Portuguese English Spanish

Proclamação dos espíritas ao povo
Mensagem do I Centenário do Espiritismo

 

Texto divulgado pela USE (União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo), foi redigido por Herculano Pires.

 

Ao iniciar o ano de 1957, que assinala o fim do primeiro século da era espírita e o início  do segundo, os espíritas de São Paulo dirigem ao povo em geral, a todos os seus irmãos de outras religiões, de outras correntes filosóficas e formas diversas de pensar, aos que creem e aos que não creem, aos materialistas, aos ateus, aos  indiferentes, a sua mensagem de fraternidade e de confiança no futuro melhor que aguarda a humanidade.

Essa mensagem é de fraternidade universal, porque os espíritas aceitam o princípio da irmandade de todas as criaturas, sob a paternidade suprema de Deus, seja este entendido como o Ser Absoluto ou como o Centro de Forças que dirige o Universo. Todos os homens são iguais perante o amor de Deus, e as diferenças sectárias, de atitudes mentais, de preconceitos raciais, não são mais do que transitórias, destinadas a serem infalivelmente superadas pela evolução. Essa mensagem é de confiança, porque os espíritas sabem que a Terra e a humanidade que a habita estão evoluindo para uma fase melhor.

O espiritismo, como doutrina, tem uma data de nascimento: apareceu exatamente a 18 de abril de 1857, com o lançamento, em Paris, de O livro dos espíritos, de Allan Kardec. 

Neste ano que se inicia, comemora-se o primeiro centenário desse acontecimento. Ao ser lançado esse livro – obra básica da doutrina – Kardec transmitiu ao mundo a advertência dos espíritos, de que a Terra se encontrava na fase de transição, de ‘mundo de provas e expiações’ para ‘mundo de regeneração’. Todas as agitações e inquietações que temos vivido não são mais do que confirmações desse fato. A Terra vive um momento de crise, como um organismo em fase de transição no seu desenvolvimento. O futuro do mundo não é sombrio, mas luminoso, pois as forças da evolução dirigem o presente, que aparentemente caótico, encerra em si a alvorada de uma nova civilização.

A função do espiritismo é ajudar o mundo a se reformar. Assim como o cristianismo nos primeiros séculos do seu desenvolvimento preparou a Terra para o advento de uma civilização nova, o espiritismo a prepara, atualmente, no mesmo sentido. Anunciado pelo próprio Cristo, como se vê no trecho do Evangelho de João que reproduz a promessa do consolador, do Espírito da Verdade, o espiritismo é o cumprimento dessa promessa. Para isso, reúne em si todas as forças que a evolução humana desenvolveu até hoje na Terra, consubstanciando-as na sua síntese doutrinária de ciência, filosofia e religião.  

No espiritismo, o antagonismo ciência-religião desaparece, porque o mundo futuro terá de ser cientificamente religioso.

Em A Gênese, Kardec explica:

“O espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências. Só podia, portanto, aparecer
depois da elaboração delas, e nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio único das leis da matéria.”

O aparecimento do espiritismo assinalou, portanto, um momento histórico da evolução humana, e a importância desse fato não foi reconhecida, como a importância do
aparecimento do cristianismo não chegou a ser reconhecida senão depois de vários séculos.

Os espíritas de São Paulo, representados pela Comissão Central de Comemorações do I Centenário do Espiritismo, que resulta do esforço comum de todas as organizações doutrinárias da capital e do interior, não podem, pois, deixar passar este momento sem enviar a sua palavra de fraternidade e de confiança no futuro, a toda a população do estado. E apelam aos homens de boa vontade, no sentido de compreenderem as elevadas intenções do movimento espírita, não criando obstáculos, mormente por motivos sectários ou de simples idiossincrasia, à realização de suas obras e à propagação dos seus princípios. Os espíritas não combatem ninguém, pois consideram a todos como irmãos e desejam o bem de todos. Respeitam todas as crenças e convicções, pedindo apenas que lhes deem o mesmo respeito.

Nesta oportunidade, desejam os espíritas de São Paulo chamar a atenção dos homens de responsabilidade política e administrativa dos líderes políticos e dos dirigentes religiosos, de todos os que exerçam uma parcela de poder, na direção da vida pública ou na orientação desta ou daquela coletividade, para o fato inegável de que estamos no limiar de uma nova era. Em momentos como este – a própria história o ensina – as forças evolutivas exigem de todos os líderes o máximo de serenidade e de elevada compreensão dos mais altos ideais humanos, sob pena de sofrerem a ação de energias descontroladas. O espiritismo revela a existência de poderosas energias conscientes, fora do âmbito estreito do mundo físico, que agem sobre este mundo e particularmente sobre os homens, e indica a serenidade e a elevação de pensamento como o único meio de evitar-se o predomínio das energias descontroladas e garantir-se o das equilibradas.

Aos descrentes, aos aflitos, aos desesperados, os espíritas enviam a sua mensagem de fé: tudo passa e tudo se renova. Aos que temem o futuro, a sua afirmação: tudo evolui. 

Aos que se apegam a princípios sectários e estreitos, a sua advertência: “Fora da 
caridade não há salvação”. Aos que semeiam a discórdia e aos que desejam impor-se pela violência e a força, o grande lema escolhido por Kardec para o movimento espírita: “Trabalho, solidariedade, tolerância”. E assim confiantes nos seus princípios doutrinários, que se assentam no Evangelho de Jesus, os espíritas de São Paulo saúdam a todos e a todos conclamam para o segundo século da grande batalha de transformação moral, espiritual e intelectual da humanidade.

Imagem: Selo brasileiro, comemorativo do Primeiro Centenário da Codificação do
Espiritismo, em 1957.

Style Selector

Layout Style

Predefined Colors

Background Image