No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
Chegou a primavera. As névoas do inverno se vão. O mundo renasce em cores e canções. As árvores florescem, voltam as revoadas de pássaros e as asas doiradas das abelhas tremulam de novo sobre a corola das flores. Nos países frios a primavera traz o degelo e o mundo ressuscita da neve, das camadas de gelo que fizeram os homens e os bichos fugirem para os seus esconderijos.
A natureza nos oferece a lição permanente da ressurreição. A vida é uma sucessão de ciclos. Nada morre. Nada se acaba. Tudo vai e volta na morte aparente e na ressurreição permanente. Assim também acontece com os homens que vão e voltam na sucessão das gerações. Os pregoeiros da vida única, os profetas sombrios da morte definitiva querem separar o homem da natureza, torná-lo uma criatura marginal na obra de Deus. Mas Deus nos ensina a todo o momento que nada se acaba. Que tudo se renova.
Deus nos fala pelos signos das coisas. A ressurreição do dia e da noite. Das estações do ano, dos séculos e dos milênios. O ritmo dos vegetais, o ciclo das águas, a rotação da terra e dos astros. Tudo nos lembra a renovação constante da vida que jamais perece. A relva que rompe as calçadas de pedra e a laje dos túmulos é a vida que renasce triunfante negando a morte. A linguagem simbólica de Deus na natureza nos adverte que nada se acaba, tudo se transforma no impulso criador da evolução. Uma estrela se apaga no céu e outra nasce no céu.
A tradição espiritual no seio de todas as grandes religiões proclama em todo mundo a ressurreição do homem após a morte. Ressuscitamos em espírito, como ensina o apóstolo Paulo, graças ao corpo espiritual. E ressuscitamos na carne através da reencarnação. Há duas formas de ressurreição. Morremos na terra para ressuscitar na vida espiritual. Morremos no mundo dos espíritos para nascer no mundo dos homens. Cada nascimento na terra é uma ressurreição da carne.
“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre. Essa é a lei”, proclamou Kardec. Hoje o problema da reencarnação é problema da ciência, de investigação científica nos maiores centros culturais do mundo. Nas universidades americanas e nas universidades russas. No ocidente e no oriente, os cientistas pesquisam a reencarnação.
Você não crê na reencarnação? Não perca tempo. A reencarnação não é mais uma questão de crença. Estude o problema. Pergunte a você mesmo se é lógico, admissível que tudo renasça menos o homem. Por que motivo o homem, a mais alta conquista da evolução em nosso planeta, seria o único ser? A única coisa destinada a perecer quando nada perece?
No limiar do amanhã. Um programa de primavera. Produção do grupo espirita Emmanuel. Transmissão 178, 4º ano.
Apresentação de José Pires e Dulcimar Vieira. Sonoplastia: Antônio Brandão. Técnica de som: Paulo Portela. Direção e Participação do Professor Herculano Pires. Uma hora na busca da verdade.
Gravação dos estúdios da Rádio Mulher em São Paulo Brasil. Todas as semanas neste dia e neste horário. Transmissão da Rádio Mulher 730khz, São Paulo. Da Rádio Morada do Sol 640 kHz, Araraquara. Da Rádio Difusora Platinense 780 kHz, Santo Antônio da Platina, Paraná. Todas as semanas neste dia, neste horário.
Diálogo no Limiar do Amanhã. A verdade sobre a natureza e o destino do homem. A verdade provada pelos fatos e pela pesquisa.
Pergunta 1: Por que o Espiritismo se apresenta como terceira revelação?
Locutor - A ouvinte Maria Inês Fonseca da rua Bueno de Andrade, pergunta. Por que o Espiritismo se apresenta como terceira revelação, se sabemos que houve muito mais de três revelações no mundo? Kardec não sabia disso?
JHP – Kardec sabia. Sabia perfeitamente. Mas acontece o seguinte. As numerosas revelações que ouve no mundo desde a época primitiva, revelações entre os povos primitivos. Podemos mesmo dizer as revelações entre os homens da caverna, porque sabemos que os homens da caverna como crianças que se iniciavam na vida, tiveram os seus preceptores. Aqueles espíritos superiores que cuidaram deles e que os orientaram. Todas essas revelações tem um sentido preparatório, no tocante a uma revelação de importância fundamental para o desenvolvimento da civilização que foi a revelação mosaica. A revelação mosaica, como sabemos, deu origem à Bíblia. A Bíblia dos judeus que é também a Bíblia dos cristãos. Porque o Cristianismo é uma reforma do Judaísmo feita por Jesus, que era Judeu.
Esta revelação era de importância fundamental porque ela estabelecia uma modificação muito profunda nos conceitos sobre Deus, o homem, a vida na terra e o destino do homem. A respeito de Deus, nós podemos acentuar um ponto capital que é o seguinte. Enquanto as revelações ocorridas nas diversas partes do mundo nos davam uma idéia de Deus como distanciado dos homens. Como alguém que houvesse por assim dizer criado o mundo e depois pouco se importasse com ele. A revelação judaica nos mostra um Deus providencial. É aquilo que nos estudos filosóficos se chama providencialismo. O providencialismo judeu modificou por completo o conceito de Deus. Deus não está ausente do mundo, Deus está presente. Deus faz a história. Deus fazendo a historia, sua participação no mundo dos homens é permanente e constante.
Esta primeira modificação é de uma importância decisiva, para dar ao homem uma concepção de Deus mais consentânea com a realidade daquilo que nós chamamos hoje a estrutura unitária do universo. Além disso, a revelação mosaica, ou seja, a revelação vinda através de Moisés, nos deu uma ideia de que Deus havia criado o mundo não servindo-se de materias já existentes, mas produzindo ele mesmo os materiais necessários. É o dogma bíblico da criação a partir do nada. Deus criou o mundo do nada. O nada parece não ter condições para dar elemento algum a Deus para que ele pudesse criar o mundo. Mas o nada bíblico, quando nós o entendemos na sua significação mais profunda é como o Nirvana de Buda que parece ser o nada, a negação de tudo o quanto existe. Quer dizer o nada apenas simbólico. É o nada relativo. O nada em relação ao tudo que nós consideramos na terra. A matéria e todas as consequências da matéria na vida terrena, não existem no plano espiritual superior. Então vem daí a designação do nada.
Além deste ponto que também é de importância fundamental para a compreensão do universo e do processo criador de Deus, temos ainda um outro aspecto na revelação mosaica que é fundamental. Enquanto entre os povos das diversas religiões do mundo não são as mitológicas, de que são exemplos típico e clássico as mitologias grega e romana, mas sim, de todas as religiões da antigüidade. As revelações dessas religiões colocavam o problema de Deus numa situação múltipla. Havia Deuses múltiplos. Deuses para todos os setores da natureza e para todos os aspectos da atividade humana. Alguns desses Deuses sobreviveram até o nosso tempo. Hoje quando nós falamos que Mercúrio é o Deus do comércio, nós estamos voltando nosso pensamento a esses primórdios do desenvolvimento das religiões na terra e assim por diante.
Ora, a revelação mosaica firmou a ideias de Deus único. Nasceu com ela o monoteísmo. Deus é um só. Isto foi de uma importância muito grande para a humanidade. Não só porque mostrou que a humanidade havia atingido um plano de evolução mental em que era capaz de encarar o universo como um processo total e, portanto encará-lo de uma maneira global. Não só provou isto como também trouxe consequências sociais muito importantes. Quando nós nos lembramos de que no passado os povos tinham os seus Deuses particulares. Por exemplo, os egípcios, os babilônios, os gregos, os indianos, todos eles tinham o seu Deus próprio. E os judeus tinham o seu Deus pessoal que era Iavé ou Jeová. Nós vemos então que estes Deuses, representando protetores especiais de cada um desses povos e até mesmo os seus criadores, eles estabeleciam diferenças fundamentais entre as raças, entre os povos. E isto incentivava as guerras. As guerras de conquista, de dominação e escravização dos povos. Os judeus, por exemplo, foram escravizados na Babilônia e foram escravizados no Egito. Os gregos foram escravizados pelos romanos e assim por diante.
Porque quando Júpiter, o Deus dos romanos conseguiu vencer a batalha contra Zeus, o Deus dos gregos, então isto mostrou que o Deus dos romanos era mais poderoso e o povo grego teve de se submeter ao domínio e a escravização do povo romano.
Assim a ideia do Deus único vinha abrir uma nova compreensão entre os homens no sentido de uma maior possibilidade de harmonia entre as nações e entre os povos. Isto não quer dizer que as guerras se acabariam imediatamente. Porque as guerras têm vários motivos e elas continuam até os nossos dias. Mas aquelas guerras absolutas do passado em que o povo dominador tinha todos os direitos sobre o povo dominado, elas mudaram completamente de aspecto. Os povos conquistadores viram-se obrigados a respeitar dali por diante os outros povos, considerando que eles embora subjugados temporariamente pela força, não obstante eram também filhos do mesmo Deus que dera força ao povo conquistador. Então, desta maneira e graças a estas posições especiais da revelação mosaica, ela se tornou uma revelação de importância fundamental para o desenvolvimento da civilização no mundo.
Por outro lado, a revelação mosaica anunciava a vinda do messias, a vinda de Jesus, a vinda do Cristo. E consequentemente esta revelação era também profética. E já determinava uma ligação dela com a revelação próxima que iria surgir com a vinda do Cristo. Foi por isso que Kardec adotou a tese das três revelações fundamentais. Primeiro, a revelação judaica, segundo a revelação cristã e terceiro a revelação espírita. A revelação espirita. A revelação espírita está prometida no evangelho de Jesus. Quando lemos, por exemplo, o capitulo 16 do Evangelho de João, nós ali encontramos a promessa do consolador, do Espirito da Verdade, do paráclito. Que é aquele que virá restabelecer o ensino de Cristo, desfigurado naturalmente no processo histórico e restabelecer a verdade da lição do Cristo sobre o destino do homem na terra. É aquela revelação que vem ao mesmo tempo completar a revelação cristã, a segunda revelação. É por isso então que Kardec chamou o Espiritismo de terceira revelação.
Pergunta 2: Sobre aparelhos para falarmos com os espíritos.
Locutor – Professor, a ouvinte Maria Inês Fonseca continua perguntando. Por que até agora nenhum cientista espírita conseguiu inventar um aparelho para falarmos com os espíritos? A manifestação por meio de médiuns é sempre duvidosa. Não consigo acreditar nessas comunicações, mas confesso que tenho tendência para aceitar a doutrina. Se houvesse uma prova mais concreta, eu seria espírita.
JHP – As comunicações espíritas não se dão apenas através de médiuns e isso desde o tempo de Kardec e muito antes. Muito antes de Kardec, em numerosas seções que já eram feitas no mundo, através de vários sistemas religiosos as manifestações espíritas se verificavam de diversas maneiras. Por exemplo, no cristianismo primitivo eram comuns as manifestações espíritas. Quando nós lemos os evangelhos, os Atos dos Apóstolos e particularmente as epístolas, nós encontramos numerosas referências às manifestações dadas diretamente a várias pessoas, sem que os espíritos comunicantes se servissem de aparelhos mediúnicos. Ao menos aparentemente. De maneira que as comunicações eram dadas de maneira espontânea.
Por exemplo, existe um fenômeno de voz direta. A voz direta não é a voz do médium, não é nada falado pelo médium. Quando numa seção de voz direta nós obtemos a comunicação de um espírito, a voz do espírito vibra no ar independentemente do médium. E tem toda tonalidade e todas as características do espirito que se comunica. Por exemplo, o escritor inglês Dennis Bradley observando nos Estados Unidos uma seção espirita, recebeu inesperadamente pela voz direta, uma comunicação de uma sua irmã que havia falecido há tempos. Ora, a comunicação dessa irmã não precisava de esclarecimento de quem se tratava, porque a própria voz da pessoa já era reconhecida por aquele que a ouvia. Aquela pessoa que como Dennis Bradley, ali estava presente.
Assim, a comunicação por voz direta é um processo que embora se servindo do médium, independe dele. O médium nesse caso fornece apenas os elementos materiais necessários para a reprodução da voz do espírito no plano material. Esses elementos se constituem como sabemos daquilo que Charles Richet, o grande fisiologista do século passado, fins do século passado e primeiras décadas do nosso século, pois ele morreu em 1935. Em 1935 morreu Charles Richet. Charles Richet teve a oportunidade de fazer várias experiências com médiuns de voz direta e verificar a realidade das manifestações nesse sentido. Ora, ele chamou os elementos de que os espíritos se servem para materializações, para voz direta e para movimentação de objetos, ele chamou estes elementos de um nome genérico de ectoplasma. Por que ectoplasma? Porque é alguma coisa que sai do médium, que é emitido pelo corpo do médium e que vai plasmar fora do médium. Ecto fora, plasma forma. Via plasmar fora do médium alguma forma. No caso da voz direta, segundo explicam os espíritos e os pesquisadores científicos do assunto, estes elementos que saem do médium constituindo o ectoplasma, fornecem o material necessário para a formação pelo espírito no plano material de um organismo vocal através do qual ele emite a sua voz. E a voz do espírito, uma vez em que o aparelho material vocal foi construído de acordo com a sua própria consciência, com a sua mente, sobre o seu influxo, corresponde exatamente ao aparelho que ele possuía aqui na terra quando vivo. Daí o fato de a voz do espírito ser perfeitamente reconhecível.
Além disto, existe outro fenômeno muito curioso, que é o fenômeno de escrita direta. A escrita direta não é feita pela mão do médium, não é psicografia. É uma escrita produzida diretamente pelo espírito. Por exemplo, quando nós lemos na Bíblia a história muito curiosa e muito bonita do Festim de Baltazar, nós vemos que na parede da sala em que se realizava o banquete do festim. Na sala da parede apareceu subitamente uma inscrição: “Manes dexter fales”. Esta inscrição profética que ali apareceu foi gravada por um espírito diretamente na parede. Ora, estas gravações foram submetidas a processos de pesquisa experimental científica. Elas ocorrem, elas se dão em todo lugar onde exista um médium capaz de fornecer os elementos necessários ou vários médiuns reunidos que possam fornecer esses elementos.
Tornaram-se célebres as pesquisas por exemplo do professor Frederick Zöllner, na Universidade de Leipzig, na Alemanha. Nessas pesquisas, Zöllner trabalhava com lousas, essas lousas escolares. Pegava duas lousas e juntava-as face a face. E lacrava as lousas ao redor, de maneira que nada podia ser introduzido dentro da lousa. Colocava a lousa sobre a mesa ou dentro de uma gaveta e fazia-se a seção. Os espíritos escreviam a giz dentro da lousa o recado que queriam dar. Certa vez aconteceu numa uma experiência muito curiosa em que um cientista amigo de Zöllner, um cientista da própria universidade de Leipzig, pediu a ele que obtivesse uma mensagem que ele desejava receber dos espíritos, porque ele não acreditava nessa possibilidade. Zöllner colocou as lousas fechadas, lacradas e lacradas pelo próprio cientista sobre a mesa. Ao abrir a lousa, não havia nada escrito na lousa, mas dentro das lousas, havia um papel e o recado estava escrito a tinta.
Assim, como nós vemos, os espíritos podem gravar. Podem gravar a sua escrita diretamente sem necessidade de usar a mão do médium. Mais recentemente, agora na atualidade como nós sabemos, está em desenvolvimento um novo processo, que na verdade é novo apenas na aparência. É novo apenas por se servir de técnicas modernas, mas é o mesmo processo da gravação direta. A gravação em fitas magnéticas da voz dos espíritos. Os espíritos gravam a sua voze em fitas magnéticas de gravadores comuns. Ainda agora está aí o livro que a Edicel está anunciando. Um livro traduzido do inglês, porque foi um trabalho publicado na Inglaterra recentemente por um dos pesquisadores ingleses deste assunto: Os Espíritos Comunicam-se por Gravadores. Mas antes deste já saiu um outro livro muito curioso do descobridor deste processo que foi Jüergenson. Este livro se chama Telefone para o Além. É distribuído por uma editora do Rio. Essas formas de manifestação não independem do médium num sentido absoluto. Porque sempre é necessário que exista o instrumento material, humano, vivo, que pode fornecer os elementos vitais para os espíritos para que eles possam comunicar-se no plano material. Mas independem do médium no sentido de que as mensagens não são dadas através do médium e sim diretamente pelos espíritos.
Portanto aquilo que a senhora deseja, que seria um processo de manifestação direta, já existe. Basta que a senhora leia os livros da codificação, particularmente O Livro dos Médiuns onde a senhora já encontrará descrições desta natureza. Na Revista Espírita de Kardec, cuja coleção existe em tradução portuguesa, ou melhor, de língua portuguesa, mas tradução brasileira aqui em São Paulo. A senhora encontrará mesmo uma experiência muito bonita de Kardec feita com o editor parisiense Didier. Esta experiência foi a gravação em papel de letras de impressão, letras impressas, como se por acaso houvesse no ambiente uma máquina tipográfica. A gravação tipográfica é tão perfeita, mas a gravação é feita na forma de um recado para Kardec. A gravação era de forma tão perfeita que se podia ver, sentir, passando a mão por baixo do papel, o rebaixo do tipo na impressão. Quando a máquina de impressão se fecha para imprimir no papel, os tipos apertam o papel e formam então um rebaixo. Este rebaixo era possível sentir-se na gravação feita por Kardec. Feita pelos espíritos na presença de Kardec e do senhor Didier. Assim, a senhora lendo as obras espíritas, encontrará a explicação e a descrição destes fenômenos. E estes fenômenos podem ser obtidos por qualquer pessoa que realmente se dedique a pesquisa do assunto.
Pergunta 3: Sobre as psicografias de Chico Xavier
Locutor – Professor, praticamente o senhor já respodeu a esta terceira pergunta que a ouvinte Maria Inês Fonseca faz. O senhor acredita mesmo que os livros escritos por Chico Xavier vem dos espíritos? Se é ele quem escreve, que certeza podemos ter? Por que os espíritos não escrevem diretamente esses livros?
JHP - Já vimos realmente que é possível escrever diretamente. E muitas vezes têm sido escritas páginas inteiras pelos espíritos assim através da escrita direta. Mas acontece que os processos de comunicação são vários. E um processo de psicografia através de um médium de grande sensibilidade como é Chico Xavier, esse processo facilita muito a transmissão de mensagens mais extensas. Por exemplo, um livro, um romance, como os romances de Chico Xavier: Há dois mil anos, 50 anos depois, Ave Cristo!, Paulo e Estevão. São romances que demandam muito tempo para serem escritos. Fazer este processo, em escrita direta, deve ser penoso para os espíritos. Então eles preferem servir-se de um médium que tenha grande sensibilidade como Chico Xavier a tem. E através desse médium eles escrevem com muito mais facilidade e rapidez.
Alias é preciso saber o seguinte, muita gente não sabe disto. Quando Chico Xavier recebe um destes romances, ele não está apenas escrevendo, ele está vendo as cenas que se passam. Os espíritos lhe dão pela vidência, a, por assim dizer a cinematografia, o filme daquele romance que está sendo escrito. Chico vê as cenas e vai escrevendo de acordo com o que os espíritos escrevem através de sua mão. Chico não ouve os espíritos falando com ele neste momento. Ele apenas escreve mecanicamente. A sua mão, por assim dizer, fica entregue ao espírito. O espirito a utiliza e escreve com espantosa rapidez, páginas e mais páginas. Então é por esse motivo certamente, por ser um processo mais eficiente e mais rápido que eles preferem escrever através de um médium.
Pergunta 4: A cura por meio de passes não é só uma sugestão?
Locutor – Pergunta ainda da ouvinte Maria Inês Fonseca. A cura espírita por meio de passes não é só uma sugestão? Por que o médium precisa esfregar as mãos nas pessoas doentes para curá-las? Os santos não curam por meio de preces?
JHP – Sim. Todos nós podemos curar-nos por meio de preces. A prece é uma vibração. A nossa vibração se dirige ao mundo espiritual e estabelece uma comunicação entre nós e os espíritos que podem atender-nos. A prece é, portanto uma maneira de falarmos com o mundo espiritual. Isto ficou claramente explicado agora com as investigações da parapsicologia. Investigando o problema da transmissão do pensamento à distância entre pessoas vivas, os parapsicólogos atuais confirmaram aquilo que o Espiritismo vem dizendo há mais de um século. Que quando nós oramos, emitimos pensamentos que podem atravessar as maiores distâncias e comunicar-se com espíritos que estejam mesmo nos planos mais elevados da criação. Muita gente diz assim: "eu não acredito na prece porque... como Deus vai me ouvir? Deus é um poder superior muito mais elevado do que qualquer um de nós. Está numa posição que nós não podemos nem imaginar. Não sabemos a que distância ele se encontra de nós. Não adianta orar, porque nossa prece não vai atingir Deus.”
Em primeiro lugar é preciso saber que Deus não é uma pessoa como nós. Deus é uma inteligência suprema, criadora. E esta inteligência é absoluta. Não é uma inteligência relativa como a nossa. Sendo uma inteligência absoluta, nós nem mesmo podemos defini-la ou descrevê-la. É praticamente impossível explicarmos o que seja Deus. A não ser por esta explicação que é a única que o Espiritismo admite. Deus é a inteligência suprema do universo, causa primária de todas as coisas. Dessa inteligência suprema, decorrem todas as criações do universo. Assim, portanto, pode parecer absurdo que falemos com Deus. Mas Deus não está apenas na distância. Deus está também presente em nós. Deus está em nosso coração, Deus está em nossa mente. Porque ele é onipresente, ele está em toda parte. E está em toda parte por quê? Porque sendo o absoluto, tudo quanto existe está dentro dele. Tudo quanto existe está ligado a Deus, está em Deus. É por isso que o apóstolo Paulo dizia numa das suas epístolas: nós vivemos e nos movemos em Deus. Então quando falamos a Deus, nós falamos a Deus dentro de nós mesmos. No nosso coração, na nossa inteligência, na nossa consciência. E Deus nos ouve e Deus nos pode responder.
Assim, a prece é um poder maior do que nós poderíamos supor. Quando estudamos o problema da prece à luz do Espiritismo, nós vemos que ela representa uma das forças mais poderosas de que o homem pode dispor na terra. É claro que a prece vale muito pela maneira por que é feita. Não a forma, mas a maneira. A maneira tem de ser espontânea, tem de ser real. Nós temos de sentir aquilo que estamos pedindo e temos que ter fé. Acreditar realmente que estamos nos dirigindo a um ser superior que pode nos atender. Esta crença e esta confiança são importantes porque estabelece a ligação necessária entre nós e aquelas entidades espirituais a que nos dirigimos.
Assim a prece pode realmente produzir curas. Quantas pessoas já se curaram através apenas de uma prece. Eu mesmo tenho vários exemplos que poderia citar, mas não é o caso neste momento. Ainda citarei aqui neste programa, há muitas curas feitas assim. Agora quanto ao médium dar passes, os passes são simplesmente a transmissão de fluídos, de vibrações, portanto, de correntes energéticas de um indivíduo são para um indivíduo doente. Existe o passe magnético, o hipnótico e o passe espirita. O passe espírita é diferente do passe hipnótico propriamente dito. Porque é um passe em que o médium serve de instrumento para os espíritos.
Pergunte o que quiser que sempre responderemos. Mande suas perguntas para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta 205, São Paulo, Programa No Limiar do Amanhã.
Diálogo no limiar do amanhã. Não Busque a crença, busque a verdade.
Pergunta 5: Indicação do livro “O Principiante Espírita”
Locutor – A nossa ouvinte Maria Inês Fonseca continua perguntando. Desta vez ela quer apenas o seguinte, Professor. O senhor poderia me indicar um livro que me desse uma visão geral do Espiritismo, sem muita complicação?
JHP – Sim. A senhora pode ler O Principiante Espírita de Alan Kardec. É um pequeno livro de fácil leitura e que a porá naturalemente logo a par de toda a estrutura da doutrina. O Principiante Espírita ou então O que é o Espiritismo, também de Alan Kardec. Ou ainda Iniciação Espírita de Alan Kardec.
Pergunta 6: Por que os Espíritos não podem evitar a meningite na Federação?
Locutor – O ouvinte Laudelino Machado de Vila Diva, pergunta. A Federação esteve fechada por causa do surto de meningite. Essa é boa. Os espíritos que curam tudo, não poderiam evitar a meningite na Federação?
JHP – Não se trata de evitar a meningite na Federação. A Federação Espírita do Estado de São Paulo é um centro de grande aglomeração popular. O prédio da Federação não tem ventilação suficiente. É um prédio antigo. A Federação está construindo seu novo prédio, mas ainda não está funcionando senão em parte. Apenas uma parte do novo prédio pode ser utilizada atualmente. Assim, as autoridades sanitárias naturalmente no seu pedido para que se suprimissem as reuniões que se tornassem perigosas, teriam de ser atendidas pela Federação. Principalmente porque a Federação tem como seu presidente, um médico. E naturalmente este médico levou também em consideração a sua responsabilidade no problema. Não só a sua pessoal, mas de toda a diretoria da Federação. As aglomerações que ali se fazem são principalmente de pessoas necessitadas, pessoas doentes. A grande afluência dos bairros pobres da Capital, que chegam a formar filas enormes na rua Maria Paula, na entrada da Federação. Ora, seria abusivo, seria até uma espécie de desrespeito às medidas tomadas pelas autoridades, continuar-se a receber aquela infinidade de pessoas na Federação numa aglomeração perigosa.
Quanto aos espíritos curarem, eles curam realmente. Mas os espíritos não podem fazer por nós aquilo que nós devemos fazer. A cura dos espíritos é praticada geralmente num caso ou noutro quando necessária. Quando é preciso se dar um socorro que às vezes a ciência terrena não tem, não pode atender a pessoa doente. Assim, o problema da cura espírita não é como se pensa uma cura generalizada, que os espíritos podem a todo o momento estar curando todo mundo. Não. Por outro lado, há doenças e há mesmo epidemias que decorrem de processos cármicos. Quer dizer, de relações de existências anteriores de pessoas que se encontram presentes agora aqui na nossa vida atual. E nesses casos os espíritos não podem intervir. Esses processos cármicos, que são por assim dizer condicionamentos provindos de ações e de atitudes das pessoas em vidas anteriores, acarretando provas pelas quais elas têm de passar, repetem-se na vida atual, às vezes de maneira bastante intensa. Cabe a nós, criaturas humanas, tomar providências aqui na terra no tocante às condições que podem ou não favorecer a transmissão de doenças ou a eclosão de epidemias. Nesse caso, a medida da Federação foi uma medida necessária e tomada de muito bom senso.
Pergunta 7: Por que o Chico não cura a si mesmo?
Locutor – Prossegue Laudelino Machado com as suas perguntas. Um amigo espírita me contou que Chico Xavier foi operado num hospital de São Paulo há alguns meses. Contou também que Chico Xavier sofre de glaucoma e trata da doença com médicos. O gozado é saber que Chico dá receitas para muitos que o procuram. Como o senhor explica essa contradição?
JHP – Não há contradição nenhuma. Os médicos também dão receitas e também sofrem doenças. Eles também curam os outros e às vezes não podem curar-se a si mesmos. No tocante aos espíritos, o que acontece é isso que já expliquei. Há problemas cármicos. Chico por exemplo, Chico Xavier é um médium de grande sensibilidade e recebe inclusive receitas de médicos espirituais para pessoas terrenas. Não é esta a sua atividade principal na mediunidade, ele é principalmente psicógrafo. Mas como médium, ele pode também servir para receituário. Entretanto Chico não podia curar-se a si mesmo. E é um caso curioso que acontece com numerosas criaturas no mundo, não só médicos, médiuns, como também pessoas às vezes das mais altas posições nas mais diferentes religiões do mundo. Elas podem através de uma bênção, curar pessoas. E, entretanto não podem curar-se a si mesmas. Por que não o podem? Porque as doenças que elas estão sofrendo, são provas. Provas pelas quais elas têm de passar aqui na vida. Então elas não podem curar-se. O Chico sofre de glaucoma. Pois bem, é possível que o Chico em um passe, possa curar o glaucoma de uma outra pessoa. Mas não pode curar o glaucoma dele. Por quê? Porque trata-se de uma prova pela qual Chico está passando nesta vida. Prova que certamente foi escolhida por ele mesmo, pelo seu espirito. Escolhida no sentido de decorrer de suas atitudes em vidas anteriores. Nós todos estamos sujeitos a estas doenças cármicas.
Por exemplo, o médium José Arigó foi realmente um dos maiores médiuns de cura que já passaram pelo mundo. Um médium de extraordinária capacidade curadora. Não apenas como operador, como cirurgião, praticando a cirurgia paranormal, mas também como um médium capaz de curar uma pessoa através de um passe. Na verdade não era ele quem curava, eram os espíritos e particularmente o espírito do Dr. Fritz. Entretanto, Arigó sofria do coração. Os cientistas norte-americanos que aí estiveram, chegaram a verificar um fenômeno curioso nas pesquisas sobre Arigó. Enquanto Arigó estava submetendo-se ao exame deles, revelava-se um cardíaco em estado perigoso. Mas quando Arigó incorporava o Dr. Fritz, quer dizer, quando ele recebia o Dr. Fritz para receitar, os exames médicos através de toda aparelhagem rica e minuciosa que os americanos trouxeram ao Brasil, não acusavam nenhuma deficiência cardíaca em Arigó. Porque ele estava sob a influência do Dr. Fritz que supria suas deficiências cardíacas naquele instante. Então isto mostra muito bem que o Dr. Fritz se quisesse poderia curar Arigó. Mas ele não poderia curá-lo porque Arigó trazia aquela doença como uma espécie de prova a que ele teria de se submeter nessa vida, como realmente se submeteu.
Pergunta 8: Se um espírito materializado aparecer no meu quarto à noite, viro espírita!
Locutor - Laudelino Machado continua, Professor. Ele diz o seguinte. Gostaria que o senhor mandasse um espírito materializado aparecer no meu quarto à noite. Se isso acontecer eu viro espírita. Que tal?
JHP – Seria muito interessante se o senhor visse um espírito materializado, mas não precisaria virar espírita por isso. Eu gostaria de explicar ao senhor o seguinte. Nós os espíritas não temos nenhum interesse em que o senhor vire espírita e que ninguém vire espírita. Nós divulgamos a doutrina espírita por uma questão de consciência, um dever moral. A doutrina espírita traz grande consolação para as pessoas. Além disso, a doutrina espírita esclarece as pessoas a respeito da vida humana na terra, dos deveres do homem. Daquilo que as pessoas podem fazer para viver melhor, não somente aqui neste mundo, mas também no mundo espiritual. Assim é nosso dever divulgar a doutrina, levá-la ao conhecimento daquelas pessoas que desejam conhecê-la. E é por isso que nós fazemos divulgação. Mas não é com a intenção de fazer prosélitos. As religiões proselitistas, são religiões organizadas em forma de igreja. Elas precisam de adeptos. Além disso, elas têm um dogma, que é o dogma da salvação. De acordo com este dogma, as pessoas só se salvam através daquela determinada igreja. Então elas precisam fazer proselitismo, procurar converter as outras pessoas a ela. Porque se é ela o único meio, o único caminho de salvação, é necessário que os seus adeptos compreendam isto e trabalhem para trazer as outras pessoas àquele caminho de salvação.
No Espiritismo a salvação existe para todos. Nós não consideramos ninguém excluído da salvação. A salvação para o Espiritismo se processa através da evolução. O espírito se salva da ignorância, do erro, do egoísmo, da maldade, evoluindo. Não há perdição no inferno. O inferno é uma alegoria, não existe. Há perdição na ignorância, na miséria, na situação inferior da criatura. Não é uma perdição total. É apenas uma perdição no sentido passageiro. Enquanto a pessoa permanecer naquele estado, ela está perdida, por assim dizer. Ela está num plano inferior e está sofrendo. Mesmo que ela às vezes pense que está muito bem, na verdade ela está sofrendo. O seu espírito sofre uma tremenda pressão naquele estado inferior em que se encontra. Então o Espiritismo não procura fazer com que essas pessoas venham a se tornar espíritas para poderem se salvar, porque todos se salvam. Sejam materialistas, sejam espíritas, sejam católicos, sejam protestantes ou não tenham religião alguma e nem posição filosófica nenhuma, não importa. A evolução é um processo contínuo. Ela se desenvolve no tempo, incessantemente. E todos nós evoluímos, queiramos ou não queiramos.
Como dizia um poeta checoslovaco, Rainer Maria Rilke. Ele dizia assim, nós amadurecemos, mesmo que não queiramos. Todos nós amadurecemos na vida presente e amadurecemos nas vidas futuras através das reencarnações. O processo de amadurecimento do homem, do espirito, é o processo de desenvolvimento de suas potências interiores, de seus poderes espirituais. Com o desenvolvimento destes poderes ele vai superando a ignorância, a maldade, o egoísmo. Ele vai se tornando capaz de viver uma vida mais ampla e mais bela. Esta é a única salvação que o Espiritismo admite. E justamente por isso que ele não faz questão de proselitismo. No Espiritismo não existe igreja, não existe clero. Existem apenas agrupamentos de pessoas que constituem grupos espíritas ou centros espíritas ou sociedades espíritas de vários tipos. Mas essas sociedades são sociedades civis devidamente registradas em cartórios. A filiação, por exemplo, a uma federação não é nunca obrigatória. Filia-se o centro que quer se beneficiar dos favores que a federação pode dar aos diversos centros filiados. É esse centro que se filia, não há obrigatoriedade de filiação. Cada instituição espírita, cada sociedade espírita, é autônoma. Vive por si mesma e deve reger-se por si mesma. Assim no Espiritismo não há esse interesse de proselitismo.
Eu não posso mandar um espírito materializar-se no seu quarto. Primeiro porque eu não sou feiticeiro, eu não sou mágico. Quem manda nos espíritos são os mágicos. É uma suposição, é claro, eles não mandam coisa nenhuma, mas a magia parte deste princípio. O feiticeiro usa certos instrumentos, certas coisas, faz certas misturas e julga que com aquilo submete os espíritos ao seu domínio. Então eles podem mandar o espírito para cá, para lá. Num um terreiro, por exemplo, faz-se um despacho. Manda-se um espírito inferior atacar uma pessoa. Isto é um ato de magia. No Espiritismo não existe magia. Nós sabemos que os espíritos são livres. São criaturas humanas como nós e mais livres do que nós, porque eles já não pertencem mais ao mundo terreno. Não dispõem de um corpo material que os iniba, que perturbe as suas atividades. Desta maneira, o espírito assim liberto, é mais livre do que nós. Não é porque nós o chamamos, nós o evocamos, que ele vai se submeter a nós. Nós não temos poder nenhum para submeter um espírito à nossa vontade. Consequentemente eu não posso fazer este ato de magia que seria mandar um espírito materializar-se no seu quarto. Mas pode acontecer que o senhor tenha mediunidade suficiente para ver um espírito diante do senhor de repente. Eu peço a Deus que isto aconteça a qualquer momento, não para torná-lo um espírita, mas para o senhor ter uma experiência que seria muito interessante.
Pergunta 9: Como provar que os espíritos existem?
Locutor – O ouvinte Joaquim de Souza Reis da Rua Botucatu, na Vila Mariana, quer saber o seguinte. Como podem os espíritos viverem no nosso mundo, estar ao nosso lado, virar nosso encosto, se não os vemos nem os sentimos? Como o Espiritismo pode provar uma coisa que não se vê, nem se toca?
JHP - Seria o caso de perguntar-se como podem viver as bactérias, os vírus. Todos os micróbios que nos causam infeções, que nos produzem doenças graves. Como podem viver ao nosso lado? Viver em nosso meio? Viver mesmo em nosso corpo sem que nós o percebamos? E, no entanto eles estão aí. Como podem, por exemplo, as ondas radiofônicas estarem constantemente passando ao nosso redor? Numerosas estações emitindo estas ondas e elas fluindo ao nosso redor, sem que nós as percebamos, sem que nós a ouçamos? Como pode acontecer isto? No entanto os aparelhos de rádio nos mostram que as ondas estão aí, basta ligar o rádio e capta imediatamente a estação. Então nós vemos que o problema dos espíritos, o problema de eles serem invisíveis, não quer dizer absolutamente que eles não possam ser captados. Eles podem ser captados pela nossa mente, pelo nosso espírito, porque nós também somos espíritos. Então quando nós vemos uma pessoa que tem vidência, que vê os espíritos. Ou que tem a mediunidade de incorporação que pode receber um espírito, ou que tem a mediunidade sensível que pode perceber os espíritos. Nós estamos vendo pessoas que desenvolveram certos graus de percepção que nós todos possuímos, mas que nem todos desenvolvem. E estes graus de percepção nos permite enxergar, sentir, perceber além dos limites do nosso sensório.
O senhor deve saber que existe hoje uma ciência chamada Parapsicologia que trata especialmente da percepção extrasensorial. Quer dizer a percepção que não depende dos sentidos orgânicos, dos sentidos físicos. Ver sem ser pelos olhos, ouvir sem ser pelos ouvidos, captar sem ser através do tacto, através das sensações. Nós podemos sentir e perceber tudo isto e isto hoje está provado cientificamente e provado em abundância. De maneira que trata-se do seguinte. O senhor deve compreender que nós somos muito limitados na nossa capacidade de perceber. Não sei se já lhe falaram que o cachorro, o cão tem uma audição muito mais aguda do que a nossa. Por exemplo, nas forças armadas dos vários países do mundo usa-se um apito que a gente não ouve, para lidar com os cães nos problemas policiais e nos problemas de guerra. O cão está há distância, há longa distância de nós. O indivíduo que vai lidar com o cão, põe aquele apito na boca e o assopra. Nós não ouvimos nada. Nós que estamos ao seu lado só ouvimos o seu assopro. No entanto, aquele assopro, por leve que seja produziu um sibilo que o nosso ouvido não capta. Mas o cão levanta as orelhas lá adiante e atende o chamado.
Ora, assim como os animais tem percepções às vezes muito mais agudas que nós, os instrumentos de que podemos nos servir, os instrumentos materiais, como o rádio e outros instrumentos, são capazes de captar coisas que nós não podemos captar pelos nossos sentidos, nossos sentidos são muito reduzidos. Assim existe ao nosso redor uma intensidade de vida que nós não percebemos, que não está adaptada a nossa organização sensorial. Nós não podemos captar esta vida, mas esta vida existe ao nosso lado. Esta vida é a vida dos espíritos. Os espíritos vivem realmente no nosso próprio mundo, ao nosso lado, ao nosso redor e podem influenciar-nos. E tanto assim é que como nós sabemos, os espíritos estão aí fazendo gravações em gravadores, comunicando-se através de médiuns, pela voz direta, materializando-se, aparecendo nos chamado fenômenos de aparição e assim por diante. É preciso compreender que nós não somos absolutos na nossa percepção. O universo é muito mais rico. A vida ao nosso redor é muito mais complexa do que nós pensamos. Nós temos apenas uma parcela mínima daquilo que se passa, uma parcela reduzidíssima daquilo que se passa ao nosso redor. Na verdade estamos dentro de um oceano. Um verdadeiro oceano complexo de vibrações, de irradiações, de sons, de vida. E tudo isto escapa aos nossos sentidos. Não há nada de mistério nisto, é uma realidade científica hoje mais do que suficientemente provada.
Pergunta 10: Quero virar espírita!
Locutor – Joaquim de Souza Reis, continua. Ele diz o seguinte. Não sou contra o Espiritismo, mas não acredito nele. Prove-me a existência dos espíritos e eu ficarei espírita.
JHP – Ah, o senhor também quer ficar espírita, isso é um problema particular seu, inteiramente seu. Se o senhor quiser ficar espírita, o senhor não precisa primeiro ver espíritos, o senhor precisa primeiro estudar a doutrina espírita. Porque Espiritismo é sobretudo uma doutrina. Esta doutrina é baseada em fenômenos. Foram as pesquisas dos fenômenos espíritas que deram origem a doutrina. Toda ciência nasce de uma investigação, de uma pesquisa. Quando pesquisamos por exemplo os fenômenos da vida, da manifestação da vida na terra, desde o reino vegetal até o reino hominal. Quando nós pesquisamos isto, estamos fazendo pesquisa sobre fenômenos vitais. E destes fenômenos vitais nasce uma ciência que é a Biologia. E assim por diante em todos os campos do conhecimento. As ciências de que nós dispomos, surgem das pesquisas dos fenômenos. Ora, as pesquisas dos fenômenos espíritas deram origem no mundo à Doutrina Espírita e à Ciência Espírita em particular. Da Ciência Espirita, nasceu a Filosofia Espírita e da Filosofia Espírita, como consequência o aspecto religioso do Espiritismo. Então é preciso compreender isso. O senhor para ser espírita, precisa primeiro estudar a doutrina espírita.
Pergunte o que quiser que sempre responderemos. Se a resposta não lhe agradar, volte a perguntar, entre no diálogo. Mande suas perguntas para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta 205, São Paulo, Programa No Limiar do Amanhã. Ouça a resposta nos próximos programas.
O evangelho de Jesus em Espírito e Verdade.
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Aberto o Evangelho ao acaso, encontramos o seguinte: João 2, 2-11.
“Ao terceiro dia depois disto, houve um casamento em Canaã, na Galileia. E achava-se ali a mãe de Jesus e foi também Jesus convidado ao casamento com os seus discípulos. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: eles não tem mais vinho. Respondeu-lhe Jesus: que tenho eu contigo, mulher? Ainda não é chegada a minha hora. Disse sua mãe aos serventes: fazei o que ele vos mandar. Ora, ali estavam colocadas seis talhas de pedra que os judeus usavam para as purificações e levavam cada uma 2 ou 3 metretas. Disse-lhes Jesus: enchei de água as talhas. Encheram-nas até acima. Então lhes disse: tirai agora e levai ao presidente da mesa. Eles o fizeram. Quando o presidente da mesa provou a água tornada em vinho, não sabendo donde era, mas o sabiam os serventes que haviam tirado a água, chamou ao noivo e disse-lhe: todo homem põe primeiro o bom vinho. E quando os convidados tenham bebido bastante, então lhes apresenta o inferior. Mas tu guardaste o bom vinho até agora. Com este milagre, deu Jesus em Canaã na Galiléia, princípio aos seus milagres. E assim manifestou sua gloria. E os seus discípulos creram nele.”
JHP - É muito curioso este trecho do evangelho de João. E nós sabemos que este episódio aparece também em outros evangelhos. É muito curioso pelo seguinte, muita gente pensa. Por que foi Jesus transformar a água em vinho? Há mesmo certos puritanos que dizem assim: não seria mais justo que ele transformasse o vinho em água? Acontece que Jesus não participava dos preconceitos humanos. Jesus era um espírito superior que conhecia e enxergava e tratava os problemas de um plano mais elevado do que o nosso. Tratava-se de um casamento, uma festa, um momento de alegria. E Jesus não iria ali querer dar uma lição no sentido negativo, perturbando a alegria do ambiente. Ele transformou a água em vinho, porque era o vinho que estava faltando.
A transformação de um líquido em outro líquido, parecia até há pouco cientificamente um verdadeiro absurdo. No entanto, hoje já se sabe que é possível fazer esta transformação. Mediunicamente esta transformação ocorre às vezes de maneira inesperada. Com certos médiuns, é muito comum eles porem um certo líquido em determinada vasilha e sem que eles percebam, o líquido se converte em outra coisa, na presença do médium. Porque os espíritos manipulam os líquidos através dos elementos da mediunidade e com estes elementos eles podem produzir certas modificações químicas, assim como os químicos aqui na terra podem produzir modificações nos líquidos. Trata-se, portanto de um trabalho de ordem científica. Não se trata de um milagre propriamente dito, no conceito religioso do milagre como uma produção divina que rompesse as leis da natureza. Não. Trata-se apenas de um trabalho de ordem química que se realiza num plano que o homem ainda não atingiu, que o homem ainda não conhece. Na proporção, entretanto e que a ciência vai avançando, estas transubstanciações, estas modificações são possíveis, vão se tornando possíveis. E o que ocorreu com Jesus ali foi apenas a demonstração de um poder que ele possuía, como todos os espíritos superiores possuem, de dominar inteiramente a matéria e de utilizá-la de acordo com processos que naturalmente podem lhe dar uma configuração diferente daquela que a matéria possui.
Mas é muito importante neste pequeno trecho nós vermos o seguinte. Que Maria manda, manda os criados que falem com Jesus e cumpram o que ele está dizendo. Quando Maria fala a Jesus para produzir o milagre, Jesus se recusa, dizendo que ainda não era chegada a sua hora. Nós podemos aí ter um bonito aspecto daquilo que se chama a intuição feminina. A hora havia chegado sim, e tanto havia chegado que Jesus produziu a transubstanciação da água fazendo com que ela se tornasse vinho. Maria naturalmente teve aquela intuição de que o momento era propício. Havia ali no ambiente as condições necessárias e Jesus deviam dar a sua primeira prova de possuir poderes extraordinários, de possuir poderes supranormais. Então vemos que há uma relação bastante curiosa entre Maria e Jesus que ainda não foi suficientemente estudada no cristianismo. Se nós analisarmos bem este trecho verá que na realidade Maria figura junto de Jesus como não apenas a sua mãe carnal, mas como um espírito companheiro que o está amparando no cumprimento da sua missão terrena. Embora muitas vezes ela tenha tomado atitude de mãe que quer tirar o filho do perigo, como no dia em que ela foi buscar Jesus na reunião em que ele se encontrava atendendo aos necessitados. Quis retirá-lo do meio dos apóstolos para levá-lo para casa e fazer ele desistir das suas pregações. Este foi um momento em que certamente acossada pelos seus próprios fihos, os outros filhos de Maria de que nos fala o evangelho, os irmãos de Jesus. Ela quis evitar que Jesus entrasse por um caminho perigoso, pois ela estava vendo que realmente aquele caminho poderia levar Jesus ao sacrifício. Mas isto foi um momento em que falou mais alto o sentimento de mãe. No entanto, neste caso de Canaã, nós vemos que na verdade ela agiu como uma companheira de Jesus auxiliando-o no cumprimento da sua missão.
Por outro lado é muito curioso notarmos também que Jesus deu uma prova de que ele não viera apenas trazer tristeza, sacrifício, morte, angústia para os homens. Que ele viera trazer a boa nova realmente, viera trazer alegria. E ele queria tocar os corações de todos e queria que todos vivessem na alegria. A sua contribuição para esta festa, uma contribuição tão inesperada, feita assim através da modificação da água, é uma prova das suas intenções que eram muito diferentes daquelas que realmente lhe atribuem, de se apresentar ao mundo apenas para sacrificar-se. Não. Ele queria nos trazer a mensagem da boa nova que realmente nos trouxe. E nos dar o vinho da alegria que nós devemos ter em nossa existência terrena.
Um recado final para você, ouça e responda.
Você já ouviu muita gente alegar que a reencarnação não existe porque ninguém se lembra da vida anterior. Não repita essa tolice. Você acaso se lembra de tudo que lhe ocorreu na infância? Seu cérebro atual por acaso é o mesmo da outra vida? A lembrança de encarnações passadas não está no cérebro, mas no inconsciente. É a memória extracerebral hoje pesquisada na Parapsicologia. Muitas pessoas conseguem fazê-la passar ao consciente. É isso que permite a pesquisa científica da reencarnação. Ou você pensa que os cientistas estão brincando de ilusões e que não sabem o que fazem?
No Limiar do Amanhã. A reencarnação é um problema da ciência.