O ouvinte José Eduardo Ferreira da Rua Luís Góis, Vila Mariana, enviou-nos uma curiosa abertura para este programa. Aceitamos a sua colaboração, mas vamos também colaborar com ele. Cada qual tem a sua posição e os ouvintes dirão quem está com a razão. Ouçamo-lo.
"O homem só tem uma vida na terra, não existe reencarnação. Ninguém volta da morte para nos contar como é a coisa do lado de lá. Não se deixe iludir amigo ouvinte, com essas histórias de comunicação de espíritos. Quem morre está morto e acabou, não acredite em almas do outro mundo, não perca tempo com isso.”
A reencarnação é uma das crenças mais antigas da humanidade, nunca desmentida. Todas as grandes religiões do mundo endossaram essa crença de uma forma ou de outra. O próprio cristianismo é reencarnacionista como se pode verificar nos textos evangélicos. Hoje a reencarnação é objeto de investigação científica. Os mortos sempre se manifestaram, em todo o mundo e todo mundo sabe disso. O que acaba é apenas o corpo. Só num ponto o ouvinte tem razão. Não existe alma do outro mundo. A alma é o espírito quando encarnado, pois então ela anima um corpo. Quando o homem morre sua alma volta à condição de espírito liberto da matéria.
"O Espiritismo é doutrina diabólica. Este programa está a serviço do diabo, cuidado com ele. O diabo usa todas as artimanhas para nos levar ao inferno onde ficaremos pela eternidade. Não acredite nessa história de que o diabo não existe, ele existe sim. Se você não acreditar no diabo, sua alma estará em perigo. O diabo se serve de homens inteligentes para perder os homens ingênuos”.
Uma doutrina evangélica, baseada no evangelho de Jesus em Espírito e Verdade, não pode ser uma doutrina do diabo. O Espiritismo é o cumprimento da promessa evangélica do consolador, e quem fez essa promessa foi o próprio Jesus. O diabo não existe, o que chamam de diabo são os espíritos inferiores e sofredores, maldosos. Os espíritos criminosos que levaram na terra uma vida de crimes e endureceram o próprio coração. A doutrinação espírita ajuda esses espíritos a se converterem ao bem. É esse o trabalho do diabo?
“Não leia livros espíritas, amigo ouvinte, esses livros são feitos por inspiração diabólica. Ninguém pode imaginar o poder do diabo, ele nos enleia nas suas artimanhas e nos leva à perdição. Seguir o Espiritismo é seguir a trilha do inferno. Nenhum espírita foi para o céu porque o céu é reservado para os que seguem a religião de Deus e não a religião do diabo. Fuja do Espiritismo.”
Os livros espíritas ensinam os leitores a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmos. Ensinam a caridade cristã, a tolerância com todos, o perdão das ofensas. Ensinam-nos a amar os nossos próprios inimigos, como Jesus ensinou. Que diabo é esse que prega a religião do Cristo?
“Feche o rádio amigo ouvinte, mude de estação, o diabo tem um poder de enganar que só ele mesmo. O diabo sabe torcer as coisas, é capaz de enganar o mais sábio dos sábios e levar para o inferno o mais santo dos homens. Não dê ouvidos à lenga-lenga do diabo”.
Amigo José Eduardo, não se preocupe tanto com o diabo que você ainda fica endiabrado. Se o diabo pode levar um santo ao inferno, o que não poderá fazer com você? Leia o livro O Céu e O Inferno, de Allan Kardec, que acaba de sair numa nova tradução com numerosas notas explicativas sobre o problema do diabo. E deixe o diabo em paz, criatura de Deus. Já não basta a ele a desgraça de ser diabo?
No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel, transmissão 177, quarto ano.
Apresentação de José Pires e Jurema Iara. Sonoplastia Antonio Brandão. Técnica de som Paulo Portela. Direção e participação do Professor Herculano Pires. Uma hora de convívio com a verdade. Gravação dos estúdios da Rádio Mulher, São Paulo, Brasil.
Todas as semanas neste dia e neste horário. Transmissão da Rádio Mulher 730khz, São Paulo; da Rádio Morada do Sol 640khz, Araraquara; e da Rádio Difusora Platinense 780khz, de Santo Antonio da Platina, Paraná.
Diálogo No Limiar do Amanhã, uma busca radiofônica da verdade. A verdade não gosta de enfeites, nem disfarces, é pura e natural.
Pergunta 1: Levitação de objetos
Locutor - Professor, o ouvinte Virgílio Rosa dos Santos, pergunta. Primeiro, o levantamento de um objeto sem que ninguém o toque e atirado em rumo certo, é fenômeno espirítico ou físico?
JHP - É claro que no Espiritismo nós chamamos fenômenos físicos todos àqueles fenômenos que são produzidos espiritualmente no plano material. Mas também é claro que justamente por serem produzidos espiritualmente, por ter uma causa espiritual, estes fenômenos são espiríticos. São fenômenos físicos do Espiritismo, não físicos da Física. Basta lembrar o seguinte. O professor Friedrich Zöllner da Universidade de Leipzig, na Alemanha, que era um catedrático de física, ao estudar esses fenômenos e pesquisá-los, escreveu um livro intitulado Física Transcendental, para mostrar que existe uma física além da física que nós conhecemos.
Pergunta 2: Visão além do alcance
Locutor - Segunda pergunta. A faculdade de ver através de objetos e no espaço, é espirítica ou física?
JHP - É um fenômeno espirítico como o anterior também, mas que já não se refere à movimentação de objetos físicos. Portanto ele não tem uma implicação física. A visão através de corpos opacos ou na distância é uma visão que não pode ser material, não pode ser física. Não estão em ação, no momento em que se visualiza um objeto á distância, os elementos físicos dos olhos. Os olhos materiais não têm a possibilidade desta visão. Esta visão decorre do espírito, da mente, da mente humana que é por assim dizer o cérebro do espírito. Ora, sendo assim, estes fenômenos não obstante se refiram ao plano físico, eles revelam a ação do espírito sobre a matéria. São fenômenos espirituais ou espiríticos.
Pergunta 3: Clarividência
Locutor - E a faculdade de ver consequências no tempo, o que está para acontecer?
JHP - Também é claro que se trata de uma faculdade subjetiva, de uma ação subjetiva do indivíduo. O indivíduo não age absolutamente por meios externos, mas por meios internos da sua mente, do seu psiquismo. Ver no tempo ou ver no espaço é superar as barreiras de espaço e de tempo. Quando um indivíduo através da clarividência é capaz de ver na distância, numa distância que os olhos físicos não atingem. Por exemplo, um indivíduo aqui em São Paulo, ver o que se passa nesta mesma hora, neste mesmo instante, em determinado ponto de Belém do Pará. É evidente que ele não está vendo com os seus olhos, ele está vendo através do espaço. Mas está vendo graças ao seu poder espiritual, graças à sua função psíquica e não material. Assim, quando ele vê no tempo também, no futuro ou no passado, dominando o tempo em toda a sua extensão, ele não está evidentemente utilizando-se de elementos materiais para isto. Ele está empregando suas faculdades espirituais que não estão condicionadas nem pelo tempo, nem pelo espaço.
Pergunta 4: Fluido Universal e o passe espírita
Locutor - Professor, o ouvinte João Donateli faz uma série de perguntas. O que é fluído universal? É parte deste fluído que os médiuns transmitem às pessoas pelo passe?
JHP - O fluído universal é um elemento básico do universo. Na Doutrina Espírita nós temos a explicação da criação do universo da seguinte maneira. Existem três elementos fundamentais: Deus, espírito e matéria. Deus é o poder criador, é a mente suprema, a inteligência suprema do universo. Este poder criador emite então o seu pensamento para produzir uma criação. Este pensamento de Deus é espírito. Não quer dizer, não estamos falando naturalmente de espírito individualizado, estamos falando de espírito como uma substancia, como portanto uma força, uma energia. Este pensamento de Deus é espírito. Mas este pensamento de Deus ao emitir-se ele produz a matéria. A matéria é uma consequência das vibrações deste pensamento. Então formam-se os dois elementos fundamentais do universo sob o poder criador de Deus.
Ora, entre a matéria e o espírito, entre o espírito e a matéria, nós vemos surgir então um terceiro elemento que é o fluído universal. O fluído universal é o elemento que nos revela a reunião do espírito com a matéria. A matéria foi também uma criação de Deus indiretamente através da projeção do seu pensamento no espaço. Desta projeção, no atrito por assim dizer do pensamento com o espaço, surge a matéria. A matéria é aglutinada pelo poder do espírito e estruturada por ele. Então nós temos nesta matéria a união do espírito com a matéria. Mas esta união não pode ser feita simplesmente. No realizar-se esta reunião, produz-se um terceiro elemento que é o fluído universal. O fluído universal é o elemento de ligação do espírito com a matéria. Os espíritos explicam isso muito simplesmente dizendo o seguinte. Quando uma roda está girando em torno de um eixo, existe a roda e existe o eixo. Mas o observador atento verificará que existe também um elemento que impulsiona a roda.
Assim, este elemento que impulsiona a roda produz entre a roda e o eixo, uma terceira coisa que é o calor, o eixo se esquenta e a roda se esquenta também. Então dizem os espíritos. O atrito do espírito com a matéria produz o fluído universal, que é como o calor numa roda girando em torno de um eixo. Mas este calor no plano do espírito é uma realidade viva e é do fluído universal que nascem todas as coisas. Toda produção do universo, a partir dos elementos do reino mineral, passando pelo vegetal e o animal até o homem. Todos esses elementos se revestem de fluído universal, que é o elemento primordial de que nascem todas as coisas do universo.
Pergunta 5: Por que razão querer definir Deus?
Locutor - Como sabemos, definir é limitar. Por que razão querer definir Deus? Seria circunscrevê-lo e quase negá-lo. Não acha professor?
JHP - Definir não tem apenas o sentido de limitar. Quando nós damos á palavra um significado bastante estrito no campo etimológico, nós tiramos o seu sentido figurado. Existe um sentido figurado para definir. Definir é explicar, é tornar a coisa compreensível, acessível ao nosso pensamento. Quando se procura portanto definir Deus, não se faz uma definição no sentido de limitação, mesmo porque não temos a capacidade para limitar Deus. Então procuramos tornar Deus inteligível, acessível à nossa inteligência.
E quando nós conseguimos isto de uma forma ou de outra, nós sabemos que temos apenas um aspecto de Deus, porque a nossa mente limitada não pode conceber o absoluto. Mas temos de alguma forma um indício de que nós podemos compreender Deus. É o que o Espiritismo afirma. Nós não podemos compreender Deus no momento. Ele sendo o absoluto e nós estando no relativo, não podemos ter a sua compreensão absoluta. Mas na proporção em que evoluímos, em que nos desenvolvemos através da evolução espiritual, a nossa mente se alargará, os nossos conceitos se ampliarão, a nossa possibilidade de atingir o absoluto se acelera. E nós então nos aproximamos de Deus e poderemos conhecê-lo quando nos tornarmos suficientemente perfeitos para isso.
Pergunta 6: Quais são as causas primárias e secundárias da vida?
Locutor - Quais são as causas primárias e secundárias da vida?
JHP - Nós sabemos que as causas primárias da vida estão com Deus. São as causas que determinam as condições vitais necessárias. Por exemplo, quando falamos do princípio inteligente e falamos do espírito, o espírito é o princípio inteligente do universo. Quando falamos do espírito em relação à matéria, nós temos a causa primária, na ção do espírito da matéria. Mas quando falamos no aparecimento do fluído universal como elemento de ligação do espírito com a matéria, proporcionando o nascimento da vida. Porque do fluído universal nasce o fluído vital, que é uma decorrência da ação do fluído universal. Nós então temos a causa secundária da vida no fluído universal que produz o fluído vital, produz a vida.
Pergunta 7: Estalidos de dedos nos passes
Locutor - Professor, porque os médiuns ao darem passes estralam os dedos, fazendo assim um certo barulhinho especial?
JHP - Não são todos os médiuns que fazem isso. O passe como nós sabemos é uma forma de gesticulação, estende-se a mão sobre o doente para lhe transmitir um pouco de fluído. As nossas mãos funcionam nesse caso como antenas, elas estão captando irradiações dos espíritos para transmitir ao doente. Quer dizer, se nós compreendermos isto, não temos necessidade de fazer muita movimentação com as mãos e os braços, de estalar os dedos e assim por diante. Mas as pessoas às vezes acionadas pelo espírito e no interesse de transmitir a maior quantidade possível de fluído ao doente, elas exageram na gesticulação e produzem esses estalidos e outras coisas semelhantes que na verdade não são necessários no passe.
Nós sabemos que os apóstolos usavam os passes de acordo com aquele ensino de Jesus, a imposição das mãos. Impor as mãos era simplesmente colocar as mãos sobre a pessoa. Então não havia necessidade de gesticulação nenhuma especial. A simples colocação das mãos sobre a pessoa, sem mesmo tocar a pessoa, apenas no ar sobre a cabeça, por exemplo, é suficiente para que a pessoa possa receber a quantidade de fluído vital de que necessita. Pois nós sabemos que a maior parte das doenças, de acordo com a explicação espirítica, decorre justamente do esgotamento do fluído vital nos indivíduos. A sua incapacidade de reter o fluído vital ou a sua capacidade de esbanjar este fluído a todo o momento através do sistema nervoso, é que põe a pessoa em estado de necessidade, de assistência. E quando alguém vai assistir uma pessoa através do passe, vai socorrer esta pessoa com fluído vital.
Pergunta 8: Quem foram os essênios?
Locutor - Quem foram os essênios? Que relação apresentam eles com o Espiritismo, professor?
JHP - Os essênios como nós podemos ver, aliás, o senhor pode até ler isso no Evangelho Segundo o Espiritismo. Logo na explicação inicial do evangelho, quando Kardec procura dar uma visão da Palestina no tempo de Jesus. Os essênios eram uma seita judaica, simplesmente isso, entre as várias seitas existentes existia a dos essênios. Os essênios tinham, constituíam uma ordem oculta, tinham os seus preceitos especiais, o seu código de moral e agiam de acordo com aqueles preceitos. Justamente por serem uma ordem oculta, eles estavam mais distanciados do resto do judaísmo. Não obstante os fariseus eram uma seita, os saduceus era uma outra seita e assim por diante. Várias correntes do judaísmo que existiam no tempo. Há uma lenda de que Jesus foi criado pelos essênios, de que Jesus aprendeu a arte secreta com os essênios.
Essa lenda não é aceita no Espiritismo, Kardec a repeliu. Kardec considerou que Jesus absolutamente não necessitava desses preparativos terrenos. Ele já viera do espaço como um espírito de suprema elevação, muito acima das mais elevadas criaturas da nossa humanidade. Viera do espaço para realizar aqui um grande trabalho espiritual. Estava, portanto capacitado para isso e bastava o seu desenvolvimento no plano físico para que ele pudesse agir com a inteireza com que agiu. E interessante é que posteriormente além dessa posição do Espiritismo, negando que Jesus tivesse vivido entre os essênios, os pesquisadores atuais do cristianismo, pesquisadores universitários que através das pesquisas realizadas chegaram também a essa mesma conclusão, não aceitam que Jesus tivesse sido um essênio.
Pergunta 9: Atuação sobre sonhos de um médium
Locutor - Qual é a importância e significado do fato de um médium estar sob a ação de forças psicocinéticas do sujet, atuando inconscientemente sobre ele enquanto ele sonha?
JHP - O sujet ou melhor o sujeito é precisamente o médium. Quem atua sobre ele não é portanto ele mesmo, é uma outra pessoa. Por exemplo, o hipnotizador atuando sobre um sujeito determina as condições em que ele se manifesta, as coisas que ele sente e assim por diante. A ação psicocinética é uma ação da mente sobre a matéria e não depende da ação de um indivíduo sobre outro. Quando um indivíduo age sobre o outro hipnoticamente ou telepaticamente, a ação se dá no plano do pensamento, no plano da sugestão, no plano puramente psíquico. A ação psicocinética é a ação psíquica sobre a matéria produzindo movimentos.
Por exemplo, um movimento de objeto à distância é considerado na parapsicologia uma ação psicocinética. Quer dizer, um movimento (cinética), produzido psiquicamente (psíquico). Então compreende-se bem a expressão “ação psicocinética”. No caso da ação de um indivíduo sobre outro. Por exemplo, de um hipnotizador sobre o seu paciente ou de uma pessoa que está agindo como médium para curar uma outra. De um médium agindo no passe, por exemplo. Esta ação não é psicocinética. É uma ação puramente espirítica, uma ação do espírito procurando transmitir ao corpo material do indivíduo, no caso do médium, os fluídos de que ele necessita. No caso do hipnotizador é apenas a transmissão de um elemento sugestivo para o paciente. De maneira que esta ação não é psicocinética.
Pergunta 10: Vida em outros planetas.
Locutor - Professor, gostaria que o senhor descrevesse generalizadamente o planeta Capela, seus habitantes e costumes.
JHP - O senhor está querendo muito de mim, eu não sou astronauta. E além de não ser astronauta eu sei, como todo espírita deve saber, que nós não temos capacidade para investigar estas coisas. Este problema de criaturas que se põe a observar planetas no espaço e verificar a vida e os costumes desses planetas, ou de receber informações de lá sobre isto, é um costume muito perigoso no Espiritismo. Por exemplo, basta ver o seguinte. Allan Kardec recebeu na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, gratuitamente, quer dizer, sem pedir, sem evocar, sem provocar. Recebeu informações muito importantes sobre o planeta Vênus, sobre o planeta Marte e outros planetas do nosso sistema solar.
O que fez ele? Considerou estas informações como possíveis, mas não as considerou como reais. Por quê? Kardec ponderou muito precisamente o assunto e esclareceu o seguinte. O Espiritismo é a ciência do espírito. Não é portanto astronáutica, não é astronomia. Não importa, não interessa ao Espiritismo fazer investigações físicas sobre planetas do nosso sistema solar ou outros sistemas. Basta ao Espiritismo saber o seguinte. Que a pluralidade dos mundos no espaço, não é uma pluralidade inútil e vazia. Porque do ponto de vista lógico, nós sabemos que não podemos admitir que o universo inteiro povoado de mundos, só tenha um dos mundos mais insignificantes como a terra, como um mundo habitado.
Assim sendo, Kardec não quis considerar as informações recebidas como verdadeiras, como legítimas. Considerou como uma contribuição que os espíritos elevados que se manifestaram ali falando sobre isto, davam ao esclarecimento de problemas, dos problemas relacionados com a questão dos mundos habitados. Mas considerou que isto ficaria para ser provado mais tarde, quando o desenvolvimento da astronomia permitisse as investigações que hoje realmente se realizam no plano da astronáutica.
Pergunta 11: Sobre imagens de espíritos refletidas em espelhos.
Locutor - Professor, o ouvinte Plínio de La Fina, pergunta. Os espíritos veem sua imagem refletir-se através de espelhos e suas sombras projetam-se no chão. Um detalhe, essa pergunta não inclui espíritos de ordem superior. Espero que o senhor dê explicação desejada.
JHP - Realmente a sua pergunta está muito sintética e quase não dá para se perceber de que o senhor está tratando. Eu percebo, entretanto que o senhor está falando aí dos fenômenos de aparição. Os fenômenos de aparição são muito curiosos. Os espíritos aparecem. Por exemplo, aparecem numa sala como uma realidade viva, como uma criatura espiritual que ali está. Mas não com forma de corpo material. Aparecem como uma criatura, mas percebe-se, sente-se, que não é uma criatura de carne e osso, que é um espírito. Entretanto nós vemos que há sombra. Se a luz da sala incide sobre essa aparição, ela projeta sombra. Por outro lado ela é refletida no espelho. Quer dizer, a visão, a aparição, aquela criatura que apareceu ali tem todas as características de uma criatura real, porque projeta a sombra no chão e reflete-se no espelho. Várias pessoas podem ver ao mesmo tempo, o que mostra que não se trata de uma alucinação de uma pessoa. E as descrições coincidem perfeitamente, mostrando as diferenças apenas de ângulo, de posição das pessoas na sala. Mas quando a aparição desaparece, não sobra nada absolutamente de material para comprovar que aquilo aconteceu.
Então isso nos mostra que as aparições constituem um tipo de fenômeno puramente espiritual, sem a participação aparente de matéria. Entretanto o fato de projetar sombra e de se refletir no espelho, mostra que existe matéria no caso. Como explicar-se isso? Do ponto de vista físico seria praticamente impossível ainda há poucos anos, agora já se está tornando possível. Do ponto de vista espirítico é muito fácil dizer. A aparição constitui-se de um espírito que condensa o seu corpo espiritual, o seu perispírito. Condensando o seu corpo espiritual para se fazer tangível, ela acentua. Este espírito acentua no seu corpo espiritual os elementos fluídicos materiais que ele possui. É preciso que eu esclareça agora aqui para o senhor entender melhor o assunto, que o corpo espiritual é formado do fluído universal. Ainda há pouco eu estive explicando que o fluído universal é o elemento básico de todas as formas que existe no mundo. De todas as formas que se constitui o elemento do qual nasce o fluído vital.
Assim sendo, o perispírito ou corpo espiritual, como dizia São Paulo, é considerado um corpo semimaterial. O corpo espiritual no Espiritismo não é considerado puramente espiritual, ele é semimaterial porque é um elemento de ligação entre o corpo e o espírito. Justamente por isso ele possui energias físicas e energias não físicas. Então quando este corpo se adensa para se tornar visível aos outros, ele se torna uma aparição intangível que não se pode tocar porque ela é vaporosa. Mas que, entretanto revela possuir elementos materiais, tanto assim que projeta sombra no chão e pode refletir-se no espelho. Tratando disto eu gostaria de lembrar que também Kardec falou das aparições tangíveis. Aparições tangíveis mostram condensação maior do corpo espiritual. É o que Kardec denominou de fenômenos de agêneres. Agêneres são criaturas não geradas que aparecem na vida social, conversam conosco como se fossem criaturas vivas, criaturas de carne e osso e, no entanto não são. São aparições não apenas visíveis mas também tangíveis. É um novo fenômeno, um novo tipo de aparição. Esses dois tipos, aparição apenas visível e aparição tangível, foram objetos de largas pesquisas tanto no Espiritismo quanto nas investigações psíquicas da Alemanha, da Inglaterra, da Rússia, dos Estados Unidos. E hoje continuam a interessar – e interessar bastante – às pesquisas parapsicológicas.
Locutor - Pergunte amigo ouvinte, e se a resposta não lhe agradar, conteste-a. Não estamos aqui para pontificar, mas para dialogar. Mande as suas perguntas à Rádio Mulher, Rua Granja Julieta 205, São Paulo.
Diálogo No Limiar do Amanhã, quem estará com a verdade, nós ou você?
Pergunta 12: As previsões de Nostradamus
Locutor - Professor, o ouvinte Armando Felix, pergunta. Primeiro, as previsões de Nostradamus tem algum sentido espiritual?
JHP - As previsões de Nostradamus, como todas as previsões ou todas as profecias, provém naturalmente dos seus dons espirituais. Nós sabemos que todo profeta é um indivíduo que é dotado de um dom mediúnico de profecia. O profeta é portanto do ponto de vista espírita, um médium. Nostradamus era um profeta. As profecias feitas por ele são previsões transformadas assim numa forma alegórica bastante difícil de entender. As manifestações da previsão ou da profecia, que na Parapsicologia atual tem o nome de precognição, estas manifestações são quase sempre simbólicas. As verdades do futuro por exemplo, são apresentadas figuradamente à mente do profeta. Desta maneira ele traduz aquilo em símbolos e é difícil muitas vezes para as pessoas entenderem. Felizmente na pesquisa parapsicológica hoje adotou-se um sistema mais preciso de investigação que procura traduzir os símbolos do inconsciente para o consciente, fazendo com que a profecia seja colocada em linguagem direta e racional.
Pergunta 13: Qual a situação de um obsedado que comete um crime?
Locutor - Professor, uma pessoa obsedada que matando outra, ela é assassina perante Deus?
JHP - É claro que se ela estava privada da razão, se ela estava envolvida de tal maneira pelo espírito obsessor que não pôde reagir. E que a sua razão foi subjugada totalmente, ela não tem culpa daquilo que fez. Então a morte dessa pessoa ocorre como um acidente. Não é possível culpar. Assim como na jurídica dos homens, no julgamento dos homens, um indivíduo privado do senso não é responsável pelo que fez, muito mais perante Deus.
Pergunta 14: Devemos rezar pela alma de Hitler?
Locutor - Professor, o espírito de Hitler está no inferno. O senhor não acha que devemos rezar para a sua alma?
JHP - Se o espírito de Hitler estivesse no inferno, não adiantaria nada rezar pela sua alma. Porque o inferno é um dogma que nos apresenta uma região irreversível onde os indivíduos ficam ali sem poderem voltar mais. Ora, o que acontece é que o espírito de Hitler como de qualquer outro homem que tenha servido na Terra para instrumento de catástrofes. E se ele serviu é porque o seu próprio carma, o seu próprio destino o levou para aquele lugar, ele tem a sua responsabilidade em tudo aquilo que ocorreu. Mas o inferno em que ele se encontra é o inferno da sua própria consciência. Todo espírito que se desviou do caminho certo aqui na Terra, sofre logo a reprovação da própria consciência. E esta reprovação leva o espírito a um estado de sofrimento, quanto mais culpado ele se considera. Porque a consciência o acusa e o leva a se considerar assim, tanto mais ele sofre, mas esse sofrimento é passageiro. Não há sofrimento eterno no mundo, no universo, para nenhuma criatura. Todas as criaturas sofrem algo de acordo com as suas necessidades evolutivas. É necessário que através do sofrimento elas passem de uma faixa inferior para uma superior. Quando conseguem fazer esta transposição elas se libertam do sofrimento.
Orar por Hitler é um gesto de caridade, como orar por qualquer outra pessoa. Hitler na verdade, nós podemos considerar do ponto de vista daqueles que os estudaram, como uma personalidade mórbida que ele era. Então nem toda responsabilidade, não é a responsabilidade total daquilo que ele fez que recai sobre ele. Porque ele está num estado de semiconsciência em virtude da sua situação, dos seus desequilíbrios internos. Não obstante devemos orar por todos aqueles que praticaram atrocidades, porque são eles os que mais necessitam de prece, de oração, de ajuda para voltarem ao equilíbrio, para saírem do desequilíbrio que estavam.
Pergunta 15: Medicina do espaço.
Locutor - Professor, a ouvinte Sonia Rossi, pergunta. Sou aluna do curso de médiuns da Federação Espírita de São Paulo, terceiro ano. E estou procurando burilar a minha personalidade a qual se modificou muitíssimo depois que me dediquei ao Espiritismo. Tenho um problema muito sério e por mais que eu queira me conservar calma, não consigo. Minha mãe com apenas 46 anos de idade encontra-se cancerosa, sem a mínima chance de recuperação, segundo o médico terreno. Como tenho visto muitas curas através do espírito, gostaria que o senhor indicasse um centro ou um médium que faça operações espirituais. Claro, se isto for a vontade de Deus. Gostaria de tentar, pois a medicina do espaço é muito superior a da terra, ainda em desenvolvimento.
JHP - Sim, não há dúvidas, a medicina do espaço é claro que vindo de espíritos superiores, é por assim dizer a medicina de Deus. Mas nós precisamos compreender o seguinte. E você revela aí ter uma compreensão disso. A nossa existência na terra é consequência de existências anteriores. Passamos às vezes por coisas que parecem para nós completamente injustas, mas que na verdade não o são. Porque decorrem de acontecimentos anteriores que nos escapam no momento presente. Isto não impede entretanto que uma filha abnegada, que ama a sua mãe, procure recursos para curá-la numa situação destas. É muito justo o que você está fazendo e deve realmente procurar. Mas eu queria adverti-la do seguinte. Cuidado com as pessoas e os agrupamentos que você pode procurar para isto. Na verdade nenhum médium, por mais que ele se vanglorie de ser médium, o que já é perigoso. Nenhum médium por mais que queira diagnosticar uma cura, ele não tem condições para isto. É necessário que as pessoas compreendam bem isto. O médium pode se oferecer para ajudar, para trabalhar, mas a cura nunca depende dele, ele é apenas um instrumento.
Então é necessário que voltemos o nosso pensamento a Deus. Por que você não faz isso? Por que você não ora constantemente por sua mãe, ou já tem orado talvez? Ore pedindo a Deus que cure sua mãe, e confie em Deus. Peça a Jesus, peça aos bons espíritos, os espíritos protetores de sua casa, de sua família, de sua mãe, que tratem dela. Mas ao mesmo tempo você pode procurar recursos de um agrupamento espírita onde haja possibilidades de ação mediúnica, favorecendo a ação sobre a doença de sua mãe. E neste caso você está na Federação Espírita. E você pode procurar particularmente, eu aconselharia você a fazer isto. A procurar o diretor da Casa Transitória da Federação e conversar com ele, o Gonçalves. Converse com ele que ele poderá atender você e dar indicações bastante favoráveis e talvez mesmo propiciar a você a possibilidade de uma assistência mais direta a sua mãe. É o que eu aconselharia.
Pergunta 16: Obsessão: a alma é a causa e não o efeito?
Locutor - Professor, o ouvinte João Donateli, pergunta. Costuma-se fazer a seguinte afirmação: há obsessão porque há débito. Por que se diz que a alma é a causa e não o efeito?
JHP - Há obsessão porque há débito é claro, pelo seguinte, porque nós temos as vidas anteriores. Se nós hoje estamos sendo obsedado por um espírito, é porque nós fizemos alguma coisa para ele no passado. São relações de afinidade que se estabelecem entre as criaturas que permitem tanto o ódio como o amor. Pelas relações é que nós vamos ter a explicação daquilo que acontece em vidas futuras. Assim, quando dizemos que o obsedado está pagando uma divida, é porque na realidade ele está sendo cobrado por assim dizer. É figuradamente que se diz isto, não é? Está sendo cobrado por aquele a quem ele prejudicou no passado. É por esta razão. Mas não entendi bem a sua outra pergunta, qual era aí?
Por que se diz que a alma é a causa e não o efeito? Porque realmente a alma é a causa, o efeito é o corpo. A alma é o espírito quando vem se reencarnar e consequentemente a alma produz um efeito que é o corpo. O desenvolvimento do corpo no plano físico é regido pela alma, pelo espírito reencarnante. Isto nesse sentido. No tocante ao problema da obsessão, também a alma é a causa. Porque o espírito encarnado é a alma do corpo. E o espírito encarnado é que tem dívidas com o espírito obsessor que vem agir sobre ele. Então sempre a alma é que é na realidade a causa de tudo aquilo que pode acontecer, porque a alma é a realidade última, substancial do homem.
Pergunta 17: Por que o espírito é o poder que opera e transforma?
Locutor - Porque baseando-nos no Evangelho de São Marcos, podemos afirmar que o espírito pode ser definido como o poder que opera e transforma?
JHP - Então, se o espírito é o poder que opera e transforma de acordo com Marcos, nós estamos perfeitamente de acordo com a doutrina espírita. O poder que opera e transforma é o espírito. Ora, de acordo com a doutrina espírita, a alma é o espírito quando encarnado. Quer dizer, nós não temos espírito, alma e corpo. O espírito quando encarnado é a alma. Porque ele está animando o corpo, o que anima o corpo é o espírito. Já dizia o padre Vieira. Quem quiser ver um corpo, quem quiser ver uma alma, olhe um corpo sem alma, olhe um cadáver e vê então que há alma. A alma é toda personalidade da criatura. É tudo quanto existe de vida, de inteligência, de poder. Tudo isto é a alma, que é o espírito encarnado no indivíduo, no corpo material.
Pergunta 18: “O homem é o que pensa, nem o que demonstra, nem o que dele se pensa.” Comentário.
Locutor - Professor, gostaria que o senhor comentasse o seguinte tema. O homem é o que pensa, nem o que demonstra, nem o que dele se pensa.
JHP - Eu creio que o homem não é o que pensa, não é? Aqui ele escreveu, o homem é o que pensa. É o que pensa. Então como pode dizer depois, nem, não é? Não está bem esclarecido isso. Eu pediria ao nosso amigo que mandasse de novo a pergunta por que não ficou clara.
Pergunta 19: Quando e por que uma pessoa fica desfluidificada?
Locutor - Quando e por que uma pessoa fica desfluidificada?
JHP - Quer dizer, uma pessoa pode perder fluídos. É o que eu expliquei ainda recentemente, há poucos minutos numa outra pergunta. A pessoa pode se desgastar, excesso de trabalho, dispêndio de energia em excesso. A energia é o fluído, aquilo que nós chamamos de fluído não é nada misterioso, é o fluído energético. Toda energia se manifesta em forma fluídica. Então quer dizer, o indivíduo despende as suas energias, não somente físicas, mas também espirituais. Vitais, que pertence ao fluído vital. Despende essas energias e se enfraquece. Enfraquecendo-se ela está desfluidificada. É uma expressão que eu não gosto de usar, mas que muita gente usa.
Pergunta 20: Como poderemos perceber a desfluidicicação e quais os sentimentos que ele apresenta?
Locutor - Como poderemos perceber tal estado e quais os sentimentos que ele apresenta?
JHP - Aí não se trata propriamente de sentimentos e sim de sensações. De um estado em que, um estado orgânico em que ele se sente enfraquecido, depauperado. Ele sente cansaço, sente assim um estado de astenia, o desejo mesmo de descansar, de repousar, de não fazer nada. A incapacidade para o trabalho, a incapacidade de ação. Tudo isto caracteriza o estado da pessoa que se enfraqueceu. Quer dizer, não há mistério nisto, uma pessoa desfluidificada é uma pessoa enfraquecida.
Resposta dada por um ouvinte sobre a pergunta: o que é Obsessão?
Locutor - Professor, o ouvinte Olívio Segata, responde:
“Obsessão é domínio que alguns espíritos têm sobre determinadas pessoas. Variados são os motivos de acordo com a elevação do caráter do espírito. Pode ser vingança contra a pessoa que lhe fez algum mal na existência corpórea. Na maioria dos casos é apenas o desejo de efetuar o mal. A cura da obsessão pode ser feita por meio da evangelização do espírito obsessor. Por mais difícil que seja o caso do bom aliado, também a severidade em algumas situações resolve a situação. Mas o melhor remédio para a cura de qualquer caso de obsessão é a reforma íntima do obsedado. Seguir com fraternidade para com o próprio obsessor, rogar o auxílio dos bons espíritos. Enfim, reformar-se totalmente, elevando-se espiritualmente.”
JHP - Sim, o nosso amigo Olívio Segata, deu uma boa resposta a nossa pergunta do programa. E logo que começarmos a distribuição dos livros, ele receberá o seu prêmio por esta resposta. Na verdade a obsessão é este grande problema que está hoje aí preocupando não só os espíritas, mas também as pessoas que pertencem a outras correntes religiosas. E principalmente provocando as práticas de exorcismo nas igrejas que as praticam. Nós sabemos então que a obsessão é por assim dizer, a doença do momento, a doença psíquica do momento. As religiões consideram a obsessão com ação diabólica. No Espiritismo nós consideramos como simples processo de relação das pessoas com espírito com as quais tiveram ligadas no passado. Ação portanto de espíritos vingativos ou de espíritos malfazejos que são considerados como diabólicos. No Espiritismo nós não consideramos assim. Todos esses espíritos são criaturas necessitadas de amparo. Então, não devemos praticar ações que tentem apenas afugentar essas entidades. Mas sim dar-lhes também o socorro necessário através daquilo que chamamos a desobsessão, o esclarecimento, a doutrinação, a evangelização, tanto do obsedado quanto do obsessor. Só assim nós conseguimos a cura verdadeira.
Pergunta 21: Os que se dizem espíritas e na prática não o são, estariam evoluindo?
Locutor - Professor, temos aqui uma última pergunta. As pessoas que se dizem grandes espíritas, mas que não agem como tal. E tem consciência de que não estão agindo da forma mais correta, elas estariam evoluindo?
JHP - É claro que a evolução é um processo bastante complexo. As pessoas podem às vezes se dizerem espíritas, protestantes, católicas, evangélicas. Podem se colocar numa posição religiosa que elas acham que mais corresponde aos seus anseios. E entretanto podem não ter capacidade para se integrar naquilo que chamariam o modelo dessas pessoas, o ideal. Então muitas pessoas procedem de maneira contrária aquilo que dizem ser. Apenas a pergunta está assim um pouco assim aguda, quando fala que se dizem grandes espíritas. Porque o simples fato de se colocar numa posição de grandes espíritas já é uma prova de falta de compreensão. Porque o Espiritismo exige tanto de todos nós, no sentido do aperfeiçoamento moral e espiritual que a primeira coisa que a pessoa não pode se dizer nunca, é grande. Ela tem de ser apenas espírita, e para ser espírita é preciso naturalmente que ela se integre no Espiritismo.
Entretanto, compreendendo como nós compreendemos, que a situação na Terra é ainda bastante inferior no plano evolutivo. Nós não podemos querer que toda pessoa que pertença a um determinado credo, se transforme numa figura santa, ou num exemplo, num modelo. Ela é uma criatura humana, tem os seus defeitos, tem as suas deficiências, tem as suas limitações. Então ela pode não compreender bem aquilo que ela tem de fazer e ao mesmo tempo pode também agir através de impulsos que lhe são incontroláveis. Somente no processo evolutivo é que ela vai adquirir a capacidade de controlar aqueles impulsos, de dominar a sua situação para se apresentar de maneira mais coerente com os seus ideais. Por outro lado é preciso lembrar o seguinte. Nós quase sempre agimos por estereótipos. Quer dizer, formamos um estereótipo mental daquilo que deve ser um espírita, que deve ser um católico, que deve ser um protestante. Criamos este estereótipo e depois queremos que todas as pessoas com que lidamos e que pertencem a esta ou aquela dessas correntes, se enquadrem nesse estereótipo.
Entretanto nós todos na Terra estamos em condição de evolução difícil, penosa. Porque nos faltam ainda muitos elementos para atingirmos o ideal que nós mesmos alimentamos em nossa mente. Não obstante todos aqueles que se esforçam por melhorar, mesmo que errem hoje ou que errem amanhã. Estão esforçando e este esforço constitui numa tentativa de elevação da pessoa. Nós sabemos que muitos de nós falham e muitos de nós ainda falharemos em várias tentativas de elevação. Mas o importante é que não deixemos de tentar. Que prossigamos, que confiemos em Deus e que tenhamos a certeza de que com esforço próprio, nós todos venceremos as nossas inferioridades mais hoje, mais amanhã. Não sei se estou respondendo exatamente aquilo que o ouvinte quis saber. Mas talvez esteja dando ao menos aquilo que me é possível no momento.
Pergunte amigo ouvinte e se a resposta não lhe agradar, conteste-a. Não estamos aqui para pontificar, mas para dialogar. Mande suas perguntas à Rádio Mulher, Rua Granja Julieta 205, São Paulo.
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O Evangelho de Jesus em Espírito e Verdade.
Abrimos o evangelho ao acaso e caiu o seguinte trecho: Marcos, 8: 27-30:
“Saiu Jesus com os seus discípulos para as aldeias de Cesareia de Felipe, e no caminho perguntou-lhes: quem dizem os homens que sou eu. Eles responderam: uns dizem João Batista, outros Elias, e outros um dos profetas. Ele lhes perguntou: mas vós, quem dizeis que sou eu? Respondeu-lhe Pedro: tu és o Cristo. Ordenou-lhes Jesus que a ninguém falassem a respeito dele.”
JHP - Este trecho de Marcos é de grande significação para o Espiritismo, pois é um daqueles trechos evangélicos em que o problema da reencarnação é colocado de maneira bem clara. Quando os discípulos respondiam a Jesus que ele era João Batista, Elias, estavam dizendo forçosamente que ele era uma reencarnação. Como Kardec acentua nos seus estudos. Os judeus acreditavam na reencarnação como ressurreição. Mas tinham uma ideia vaga, imprecisa, tanto no tocante a reencarnação quanto a ressurreição. Eles achavam que uma pessoa reencarnada era alguém que ressuscitou diante os mortos. Então por exemplo no caso de Jesus fica bem claro isso. Jesus era interpretado por uns como sendo a reencarnação de Elias, por outros como sendo de João Batista, um dos profetas antigos. Cada pessoa interpretava da maneira que mais correspondia aos seus desejos de que uma figura bíblica do passado retornasse à Terra num corpo para realizar os prodígios da Antiguidade.
Então eles acreditavam que Jesus era um espírito reencarnado. E quando Jesus pergunta a Pedro e Pedro responde que ele era o Cristo. Ele não reprovou os seus apóstolos por terem acreditado na sua reencarnação. Ele não os condenou por isso e não aproveitou a oportunidade como ele sempre fazia, para lhes ensinar. Não, não existe reencarnação! Não existe! Se eu estou aqui é porque é a primeira vez que eu me encarno! Ele não disse isso. Ele apenas pediu que não dissessem nada daquilo aos outros. Que não dissessem que ele era o Cristo, porque ele não queria que se fizesse isso. Mas tacitamente ele confirma o problema da reencarnação.
Tudo se passa nesse trecho com uma naturalidade admirável. Marcos nos mostra o colóquio de Jesus com os seus apóstolos como uma conversa que nós temos hoje frequentemente com as outras pessoas. Uma conversa natural em que os problemas colocados são pontos de vista aceitos por todos normalmente. Falando da reencarnação de Jesus, ou seja, que Jesus fosse a reencarnação de um dos profetas antigos. Os apóstolos não levantavam nada de suspeito, nada demais, que Jesus precisasse corrigir. E Jesus não corrige. Jesus confirma pelo silêncio aquilo que em outros momentos do evangelho, tanto do evangelho de Marcos, como de Lucas, como de Mateus, como de João, em todos os evangelhos ele apresenta sempre o problema da reencarnação. Como nós vimos no diálogo com Nicodemos e assim por diante. Quer dizer, então o problema da reencarnação nesse trecho de Marcos ressalta claramente à vista de todos aqueles que querem ver. Só não veem aqueles que, como dizia Jesus, não tem olhos de ver.
Hora do recado, hora de pensar em responder.
Não se irrite com os que combatem a verdade. Desde que o mundo é mundo, a verdade foi sempre combatida e os que mais a combatem são os que mais necessitam da sua ajuda. Procurem esclarecê-los com paciência, com amor, não os ofenda. Já é tão triste vê-los combater a própria verdade. Dê-lhes o consolo da sua tolerância e da sua compreensão. Todos chegarão à verdade, mais hoje, mais amanhã. Ninguém a combateu mais do que Paulo, que depois se tornou o seu apóstolo mais ardente e mais dedicado. Ninguém pode com a verdade. Você pensa que alguém suporta a mentira por muito tempo?
No Limiar do Amanhã, está nascendo a civilização do espírito.