abundância, a vida maior que Jesus nos oferece em seus ensinos, esses encontrarão a verdadeira vida.
Pense bem, amigo ouvinte, recordar é viver, pois as recordações do passado constituem a substância da nossa vivência atual. É graças ao que fizemos que hoje somos o que somos. As experiências anteriores desenvolveram nossas aptidões, nossas possibilidades, nossas potencialidades espirituais. Se não lembrássemos essas experiências, se não as recordássemos, não estaríamos vivendo. Vivemos hoje, porque a nossa memória espiritual nos oferece os resultados de nossas lutas em vidas anteriores para podermos avançar em direção ao futuro. Amanhã seremos outros, melhores e mais capazes que hoje, porque o nosso aprendizado de cada vida não se perde nunca, apenas se transforma em condições para novo aprendizado hoje, neste momento, preparando-nos para o aprendizado maior do amanhã.
No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão número 119. Terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.
Este programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640 KHZ, e pela Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780 KHZ. Aos domingos, esse programa é reprisado das seis às sete horas da manhã pela Rádio Mulher de São Paulo com sugestões para o seu domingo espiritual.
Perguntas e respostas. Pergunte para você e para os outros.
J. Herculano Pires - Várias pessoas continuam a responder as perguntas que temos feito neste programa enviando-nos cartas a respeito e muitas delas se referem ainda à disputa da coleção da Revista Espírita de Allan Kardec. Na verdade, nós já terminamos a distribuição das coleções da Revista Espírita. As perguntas formuladas agora não dão mais direito a essa coleção. Esperamos que dentro em breve tenhamos a oportunidade de oferecer novas coleções da Revista Espírita aqui neste programa. Mas no momento, isso não é possível. Entretanto, continuaremos a oferecer, como sempre fizemos, a todos os ouvintes que responderem de maneira acertada às nossas perguntas, ou que pelo menos se aproximarem de maneira significativa do acerto, nós daremos sempre um livro esclarecedor de acordo com aquilo que nos parecer mais adequado à posição da resposta do ouvinte. Podem, portanto, continuar respondendo às perguntas, mas eu queria que todos os nossos ouvintes compreendessem o seguinte: passada uma semana da pergunta formulada, não adiantará mais estar enviando respostas, porque elas se acumulam e não dão mais direito aos prêmios. Peço, portanto, que procurem responder, durante a semana seguinte, à pergunta que fizermos e depois aguardem as novas perguntas que vão sendo formuladas em cada programa. Pergunta nº 1: Aborto Locutor - Professor, a ouvinte Hilária B. da Silva nos telefonou e pergunta: O que acontece ao espírito de uma criança que foi impedida de nascer porque sua mãe, involuntariamente, provocou um aborto? Minha filha, quando soube que sua amiga tinha passado por este drama, teve uma crise de choro que nunca tinha visto antes. Será que o espírito da minha filha teve reações ligadas ao espírito da criança que não pôde vir ao mundo? J. Herculano Pires - Quando ocorre um acidente desta natureza, que independe da vontade da mãe, é claro que não se trata de aborto criminoso. Trata-se, pelo contrário, de um verdadeiro acidente. A mulher sofre com isso, a mãe naturalmente sofre a decepção de não ter o filho que desejava, e isto não depende da sua vontade. Se não depende da sua vontade, é claro que isso pode ter acontecido em virtude de processos cármicos, ou seja, da lei de ação e reação. Muitas crianças nascem mortas, outras passam por um processo de aborto acidental, como neste caso. E isso por quê? Porque elas não vieram ao mundo para viver, para continuar a vida. Elas se submeteram a um nascimento abortivo em virtude de suas próprias condições anteriores, nas vidas passadas. É, por assim dizer, o resgate de uma vida, de uma falta cometida anteriormente. É claro que a família também participa deste pagamento, deste resgate. Não devemos, portanto, nos preocupar quando acontece um acidente deste. Devemos compreender que ele está na linha de destino daquela criança. Muitas crianças vêm ao mundo apenas para nascer e morrer. E isto porque em vidas anteriores muitas vezes elas podem ter tido uma atitude negativa no momento do nascimento. O espírito goza de livre arbítrio, de liberdade, então o espírito às vezes pede no plano espiritual uma determinada prova. Os espíritos incumbidos de prepararem as reencarnações preparam o renascimento dessa criatura no mundo material. Mas, quando se aproxima o momento do nascimento, o espírito apavorado com a prova que tem que enfrentar, muitas vezes, exagerando aquilo que ele mesmo escolheu, aterrorizando-se diante da sua própria escolha de provas, ele rompe com seu compromisso, desliga-se do corpo, e assim não nasce como devia, vivo. Nasce morto. Por outro lado, outras criaturas que passaram também por problemas dessa natureza em vidas anteriores são submetidas, ao nascer, após a gestação do corpo necessário, ao processo de um aborto acidental. São provas como quaisquer outras da vida. O aborto criminoso é naturalmente de grande responsabilidade para a mãe, para o pai, para todos os familiares que concordaram com ele. Mas o aborto acidental, que não depende absolutamente da vontade dos pais, está na linha das provas cármicas, das provas decorrentes da lei de ação e reação.
Quanto ao caso das reações de sua filha. é evidente que podem essas reações ter vários motivos. Não devemos ligar imediatamente todos os casos à possibilidade de uma relação espiritual entre este ou aquele espírito. Sua filha pode ter se emocionado por vários motivos atuais, por esperar, por exemplo, que a criança nascesse bem, e que ela tivesse oportunidade de vê-la, de se alegrar com seu aparecimento nesse mundo. Pode também acontecer que alguma emoção profunda esteja no seu espírito que provocou essa reação. Não podemos explicar aquilo para o que nós não podemos dispor de elementos que realmente nos deem explicações satisfatórias. Contentemo-nos com a explicação real que o Livro dos Espíritos nos dá a respeito dos abortos acidentais. Eu quero lhe oferecer através da editora LAKE um livro que me parece bastante importante para a senhora estudar este problema nesse livro. É o Livro dos Espíritos de Allan Kardec. A senhora poderá retirar este livro a partir de segunda-feira próxima, sempre no horário comercial no escritório central da Rádio Mulher, à Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111.
Download Pergunta nº 2: Reencarnação no caso de assassinato
Locutor - Professor, a ouvinte Otília Pires, da Liberdade, telefonou e pergunta: O espírito de uma pessoa que teve morte natural reencarna? E o espírito das pessoas que morrem assassinadas, reencarna ou fica vagando?
J. Herculano Pires - A lei de Deus se estende a todas as criaturas e não faz nenhuma diferenciação entre as formas pelas quais as pessoas desencarnam. A desencarnação pode ser natural, pode ser provocada, pode ser acidental. Há várias maneiras pelas quais as pessoas desencarnam. As maneiras por que desencarnam não influem absolutamente de maneira alguma, não alteram a lei da reencarnação. Todas as pessoas morrem. Todos os espíritos se reencarnam. Só não se reencarnam aqueles espíritos que atingiram numa determinada reencarnação aqui na Terra uma condição evolutiva que os coloca acima do nível da evolução da humanidade terrena. Esses espíritos então têm a possibilidade de não se reencarnarem na Terra. Não obstante, muitos deles ainda pedem, insistem, suplicam a Deus a possibilidade de voltarem à Terra, não porque gostem daqui, não porque achem que isto seja um paraíso, mas porque tendo evoluído suficientemente e notando a situação em que se encontram muitas das criaturas de sua afeição, de seu amor, querem vir ajudá-las. Então são encarnações missionárias. As pessoas assassinadas são pessoas como as acidentadas que tiveram uma morte inesperada e que nem por isso deixaram de morrer, como qualquer outra pessoa. O assassinato pode ser uma prova ou um pagamento, um resgate de dívida. Quem com ferro fere, com ferro será ferido, disse Jesus no evangelho. É a lei de ação e reação. Aqueles que provocam em vidas anteriores a morte, seja acidental ou seja através de assassinato de outras pessoas, estão sujeitos a morrerem da mesma forma em reencarnações posteriores. Mas, ao se submeterem a essa morte, essas pessoas não se livram da necessidade de continuar reencarnando, porque a reencarnação é uma necessidade para a evolução do espírito. Todos nós, portanto, quando morremos não ficamos vagando, a não ser por alguns dias, ou algumas horas apenas, quando não temos a orientação espiritual necessária, quando nosso espírito passa para lá carregado ainda de ideias impróprias, inadequadas sobre o problema da vida espiritual. Quando não percebemos que morremos, caso que é muito comum em muitos espíritos apegados à matéria, que ao passarem para o mundo espiritual, acreditam que a morte é o desaparecimento da criatura e sentindo-se ainda vivas e de posse de um corpo semelhante ao corpo terreno que deixaram aqui na Terra, que é o corpo espiritual, essas pessoas então têm a impressão de que não morreram, e não acreditam que tenham morrido. Então, sim, ficam vagando por algum tempo até que sejam esclarecidas, socorridas pelos espíritos que muitas vezes as levam a sessões espíritas de doutrinações, a sessões mediúnicas para que ali, num ambiente mais material, mais adequado à sua condição, possam, através de um médium, receber de fato a informação e verificar de perto que realmente morreram. Não façamos, portanto, nenhuma separação entre a morte natural e a morte por acidente. A morte é sempre a morte. E após ela temos sempre a reencarnação. Eu quero lhe oferecer também um volume, o Livro dos Espíritos da editora LAKE, Livraria Allan Kardec Editora. O senhor pode retirar este volume a partir de segunda-feira como temos dito aqui, no escritório central da Rádio Mulher.
Download Pergunta nº 3: A vergonha da mentira
Locutor - Professor, a ouvinte Corina Antunes, da Vila Maria, telefonou e pergunta: Quero explicações sobre o capítulo 05, versículo 01 a 11, dos Atos dos apóstolos: “Ananias e Safira”. E temos aqui a passagem que leremos para os nossos ouvintes: Mas um homem chamado Ananias, com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher. E levando uma parte, depositou-a aos pés dos apóstolos. Pedro disse: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração para que mentisses ao Espírito Santo e retivestes parte do preço do terreno? Porventura, se não o vendesses, não seria ele teu? E vendido, não estava o preço no teu poder? Como formaste este desígnio no teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. Ananias ao ouvir essas palavras caiu e expirou. E sobreveio grande temor a todos os ouvintes. Levantando-se, os moços amortalharam-no, e levando-o para fora, sepultaram-no. Depois de um intervalo de cerca de três horas entrou sua mulher, não sabendo o que tinha sucedido. Pedro perguntou-lhe: Dize-me se vendeste por tanto o terreno. Ela respondeu: Sim, por tanto. Mas Pedro disse-lhe: por que é que vós combinastes provar o espírito do senhor? Eis à porta os pés dos que sepultaram teu marido e eles levarão a ti para fora. Imediatamente caiu aos pés dele e expirou. Entrando os mancebos, acharam-na morta, e levando-a para fora, sepultaram-na junto ao seu marido. Sobreveio grande temor a toda igreja e a todos os que viram estas cousas.
J. Herculano Pires - Precisamos nos lembrar de que este versículo do livro de Atos dos apóstolos se refere ao problema da criação da comunidade apostólica. Os apóstolos resolveram viver em comunidade e criar não só a comunidade para eles, mas para todos aqueles que quisessem seguir os ensinos de Jesus. Jesus havia falado na implantação do reino de Deus na Terra e que no reino de Deus todos viveriam em igualdade, todos amando-se uns aos outros, todos colaborando para que realmente pudessem alcançar a vida espiritual de maneira digna e perfeita. Assim, a instalação da comunidade apostólica tinha por finalidade facilitar as criaturas desejosas de uma vida espiritual, participarem dessa vida naquela comunidade. Ananias e Safira resolveram dirigir-se para lá. Venderam a sua propriedade, mas ao invés de levarem o dinheiro total da propriedade e depositarem aos pés dos apóstolos, como diz o livro de Atos, fizeram ao contrário, esconderam uma parte, subtraíram uma parte para eles pessoalmente. Quer dizer que não estavam se integrando realmente na comunidade. Eles estavam fazendo apenas uma experiência, mas através de uma mentira. Quando Pedro chamou a atenção de Ananias sobre isso, naturalmente ao falar que ele havia mentido para Deus, Ananias sofreu uma forte emoção. É natural que nessas ocasiões, quando as pessoas têm o coração abalado, possa ocorrer um colapso, que é o que deve ter ocorrido com ele. Ananias morreu. Morreu diante do choque, pois ele não tinha a menor ideia de que o apóstolo Pedro pudesse saber de ele havia subtraído uma parte do dinheiro. Quando a mulher de Ananias veio e ao ter a notícia também de que tudo aquilo fora descoberto, de que eles estavam incidindo em pecado perante Deus e de que Ananias havia morrido, ela também faleceu da mesma forma. Muitas perguntas são feitas a respeito dessa passagem, porque muitas pessoas pensam que o apóstolo Pedro matou Ananias e matou Safira. Na verdade, não foi isso que aconteceu. O apóstolo Pedro não tinha nenhuma intenção de matar, ele apenas os repreendeu, e ao repreendê-los, naturalmente eles não suportaram a repreensão. Foi a própria consciência de Ananias e Safira que provocou a morte de ambos. Entretanto, mesmo que Pedro tivesse dito, por exemplo, que eles iriam morrer, que eles faleceriam, como falou de certa maneira à mulher ao final da sua fala, mesmo neste momento, Pedro não falou com a intenção de matá-los, apenas de adverti-los neste sentido. Ora, nós sabemos que nos tempos apostólicos, tempos em que o cristianismo se desenvolvia no mundo, o problema religioso estava acima de todos os demais problemas. As criaturas humanas, principalmente na Judeia, principalmente aquelas que se interessavam pelas pregações do Cristo, deixavam-se levar profundamente pelas emoções religiosas. Estes problemas afetavam a vida, afetavam a afetividade, o sentimento das criaturas. Não é nada de estranhar que tenha ocorrido neste momento crítico da vida de Ananias e Safira a morte de ambos. Mas não se pode de maneira alguma querer lançar a responsabilidade dessas mortes ao apóstolo Pedro. Ele apenas zelava pela comunidade nascente, ele zelava por aquela experiência extraordinária que naturalmente tinha para ele um significado profundo, a experiência de uma forma nova de vida para os homens, uma forma em que os homens realmente se entregassem a um trabalho conjunto, a uma vida de fraternidade, de compreensão mútuas. Isto não tendo sido possível, Pedro reagiu repreendendo a ambos. Assim me parece que fica compreendido o que se passou naquele momento. Eu queria oferecer à senhora Corina Antunes, da Vila Maria, também um volume como um presente de irmão, um livro espírita como um presente de irmão do nosso programa e ao mesmo tempo da livraria LAKE. E ofereço-lhe O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Download Pergunta nº 4: Apoio na mediunidade
Locutor - Professor, o ouvinte Antônio Nascimento pergunta: Desejo ser esclarecido no seguinte: pouco sou dotado de princípios mediúnicos, principalmente na psicografia. Já tentei isoladamente obter alguma comunicação. Embora demonstrasse sinceridade, só consegui a manifestação de um ou vários espíritos, não tenho certeza, porque apresentam-se sempre com o mesmo nome e demonstram não simpatizarem comigo e até dizem claramente que me odeiam. Tudo isso não me assusta e até me parece natural, afinal, imperfeito e pecador como sou, não poderia ter ao meu lado anjos. Ultimamente, tenho me esforçado para dominar o mau gênio que tenho, como também minhas imperfeições. Passei a frequentar a Federação Espírita, mas os passes sempre me deixam agitado. Mas minha dúvida é a seguinte: Às vezes meu coração altera seu ritmo ou palpita fortemente. Já tirei radiografia e não acusou nada. E, como antes de iniciar o tratamento espiritual, a entrevistadora perguntou-me se eu tinha palpitações cardíacas, fico na dúvida. Seriam essas perturbações cardíacas de origem espiritual, ou pelo fato de eu ser um pouco nervoso, ou talvez seja um problema de pressão, ou até mesmo problema de origem psicológica?
J. Herculano Pires - O que o senhor precisa fazer com urgência é procurar um bom centro espírita. Quando digo um bom centro espírita quero dizer uma organização de pessoas sinceras, dedicadas ao espiritismo, no bom sentido; de pessoas que não procuram deturpar a prática espírita com rituais, com encenações, com exigências absurdas, porque a prática espírita é feita e deve ser feita sempre com a maior naturalidade dentro dos ensinamentos de Allan Kardec. O senhor precisa procurar um centro espírita onde se realizem sessões apropriadas ao desenvolvimento mediúnico. Se o senhor continuar insistindo em fazer tentativas de psicografias isoladamente, o senhor está se arriscando, e muito. O senhor já viu que as entidades que se manifestam por seu intermédio o confundem e até mesmo o ameaçam. São, portanto, espíritos perturbadores. O senhor não sabe naturalmente, nesta vida, quais são os seus compromissos de vidas anteriores. Não é apenas porque o senhor tem mau gênio, não é apenas porque o senhor não é um anjo e não pode ser acompanhado por anjos. É que todos nós, criaturas humanas aqui na Terra, estamos num mundo de provas e expiações. Todos nós temos os nossos problemas a enfrentar. E quando dispomos de mediunidade, essa mediunidade está sujeita ao assédio de espíritos perturbadores. Por isso mesmo Kardec sempre ensinou, e em todos os bons centros espíritas, em todas as instituições espíritas bem dirigidas, sempre se adverte os médiuns de que não devem entregar-se isoladamente a experiências de mediunidade. Para isso existem as sessões, as reuniões espíritas sob controle de pessoas experientes, de criaturas que têm prática do assunto e conhecem as dificuldades do desenvolvimento mediúnico. É claro que pelo que o senhor nos conta, o seu desenvolvimento mediúnico já está em marcha. É preciso então ajudá-lo, ajudá-lo principalmente com leituras, estudos, particularmente estudos da mediunidade, e a frequência a um centro onde o senhor tenha também o resguardo das entidades protetoras da instituição, que na hora das sessões envolvem, rodeiam a mesa e ali protegem os médiuns em desenvolvimento. Queira um conselho: não continue praticando isoladamente as suas tentativas de psicografia. Elas são perigosas. Perigosas porque o senhor não tem conhecimento do assunto. O senhor não está amparado por companheiros que podem auxiliá-lo com boas vibrações, com suas preces, com sua intenção pura voltada para Deus. Não se brinca com estes problemas. São problemas muito graves, problemas relacionados ao nosso espírito e a nossa vida espiritual. Aconselho o senhor, portanto, a limitar-se a procurar um centro, ou um grupo espírita, mesmo que seja um grupo familiar, de pessoas bem intencionadas, amigas, em que o senhor se sinta naturalmente amparado por aquelas criaturas. É claro que, logo depois das primeiras experiências, os espíritos obsessores vão tentar retirá-lo de lá, vão fazer o senhor sentir-se mal, vão despertar na sua mente ideias de crítica contra o presidente, quanto a algumas pessoas do trabalho, irão mesmo despertar aversões do senhor por algumas pessoas que o senhor passará a considerar antipáticas e insuportáveis. O senhor tem de ficar prevenido contra isso e de reagir contra tudo isso, porque o senhor precisa frequentar reuniões espíritas, o senhor precisa furtar-se à possibilidade de subjugação desses espíritos para que o senhor possa ter melhor compreensão deste assunto e, por si mesmo, aprofundar-se no estudo, eu vou lhe dar através deste programa e da editora Edicel um volume do livro Iniciação Espírita de Allan Kardec. Leia este livro com cuidado. Aprofunde-se na sua leitura e principalmente na última parte do volume que se refere precisamente à mediunidade.
Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã, Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana você pode fazer suas perguntas pelos telefones: 269-4366 ou 269-6130 no horário comercial. E na primeira quarta-feira do mês, venha a nosso auditório para fazer as perguntas ao microfone e ouvir as respostas na hora. Os programas de auditório começam às 20h30. A entrada é franca.
Perguntas e respostas. Continuamos a responder as perguntas de hoje.
Pergunta nº 5: Ajuda aos necessitados
Locutor - Professor, Lourival Bonfati, de Santo André, pergunta: Existe um senhor que mora ao lado da minha residência, ou melhor, de meu quarto, ele mora dentro de um tubo de concreto e tem somente uma das pernas. Desejo arduamente ajudá-lo. Não é uma valiosa oportunidade de ser útil ao próximo? O que é que o senhor acha da minha ideia? Posso dividir com este ou mais pessoas o fruto do meu trabalho e tirar disso uma lição, isto é, aprender mais, porque este tipo de provas nos ajuda muito. Sou solteiro, moro só. Amistosamente falei com ele sobre a possibilidade de ajudá-lo.
J. Herculano Pires - Não há dúvida de que as suas intenções são as melhores possíveis. Entretanto, o senhor deve lembrar-se do seguinte: Nós podemos fazer muitas coisas em benefício dos próximos, mas devemos nos lembrar de que temos também de nos preservar de certos perigos. Sabe o senhor se essas criaturas que estão aí abandonadas, dormindo dentro de canos, de encanamentos e outras coisas semelhantes, são criaturas livres de intenções secundárias? São criaturas que chegaram a essa situação em virtude de condições perigosas e que podem também transformar o seu pequeno quarto, o quarto em que o senhor tem para repousar, trabalhar, em lugar de perigo para o senhor mesmo? É preciso ser previdente. Quando Jesus nos disse no evangelho, falando aos apóstolos que eles deviam ser mansos como as ovelhas e prudentes como a serpente, ele nos lembrou de que não temos apenas o dever de fraternidade para com os outros, mas também o dever de preservar as nossas próprias condições de vida no mundo, porque cada um de nós tem a sua missão a cumprir, tem o seu trabalho a realizar. Pense bem no que o senhor pretende fazer. Examine a situação dessas criaturas e lembre-se de que para transformar o seu quarto numa espécie de albergue noturno, o senhor precisa estar disposto a enfrentar muitos dissabores incômodos. Se o senhor estiver disposto a isso, pense ainda nos perigos que podem decorrer desta situação. Eu gostaria que o senhor fosse procurar a partir de segunda-feira no horário comercial, ali no escritório central da Rádio Mulher, à Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111, um volume do livro O Principiante Espírita que nós lhe oferecemos como presente de irmão. Este Principiante Espírita lhe é dado pelo nosso programa e pela livraria LAKE, Livraria Allan Kardec Editora. Download Pergunta nº 6: Conversar com mulher desencarnada Locutor - Professor, o ouvinte Renato Moreti, da Rua Foster, pergunta: Enviei uma carta ao Chico Xavier pelo correio ao endereço Rua Eurípedes Barsanulfo, 185, para receber uma mensagem da minha esposa Clélia Lutzol Moreti desencarnada em 1970. Será que ele envia a mensagem pelo correio ou terei que ir pessoalmente a Uberaba e conversar com Chico Xavier? J. Herculano Pires - Senhor Moreti, o senhor deve saber, porque o senhor tem sido mais ou menos assíduo na audiência dos nossos programas e tem mesmo nos brindado com muitas das suas das suas perguntas, o senhor deve saber que nós não podemos pretender receber mensagens daqueles espíritos com os quais procuramos nos corresponder com a facilidade com que obtemos respostas de cartas aos amigos aqui na Terra. As relações entre os dois planos, o plano material e o plano espiritual, têm também os seus segredos, têm as suas dificuldades, muitas das quais nós não conhecemos. O fato de o senhor ter pedido ao Chico Xavier uma mensagem de sua esposa não quer dizer que o Chico possa imediatamente possa lhe remeter essa mensagem. Isso depende das condições do espírito de sua esposa. Não quero dizer que ela esteja em condições inferiores de sofrimento ou coisa semelhante. Não. Mas pode ser, até mesmo, que ela esteja em condições de não se comunicar logo consigo em virtude de problemas que tenha no mundo espiritual. Ela pode ter sido, por exemplo, designada para um trabalho espiritual a que tem de se dedicar com intensidade, ou pode estar submetida a um verdadeiro curso de adaptação ao mundo espiritual. Pode estar, enfim, impedida por um destes motivos de se comunicar com o senhor. Também pode ser que não convém essa comunicação, pode ser que ela não esteja em condições emocionais de dirigir uma comunicação ao senhor, que ao fazer isso o seu espírito se perturbasse, pois como o senhor sabe, as emoções nos espíritos desencarnados são mais graves, mais profundas, abalam muito mais o espírito do que em nós, criaturas encarnadas onde as vibrações espirituais, as vibrações psíquicas estão, por assim dizer, contidas, ou abafadas pelo envoltório material do nosso corpo. Assim, há mil motivos pelos quais nós não temos a certeza de que os espíritos do lado de lá podem atender aos nossos pedidos. O senhor fez o pedido ao Chico. Espere. Aguarde. Mas não se aborreça com o médium se ele não responder, se ele não lhe mandar nenhuma informação, se não lhe mandar a mensagem, porque evidentemente não depende do Chico. Ele não pode evocar um espírito para pedir uma resposta para o senhor. Ele tem de obedecer a orientação dos seus guias espirituais, do serviço que se realiza ali na comunhão espírita cristã para a divulgação do espiritismo, e principalmente para a espiritualização do nosso povo através de uma série de trabalhos espirituais da mais alta importância que nos vem sempre de Uberaba com os livros do Chico, com as mensagens dele, com tudo aquilo que ele nos tem dado por mais de quarenta anos de prática mediúnica. O senhor aguarde, mas procure também aprofundar-se no estudo e na doutrina para compreender bem a complexidade de problemas desta natureza. Eu quero lhe dar, através do nosso programa, um presente de irmão que é o Livro dos Médiuns da livraria LAKE, Livraria Allan Kardec Editora. O senhor pode procurá-lo a partir de segunda-feira no escritório central da Rádio Mulher.
Download Pergunta nº 7: Arigó
Locutor - Professor, o ouvinte Francisco Lourenço, da Rua São Leonardo, nos envia cinco perguntas.
Primeira: O Arigó era espírita ou apenas um médium?
J. Herculano Pires - Arigó era espírita e médium. Ele começou como médium apenas, de família católica, crescido, portanto, num ambiente católico. Arigó não tinha nenhum conhecimento do espiritismo quando ocorreram com ele os primeiros fenômenos mediúnicos. Posso mesmo lhe informar que durante um período de cinco anos, Arigó agiu como um verdadeiro médium católico: atendendo pessoas, realizando operações espetaculares, realizando seus trabalhos de maneira espantosa sem conhecer espiritismo. Entretanto, o seu espírito guia, que era o doutor Fritz, procurou levá-lo para o espiritismo a fim de que ele pudesse conhecer a sua situação e ao mesmo tempo enfrentar com mais segurança o problema da sua missão aqui na Terra. Arigó tornou-se espírita a partir do momento em que, levado pelos próprios espíritos, começou a compreender o que se passava com ele e a ler livros espíritas.
Download Pergunta nº 8: Católico
Locutor - O que significa a palavra “católico”?
J. Herculano Pires - A palavra “católico” quer dizer simplesmente universal. Portanto, quando falamos em igreja católica falamos em igreja universal. É nesse sentido que essa palavra foi utilizada pela igreja na sua denominação. O católico devia, portanto, uma pessoa que, colocada numa posição cristã, estendesse os seus sentimentos e sua convicção cristãs a todo mundo, procurando abranger todas as criaturas humanas com aquele sentido do evangelho que manda ferir mãos em todas as pessoas. Download Pergunta nº 9: Centros verdadeiros Locutor - Por que existem tão poucos centros espíritas verdadeiros? J. Herculano Pires - Quem lhe disse isso? Existem centenas, milhares de centros espíritas no Brasil. E além dos centros espíritas, núcleos familiares, grupos familiares onde se pratica o espiritismo legitimamente. Acontece, é claro, que nem todas as pessoas estão ainda aptas a conhecer bem o espiritismo e a realizar as práticas espíritas dentro desse conhecimento preciso. Não nos esqueçamos de que estamos num país que só agora está realmente alfabetizando seu povo. Durante muitos anos o nosso país teve maioria absoluta de analfabetismo. Ora, o espiritismo é uma doutrina que precisa ser lida, estudada para ser bem compreendida. As práticas espíritas dependem principalmente do conhecimento real do espiritismo. Muitos centros espíritas surgiram pelo Brasil afora sem terem essa orientação precisa, segura. Então aconteceu que por muitos lugares surgiram pessoas de boa vontade, mas sem orientação necessária. Entretanto, isso não quer dizer que as instituições fundadas por elas não sejam verdadeiras. São centros espíritas verdadeiros, grupos espíritas verdadeiros, embora nem sempre estejam dentro da orientação segura. Mas pouco a pouco isso foi se modificando. Hoje com o grande movimento de unificação do espiritismo, ou seja, de unificação do movimento espírita, fazendo com que as diversas instituições espíritas se relacionem umas com as outras, e com a ampliação da imprensa espírita com suas revistas e com seus jornais, e ao mesmo tempo com a maior divulgação dos livros espíritas e o incentivo ao estudo que se verifica em nosso país, a maioria dos centros já está se orientando bem, com firmeza, encaminhando-se com segurança. Mas nós sempre falamos aqui em centros espíritas verdadeiros não referindo-nos àqueles que estão dentro da linha espírita, de conduta, de orientação, do desejo real de acertar. Nós fazemos sempre a divisão entre os centros que não são espíritas quando se trata de reuniões ou de centros ligados às formas de sincretismos afro-brasileiro existentes no Brasil. São aquelas instituições que se dizem espíritas, mas que não são espíritas, que não seguem a orientação kardeciana, que não desejam estudar, que não querem aprender, que se atêm apenas às práticas decorrentes das regiões africanas que os negros trouxeram ao Brasil durante o tráfico negreiro e que aqui proliferaram. Então, quando se trata de instituições desta natureza é que não estamos diante de centros espíritas verdadeiros. Essa é a distinção que fazemos. Mas não daqueles centros, ou daqueles grupos que estejam realmente dentro da linha kardeciana.
Download Pergunta nº 10: Sensações em partes amputadas do corpo
Locutor - As pessoas que perdem um membro do corpo alegam sentir sensações no local afetado. Como e por que dá-se esse fenômeno? J. Herculano Pires - Este é um problema complexo e naturalmente sujeito a muitas discussões, a muitos debates. Por quê? Nós sabemos que o nosso corpo físico guarda a sensação daquilo que ele utilizou ou que se serviu. Suponhamos o seguinte – Kardec tem uma explicação muito bonita sobre isso, muito simples, e muito clara: numa noite de inverno uma criatura chega da rua com seu casaco pesado. Chega dentro de casa, o ambiente é aquecido. Ele tira o casaco e pendura no cabide. Mas dali há pouco, conversa vai, conversa vem com os outros, ele se esquece de que tirou o casaco e vai procurar qualquer coisa no bolso do casaco. Ele tem a sensação de que ainda está com o casaco. Por que isso acontece? Porque ele veio e acostumou-se a andar pela rua, às vezes num longo trajeto, com o peso do casaco no seu corpo. A sensação permaneceu, embora ele estivesse se aliviado do casaco. Quando, pois, se corta um membro de uma pessoa é evidente que essa pessoa, acostumada com aquele membro durante anos e anos seguidos, durante toda sua vida, ainda sentirá várias vezes a impressão de que possui o membro. Mas, por outro lado, existe, como sabemos, a sensação que é transmitida pelo próprio corpo espiritual, porque ao cortar-se o membro de uma pessoa, não se corta o perispírito, corta-se apenas a sua perna material. Então, é possível que uma pessoa sensível, dotada principalmente de mediunidade, continue ainda sentindo além daquela sensação física que é mais passageira, que é mais leve do que a sensação mais acentuada do perispírito, continue a sentir perispiriticamente a existência deste membro. Por isso mesmo que eu disse que este problema é controvertido. As pessoas que não acreditam no espiritismo, que não aceitam a existência do espírito, podem alegar que não se passa nada mais nada menos que uma simples sensação física. Mas nós sabemos pelas experiências espíritas que existem os dois aspectos do fenômeno.
Download Pergunta nº 11: Posição na sessão
Locutor - Cruzar as pernas ou os braços nos trabalhos espíritas é prejudicial às pessoas que o fizerem?
J. Herculano Pires - Somente se elas tiverem algum impedimento físico, se sentirem dores ou coisa qualquer nos joelhos, ou nos braços, nos cotovelos, porque do contrário, não. A maneira que se pretende fazer com que as pessoas se portem nas sessões espíritas, mais ou menos padronizadas na sua posição, sentadas desta ou daquela forma, é apenas uma convenção. Espiriticamente isto não tem sentido. Às pessoas bastam estarem sentadas de maneira realmente satisfatória do ponto de vista do respeito que devem aos centro, aos visitantes e a todos aqueles que ali estão. Mas nada impede que as pessoas cruzem as pernas, ou cruzem os braços. Entretanto, quando em determinadas reuniões o presidente, as pessoas dali da reunião, não concordam que a pessoa fique desta ou daquela maneira, é natural, é normal, é mesmo até uma prova de boa sociabilidade que o frequentador concorde com aquilo que ali se faz, porque afinal de contas, quem chega a participar de uma determinada reunião e encontra uma sistemática ali estabelecida já há muito tempo, é preferível submeter-se a ela do que provocar distúrbios. Mas do ponto de vista teórico, ou seja, do ponto de vista doutrinário essas posições determinadas desta ou daquela maneira pelos diretores da sessão não tem sentido do ponto de vista doutrinário. Eu queria lhe dar o livro Iniciação Espírita da Edicel que o senhor pode procurar a partir de segunda-feira no escritório central da Rádio Mulher, à Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111. Eu gostaria que o senhor lesse nem neste livro os problemas espíritas, e assim o senhor iria se esclarecendo bem sobre todos estes problemas.
Download Pergunta nº 12: Luz na cruz
Locutor - Professor, a ouvinte Rosa Inês Gonçalves, da capital, pergunta: Na cabeceira da minha cama tenho uma cruz. Por várias vezes vi uma luz sobre essa cruz. Quando estou sem sono, deito-me aos pés da cama, e o quarto, às escuras. Engraçado: não sinto medo nem mesmo tenho reações ao ver a referida luz. Não entendo o porquê destas visões. O senhor pode dar-me uma explicação?
J. Herculano Pires - Toda vez que um fenômeno luminoso ocorre na escuridão, seja ele sobre um objeto sagrado das igrejas ou seja sobre qualquer outro objeto, a primeira coisa que nós temos que fazer, segundo a recomendação espírita, é verificar se essa luz não procede de algum lugar, se ela não tem um sentido puramente físico material, se não é uma luz que penetra por algum desvão e que vem se projetar ali no quarto. Precisamos verificar sempre nos fenômenos espíritas se eles são realmente espiríticos ou se são apenas ilusões de nossa parte. A senhora verifique bem. Pode ser que seja uma manifestação espirítica. Mas se a senhora nada sente, se a senhora não tem nenhuma sensação diferente das comuns ao ver esta luz, o mais provável é que ela tenha uma origem puramente física. Eu queria lhe dar também, para que a senhora compreendesse melhor este problema, um volume de presente: o livro Principiante Espírita da livra LAKE, Livraria Allan Kardec Editora, que a senhora pode procurar no escritório central da Rádio Mulher no endereço que temos dado aqui. Download Pergunta nº 13: Agênere Locutor - Professor, a ouvinte Vera Regina Nisticó responde à pergunta feita pelo programa No Limiar do Amanhã:
Agênere é uma variedade da aparição tangível. É o estado de certos espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de uma pessoa viva a ponto de causar completa ilusão. Os seres que se apresentam nessas condições não nascem nem morrem como os outros homens; eles se formam instantaneamente e do mesmo modo aparecem ou se evaporam pela desagregação das moléculas fluídicas. Eles são vistos e depois não são vistos mais, sem saber de onde vieram, como vieram, nem onde vão. Não se poderia matá-los nem os prender, pois não possuem o corpo carnal. Os agêneres não se demoram por muito tempo. Mas sem que possamos suspeitar de que eles o sejam, podemos confabular com os mesmos. Eles denotam sempre, em suas atitudes, qualquer coisa de estranho e de insólito que deriva ao mesmo tempo da materialidade e da espiritualidade. Seu olhar é simultaneamente vaporoso e brilhante, sua linguagem é breve, sua aproximação faz experimentar uma sensação particular indefinível de surpresa que inspira uma espécie de medo. Concluindo, os agêneres podem passar aos nossos olhos como um de nossos semelhantes.
J. Herculano Pires - A resposta da senhora Nisticó é uma boa resposta, esclarecendo bem o problema e está certa de acordo com os princípios doutrinários, com aquilo que Kardec fala a respeito. Quero dar-lhe o prêmio correspondente a essa pergunta que é o Livro dos Espíritos de Allan Kardec da coleção das obras completas de Allan Kardec da editora Edicel. Este volume vem encadernado de acordo com o sistema dessa coleção. E estou certo de que a senhora Nisticó, ao receber este volume, compreenderá a importância, o valor e a significação da coleção de obras completas de Kardec que pela primeira vez está sendo feita no Brasil.
Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã. Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana você pode fazer suas perguntas pelos telefones 269–4377 ou 269-6130 no horário comercial. E na primeira quarta-feira do mês venha ao nosso programa de auditório para fazer suas perguntas ao microfone e ouvir a resposta na hora. Os programas de auditório começam às 20h30. A entrada é franca. Esse programa é uma tribuna livre para o debate das perguntas fundamentais da vida e da morte. Não fazemos propaganda religiosa, procuramos apenas explicar à luz da razão e com base nas pesquisas científicas o que somos, de onde viemos, e para onde vamos. A ciência espírita e suas auxiliares no campo das ciências comuns, como a metapsíquica e a parapsicologia, já possuem dados suficientes para a explicação de muitos mistérios antigos. Estamos na era do espírito e precisamos conhecer a verdade sobre as questões espirituais. Queremos a verdade, só à verdade, nada mais que a verdade, e se você provar que está com a verdade, ficaremos com você. Nada nos impede de dar esse passo.
O evangelho do Cristo em espírito e verdade. Não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica.
Abrindo o evangelho ao acaso, encontramos em João, no capítulo 3, do versículo 31 ao 36 a seguinte passagem:
O que vem de cima é sobre todos. O que é da terra é da terra e fala da terra. O que vem do céu é sobre todos. O que ele tem visto e ouvido isso testifica, e ninguém recebe o seu testemunho. O que recebeu o seu testemunho, este certificou que Deus é verdadeiro, pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque ele não dá o espírito por medida. O pai ama o filho e tudo tem posto nas suas mãos. O que crê no filho tem a vida eterna. O que, porém, desobedece ao filho, não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus. Este trecho do evangelho de João nos coloca diante de um problema bastante importante do ponto de vista espiritual, que é de considerarmos a vinda do Cristo à Terra como na verdade a vinda de um espírito superior, de uma criatura divinizada pela sua própria evolução, que se aproximou de Deus a ponto de estar em contato permanente com ele e receber de Deus as mensagens esclarecedoras para todos os problemas e a incumbência de trazer à Terra e aos homens a assistência espiritual de que o nosso planeta necessitava. Por isso diz claramente aí o apóstolo: “o que vem de cima”, referindo-se a Jesus, porque ele vinha naturalmente das alturas espirituais do infinito, dos planos superiores da espiritualidade. E quando fala “o que vem da terra fala da terra”, ele lembra que aquele que fala da terra, das coisas terrenas é mais facilmente compreendido pelos homens. Por isso a mensagem de Jesus não era aceita amplamente com devia em virtude de que ele falava das coisas do céu e não da terra. Lembremo-nos de que o próprio Jesus usou essa expressão quando no seu debate, ou melhor, no seu diálogo sobre a reencarnação com o rabi Nicodemos. Quando ele disse a Nicodemos: “se eu falo das coisas da terra e não me entendeis, como quereis que eu vos falo das coisas do céu?” Assim, compreendemos bem esta passagem de João. Ele dizia, através do seu evangelho a todas as igrejas, que era necessário compreender o ensino de Jesus no seu sentido espiritual; não procurar adaptá-lo apenas às condições terrenas; que essa compreensão era mais difícil, porque se Jesus viesse falar apenas das coisas materiais da vida terrena, nós o entenderíamos com muita facilidade. Mas para compreender as coisas do céu, que ele trazia e semeava entre nós, era necessário um aprofundamento espiritual no sentido da palavra. E por isso vem também aquela advertência de Paulo, que constantemente repetimos aqui no nosso programa: “a letra mata, o espírito vivifica”. Muitas vezes a letra de que se serve o Cristo nas suas mensagens é a palavra terrena, a expressão de pensamentos terrenos, porque ele tinha de usar a linguagem dos homens para falar com os homens. Mas sabendo que esta palavra vem do próprio Cristo, nós temos de interpretá-la em seu sentido espiritual; temos de penetrá-la para ver a mensagem de vida que ela nos traz, a mensagem vital e não apenas a sua aparência exterior. O significado profundo do ensino de Jesus extravasa, portanto, daquilo que pode transparecer na letra do evangelho. E assim é como sabemos nas letras de todas as escrituras sagradas. Aqueles que escreveram, que codificaram os ensinos de Jesus não podiam utilizar outras palavras que não a dos homens. Entretanto, através das palavras dos homens, o pensamento do mestre flui, procurando reerguer o nosso entendimento e elevar-nos acima das coisas terrenas. Temos de compreender isto para poder penetrar realmente o sentido do seu ensinamento.
Aí nós temos uma passagem que tem servido muito para a colocação de dogmas nas teologias das várias igrejas: “aquele que crer no filho será salvo. O que não crer no filho, este não terá vida eterna”. É claro que no sentido estrito da letra, nós poderíamos acreditar, primeiro, que Jesus é o filho unigênito de Deus, o filho único de Deus; segundo, que temos de crer nele se quiser nos salvarmos. De qualquer maneira temos de aceitar o que ele disse. A verdade, entretanto, quando encaramos o problema do ponto de vista espiritual, não é essa. Nós nos salvamos quando aceitamos a verdade de Jesus, quer dizer, quando a compreendemos e a aplicamos em nossa vida. Nós não salvamos, não conseguimos salvar-nos, não no sentido da salvação eterna, mas no sentido da evolução espiritual, quando nós ficamos apegados aos nossos próprios costumes e pensamentos, e não aceitamos os ensinamentos de Jesus para aplicá-lo em nossas vidas. O apóstolo fala de Jesus como sendo o filho de Deus. Ele naturalmente está dando a Jesus uma posição superior à nossa, porque sabe que se trata de um espírito mais elevado que nós. Entretanto, o próprio Jesus disse a Madalena, como nós sabemos: “ainda não fui ao meu Pai e vosso Pai”. E várias vezes ele repetiu que era o filho do homem. Não apenas o filho de Deus, mas também o filho do homem. Assim, das próprias palavras de Jesus, nós deduzimos forçosamente do ponto de vista espiritual que Jesus se apresenta no mundo não como um enviado especial, como o filho único de Deus, porque se nós todos somos filhos de Deus, ele também é nosso irmão. Por isso mesmo ele foi quem nos trouxe a notícia e o ensino de que Deus é Pai e de que Deus, ao invés de ser o chefe dos exércitos, como aparecia na bíblia dos judeus, Deus é na verdade o Pai amoroso de todas as criaturas da Terra. Com este ensino, Jesus estabeleceu a fraternidade universal dos povos e abriu as perspectivas para um mundo novo que ia surgir na Terra. Assim considerando, nós compreendemos este texto em seu sentido espiritual, sem nos perturbar.
Atenção amigos ouvintes! A pergunta sobre agênere contínua a valer para esta semana, pois várias respostas ainda estão chegando ao nosso programa. De hoje em diante, cada pergunta valerá por duas semanas em virtude da demora na chegada da correspondência. As respostas certas darão direito a um livro espírita.
No Limiar do Amanhã: tragada foi a morte na vitória.