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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

No Limiar do Amanhã: um desafio no espaço.

 

Eh, bicho! Paz e amor.

 

Aqui venho para saudar a caras e coroas, em saliente esses coroas bacanas que não têm medo de bicho. A vida é uma giroca! Tudo gira sem parar. Os caras viram coroas, os coroas viram caras. Tem muito cara virado me escutando, e muito coroa virado na bica da virada. É um vira-vira na roda do moinho. Sopra o vento do destino e vira a folhagem da gente...

 

Me deixem saudar mais que tudo a este cara legal que é Jesus Cristo, o Jesus da nossa curtição em todas as viradas. Não, não se avexem com nossa linguagem, coroas de barbela esbranquiçada. Botem a panca de lado e ouçam a língua dos caras. Palavra e moeda é uma coisa só, tem cara e coroa do mesmo jeito, mas no fundo é a mesma jogada. Com gramática bacana ou fajuta, a verdade sempre reponta; que verdade é sempre verdade. Eu já fui cara e já fui coroa. Agora eu sou cara e quero voltar a ser cara de novo. É assim a rodada da vida. A roda viva da vida e da morte. Quem morre coroa ressuscita coroa, mas renasce cara na carne. Na minha turma de hippies, aí nesse lado da vida, tinha muitas curtições: uns caras curtiam a carne, a dor de munheca do desespero, e outros caras curtiam o Cristo. A dor de amor que bate como couro de gato esticado e geme como cuíca. Eu era um destes caras da curtição gemedora. Curtia o Cristo com dor de amor. A vida me arranhava a pele e eu apelava para o cara legal, que é Jesus Cristo. Esse cara me ouviu e me estendeu a mão. Por isso é que eu estou aqui, meus chapas, de volta no fio do além para dizer a caras e coroas que na vida se morre e na morte se vive.

 

Vamos às falas com mais claridade. Escutem bem, coroas, escutem para entendimento: bichos somos nós todos, bichos de carne, sangue, pele, pelos, dentes e garras, somos nós todos. Quem nasce na carne, nasce bicho, com fome ou com frio, com sede ou com faro, com vontade de morder e de comer. Gente é só aquele que aprende a fazer a curtição de Cristo. Só este cara curtidor é que pode subir na árvore e quebrar o galho da vida. Mas mesmo assim continua bicho, quebrando seus galhos até que chegue a curtição da morte. Aí é que o couro do bicho vai ser curtido na terra e o espírito do bicho continua na curtição do além.

 

Eh bicho! Paz e amor. Vamos jogar nossas flores para vocês. A flor é a linguagem da paz, o verbo do amor. Nem todos os bichos compreendem isso porque isso alguns caras ilegais bicharam as flores. Mas as flores que jogamos do além não estão bichadas. É paca meus chapas! É paca! Nossa paz não é mais a paz do mundo, mas a paz legal do Cristo. Nosso amor não é mais o amor dos bichos, mas o amor do evangelho que o Cristo ensinou.

 

Paz e amor, bicho!

 

No Limiar do Amanhã: um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão número 109. Terceiro ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.

 

Este programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ. Pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640 KHZ. Pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná 780 KHZ. Todos os domingos esse programa é reprisado pela Rádio Mulher de São Paulo das seis às sete horas da manhã com sugestões especiais para o seu domingo espiritual. Os hippies do espaço e as suas comunicações.

 

André Luiz descreve num dos seus livros uma região hippie do espaço, a chamada Terra da Verdade onde as criaturas espirituais vivem numa espécie de regime anárquico. A lei desse mundo estranho é a vontade de cada qual. Os espíritos que o povoam são de natureza inferior, ainda apegados às ilusões da vida terrena, mas anseiam por algo que não conseguem definir. Essa falta de definição de suas aspirações leva-os a um viver perigoso entregando-se a desejos ilusórios que lhes vedam a senda do progresso. Não obstante, consideram-se no campo da verdade, pois lutam contra os preconceitos, a hipocrisia das situações humanas na Terra. Daí o fato de chamarem essa pobre região, de dolorosas ilusões, de Terra da Verdade. Dessa região têm vindo para a Terra muitos espíritos que pretendem prosseguir aqui na mesma situação.

 

Em algumas sessões espíritas tem havido comunicações de hippies e outras espécies de espíritos dessa categoria. Na maioria são espíritos em sofrimento e perturbação, mas entre eles aparecem alguns elementos já esclarecidos que procuram definir as suas aspirações e dar-lhes uma orientação segura. Os trechos da abertura deste programa foram baseados na manifestação de uma dessas entidades que tem se mostrado cada vez mais espiritualizada e ajudado na doutrinação de seus companheiros. O mais curioso neste fato é a revelação de uma teoria hippie em que estão presentes os ideais mais puros do cristianismo e, portanto, do espiritismo. Em sua linguagem rebarbativa os hippies mais esclarecidos do além nos mostram mais uma vez que não devemos nos assustar com palavras. No íntimo de todas as criaturas de Deus a luz da centelha divina está sempre acesa e pronta a clarear os corações e as consciências. Prestamos nesse programa de hoje a nossa homenagem de irmãos aos hippies do além e da terra ao que eles procuram de curtição do Cristo, uma maneira de se elevarem acima de sua revolta e de todas as incompreensões humanas. E lembramos aos presidentes e diretores de trabalhos mediúnicos a necessidade de não se esquecerem da lição de Kardec sobre a linguagem dos espíritos. Essa linguagem deve ser sempre examinada no seu conteúdo, e não apenas na forma.

 

Mande suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã, Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205 São Paulo. Durante a semana sempre no horário comercial as perguntas podem ser feitas pelos telefones 269-4377 ou 269-6130. E na primeira quarta-feira de maio próximo venha ao nosso auditório, à Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, para fazer suas perguntas ao microfone e ouvir as respostas na hora. O programa de auditório começa às 20h30. A entrada é franca.

 

Carta de um pai ao filho transviado. Por que os hippies são hippies? Por que tantos jovens se entregam aos tóxicos? De quem será a culpa maior de situação atual de grande parte da nossa juventude? A Carta de um pai ao filho transviado enviada recentemente através da mediunidade de Chico Xavier explica um dos motivos principais deste problema. Vejamos como Chico nos conta o episódio. Envio-lhe hoje a mensagem que veio numa ligeira reunião de preces formada com quatro amigos procedentes de cidades distantes. Três deles acompanhavam um rapaz que enveredava nos tóxicos. Com ele completávamos um grupo de cinco pessoas. O jovem de vinte e dois anos de idade pediu para orarmos juntos buscando a força de que se sentia necessitado para esquecer os euforizantes. Depois da prece, o amigo espiritual que lhe fora pai na Terra compareceu em nosso ambiente e escreveu ao filho a carta que vai anexa. O rapaz reconheceu a presença paterna, chorou comovido e levou consigo a mensagem no original. Isso ocorreu em janeiro findo. Agora ele volta com dois dos amigos que o trouxeram ao nosso convívio pessoal. Mostrou-se claramente refeito, corajoso para a vida. E ao declarar-se reconduzido aos estudos que havia abandonado, entregou-me uma cópia da carta paterna por nós psicografada. Os amigos que o seguiam sugeriram-me enviar essa página às suas mãos para a possível publicação com seus estudos no Diário de São Paulo aos domingos. O rapaz aceitou a ideia, solicitando apenas que o nome do genitor seja colocado em iniciais por motivo de respeito filial.

 

Carta de pai.

 

Meu filho,

 

Compreendemos sim. Atiramos-te cedo à luta sem considerar a mentalidade em reformulação. Quantas vezes tua mãe e eu entregamos às mãos mercenárias e quase sempre irresponsáveis quando despontavas do berço à vista dos imperativos de relacionamentos social. Noutras ocasiões assim procedíamos de modo a desfrutarmos sozinhos as horas feriadas que nos surgissem a título de refazimento ou distração. E em regressando à casa nunca te perguntamos pelo que viste e ouviste a fim de estabelecermos contigo um diálogo adequado para que se pacificasse o espírito inquieto à frente da vida. Enviamos-te à escola, no entanto, para te falar a verdade, não expressávamos interesse permanente por teu currículo de lições. E quando nos apresentava certos assuntos colhidos involuntariamente à margem do ensino, frequentemente dávamos de ombros, julgando-te a conversação desviado infantil, afastando-nos sob pretexto de serviço urgente. Largamos-te às impressões alheias, nem sempre as mais construtivas, de maneira a nos encasularmos no ócio doméstico. Quiseste associarmos às tuas companhias e leituras, caminhadas e afetos, mas via de regra recusamos-te o convite com a desculpa de fazer dinheiro ou mobilizar providências para sustentar-te qual se fosses um peso à nossa economia ao invés de abençoada luz do nosso amor. Distanciamo-nos de ti e deixamos-te a sós impensadamente é verdade. Achávamo-nos como que anestesiados pela obsessão de ganho para excessivo conforto, incapazes de te oferecer cobertura nos domínios do coração. A morte, entretanto, apareceu quando nem havíamos começado a pensar convenientemente na vida, a transferirmos de plano e hoje vemos-te em perigo, espiritualmente desprotegido, cansado, desiludido, enredado em desequilíbrio e doença. Somente agora reconhecemos quanto te amamos. Unicamente agora notamos que não teremos futuro sem ti. E porque nada conseguimos realizar de bom sem amor ante a necessidade de nossa reintegração nos interesses e aspirações uns dos outros, abeiramo-nos com humildade do caminho em que segues hoje tão longe de nós para dizer-te simplesmente: considera o nosso engano e perdoa-nos, meu filho.

 

JR.

 

As criaturas que se aturdem com a situação atual do mundo, geralmente não sabem em que ela repercute de maneira profunda no mundo espiritual, neste universo paralelo que nos cerca e com o qual estamos em permanente comunicação. Em nossas reuniões mediúnicas temos recebido a visita de hippies do além, alguns ainda presos a sua desorientação terrena, outros já refeitos, e que se portam como hippies no bom sentido, convertendo ao bem os seus hábitos e as suas expressões. A juventude transviada é o produto da desorientação dos pais, da maldade dos adultos, do egoísmo que corrói o coração das velhas gerações. Por isso a revolta dessa juventude é um desafio à nossa falta de compreensão e a nossa falta de amor. No episódio que hoje divulgamos temos a retratação de um pai que volta ao meio terreno através da mediunidade de Chico Xavier para pedir perdão ao filho que não soube compreender em vida. O resultado como vimos foi satisfatório, pois o coração do filho, sedento de amor, encontrou na mensagem paterna o bálsamo que lhe faltava. Graças a isso conseguiu vencer o seu desespero e reintegrar-se na vida e nos estudos que havia abandonado. Se os pais de hoje pudessem compreender o sentido e o objetivo da vida terrena que a mensagem espírita esclarece, essa fase de transição do nosso mundo seria muito mais suave, muito menos trágica. A civilização do conforto, do gozo, da ganância sem limites apagou o espírito e lançou a criatura humana nas trevas. Achávamos como que anestesiados pela obsessão do ganho para excessivo conforto, observa o pai nas garras do remorso. É essa a situação da maioria das criaturas neste nosso final de ciclo de uma civilização que se devora a si mesma. Mas Deus não se esqueceu dos homens e os leva pelo despertar mediúnico à civilização do espírito reacendendo na carne as luzes espirituais que espancarão finalmente as trevas. Somos bichos segundo a expressão hippie, preferindo a vida animal à vida espiritual. Buscamos sim paz e amor, mas a paz do conforto ilusório e o amor carnal. Entretanto, os espíritos ressuscitam a mensagem do evangelho e provam, como Cristo provou no seu tempo como os dramas da obsessão e da possessão, que o nosso destino é espiritual e não material, que o nosso rumo é a transcendência e não a acomodação às condições animais do corpo. Assim esperamos que essa mensagem de um pai presa das garras do remorso diante do transvio do próprio filho, essa mensagem cale fundo em todos os pais e em todos àqueles que são candidatos a pais, que esperam o nascimento dos seus filhos nesta hora de transição da vida terrena. Somente assim, compreendendo as suas responsabilidades e assumindo junto aos filhos os compromissos verdadeiros que decorrem da paternidade, poderão eles encaminhá-los no rumo da vida futura, no rumo verdadeiro que é o destino imanente do homem, e ao mesmo tempo em que é o destino transcendente porque é aquele que os vai levar às alturas do Céu.

 

Atenção amigo ouvinte este programa será reprisado amanhã das seis às sete horas da manhã pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ com sugestões especiais para o seu domingo espiritual. Não queremos convencer ninguém, não somos pregadores, somos apenas expositores. Queremos a verdade, só a verdade, nada mais que a verdade. E se você provar que está com a verdade, ficaremos com você. Pergunta nº 1: Por que a Criação do Homem

 

Locutor - A ouvinte Regina Santos telefonou e pergunta: por que razão Deus fez o homem e para quê?

 

J. Herculano Pires - A pergunta está absolutamente fora das possibilidades de uma resposta humana. Por que como vamos saber nós os motivos dos atos de Deus? Conhecemos, por acaso, os seus desígnios em profundidade? Somos capazes de penetrar no conhecimento da sua natureza? É evidente que não.

 

É preciso compreender que Deus é o absoluto e que nós somos o relativo. Deus é o infinito, nós somos o finito. Muitas vezes nós não podemos entender os motivos que levam uma criatura humana a praticar um ato diante dos nossos olhos. Muitas vezes não entendemos a razão porque ela disse uma palavra que, por nossa vez, interpretamos mal.

 

Como queremos saber quais os motivos que levaram Deus a criar os homens. Por que ele fez isso?

 

É verdade que os teólogos respondem: “Deus criou por amor”. Mas essa é uma resposta simplesmente evasiva. Ninguém pode saber o motivo real. A verdade é a seguinte: Nós só podemos atingir o conhecimento desses motivos fundamentais das ações de Deus quando através da evolução do espírito houvermos atingido os planos superiores da espiritualidade, que nos permitam compreender a maioria das coisas que absolutamente escapam à nossa compreensão neste momento.

 

Isto se passa nessa própria vida. Nós podemos comparar, por exemplo, as perguntas ansiosas da criança ao pai que não as pode responder. E não as pode responder por quê? Porque a criança ainda não está em condições de entender. O pai sabe, muitas vezes, aquilo que a criança pergunta, mas não lhe pode dar uma resposta precisa. Dá-lhe muitas vezes a resposta vaga como essa dos teólogos. Assim também quando nós formulamos uma pergunta dessa natureza precisamos compreender que a nossa maturidade espiritual está muito aquém da pergunta que formulamos, da possibilidade de compreender o motivo que queremos que os outros nos respondam.

 

Não... Não podemos, ouvintes amigos, responder com segurança perguntas dessa forma, porque elas estão muito além das nossas possibilidades de conhecimento imediato.

 

Download Pergunta nº 2: Destino

 

Locutor - Pergunta ainda a ouvinte Regina Santos: se destino somos nós que fazemos ou já vem traçado por Deus?

 

J. Herculano Pires - O nosso destino, num sentido geral, é o destino da evolução. Todos nós nascemos para evoluir, para desenvolver as nossas potencialidades espirituais. Mas o destino particular de cada um, este destino é feito por cada um. Quando falamos destino geral queremos dizer o destino da humanidade, o destino de todas as criaturas humanas. Mas todas as criaturas, para evoluírem, precisam passar, naturalmente, por experiências pessoais, particulares, específicas, e essas experiências é que vão determinando os nossos destinos em cada existência.

 

Nós passamos pelas existências sucessivas cumprindo nosso destino geral de evolução. Mas em cada uma dessas existências nós preparamos o nosso destino com as nossas ações, com as nossas atitudes, com os nossos pensamentos e sentimentos determinando aquilo por que vamos passar na existência próxima.

 

Download Mande as suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã: Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, durante a semana durante o horário comercial. As perguntas podem ser feitas pelos telefones 269-4377 ou 269-6130. E na primeira quarta-feira de maio, venha ao nosso auditório: Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, para fazer as suas perguntas ao microfone e receber sua resposta na hora. O programa de auditório começa às 20h30. A entrada é franca.

 

Agora é a nossa vez de perguntar, e a pergunta de hoje terá um prêmio maior: os doze volumes da coleção da Revista Espírita de Allan Kardec encadernados e com gravação a ouro para quem acertar em cheio na resposta. Além deste prêmio, todos os demais ouvintes que responderem ganharão um livro. Vamos à pergunta:

 

Quais foram as médiuns que serviram a Kardec para a recepção de “O livro dos espíritos”? Dar os nomes e a idade das médiuns.

 

Perguntas e respostas. Pergunta nº 3: Alma do suicida

 

Locutor - Professor, o ouvinte Agnelo Santos, da Rua Maria Paula telefonou e pergunta: É verdade que a alma ou o espírito de um suicida fica apegada ao corpo mesmo depois deste sepultado, sofrendo terrivelmente como se estivesse sendo asfixiado?

 

J. Herculano Pires - A verdade é que existe o chamado martírio dos suicidas. Porque a pessoa que se suicida comete um crime como se fosse um assassinato. Apenas ao invés de matar outra pessoa ela se mata a si própria. De qualquer maneira, ela está infringindo a lei de Deus. A lei de Deus que permite a existência, a vida das criaturas na Terra para que elas possam evoluir, para que elas possam progredir, desenvolver as suas potencialidades internas.

 

Ora, se Deus estabeleceu essa lei não é justo que ninguém a viole. O indivíduo que mata uma outra pessoa está violando a lei do progresso determinado por Deus para os seres, para as criaturas humanas. Toda criatura tem o direito de evoluir. Tem o direito fundamental, básico, irrevogável de prosseguir na sua evolução espiritual.

 

A outra comete então um atentado não apenas a uma criatura irmã, mas também contra Deus, contra os desígnios de Deus. Assim o suicida, ele corta sua própria vida; ele rompe, portanto, o seu compromisso de servir-se da existência atual aqui na Terra para o seu progresso.

 

Além de fazer isso, ele interrompe o fluxo vital que já estava determinado por Deus segundo o plano natural da sua evolução. Esse fluxo interrompido é como qualquer fluxo que se interrompe e que naturalmente sofre ou produz um choque. O choque que o suicida recebe, cortando o fluxo da sua própria vida, é um retorno violento da sua própria ação sobre ele mesmo.

 

E assim, muitas vezes, o suicida fica realmente preso ao seu próprio cadáver e sente a sua própria decomposição durante o processo em que ele se dissolve na Terra.

 

Mas há outras formas também pelas quais se processa o chamado martírio dos suicidas. A verdade é que o suicídio é um ato, portanto, em que o indivíduo ao invés de se libertar das angústias da vida como ele pretende, pelo contrário, ele vai cair em angústias muito maiores, em sofrimentos piores, envolvendo-se, portanto, numa situação mais dolorosa.

 

Não obstante, é bom lembrar que isso acontece quando o suicídio ocorre friamente. Quando o indivíduo delibera liquidar a sua própria existência. Mas, quando ele, num acesso de demência ou levado a uma situação qualquer onde sua mente se conturbou e ele não tem mais a capacidade de agir com discernimento, então abranda-se o martírio do suicida; ele realmente passa por uma fase diferente em que vai se reequilibrar com mais rapidez.

 

É preciso não esquecer que a justiça de Deus é infalível, mas que também a misericórdia de Deus nunca falta junto das criaturas que, na verdade, não são responsáveis diretas e imediatas pelos atos que praticam.

 

Download Pergunta nº 4: Anticoncepcionais

 

Locutor - Professor, a ouvinte Ivany Gusmão telefonou e pergunta: Quando as mulheres fazem uso do anticoncepcional não estariam contrariando os desígnios de Deus sobre o número de filhos que devem ter nessa encarnação?

 

J. Herculano Pires - Sim. Não há dúvida. Todo empecilho à lei de evolução, segundo diz “O Livro dos Espíritos” é um atentado contra os desígnios de Deus. Deus determina que as mulheres e os homens venham à Terra e que haja o processo de reencarnação através das leis naturais que determinam o nascimento das crianças.

 

Por outro lado, os casais que se unem aqui na Terra já trazem consigo compromissos referentes aos espíritos que vão receber como filhos. Então, todo processo atentatório à realização desses compromissos ou cumprimento desses deveres é um crime perante a lei de Deus.

 

Há, não obstante, certos motivos que podem justificar uma atitude dessas e nesses motivos nós temos que reconhecer que o homem tem o seu direito de ação. É quando se trata, por exemplo, de um caso clínico, difícil, em que a mulher não pode mais ter filhos, em que o nascimento de um filho pode até atentar contra a vida da mulher, contra sua saúde, e assim por diante.

 

Quando os motivos são, portanto, justos e profundos, quando eles realmente decorrem de situações graves que a criatura enfrenta, então pode ser, e geralmente é, o contrário daquilo que nós pensamos: a mulher é, por assim dizer, condenada a não ter mais filhos. Muitas vezes ela age nesse caso contra sua própria vontade. Mas aquelas que somente procuram impedir o nascimento de filhos tendo em vista a sua própria comodidade, os seus próprios interesses pessoais, ela está naturalmente violando uma lei de Deus.

 

Download Pergunta nº 5: Cura pelo passe

 

Locutor - Professor, o ouvinte Eduardo Consentino pergunta: acredito no espiritismo bem como na mediunidade. O que não creio é no poder da cura de certas enfermidades através de passes mediúnicos, a menos que seja enfermidade de origem psicológica. Quero saber se estou errado, e por quê.

 

J. Herculano Pires - Sim está errado. Está errado pelo seguinte: porque o passe não é apenas um gesto que tem consequências psicológicas.

 

O senhor parte do pressuposto, ou seja, o senhor parte da suposição, da ideia de que o passe é apenas uma sugestão. Sendo uma sugestão, ele teria uma ação psicológica, mas na verdade não é assim.

 

O passe espírita, como até mesmo o passe magnético, tem funções orgânicas precisas, ele age sobre o organismo. O passe espírita age de maneira mais profunda, porque ele não é dado apenas por um indivíduo humano que está procurando transferir fluidos vitais do seu corpo para o corpo da pessoa necessitada, mas sim ele está, como médium, a serviço de um espírito que entende melhor do assunto e conhece melhor as profundezas da doença, da situação em que a pessoa se encontra. Então o espírito tem a possibilidade, servindo-se de seus próprios fluidos curadores, e dos fluidos vitais do médium, de transmitir à pessoa doente, verdadeiros impulsos de cura, suscitando por assim dizer as energias do próprio corpo do enfermo para reação necessária contra a doença.

 

As doenças mais difíceis, as doenças físicas mais dolorosas podem ser curadas através de passes.

 

Download Pergunta nº 6: Preconceito da família

 

Locutor - Professor, a ouvinte Sandra Mara Dolcou telefonou e pergunta: sempre fui mal orientada no que diz respeito ao espiritismo. Já frequentei centros de umbanda, mas percebi que não era o que eu pensava. Diante de contras de minha família, passei a frequentar a Federação Espírita, o que me fez muito bem. Sinto que sou a causa dos problemas da minha casa. Parece que quando entro tudo se complica e isso dificulta o diálogo em casa. Faço o possível para ajudar meus familiares ou mesmo as pessoas estranhas. Sinto-me inútil quando não o posso fazer.

 

Com vinte e cinco anos, sou uma moça com problemas, porque sou médium e vivo perturbada em casa e no trabalho do qual estive afastada, pois não consigo concentrar-me.

 

Consigo aliviar minha perturbação quando leio livros recomendados pelo senhor.

 

Professor, ajude-me a encontrar solução para o meu caso! Gostaria de viver em paz, normal como qualquer moça da minha idade. Tenho medo de enfraquecer espiritualmente e tentar um fim para os meus problemas.

 

J. Herculano Pires - A senhora não se sente perturbada e prejudicada, por assim dizer, por ser médium. Não. Isto ocorre porque a senhora tem, naturalmente, os seus próprios problemas.

 

Cada um de nós é um espírito reencarnado, um espírito que já viveu vidas anteriores e que por isso traz para esta vida presente certos débitos, certos compromissos que terão que ser aqui resolvidos e saldados.

 

A senhora traz naturalmente os seus problemas como todos nós. Todos nós que estamos na Terra temos problemas. Não pense a senhora que por ver uma pessoa feliz passar diante da sua janela, muito cheia de alegria, ela é permanentemente feliz. Muitas vezes dali a meia hora ela está envolvida com seus problemas mais graves, chorando e se desesperando. Todos nós trazemos problemas e temos que enfrentá-los.

 

A mediunidade é, pelo contrário, uma possibilidade que se abre diante da senhora para a solução dos seus problemas. Não é a mediunidade que acarreta os problemas; ela é um recurso, ela é um remédio posto por Deus nas suas mãos.

 

O que a senhora precisa fazer, portanto, é tratar de estudar os problemas mediúnicos. A senhora tem de ler com interesse os livros que se referem aos problemas da mediunidade, particularmente “O Livro dos Médiuns”.

 

A senhora tem de se informar do espiritismo, tem de conhecer bem a doutrina espírita, e a sua mediunidade será posta naturalmente não só a seu favor, como a favor de outras criaturas que necessitem de auxílio. Então a senhora não só diminuirá os seus tormentos e as suas aflições como poderá beneficiar outras criaturas, que é a maneira melhor de nos beneficiarmos a nós mesmos.

 

A senhora disse que se sente bem ao ler livros espíritas. Ora então a senhora já tem aí um indício, um indício natural e preciso, bem claro daquilo que a senhora necessita. É ler, ler, estudar livros espíritas e orar.

 

A senhora precisa orar, aprender a orar. Ao se levantar de manhã não se esqueça de fazer a sua prece de agradecimento a Deus pelo fato de a senhora estar viva aqui na Terra, moça, jovem, cheia de oportunidades, com a vida pela frente.

 

A senhora tire da sua mente todas as ideias penosas, pessimistas que acostumou a ter em virtude daquilo que a senhora julga uma situação desastrosa. Afaste isso da sua mente; pense sempre de maneira positiva. Pensar de maneira negativa é atentar contra nós mesmos e é também não levar em conta, não respeitar aquilo que Deus nos concede de bom para nós vivermos uma vida feliz.

 

Todos nós temos de vencer os nossos problemas e ser felizes através da nossa boa disposição, da capacidade de renúncia a todas as tolices e todas as figurações que surgem na nossa mente a respeito de possibilidades irreais. Nós temos de enfrentar as coisas de acordo com as possibilidades reais que temos diante de nós e confiando em Deus.

 

Deus é o poder supremo, é a força superior que nos criou. Que nos pôs no mundo. Que nos deu as potencialidades do espírito que são extraordinárias.

 

Desenvolvendo essas possibilidades a senhora encontra felicidade. E a felicidade real que a espera não é a que se passa aqui na Terra. Aqui nós temos apenas uma felicidade relativa e bem passageira, pois a vida humana é verdadeiramente fugaz. Não se preocupe tanto em virtude de suas dificuldades. Procure vencê-las com coragem, e não se esqueça de que vencendo essas dificuldades, a senhora está se preparando para vidas melhores, cada vez melhores até atingir o plano espiritual em que não terá mais nenhum dos problemas que a perturbam aqui na Terra.

 

Não se esqueça de que a senhora é imortal. Não adianta pensar na possibilidade, mesmo remota, de encontrar um fim, uma solução para os seus problemas pondo fim à vida. É inútil. A vida não se acaba.

 

Nós podemos destruir o corpo. Perder uma grande oportunidade de evolução que Deus nos concedeu, cometer um crime contra nós mesmos e contra Deus, atentar contra nossa família, lançar o luto, a dor, o sofrimento sobre ela. Podemos fazer apenas isso, mas continuaremos vivos do lado de lá, e do lado de lá teremos que enfrentar problemas muito maiores, porque além daqueles que nos atormentavam aqui, nós teremos ainda os problemas referentes ao crime que praticamos contra nós mesmos.

 

Eu a aconselho a procurar frequentar uma sessão espírita num centro bem orientado, bem organizado. Por que a senhora não procura visitar o centro espírita Renovação, à Rua Espírita, 116, travessa da Rua do Lavapés, no Cambuci? Procure este centro numa segunda-feira, ou numa sexta-feira, pois nesses dois dias há sessões públicas lá, o público é atendido. Procure conversar com as pessoas que dirigem a sessão e elas auxiliarão. Ou então a senhora pode se dirigir ao centro Pedro e Anita à Rua Ambrosina de Macedo, 194, em Vila Mariana, aos sábados. Há uma pequena sessão ali, uma reunião que se realiza apenas numa hora: das dezesseis às dezessete horas. A senhora não iria perder tempo de maneira alguma. Mas mesmo que perdesse, de acordo com o conceito errôneo que lhe passasse pela mente, seria apenas uma hora. E nessa hora a senhora pode participar de uma sessão que pode despertar na senhora uma compreensão muito boa para superação dos seus problemas.

 

Vá lá, ou no Centro Renovação que já lhe indiquei, vá num destes dois centros e exponha seus problemas aos diretores de trabalho, aos presidentes das sessões. A senhora receberá o auxílio de que necessita. Mas não se esqueça, também, de ter sempre junto à sua cabeceira “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Leia este livro toda noite, ore de manhã, ore à noite ao deitar-se, e quando se sentir perturbada: ore; peça o auxílio do seu anjo da guarda, do seu espírito guardião, protetor, que irá lhe auxiliar. Peça a benção de Jesus para a sua vida, para o seu caminho atual na existência e afaste de sua mente essas ideias negativas que somente a prejudicarão.

 

Download Pergunta nº 7: Problemas de terceiro grau

 

Locutor - Professor, o ouvinte Jader Frutuoso, do Jardim Guarapiranga telefonou e pergunta: por que certos problemas de terceiro grau ou vícios que certas pessoas têm, nós os espíritas não conseguimos resolver, e os centros de umbanda conseguem resolvê-los? Sou da diretoria da casa do mestre do Jardim Guarapiranga e atendemos com a máxima boa vontade os que nos procuram. Mesmo assim temos encontrado problemas como o citado na pergunta acima.

 

J. Herculano Pires - Não sei o que o senhor quer dizer por problemas de terceiro grau. Há uma certa tentativa de se dar uma esquematização a tudo nesta vida, mas essas esquematizações não têm sentido, são feitas apenas arbitrariamente de maneira artificial. Nós sabemos que os problemas são muitos e não podemos classificá-los em graus, porque o problema que é importante para um, que é fundamental, para outro é um problema sem importância, e assim por diante.

 

Dizer que não podemos resolver certos problemas nos centros espíritas, que são resolvidos nos terreiros de umbanda é também um ledo engano, é uma falta de compreensão mesmo dos problemas espirituais.

 

Os problemas espirituais não são resolvidos como quem põe a mão sobre uma mesa e tira dali uma pedra para jogar fora. Não. A pedra no caso do problema espiritual está pregada à mesa. E para arrancá-la dali não é fácil. Então nos terreiros de umbanda ou outros quaisquer processos que se utilizem por aí para atender e socorrer pessoas necessitadas, eles também não podem fazer esses milagres. Milagres dessa espécie não existem. Nem no campo físico, nem no campo espiritual. Todo problema espiritual é um problema profundo, de raízes profundas que precisa ser tratado com carinho, com cuidado, com amor, com atenção e com fé.

 

Numa sessão espírita mais simples possível, formada apenas de três ou quatro pessoas, os mais graves problemas poderão ser resolvidos se as pessoas ali presentes tiverem fé. Se realmente compreenderem que Deus pode determinar uma solução para os seus problemas. Se confiarem nos espíritos que vêm auxiliar. E se tiverem o conhecimento de que não é através de fórmulas mágicas, de processos estranhos, estrambóticos que se vão resolver os problemas espirituais.

 

O necessário, portanto, não é recorrer à umbanda, à quimbanda, ou coisa semelhante. O necessário é recorrer a Deus. Só ele, Deus, é que pode determinar a solução dos grandes problemas que nos afligirem.

 

Não é no terreiro de umbanda ou no centro espírita, neste ou naquele que certos problemas podem ser resolvidos e outros não. Essa é uma maneira simplória de encarar os problemas da vida humana.

 

Todos os problemas da vida humana são resolvidos por nós. Nós estamos na vida para resolver os nossos problemas. Mas precisamos confiar em Deus e nos espíritos.

 

Nos terreiros de umbanda as manifestações, como sabemos, são, em geral, de espíritos apegados ainda à matéria, à vida material, e que procuram solucionar problemas materiais. Mas, nas sessões espíritas bem dirigidas, bem orientadas, os espíritos que ali se manifestam são criaturas que vêm a serviço de Jesus para trazer-nos a contribuição espiritual referente à solução dos nossos problemas. Não existe essa diferença que o senhor estabelece. Onde houver confiança espiritual, fé em Deus e desejo real de superar seus os problemas, encontraremos sempre uma maneira de vencê-los.

 

Download Atenção, atenção, ouvintes! Agora é a nossa vez de perguntar, e a pergunta de hoje terá um prêmio maior. Os doze volumes da coleção da Revista Espírita, de Allan Kardec, encadernados e com gravação a ouro para quem acertando em cheio a resposta. Além deste prêmio todos os demais ouvintes que responderem ganharão um livro. Vamos à pergunta: Quais foram as médiuns que serviram a Kardec para a recepção do “O Livro dos Espíritos”? Dar os nomes e idade das médiuns.

 

O evangelho do Cristo em espírito e em verdade, não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Abrindo o evangelho ao acaso encontramos em Paulo na segunda carta aos coríntios a seguinte passagem: Pois cuidamos de prover coisas honrosas não só perante o senhor, como também perante os homens. Enviamos com ele um nosso irmão que em muitas coisas temos provado muitas vezes ser zeloso, mas agora muito mais zeloso pela muita confiança que tenho em vós. Se alguém perguntar quanto a Tito, ele é meu companheiro e cooperador para convosco. Quanto aos nossos irmãos são mensageiros das igrejas glória de Cristo. Dai-lhes, portanto, diante das igrejas prova do vosso amor e da vossa glória a vosso respeito.

 

Nessa passagem da segunda epístola de Paulo aos coríntios, pertencente ao capítulo oitavo dos versículos 21 a 24, nós temos uma visão daquilo que se passava no cristianismo primitivo com referência ao trabalho evangélico. As criaturas se aproximavam do Cristo, se aproximavam do evangelho por várias maneiras, por vias diversas, levadas naturalmente pelas circunstâncias de suas próprias vidas, de suas atividades, de suas situações na vida social, de suas ligações com determinadas religiões. De acordo com o ensino de Jesus nós sabemos que todos os caminhos levam a Deus, desde que as pessoas queiram realmente seguir para Deus. Todas as religiões, na verdade, têm a possibilidade de abrir para os homens a senda que leva a Deus. Assim no cristianismo primitivo, nós víamos que não apenas os judeus, mas criaturas pertencentes às religiões pagãs as mais diversas aproximavam-se do cristianismo, aproximavam-se dos apóstolos e dos seus seguidores e procuravam encaminhar-se na nova compreensão da vida e na nova compreensão de Deus que o cristianismo oferecia. Algumas destas criaturas, provindas assim de religiões pagãs, eram consideradas pelos apóstolos de Jesus, quando judeus verdadeiramente dogmáticos, como necessitadas de sofrerem as iniciações judaicas para se transformarem realmente em criaturas dignas da graça cristã. Essa esta era uma interpretação naturalmente sectária e negativa porque na verdade todas as criaturas deviam chegar a Jesus segundo as suas próprias orientações. Jesus nunca exigiu de ninguém que se circuncidasse ou que se submetesse às regras do judaísmo ou de qualquer outra seita para que pudessem se aproximar da verdade cristã. O evangelho era aberto a todos, e todos podiam compreendê-lo. Ninguém melhor do que Paulo entendeu isso desde o princípio. Paulo que recebeu de Jesus o evangelho, de Jesus e não dos apóstolos, como ele mesmo dizia. Ele o recebeu diretamente do Cristo. Paulo compreendeu mais profundamente não só em virtude dessa doação direta, bem como em virtude de sua própria capacidade, da sua mente cultivada, do seu espírito atilado, ele compreendeu mais profundamente a verdade cristã. E por isso ele fazia com que as pessoas que dele se aproximavam seguissem com ele os caminhos do evangelho sem exigir-lhes compromissos penosos. Sabemos que chegou a fazer circuncisão de um discípulo, sabemos que batizou outro, mas que depois ao compreender a profundidade do evangelho e do batismo com o espírito, ele mesmo declarou que não foi enviado para batizar, nem para circuncidar, e sim para pregar o evangelho, pregar a verdade cristã. Nós temos nesse capítulo o seu cuidado com Tito e com outros companheiros que o seguiam, porque ele sabia que estes companheiros podiam ser interpretados mal pelos cristãos judaizantes, como ele mesmo os chamava. Os cristãos judaizantes, ao receberem pessoas que vinham de religiões pagãs, entendiam que antes de mais nada essas pessoas deviam tornar-se judias. Ora, Paulo era contrário a isso. Nós sabemos que ele mesmo declarou numa passagem bastante significativa no livro de Atos; que ele repudiou o próprio Pedro quando Pedro na sua ingenuidade de homem ainda voltado para os problemas das atividades mais pesadas da vida, ele entendeu que era preciso circuncidar todos aqueles que quisessem entrar no judaísmo, que quisessem entrar no cristianismo. Ora, Paulo nos mostra aqui o cuidado que ele tem com seus companheiros enviados às várias igrejas, porque em cada uma dessas igrejas era possível encontrarem eles pessoas dogmáticas, sectárias, apegadas aos princípios judaicos e que não quisessem recebê-los como verdadeiros irmãos. Paulo então advertia que dissessem que eram seguidores dele, auxiliares dele, que trabalhavam com ele na pregação do evangelho. Porque dizendo assim as criaturas mais sectárias certamente ficariam impedidas de exigir absurdos daqueles novos servidores, porque eles vinham recomendados pelo grande apóstolo que havia sido um doutor da lei, que conhecia profundamente as exigências judaicas, e que não obstante, abria mão delas para que todos pudessem se aproximar de Jesus. Hoje no espiritismo, como nós sabemos, encontramos este mesmo problema: recebemos criaturas de toda parte, aquelas que vêm das várias religiões, aquelas que vêm do ateísmo, aquelas que vêm do materialismo, aquelas que vêm do ceticismo. Pessoas que surgem, às vezes, diante de nós sem a possibilidade de compreender imediatamente a realidade da pregação espírita, que é a revivescência do cristianismo na Terra. Não obstante, temos de encará-las como Paulo as encarava. Temos de recebê-los como verdadeiros irmãos e temos que ajudá-las a compreender aquilo que de imediato não podem compreender. É absurdo querer exigir dessas criaturas atitudes padronizadas pelos nossos pensamentos e pelos nossos costumes. É absurdo, mesmo porque no espiritismo não há padronizações de conduta, de comportamento humano. O que há é apenas a confiança de todos aqueles que realmente aceitam a verdade cristã revelada pelo espiritismo nos seus aspectos mais profundos e mais belos. É necessário compreendermos isso para também entendermos muitas vezes a linguagem aparentemente rebarbativa de criaturas que se aproximam do Cristo, que se aproximam de Jesus tentando atingi-lo pelos seus próprios meios e da sua própria maneira. Portanto, este episódio da epístola de Paulo aos coríntios é bastante importante para o encerramento do nosso programa de hoje. E vamos meditar sobre ele.

 

No Limiar do Amanhã é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640 KHZ e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, estado do Paraná, 780 KHZ. A reprise de domingo de manhã é exclusiva da Rádio Mulher de São Paulo. Amigos ouvintes até a próxima semana. Paz e amor.

 

No Limiar do Amanhã: um convite para o futuro.

 


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