No Limiar do Amanhã: um desafio no espaço.
Abril, outono, tempo de frutificação. Os frutos da terra transformam a seiva e a flor, o perfume e a luz em alimento para os homens. Foi em abril de 1857 que as flores mediúnicas da revelação espírita se converteram no fruto ainda verde e tenro. Verde de esperança e tenro de amor da primeira edição de “O Livro dos Espíritos”. Abril é o mês do espiritismo, do nascimento na Terra da doutrina espírita. Em Paris, o cérebro do mundo, alvorecia uma nova era.
Desde fins do século passado o espiritismo se desenvolve no Brasil. Mas somente agora, um século depois de sua implantação em nossa terra, a começar da Bahia, estamos em condições de sentir e compreender a grandeza e a beleza da revelação espírita em sua plenitude. Porque só agora dispomos de toda a obra de Kardec em nossa língua. Dedicaremos todos os programas deste mês de abril ao despertamento dos espíritas para essa realidade maravilhosa.
Além da França, só o Brasil possui no mundo as obras completas de Kardec na língua nacional. Mas a maioria dos espíritas ainda não sabe disso, e os que sabem, ainda não compreenderam a importância deste fato. Temos agora a coleção completa da Revista Espírita de Allan Kardec em doze volumes encadernados, correspondentes aos doze anos em que o codificador a publicou e redigiu sozinho com a paciência e a lucidez de um gênio da espiritualidade. Esses doze volumes se integram na própria codificação como vemos na explicação de Kardec em “O Livro dos Médiuns”. E ninguém pode conhecer realmente o espiritismo sem a leitura e o estudo dessa coleção.
Façamos justiça aos que nos proporcionaram essa oportunidade única no mundo. O saudoso companheiro doutor Júlio Abreu Filho que dedicou os últimos anos de sua vida à tradução desta obra. E o editor Frederico Geannini Junior, da editora Edicel, que não mediu dificuldades para editá-la e colocá-la ao alcance de todos nós. O Brasil espírita deve a esses dois homens, Júlio de Abreu e Geannini Junior, a abertura de uma nova fase no nosso movimento doutrinário. De agora em diante os espíritas responsáveis, capazes de compreender a profunda responsabilidade da divulgação do espiritismo, têm ao alcance das mãos a Revista Espírita. Essa obra é fundamental que o próprio Kardec considerou como laboratório da doutrina.
Ninguém, espírita ou não, pode falar da ciência espírita e suas bases experimentais sem ter lido a documentação das pesquisas de Kardec na Revista Espírita. Ninguém pode conhecer a teoria espírita do agênere, saber como se porta o espírito da pessoa viva durante o sono, informar-se das manifestações de escrita direta e aprofundar-se nos problemas da obsessão e assim por diante sem ler e estudar a Revista Espírita.
Até hoje tivemos a possibilidade de conhecer apenas metade da doutrina espírita. Só agora a outra metade se abre diante de nós, graças à publicação da Revista Espírita em nossa língua. Até agora o espiritismo tinha para nós uma face oculta como a lua. E eis que na era cósmica, no momento em que os homens conseguiram ver o outro lado da lua, a face oculta da doutrina espírita nos é revelada pelos astronautas do espírito, Júlio Abreu e Frederico Geannini Junior. Façamos deste mês de abril o mês da Revista Espírita. Que todo espírita consciente inicie neste mês a leitura da Revista Espírita.
No Limiar do Amanhã: um programa desafio. Produção do grupo espírita Emanuel. Transmissão número 108. Terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.
Este programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640 KHZ, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780 KHZ. Todos os domingos este programa é reprisado pela Rádio Mulher de São Paulo das seis às sete horas da manhã com sugestões especiais para o seu domingo espiritual.
O médium Francisco Cândido Xavier recebeu sábado passado, 31 de março, o título de cidadão araguarino, que lhe foi concedido pela municipalidade de Araguari, estado de Minas Gerais, por suas atividades evangélicas através da mediunidade. A solenidade se realizou no Cine Rex daquela cidade, com enorme afluência de povo. Representantes de instituições espíritas de São Paulo, particularmente da Federação Espírita e do Grupo Espírita Emanuel, participaram da solenidade que se constituiu numa verdadeira festa de fraternidade espiritual com a presença de representantes de várias religiões.
Precisamos agora preparar–nos para a solenidade de entrega do título de cidadão paulistano a Chico Xavier. A câmara municipal de São Paulo já fixou a data de 19 de maio próximo para o ato solene que será realizado às 15h em sua sede no Palácio Anchieta. Alô São Paulo e grande São Paulo, companheiros de Santo Amaro, São Bernardo, Santo André, São Caetano, companheiros de todas as vilas e bairros da capital: temos encontro marcado com Chico Xavier dia 19 de maio próximo. Preparem-se para este grande encontro.
Alô Araraquara, Matão, Ouro, Ibitinga, companheiros de toda região da Morada do Sol: organizem suas caravanas para o encontro de 19 de maio às 15h com Chico Xavier em São Paulo. Alô Santo Antônio da Platina, companheiros de toda zona platinense, companheiros do Paraná: não se esqueçam, esperamos todos para o encontro com Chico Xavier dia 19 de maio próximo, às 15h, em São Paulo. Platinenses, iremos até vocês aceitando o convite que nos enviaram, mas queremos vê-los primeiro aqui entre nós na festa espiritual da cidadania paulistana de Chico Xavier. Não se esqueçam, lembrem-se disso: Emanuel foi o padre Manuel da Nóbrega e Chico Xavier um filho amado de Emanuel companheiro espiritual de Nóbrega e Anchieta. A entrega do título de cidadão paulistano a Chico Xavier é um ato simbólico de funda significação espiritual. Estejamos juntos nessa grande hora do espiritismo no Brasil.
Mandem suas perguntas por carta à Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana façam suas perguntas pelo telefone no horário comercial discando estes números: 267-4377 ou 269-6130. E toda primeira quarta-feira do mês venha ao nosso auditório, à Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, para fazer suas perguntas ao microfone e ouvir as respostas na hora.
Perguntas e respostas no auditório.
Amigos, é pena que o nosso tempo seja pouco, mas antes pouco do que nada. Vamos iniciar o nosso diálogo de auditório. Façam perguntas breves e claras, pois o tempo está correndo e todos precisam ter uma oportunidade. Vamos ouvir a primeira pergunta.
Nome e a pergunta, por favor.
Pergunta nº 1: Batismo
Plateia - José Pedro Lopes. Eu desejava saber por que, nós no espiritismo, não temos o nosso próprio batismo? Essa é a pergunta.
J. Herculano Pires - O senhor desejava saber... com licença. Geralmente, as pessoas que ouvem o programa ficam pensando porque que há este problema. O senhor falou aí e eu ouvi muito pouco aqui. É que nós estamos em planos muito diferentes: eu estou no palco e o senhor está na plateia, né? No programa, a sua voz aparece nítida no rádio quando estão ouvindo, e então parece que houve qualquer trapalhada que eu não ouvi. Eu gostaria que o senhor repetisse mais alto, por favor.
Plateia - Por que que nós não temos o nosso próprio batismo no espiritismo?
J. Herculano Pires - Pois não...
Plateia - Adotamos de outras religiões...
J. Herculano Pires - Não. Não. Nós não adotamos batismo nenhum de outras religiões. Acontece que alguns espíritas, em virtude das heranças que trazem de outras religiões, não se conformam com o fato de não termos um batismo solene, um batismo sacramental como acontece nas igrejas, e então leva suas crianças a batizar nesta ou naquela igreja. Mas, na verdade, esses espíritas estão errados, porque o batismo verdadeiro, como se vê no próprio evangelho, é o batismo do espírito.
A palavra batismo quer dizer iniciação, introdução de um indivíduo numa nova forma de vida. É uma solenidade, por assim dizer, que se realiza com a finalidade de assinalar a entrada deste indivíduo numa nova orientação espiritual.
Ora, nós sabemos que João Batista batizava com água. Entretanto, o batismo da água era um costume antigo, um costume que havia se disseminado por toda Judéia no tempo de Jesus. Eu já tive ocasião de lembrar aqui certa vez que o Deão da Faculdade de Teologia de Paris, professor Maurice Gaugel, num interessantíssimo livro sobre o advento do cristianismo, ele mesmo esclarece – baseado nas pesquisas históricas realizadas por professores universitários da França –, esclarece que o batismo da água na Palestina era muito comum no tempo de Jesus. João Batista não era o único a batizar com água, ele seguia a tradição do povo, e seguia essa tradição com a finalidade, naturalmente, de atrair o povo às suas pregações e de não chocar, por assim dizer, o sentimento popular e evitando o batismo.
O próprio Jesus, como sabemos, submeteu-se ao batismo de João. João estranhou que ele quisesse ser batizado por João, porque sabia muito bem que ele era bem maior do que João. Mas Jesus fez isso porque também ele não queria, naturalmente, estabelecer um choque com a simplicidade, a ingenuidade daquele povo que acreditava firmemente no poder purificador da água. Não só no poder de purificar o corpo, mas no poder de purificar a alma. Então se submeteu ao batismo.
Mas nós sabemos que o próprio João declarou que além dele, viria outro, depois dele, de que ele não era digno de desatar sequer as correias das sandálias e que não batizaria com água, mas sim com o fogo e com o espírito.
O fogo é uma expressão simbólica porque, na verdade, nós todos passamos pelo fogo das provas aqui na Terra. E o espírito, como sabemos, é a manifestação do espírito. O espírito naquele tempo era considerado como um poder divino que se manifestava em diversas pessoas, não se tinha a ideia nítida de espírito que se tem hoje.
Ora, o batismo do espírito, como nós vimos no episódio que nós podemos ver no livro de atos, o episódio de Pedro em Jope, quando o centurião Cornélio foi procurá-lo para que ele fosse à casa do centurião ver o que se passava com a família, pois lá estavam todos, por assim dizer, tomados pelo espírito, Pedro se recusou a ir porque estava imbuído das ideias judaicas de que o centurião era um impuro e a família do centurião também era impura e, portanto, indigna de receber a visita de um judeu, de um judeu que seguia as prescrições da lei. Entretanto, Pedro recebeu uma ordem do céu para atender o centurião. E ao chegar lá viu que toda família do centurião estava recebendo o batismo do espírito! Quer dizer, toda família estava envolvida pelas influências mediúnicas, pelos espíritos que se apossavam daquelas criaturas e eram todos espíritos bons. Então Pedro considerou isso como um sinal de que realmente para Deus não há acepção de pessoas. Assim, no espiritismo, nós não temos o sacramento do batismo em forma humana, em forma ritual, porque isto seria apenas uma repetição de sistemas que vêm repetidos através dos séculos nas várias igrejas. No espiritismo nós admitimos o batismo como a introdução da criatura na doutrina espírita, a sua iniciação.
Sabemos, por exemplo, que no tempo de João Batista e de Jesus, não se batizavam crianças, apenas pessoas adultas que tinham compreensão necessária para se iniciarem numa nova ordem de ideias. Assim também se faz no espiritismo.
A criança, entretanto, ao nascer costuma se fazer no espiritismo, e com muita razão, uma prece de agradecimento a Deus pela vinda daquela nova criatura ao nosso lar. Essa prece de agradecimento, para muitos espíritas, representa um substituto do batismo formal. Mas essa prece deve ser feita sem nenhum formalismo, com toda pureza do coração, se possível pelo próprio pai ou pela própria mãe. Uma prece de agradecimento a Deus pela vinda daquela criança ao mundo.
Isso nós podemos considerar o batismo espírita da criança. Não que haja um batismo espírita, mas porque essa é a forma natural, pura, simples, de se substituir o formalismo inútil do batismo. Agora, na proporção em que a criança vai se desenvolvendo, e quando chega à época do entendimento, os pais vão batizá-la de fato ao introduzi-la no conhecimento da doutrina espírita.
Locutor - Mais alguma pergunta?
Plateia - Não. Estou agradecido.
Locutor - No Limiar do Amanhã, como em toda a primeira quarta-feira do mês, um diálogo franco e amigo com os nossos ouvintes. Por favor, o nome e a pergunta.
Download Pergunta nº 2: Buda x Cristo
Plateia - Horácio Henrique. Boa noite, professor.
J. Herculano Pires - Boa noite.
Plateia - Eu queria que o senhor me fizesse uma comparação entre Buda e Cristo, e me dissesse se as missões foram as mesmas.
J. Herculano Pires - Sim. A missão do Buda, como a missão de Zoroastro na Pérsia, como a missão de Hermes no Egito, como a missão de Viaza na própria Índia, a missão do Buda foi a de levar o conhecimento espiritual a um povo e a uma determinada nação.
Nós encontramos, por exemplo, em Kardec o estudo do problema das revelações espirituais. E Kardec assinala bem que as revelações espirituais na antiguidade eram sempre pessoais e locais. Quer dizer, eram feitas por um espírito de alta evolução que se encarnava num determinado povo para transmitir uma revelação espiritual àquele povo de acordo com o estado ou o grau de evolução em que ele já se encontrava.
Assim o Buda veio no momento exato em que o povo indiano havia atingido um alto grau de evolução espiritual e podia receber uma revelação nova. Ele reformou as antigas religiões da Índia indicando um caminho novo. Entretanto, como nós sabemos, o budismo se espalhou mais na China e no Japão do que na própria Índia. A Índia resistiu, como a Judéia resistiu a Jesus, a Índia resistiu ao Buda e continuou nas suas velhas religiões.
Apesar disso, a missão do Buda foi uma das mais belas realizadas na Terra, porque ele de fato trouxe um ensinamento bastante elevado, que se aproxima bastante do ensinamento de Jesus.
Não obstante, é preciso considerarmos que a posição de Jesus, espiritualmente e mesmo historicamente, se sobrepõe à do Buda. Não há nisto uma disputa entre os grandes espíritos. O que há é o que os espíritos nos afirmam através de suas comunicações, não só aquelas que foram dadas a Allan Kardec no seu tempo, a León Denis, e a tantos outros espíritas eminentes no mundo, mas também aquelas que nos são dadas ainda hoje pelos espíritos superiores, eles afirmam o seguinte: que Jesus é o criador da Terra. Deus concedeu a Jesus a missão de construir este planeta, de fazê-lo, e de dirigi-lo. Então ele é o espírito que ocupa uma posição, que nós podemos assim alegoricamente chamar de governador do planeta. Ele é o governador espiritual do planeta. E todos aqueles que vieram antes dele, trazendo revelações pessoais e locais, nas diversas civilizações isoladas do mundo antigo, separadas, porque não havia o processo de comunicação universal que há hoje, todos esses que vieram com essas missões de revelações pessoais e locais eram enviados de Jesus, eram espíritos que estão ao lado de Jesus, que trabalham com ele na direção e na orientação do planeta.
O Buda cumpriu essa missão. Mas Jesus viria logo em seguida, e viria entre aquele povo que realmente estava no ápice da evolução espiritual da humanidade, que era o povo judeu. O único povo que era monoteísta. O Buda teve de enfrentar na Índia o problema do politeísmo, da multiplicidade dos deuses. Jesus não enfrentou isso, porque ele já encontrou, na Judéia, o povo monoteísta, acreditando no Deus único, compreendendo que Deus só pode ser um.
A ideia do Deus único é a mais elevada ideia que o homem pode conceber na Terra. Essa expressão, essa afirmação é do filósofo Immanuel Kant. Kant dizia o seguinte: a ideia de Deus é a maior abstração mental que o homem pode atingir. É, portanto, a ideia mais perfeita, a ideia superior do homem. Por quê? Porque na ideia de Deus nós sintetizamos o todo; todo o universo, todo o cosmo, toda criação, tudo está sintetizado nesta ideia de Deus que é o poder supremo, criador e mantenedor de todo o universo.
Então, Jesus veio numa missão superior trazer uma reforma religiosa não apenas do judaísmo, mas também uma mensagem maior que ampliaria as dimensões espirituais do judaísmo, para que ele, realmente, pudesse levar uma mensagem a todos os povos. E assim se fez. A missão de Jesus, portanto, é uma missão universal. Embora a sua revelação ainda tenha sido local e pessoal, entretanto, abriu perspectivas para uma transformação do mundo que historicamente se realizou.
A manifestação do Buda representou muita importância para os povos do Oriente, mas não deu à Terra um novo impulso evolutivo, não abriu perspectivas novas na evolução da humanidade, no desenvolvimento da cultura terrena, ao passo que o cristianismo reformou por completo o mundo antigo; transformou esse mundo num mundo novo, que é este em que nos encontramos. Mas, ainda não é tudo, porque o cristianismo continua a reformar este mundo para que ele também se apresente, no futuro, em condições melhores e mais elevadas. Locutor - Mais alguma pergunta?
Download Pergunta nº 3: Reencarnações
Plateia - Professor, esse problema de reencarnações, dizem, por exemplo, Joana D’Arc foi a última encarnação de Judas... o problema do padre Anchieta, também foi encarnação parece de Emmanuel ou coisa parecida... Eu gostaria de saber quem afirma isso e como provam. J. Herculano Pires - Esse problema das reencarnações anteriores é um problema que, hoje, já não se trata mais de religião. É um problema científico. Hoje nós sabemos que há a investigação científica em curso no mundo inteiro, inclusive, por estranho que pareça, na própria Rússia, no Estado materialista, há o problema da investigação da reencarnação, porque ela está se evidenciando. Na proporção em que o homem vai evoluindo, vão surgindo as pessoas que têm lembranças de vidas passadas. Estas lembranças de vidas passadas são o objeto da investigação científica. Através dessas lembranças, os cientistas podem perquirir o problema da reencarnação e ver se conseguem, realmente, provas que satisfaçam a ciência nesse sentido.
Mas quando se trata de reencarnações assim como de Joana D’Arc, que Joana D’Arc teria sido Judas no passado. Então teria tido uma reencarnação na França como Joana D’Arc que seria uma reencarnação de reparação, por assim dizer, daquilo que ele tinha feito como errado no passado, a fim de poder continuar seu progresso espiritual. Mas uma reencarnação dessas não pode ser verificada através da pesquisa científica. Porque não há dados! Não há condições! A menos que alguma pessoa humana que encarnada neste momento revele recordações a respeito.
Então essas reencarnações são dadas em forma de revelação. Por exemplo, foi León Denis, discípulo de Allan Kardec, quem recebeu de Joana D’Arc a informação do espírito de Joana D’Arc, a informação de que ela era uma reencarnação de Judas.
Ora, nós não temos elemento científico nenhum para poder provar isto. Isto foi uma revelação de um espírito. Entretanto, do ponto de vista espírita, conhecendo-se por um lado o rigor com que León Denis fazia suas investigações espirituais e, por outro lado, o valor dos espíritos superiores e a segurança daquilo que eles dizem, nós não temos também, do ponto de vista espírita, motivos para duvidar disso.
No tocante a Emmanuel, foi ele mesmo que revelou através de mensagem pelo Chico Xavier que ele havia sido não o padre Anchieta, mas o padre Nóbrega. Que na sua última encarnação terrena, aqui no Brasil, ele foi o padre Nóbrega e exerceu, aqui, uma função que o ligou, daí por diante, ao nosso país. De maneira que também neste caso não podemos obter nenhuma prova científica. Porque Emmanuel não está encarnado. Ele é um espírito. Consequentemente ele não está sujeito à investigação científica. Mas, temos a palavra dele, o comportamento dele, a obra dele, tudo o quanto ele tem feito há quarenta anos através da mediunidade de Chico Xavier, nos mostram a envergadura de um espírito de alta responsabilidade, que não iria fazer uma revelação desta por vaidade ou coisa semelhante, mesmo porque, no caso, ele teve apenas uma finalidade: a de mostrar, ao Chico Xavier, que era seu médium e àqueles que colaboravam com Chico, mostrar as ligações profundas que ele, Emmanuel, tem com o Brasil, e o interesse dele no espiritismo no Brasil.
Locutor - Satisfeito?
Plateia - Obrigado.
Locutor - Por favor, o nome e a pergunta.
Download Pergunta nº 4: Datação
Plateia - Meu nome é José Aparecido. Eu queria saber por que foi que a doutrina espírita, ela ganhou uma pujança assim do século XIX para cá, mais ou menos.
J. Herculano Pires - A doutrina espírita surgiu, precisamente, em meados do século XIX. Nós sabemos que, por exemplo, em 1847 houve, nos Estados Unidos, um movimento pré-espírita, um movimento de preparação do advento do espiritismo. É o caso, por exemplo, das manifestações com as irmãs Fox, em Hydesville. Em uma família metodista, família de João Fox, as filhas de João Fox, três meninas desenvolveram uma mediunidade inesperadamente, começaram a receber comunicações de espírito. Ora, essas orientações deram origem a uma investigação científica nos Estados Unidos. Empolgou o país, despertou um grande movimento lá. Mas ainda não surgiu a doutrina espírita. Só dez anos mais tarde, em 1857, na França, é que ia aparecer “O Livro dos Espíritos”, num trabalho realmente de codificação da doutrina, feito por Allan Kardec.
Assim, o espiritismo surgiu, portanto, em meados do século passado, do o século XIX, como doutrina! Antes disso existiam manifestações mediúnicas, sempre existiram, porque a mediunidade é uma faculdade natural do homem. Então as manifestações mediúnicas existiram desde todos os tempos, desde os povos primitivos mais longínquos.
Mas o espiritismo não é apenas fenômenos, não é apenas manifestação mediúnica. O espiritismo é um a doutrina! Uma doutrina filosófica, de bases científicas e de consequências religiosas.
Por isso mesmo ele vem se desenvolvendo, desde metade do século passado para cá, intensivamente, uma vez que se transformando, manifestando-se, por assim dizer, numa doutrina perfeitamente estruturada, ele conseguiu conquistar os homens de pensamento, as criaturas cultas que se interessaram pela doutrina, que procuraram aprofundar seu conhecimento e que, no mundo inteiro, passaram a realizar experiências e sessões mediúnicas, para confirmação daquilo que Kardec havia descoberto e afirmado. Esse é o motivo do desenvolvimento do espiritismo do século XIX para cá.
Download Pergunta nº 5: Origem - outras doutrinas
Locutor - Mais alguma pergunta?
Plateia - Não, só uma perguntinha: quer dizer que todas as outras doutrinas não vêm se fundir nessa?
J. Herculano Pires - Todas as outras doutrinas...?
Plateia - Viriam a se fundir nessa, a doutrina espírita?
J. Herculano Pires - Não, não. Aí é preciso compreender o seguinte: o espiritismo não tem essa pretensão, a pretensão de dominar o mundo. O espiritismo é, simplesmente, uma doutrina oferecendo aos homens, nesta fase de evolução da humanidade que é muito importante, uma visão mais perfeita, mais completa, mais lógica do que seja o universo, do que é o homem, e do que é o destino do homem na Terra. Kardec fez mesmo questão de dizer que o espiritismo vinha como auxiliar das religiões, que ele não tinha finalidade de fundar um novo tipo de religião. O seu objetivo era auxiliar todas as religiões a saírem do estado de entorpecimento em que elas se encontravam. Em meados do século XIX, a ciência havia avançado bastante; as conquistas da ciência se opunham às afirmações dogmáticas das religiões. As religiões sustentavam princípios absurdos diante das ciências. O progresso das ciências trouxe o descrédito para a religião. O descrédito para a religião levava o homem ao materialismo e ao ateísmo.
Foi então que surgiu o espiritismo. Mas surgiu baseado na ciência. Durante mais de doze anos, Allan Kardec, que era um professor da Universidade da França, era um pedagogo, um homem dos mais ilustres do seu tempo, Allan Kardec dedicou-se à pesquisa na sociedade parisiense de estudos espíritas, uma pesquisa intensiva sobre os fenômenos espíritas, procurando o que eram estes fenômenos. E ao chegar à convicção de que estes fenômenos eram manifestações de espíritos, ele então viu que se abria uma perspectiva muito boa para oferecer às religiões do seu tempo as armas que lhes faltavam na luta com as ciências.
Download Perguntas e respostas no auditório. Atenção amigos ouvintes, a finalidade deste programa não é converter ninguém ao espiritismo. É apenas esclarecer problemas espíritas e despertar o interesse pelas questões espirituais, porque estamos na era do espírito e precisamos alargar as dimensões da nossa mente. Queremos a verdade, só à verdade, nada mais que a verdade. E se você provar que está com a verdade, ficaremos com você.
Continuamos com nosso diálogo radiofônico do programa No Limiar do Amanhã. Por favor, nome e a pergunta.
Pergunta nº 6: Bocejo
Plateia - José Rossi. A pergunta: qual a relação entre mediunidade com o bocejo? Uma coisa muito simples, mas...
J. Herculano Pires - Entre a mediunidade...?
Plateia - E o bocejo? O médium, por que que ele boceja antes da...?
J. Herculano Pires - Não, aí não é propriamente uma relação da mediunidade com o bocejo. O bocejo provém de uma disposição orgânica. Agora o fato, às vezes, de certas influenciações podem provocar o bocejo no médium, porque o médium é sensível; a sensibilidade dele é afetada por vários fatores. Então da mesma maneira que o indivíduo está com sono começa a bocejar, também o indivíduo mediúnico, sobre determinadas ações e influenciações espirituais que sejam pesadas para ele, pode, também, começar a bocejar.
Download Pergunta nº 7: Carne e água
Locutor - Por favor, nome e a pergunta.
Plateia - Nely Nani. Professor, o senhor poderia interpretar para gente as palavras de Jesus para Nicodemos “se não renascer da água e do espírito”.
J. Herculano Pires - Sim! Renascer da água quer dizer renascer na carne, porque a água é o símbolo da matéria para a antiguidade. Em todo mundo antigo, como sabemos, a água é o elemento produtivo, criador, de onde provinham todas as coisas. E os antigos tinham razão! Nós sabemos hoje que a vida veio da água mesmo, e que a vida é água, praticamente, porque em toda parte, onde exista um ser vivo, existe a água que mantém aquele organismo vivo. E se tirarmos a água, ele falece, ele morre, né? De maneira que, quando Jesus falou em nascer da água e do espírito, ele mesmo esclarece logo em seguida quando ele diz: o que é da carne é da carne, e o que é do espírito é do espírito. Ele está se referindo ao renascimento na carne.
Locutor - Mais alguma pergunta?
Plateia - Só essa, obrigada.
Download Pergunta nº 8: Arca da aliança
Locutor - Nome e a pergunta.
Plateia - Renato. Professor, todos nós sabemos que a arca da aliança, ali em David, foi construída segundo o modelo que foi mostrado no monte. Isso dá para a gente ficar pensando que naquele tempo já existiam seres muito superiores, ou talvez astronautas, comparando mal, não sei, que fizeram isso. Porque a ciência parece que americana ou russa reproduziu essa arca, feita aqui em matéria também, e emitia milhares e milhares de volts. Isso será que não era um poderoso transmissor, não, naquele tempo?
J. Herculano Pires - Nós estamos numa fase do mundo em que a imaginação humana encontra muitos motivos para voos, para desenvolvimentos. A verdade é que a arca não passava de um símbolo criado pelos judeus. Naturalmente, de acordo com todas as religiões antigas, tinham seus símbolos. Ela simbolizava a morada de Deus. Deus estava presente onde estivesse a arca. Deus estava dentro da arca. Isso é um absurdo, né? Um absurdo lógico. Ali era apenas uma simbologia da religião hebraica.
O poder da arca era um poder puramente psicológico, porque na verdade não existia ali nenhum mistério, nenhuma espécie de talismã ou coisa semelhante.
O espiritismo explica todas estas coisas através de leis naturais. Nós não podemos, por exemplo, admitir que a simples construção de uma determinada arca, de um certo tipo, ela pudesse trazer dentro de si poderes sobrenaturais. É possível que uma arca construída hoje tenha, através da eletrônica, dos recursos atuais da física atômica, tenha poderes até destruidores e construtores muito grandes, mas aí já é outra coisa.
Deus não estava presente nessa arca. Essa arca era apenas um símbolo que os judeus serviam, que eles reverenciavam, assim como nas igrejas do nosso tempo, nas diversas igrejas há os santuários, há os recintos considerados sagrados onde não se pode penetrar.
No entanto, uma pessoa que não tem nada a ver com a religião ela entra ali e não acontece nada demais. Por quê? Porque ela psicologicamente não está amedrontada com aquilo, não é?
Download Pergunta nº 9: Arca da aliança – mata quem encostar?
Plateia - Mas chegou a morrer uma pessoa lá que encostou a mão, e também parece que David se comunicava através dela, né? J. Herculano Pires - Todas essas coisas são, naturalmente, revestidas por aquilo que já falei: a imaginação humana. Há muita lenda em torno desses fatos. A verdade é que a arca era conduzida, como nós sabemos, pelos israelitas, inclusive até no campo de batalha. E certa vez, como nós sabemos, os inimigos tomaram, os midianitas tomaram a arca dos judeus e ficaram com ela lá entre eles. Não aconteceu nada para eles a não ser certos desastres que ocorriam muito naquele tempo, ou seja, uma peste que deu lá neles, eles pensaram que era a arca e devolveram depressa para os judeus.
Locutor - Mais alguma pergunta?
Plateia - Está bom.
Download Pergunta nº 10: Comunicação do embrião
Locutor - Continuamos com o nosso diálogo radiofônico. Nome e pergunta, por favor.
Plateia - Luís Bragantino. Gostaria de saber, professor, se durante o laço de tempo entre a concepção e o nascimento, o espírito tem possibilidade de ser comunicar com o mundo dos vivos, aqui, vamos dizer, e se ele tem, também, possibilidade de agir no mundo imaterial, no mundo dos espíritos.
J. Herculano Pires - Geralmente o espírito, desde a concepção, ele fica ligado àquela tarefa que é o seu renascimento. É uma tarefa que absorve muito as suas energias, o seu interesse, e mesmo porque ele tem de cair cada vez mais numa inconsciência, como nós sabemos, que é aquela fase de que falavam os antigos que as almas, para voltarem à Terra, tinham que de passar pelo Rio Letes, que era o rio do esquecimento, em que todas as lembranças anteriores eram apagadas da mente pelas águas desse rio. Então nessa fase o espírito está muito preocupado e muito absorvido pela tarefa do seu renascimento, à qual ele está bastante, naturalmente, ligado, bastante envolvido.
Entretanto, quando o espírito é de uma certa elevação, ele pode ainda ter um controle, ainda nessa fase, e pode manifestar-se. Muitas vezes a criança que vai nascer, mesmo depois de já desenvolvido o feto e já o embrião ter atingido as proporções necessárias de uma criança, ter se transformado numa criança, a criança que vai nascer pode também se comunicar. Ela pode se afastar do seu corpo e manifestar-se, como há também a comunicação dos vivos, né? A comunicação mediúnica dos vivos. Qualquer um de nós pode dar comunicação mediúnica à distância desde que ocorram fatores que impilam o nosso espírito a se afastar do corpo e a procurar um meio de comunicação.
Há, por exemplo, um livro importante do professor Ernesto Bozzano chamado “Comunicações Mediúnicas entre Vivos”. Este livro está traduzido e publicado em português aqui em São Paulo, pela editora Edicel: “Comunicações Mediúnicas entre Vivos”. Neste livro, Bozzano trata cientificamente do problema das comunicações mediúnicas. De maneira que a criança também pode dar comunicação.
Agora, o espírito realizar tarefas no mundo espiritual, já me parece mais improvável, porque ele está com uma tarefa nova relacionada com seu renascimento, né?
Download Pergunta nº 11: Livros de mediunidade
Locutor - Mais alguma pergunta?
Plateia - Não. Eu estou satisfeito. Só gostaria de pedir ao professor que me indicasse alguns livros para a escola de médiuns. Quais seriam os livros que a gente deveria estudar na escola de médiuns, e se possível algum conselho também.
J. Herculano Pires - O livro fundamental na escola de médiuns é “O Livro dos Médiuns”. “O Livro dos Médiuns” é o grande livro da mediunidade. É o livro que nós podemos, hoje, considerar como o mais completo tratado de parapsicologia existente em nosso tempo. Porque tudo quanto a parapsicologia estudou e investigou, ou está investigando, lá já está explicado, investigado, definido com precisão.
Então “O Livro dos Médiuns” é o grande tratado da mediunidade ainda, apesar de muitos livros modernos, recentes, saídos aí. Agora é evidente que esse livro pode ser e deve ser acompanhado por uma contribuição bastante importante que é a que veio através de Chico Xavier com “Mecanismos da Mediunidade”, né? “Mecanismos da Mediunidade” é um livro que esclarece muito certos pontos bastante curiosos para o homem de hoje, porque esclarece com uma linguagem ligada às técnicas modernas, ao desenvolvimento da ciência atual. Mas o fundamento é “O Livro dos Médiuns”, de Kardec.
Download Pergunta nº 12: Livros para iniciantes
Locutor - Nome e pergunta, por favor.
Plateia - Antônio Terezo. O senhor citou “O Livro dos Médiuns” e os “Mecanismos da Mediunidade”, mas são livros para pessoas que têm um determinado conhecimento. E uma pessoa principiante que está no seu desenvolvimento mediúnico, ele não irá encontrar dificuldade com esses livros?
J. Herculano Pires - Ele falou escola de médiuns; ele não estava pedindo para um principiante. Agora para o principiante eu sempre indicado aqui “Iniciação Espírita” de Allan Kardec. Porque “Iniciação Espírita” é um livro que se constitui de três livros de Kardec: primeiro, é um livrinho pequenininho chamado “O Espiritismo na sua Mais Simples Expressão”, é o que abre o volume de “Iniciação Espírita”. Depois é “O Que é o Espiritismo”, que é um livro bastante conhecido. Esse “O Espiritismo na sua Mais Simples Expressão” não é conhecido entre nós, é um livro de Kardec que só está saindo agora nesse livro, nesse volume grande chamado “Iniciação Espírita”. Depois do “O Que é o Espiritismo” nós temos um livro final que é: “Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas”. Este livro é um resumo do “O Livro dos Médiuns” feito pelo próprio Kardec.
Então a leitura deste livro “Iniciação Espírita” de Allan Kardec para um principiante é o ideal, porque ele se informa bem do que é o espiritismo e ao mesmo tempo estuda os problemas da mediunidade num livro menos denso, menor, mais simples do que “O Livro dos Médiuns”, que o prepara para depois estudar “O Livro dos Médiuns”.
Download Pergunta nº 13: Dificuldade em Kardec
Locutor - Mais alguma pergunta?
Plateia - Acontece que, geralmente, toda escola de médium, eles colocam outras obras que julgam mais fáceis, entende? Para a pessoa poder assimilar. E, no caso, um principiante espírita que está desenvolvendo a mediunidade, ele não irá encontrar dificuldade com estes livros?
J. Herculano Pires - Eu acho que num centro espírita devia se considerar sempre que ninguém até hoje publicou nada sobre mediunidade melhor do que Kardec. Porque o trabalho de Kardec não foi dele, como nós sabemos, e sim dos espíritos superiores que trabalhavam com ele. E a investigação de Kardec não teve superação até hoje. Ninguém fez tantas pesquisas sobre a mediunidade com tanto rigor como ele fez.
As conclusões a que ele chegou, basta dizer isso, as conclusões a que ele chegou até hoje não sofreram um arranhão no desenvolvimento das ciências psíquicas. Tanto no campo da metapsíquica, como da parapsicologia, todas as investigações só têm comprovado aquilo que Kardec afirmou, a conclusão a que ele chegou. De maneira que devíamos nos ater principalmente a Kardec porque ele é realmente o fundamento da doutrina, ele foi que teve a missão de codificar a revelação que veio pelos espíritos, né?
Agora, existem aí muitas tentativas de tornar a mediunidade mais acessível através de livros mais simples. Acontece que, quando nós tratamos de problemas complexos, não podemos procurar muita simplicidade, porque não ficaremos sabendo nada.
Download Pergunta nº 14: Contato de Kardec
Locutor - Mais alguma coisa?
Plateia - Eu gostaria de saber, no caso falando de Kardec: nós sabemos que Kardec desencarnou em março, e quanto tempo depois se houve a possibilidade de ele dar alguma mensagem?
J. Herculano Pires - Ele deu comunicações logo após, logo após a morte. O senhor encontra isso na Revista Espírita. A Revista Espírita do ano de 1869, o ano da morte de Kardec, este volume da revista traz várias comunicações de Allan Kardec.
Plateia - Mas essa comunicação não seria anímica?
J. Herculano Pires - Não. O problema da comunicação anímica, como nós sabemos, é bastante estudado no espiritismo desde o tempo de Kardec.
Comunicação anímica é a comunicação do espírito do vivo. As comunicações que León Denis recebeu de Kardec foram identificadas por ele, porque ele era discípulo de Kardec, conviveu com Kardec. Ninguém melhor do que ele conhecia Kardec profundamente. De maneira que a identificação que ele fez é uma identificação absoluta. Ele não ia de maneira alguma confundir, ele que era um grande experimentador espírita, não ia, absolutamente, confundir uma comunicação anímica com uma comunicação espírita.
Além do mais, León Denis, tinha, como nós sabemos, a percepção espiritual e ele sabia quando o espírito estava se comunicando ou não, qual era o espírito que se comunicava. Aí que não há, absolutamente, nenhum problema de animismo nessas comunicações de Kardec.
Download Vamos fazer agora a nossa pergunta aos ouvintes:
Atenção! O que é perispírito? E qual a sua função?
Responda certo e ganhe um livro como presente de irmão. Vamos repetir a pergunta: o que é perispírito? E qual a sua função? Responda certo e ganhe um livro como presente de irmão.
O evangelho do Cristo em espírito e em verdade. Não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Nosso ouvinte Alfredo Álvares, abrindo o evangelho ao acaso, oferece-nos o seguinte: Evangelho de João, capítulo 18 do versículo 33 ao 36. Pilatos tornou a entrar no pretório, chamou a Jesus e perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Dizes tu isso por ti mesmo ou foram outros os que to disseram de mim? Replicou Pilatos: Porventura sou eu judeu? A tua própria nação e os principais sacerdotes entregaram-te nas minhas mãos. Que fizestes? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus súditos pelejariam para não ser eu entregue aos judeus. Mas agora o meu reino não é daqui.
Nesta passagem do evangelho de João nós temos o momento decisivo em que Jesus reafirma a sua posição na Terra. A posição que ele realmente tinha, possuía já quando veio para o nosso planeta; não apenas de rei de um determinado país, mas de rei num sentido mais amplo, de uma soberania maior, que é a soberania do espírito. Esta soberania se estende além de todos os limites e de todas as divisões feitas pelo homem no sistema terreno. Realmente Jesus foi entregue, como vimos, pelos seus próprios concidadãos ao poder romano. Ao poder romano que dominava o seu país, a Judéia, e entregue para que fosse sacrificado. Não quiseram os judeus matá-lo com as suas próprias mãos; preferiram que ele fosse colocado na lista dos inimigos do império romano, e que fosse assim sacrificado pelos romanos. Era uma maneira de fazer aquilo que fez Pilatos: lavar as mãos diante da injustiça cometida contra um justo. Mas isto não importava a Jesus. Ele tinha cumprido a sua missão. E após a sua missão, era necessário, como ele declarou várias vezes aos seus discípulos, que ele fosse levantado da terra, quer dizer, levantado da terra era uma expressão que naquele tempo queria dizer crucificado, pregado na cruz e depois erguido ao ar para ser afincado à cruz no chão e o indivíduo perecer na crucificação. Levantado na cruz, dizia ele, atrairia ele todo mundo a si, e realmente atraiu. O seu sacrifício, longe de desmoralizá-lo, a sua morte ignominiosa, longe de torná-lo um condenado diante dos homens e de Deus, pelo contrário, serviu apenas para glorificá-lo. A sua glória veio do sacrifício. Esta era uma grande lição que ele deixava ao mundo, para mostrar que as glórias mundanas são passageiras e inúteis; que as glórias da Terra não têm sentido, mas que os sacrifícios feitos na Terra em benefícios dos outros, estes sacrifícios é que levam à verdadeira glória, mesmo que o indivíduo seja sacrificado por aqueles mesmos que ele beneficiou. Sacrificado, embora, humilhado perante a Terra, ele se engrandece no céu. É o problema dos valores contraditórios. Os valores contraditórios terrenos são uns, os valores celestes são outros. Aquilo que vale muito no céu, nada vale para nós aqui na Terra. Aquilo que vale muito para nós aqui, nada vale no céu. O valor está no espírito, está no bem, está no amor, está na abnegação, está na humildade, está na capacidade de se dar por amor aos outros: e foi isto o que Jesus fez. Entretanto, ele queria implantar na Terra o seu reino. E ele o implantou. Implantou esse reino aqui como uma semente que vai se desenvolver no futuro; ele vem se desenvolvendo pouco a pouco com mil dificuldades, nós os homens, como crianças desajeitadas num aprendizado difícil, num educandário, nós os homens vamos pouco a pouco nos aproximando do reino de Deus. O que é o reino de Deus? É o reino da justiça, da fraternidade, o reino da equidade e, sobretudo, o reino do amor. Quando aprendermos realmente a nos amar uns aos outros, quando não mais utilizarmos as nossas faculdades humanas para sermos os nossos próprios inimigos, quando conseguirmos suplantar aquela frase ignominiosa que diz assim: “o homem é o lobo do homem”, e quando passarmos a sermos o irmão do homem, quando fizermos isso, o reino de Deus estará implantado na Terra. E Jesus reinará em todos os corações, em todas as consciências. Foi por isso que ele disse: agora o meu reino não é deste mundo. Agora. Ele não disse taxativamente que o reino dele não era deste mundo. Não era naquele momento, naquele instante, mas ele semeara a semente que propagaria e o reino de Deus em breve se instalará na Terra. Em breve do ponto de vista espiritual, que pode ser longo do ponto de vida material. Mas o prosseguimento da evolução humana, o desenvolvimento das ciências aceleradamente deste século, a evolução da cultura tão rápida em nosso tempo, estão mostrando que nós nos aproximamos cada vez mais da era do espírito. A era do espírito em que o nosso planeta passará na escala dos mundos para um plano superior. A Terra deixará de ser um mundo de expiações dolorosas que tem sido até hoje para ser um mundo de uma humanidade em fase de plena regeneração. O reino de Deus então estará alvorecendo entre nós. Não somos pregadores, somos expositores. Não queremos fazer prosélitos e não temos dogmas a impor. Dialogamos sobre os problemas fundamentais da vida e da morte em termos racionais.
No Limiar do Amanhã será reprisado amanhã das seis às sete horas da manhã pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ. Até a próxima semana, amigo ouvinte. Paz e amor.
No Limiar do Amanhã: acertemos o passo com o futuro.