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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

 

Temos de avançar, temos de evoluir, temos de nos elevar, mas para isso precisamos ter consciência do nosso destino. Não estamos na terra para nela permanecer, estamos aqui de passagem. Não somos criaturas terrenas, somos habitantes do cosmos. Milhões de mundos nos esperam no espaço sideral. Humanidades superiores, gloriosas, anseiam por nos receberem em mundos felizes de trabalho e de paz, o grande trabalho da evolução universal.

Não se trata de uma ilusão amigo ouvinte, mas de uma realidade que dia a dia se torna mais visível e mais palpável. “Há muitas moradas na casa de meu pai”, disse Jesus e o pai de Jesus é o nosso pai. A inteligência suprema que nos criou para um destino superior. Não façamos da vida terrena a nossa única vida, não fiquemos agarrados à Terra. O infinito é o nosso destino.

Não somos feitos de carne e osso, de um corpo destinado à morte e à corrupção. Afastemos de nossa mente a idéeia da morte. Ninguém morre, o que morre é apenas o corpo material. Ressuscitamos no corpo espiritual que é o corpo da ressurreição. Os que se entregam a ideia da morte fecham os olhos à vida. Quando morremos na Terra, renascemos para a Vida Maior.

As ciências atuais avançam rapidamente na descoberta da nossa verdadeira natureza. A física descobriu a antimatéria, provando definitivamente a existência do outro mundo. As próprias religiões se modificam, reformulam os seus conceitos diante do avanço irreversível da cultura. Vai longe o tempo da ignorância materialista, estamos entrando na Civilização do Espírito.

Tomemos consciência da realidade do espírito, aproveitemos a vida no bom sentido, aprendendo com ela a viver para o futuro. O presente se esvai a cada minuto que passa. O futuro é a realidade que mergulhamos dia a dia. Nosso corpo tem vida limitada, mas nosso espírito não está sujeito aos limites do tempo. Você é espírito amigo ouvinte, seu corpo é apenas um instrumento da sua manifestação na terra. Não se apegue ao mundo, liberte-se do apego à matéria, tome consciência de sua natureza espiritual.

Não se preocupe demais com os seus problemas, mas procure dar conta do seu recado. Você é um caixeiro viajante e precisa cumprir as suas obrigações nesta passagem terrena. Não prejudique a ninguém, não faça maldades, não explore, nem roube, seja honesto e procure servir aos outros o mais que puder. O que fizermos para os outros nos será devolvido por outros e devolvido com juros.

No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel, transmissão número 176, quarto ano.

Apresentação de José Pires e Jurema Iara. Sonoplastia Antonio Brandão. Técnica de som Paulo Portela. Direção e participação do professor Herculano Pires. Uma hora na busca da verdade.

Gravação dos estúdios da Rádio Mulher, São Paulo, Brasil.

Todas as semanas, neste dia e neste horário. Transmissão da Rádio Mulher 730khz São Paulo, da Rádio Morada do Sol 640khz Araraquara, da Rádio Difusora Platinense 780khz Santo Antônio da Platina, Paraná.

Diálogo No Limiar do Amanhã, uma busca radiofônica da verdade.

A verdade é aquilo que é, aquilo que pode ser provado e comprovado.

Professor, recebemos aqui uma carta de muitos ouvintes. “Prezado Senhor, vimos por meio desta trazer-lhes os nossos parabéns. E ao mesmo tempo os nossos incentivos pelo programa que vossa senhoria vem realizando nesta emissora, o qual julgamos de excelente nível de utilidade e cultura. E também de profundos esclarecimentos para o campo espiritual do qual fazemos parte, com muito orgulho. Desejamos ao senhor e toda equipe do programa muito mais sucesso e bastante audiência. Queremos dizer-lhe também, estimado professor, que somos um número de dez pessoas, todas da Lapa, assíduos ouvintes de seu maravilhoso programa. Conte com o nosso total apoio. Sem mais para o momento, agradecemos pela sua atenção. Atenciosamente, Valentino Gomes da Rocha, Alfio Duarte e Jair Gomes.”

JHP - Agradecemos de coração, esta manifestação dos nossos ouvintes. Nossos ouvintes da Lapa que tão atenciosamente nos comunicam a maneira porque vem apreciando o nosso programa e nos felicitam pela sua realização. São estímulos que nos vêm naturalmente daqueles que ouvem, daqueles que devem julgar, avaliar o nosso programa. E que assim avaliando nos manifestam a sua aprovação de maneira tão gentil. Nós agradecemos e procuraremos continuar atendendo as exigências do nosso público, procurando fazer o possível para que o nosso programa realmente corresponda aquilo porque anseiam todos aqueles que ligam o seu rádio para as nossas ondas.

Antes de prosseguir Jurema Iara eu queria lembrar que nós estamos no início da semana da pátria, o dia sete de setembro. É bom lembrar a todos os nossos ouvintes que a semana da pátria tem uma finalidade muito importante. Que é a de lembrar a todos nós, não só os acontecimentos que levaram Dom Pedro I a proclamar a independência do Brasil nesta data, mas também lembrar todo esforço que foi realizado anteriormente por todos aqueles patriotas, que no trabalho constante em favor do Brasil, da grandeza da nossa terra, da cultura do nosso povo, prepararam o terreno para que esse momento decisivo da libertação política de nossa pátria pudesse ter sido realizada. Também é interessante encarecer neste momento, principalmente àqueles ouvintes que tendo conhecimento do Espiritismo sabem muito bem que nós consideramos as pátrias, as nações, como aglomerados humanos que correspondem a certas faixas da evolução espiritual. E que os espíritos reunidos no Brasil como sabemos, tem uma tarefa muito grande a cumprir no desenvolvimento espiritual da Terra.

Nosso mundo avança para melhores condições de vida, para uma cultura mais elevada e mais pura. Nosso mundo avança para uma libertação de todos os conceitos arcaicos que o prenderam até hoje, a uma condição bastante inferior no quadro, ou melhor na escala dos mundos no infinito. Na proporção em que avançamos para o alto, em que subimos espiritual, moral e culturalmente. Na proporção em que fazemos isto o Brasil se engrandece aos olhos do mundo e se impõe como uma nação que deve liderar a nova cultura que está surgindo na terra, a civilização do espírito. Assim é para nós muito grato assinalar no dia de hoje. Lembrando as figuras principalmente daquele que pela primeira vez procurou reunir condições para uma tentativa da libertação do Brasil, como foi Tiradentes em Minas Gerais. Lembrar a sua figura histórica, a sua figura de mártir, o proto-mártir, como sempre se disse, da nossa independência. Lembrar todos aqueles que com ele na Inconfidência Mineira lutaram para que do Brasil colonial pudesse surgir uma pátria livre, senhora de si, dirigindo-se nos seus destinos em direção a um plano maior, não só para nós, mas para todo mundo. E lembrar as figuras eminentes de Dom Pedro I, de José Bonifácio de Andrade Silva e de todos aqueles que colaboraram para que a independência fosse proclamada com o mínimo de lutas. Num sentido que pudesse facilitar o desenvolvimento pacífico do nosso país, através dos anos futuros.

Hoje estamos vendo o engrandecimento de nossa terra em todos os sentidos. No material, no cultural, no espiritual. E é com grande satisfação que nos lembramos aquela frase extraordinária de Humberto de Campos, transmitida através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier: Brasil coração do mundo, pátria do evangelho. Realmente aqui renasce o evangelho de Jesus. O Brasil é a pátria do evangelho redivivo, o evangelho que renasce nos corações e nas consciências para poder ditar, através de seus princípios fundamentais, uma conduta diferente para o homem terreno. E se Deus quiser sob a liderança espiritual do Brasil, o mundo do futuro, o mundo que está nascendo diante de nós. De nós que pisamos agora No Limiar do Amanhã. Esse mundo não será mais um mundo de guerras, de lutas intestinas nas nações, de conflagrações terríveis e também de situações perigosas no campo da moral. Não! Teremos um mundo novo, um mundo mais belo, um mundo mais puro. Apesar de tudo aquilo que possamos enfrentar neste momento, o sete de setembro representa para nós um marco histórico, portanto não apenas da nossa independência política, mas também da nossa estruturação como uma nação nova diante do mundo. E uma nação que tem por fim liderar a construção de um mundo novo na terra.

Pergunta 1: Ouvinte que vem estudando o Espiritismo há dois meses, pede informação sobre centro para se integrar em suas atividades.

Locutor - Professor, escreve o ouvinte Gilberto R. Pereira, do Sacomã. Iniciei há não mais que dois meses nas leituras da doutrina espírita. Li O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e estou terminando de ler O Evangelho Segundo o Espiritismo. Já me sinto em condições de participar ativamente nos trabalhos de um centro, apesar de até agora não ter recebido nenhuma manifestação mediúnica. A filosofia e a lógica me convenceram. Gostaria que o senhor professor, me desse o endereço de um dos dois centros que o senhor participa para que eu e mais um colega de trabalho conheça também. Desde já, Gilberto R. Pereira.

JHP - Eu posso dizer ao nosso amigo Gilberto, que é para nós uma notícia muito feliz, a da sua iniciação espontânea no Espiritismo e principalmente através da leitura e do estudo. É o que de mais nós necessitamos no movimento espírita. Sabemos que a maioria das pessoas se aproxima do Espiritismo levada por motivos pessoais, particulares, muitas vezes dolorosos. A morte de um ente querido, doenças graves na família ou doenças na própria pessoa, que é levada a procurar no Espiritismo uma consolação, uma ajuda ou uma cura. Entretanto não são muitos os que se aproximam do Espiritismo pela leitura das obras, pela lógica da doutrina. Por poderem encontrar nele uma compreensão melhor para a sua compreensão dos problemas da vida, do homem, do mundo. E os que fazem assim são os que podemos dizer, quase que predestinados porque já trazem em si estas idéias. Já alimentam na sua própria alma, no seu inconsciente estes princípios que vem encontrar na leitura dos livros espíritas. É por isso que eles se convertem sem ver, sem tocar os fantasmas nas suas manifestações de materialização. Sem ver os fenômenos de efeitos físicos, sem participar nem mesmo de sessões em que os espíritos se manifestam e dão prova da sua identidade. Estes são os que acreditam portanto antes mesmo de tocarem a realidade do fenômeno. E o nosso amigo Gilberto se inclui precisamente nesta condição que é para nós muito agradável encontrar nos que se aproximam do Espiritismo.

Desejamos ao nosso amigo que continue na sua leitura. Já leu O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Evangelho Segundo o Espiritismo. Não se esqueça porém de que estas leituras iniciais são feitas assim com ímpeto de entusiasmo que não nos deixa perceber as minúcias. Os aspectos as vezes muito importantes de princípios doutrinários que escapam numa leitura tão rápida. Volte a ler estes livros lentamente, com paciência. Pode prosseguir até o fim da codificação ainda neste ímpeto de entusiasmo em que está, lendo também o Céu e o Inferno e a Gênese. Com estes dois livros mais o nosso amigo completará a leitura total da codificação dos livros fundamentais da doutrina. Mas nem assim deve pensar que já leu tudo. Estes livros fundamentais são por assim dizer, as pedras do alicerce doutrinário. É preciso prosseguir, há muito o que ler, há muito o que estudar. Os livros de Léon Denis, os livros de Ernesto Bozano,  os livros de Aksakof, os livros de Delanne e de tantos outros companheiros de Kardec que trabalharam ao seu lado ou que vieram posteriormente, enriquecendo o Espiritismo com suas pesquisas, com seus trabalhos, com seus estudos.

É necessário lembrar também que existe a Revista Espírita de Allan Kardec. São nada menos de doze volumes de cerca de quatrocentas páginas cada um deles. Mas esta coleção é indispensável ao bom conhecimento da doutrina. Isto o nosso amigo pode ter visto na própria leitura dos livros que fez, onde constantemente há indicações de Kardec. Procurar o esclarecimento ou procurar a continuidade deste assunto na Revista Espírita número tal, de tal ano, assim, assim. A Revista Espírita de Allan Kardec já existe felizmente aqui em São Paulo, completamente editada em português. Os doze volumes que correspondem ao tempo que Kardec a redigiu. Posteriormente a Kardec a revista continuou saindo, ainda hoje está sendo publicada na França. Mas o que nos interessa do ponto de vista doutrinário é a coleção referente ao tempo de Kardec. Porque esta coleção traz não só o pensamento de Kardec mas também os fatos que ele observou, as pesquisas que ele fez durante cerca de doze anos na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Vem ali o relato das pesquisas, as comunicações importantes por ele recebidas, tudo isso está na revista. E os seus estudos desenvolvendo os aspectos do Espiritismo que ele naturalmente não pôde desenvolver nas obras básicas que tinham o fim de estruturar a doutrina. Dar a sua estrutura mas não entrar em minúcias, em pormenores que viriam depois e que são bastante importantes para um conhecimento profundo. Aconselho pois o nosso irmão a continuar a leitura, a continuar no seu estudo.

E quanto aos centros, eu lhe indicaria para freqüentar o Centro Espírita Pedro e Anita, à Rua Ambosino de Macedo, número 194, em Vila Mariana. É uma travessa da Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, próximo ao Largo Ana Rosa. Vou repetir, Centro Pedro e Anita, Rua Ambosino de Macedo, 194, travessa da Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, próximo ao largo Ana Rosa. Gilberto, você pode comparecer ali no sábado, até mesmo no próximo sábado se você quiser. E procurar ali o senhor Rui Piedade, Rui Piedade que é o presidente, o diretor dos trabalhos, o diretor do centro. Converse com ele e você terá então oportunidades de conhecer um grande espírita, muito bem informado da doutrina, muito dedicado ao trabalho e que o auxiliará no seu encaminhamento e do seu amigo. Outro centro que eu lhe aconselharia no caso de você querer também freqüentar uma sessão espírita, é o Centro Renovação, à Rua Espírita 116, é uma travessa da Rua Lavapés, no Cambuci. Lá você procurará ou o doutor Caio Ulisses Ramaciotti ou o seu pai, Rolando Ramaciotti. Um dos dois atenderá você e também poderá ajudar muito a vocês no encaminhamento. Eu pertenço, estou ligado a esses dois centros e certamente poderemos nos encontrar também lá, na oportunidade em que eu puder estar presente aos trabalhos. Quanto ao centro Pedro e Anita eu aconselharia você a comparecer lá no próximo sábado às dezesseis horas, dezesseis horas, pelo seguinte. Porque ali existe uma pequena reunião que vai das dezesseis às dezessete horas todos os sábados. É uma reunião rápida, portanto, de apenas uma hora, mas em que as pessoas tomam contacto com o centro. Tomam contacto com os trabalhos e estabelecem as ligações. Por isso aconselharia você e o seu amigo que ali comparecessem no sábado próximo.

Pergunta 2: O romance Lázaro é uma obra inspirada pelos espíritos? É mediúnico ou é de sua própria invenção como escritor?

Locutor - O ouvinte Lázaro Gonçalves Junior, da Rua Xavier de Toledo, pergunta. Primeiro. O romance Lázaro do prezado professor é uma obra inspirada pelos espíritos? É mediúnico ou é de sua própria invenção como escritor?

JHP - Certamente é inspirada pelos espíritos, não é? Inspirada pelos espíritos. Pois bem. Naturalmente meu caro Lázaro você, não sei se você se interessou pelo romance por ter o seu nome. Mas eu estou vendo que você leu e interessou-se e naturalmente queria saber isto. Se foi um livro inspirado, um livro transmitido para mim, por mim e eu funcionando mais ou menos como médium ou se foi um livro criado pela minha imaginação. Eu quero dizer a você uma coisa, eu não sou médium psicógrafo. Mas não obstante todos nós temos mediunidade. E aquilo que nós chamamos inspiração, ela vem às vezes do nosso próprio interior, do nosso inconsciente. Quando nós tocamos com um assunto qualquer ou um objeto qualquer, um fato que desperta, que provoca nossas idéias profundas. E estas idéias sobem à tona, elas passam do plano subliminar da consciência para o plano supraliminar. Neste momento nos sentimos assim um ímpeto de escrever e de desenvolver certos assuntos, ímpeto este a que nós damos o nome de inspiração. Mas também existe a inspiração das musas de que falavam os gregos e os romanos antigos. A inspiração dos espíritos que realmente quando sentem a nossa atração por um certo assunto que interessa a eles, eles também se aproximam e vem nos trazer as suas idéias, nos transmitir o seu pensamento telepaticamente, auxiliando-nos no trabalho.

Eu acredito que realmente no desenvolvimento desse trabalho do romance Lázaro eu fui bastante inspirado, como no anterior o Barrabás também, e como no posterior o livro Madalena que vai completar a trilogia. Lázaro é apenas o romance de miolo, por assim dizer, de centro de uma trilogia que se constitui de três obras subseqüentes, Barrabás, Lázaro e Madalena. E a finalidade desses romances não é apenas distrair, não é contar histórias, nem mesmo evocar o tempo que neles eu procurei descrever. Não é apenas isto. É principalmente estudar, aprofundar o estudo de um problema central, de interesse profundo no campo do cristianismo e do Espiritismo, que é o problema da conversão. Nós vemos ali que eu procuro dar um, em linhas gerais, um panorama por assim dizer, da transformação do mundo pagão em que Jesus nasceu. O mundo mitológico do tempo de Jesus, o mundo dominado pelo império romano. A transformação deste mundo, ou quer dizer, a conversão deste mundo no mundo cristão. Então cada um destes personagens representa na trilogia um tipo significativo, um símbolo.

Barrabás por exemplo personifica violência do mundo antigo que era todo ele estribado apenas na violência. Barrabás é a figura violenta que quer expulsar os romanos da Palestina através de guerrilhas e de lutas sangrentas. Mas a ele se opõe Jesus, a figura de Jesus trazendo uma mensagem de paz e de amor, de fraternidade entre os homens. Então na novela o Barrabás nós temos a luta da violência contra a não violência do mundo novo que vai surgir. Em Lázaro nós temos o problema da impureza e da pureza. O mundo impuro considerado assim porque inteiramente dominado por princípios não só de violência como também de sensualidade. Se defronta com um mundo puro que vai nascendo, que é o mundo cristão, o mundo ideal, o mundo que arranca o homem da animalidade para conduzi-lo à espiritualidade. E Lázaro simboliza principalmente na sua vida esta passagem, esta transição da consciência humana de um plano para outro. Em Madalena nós temos a conversão no sentido mais profundo que é o processo do amor. É o amor dionizíaco, o amor, podemos dizer assim, demasiadamente carnal dos tempos antigos que predominava no império romano, que dominava até mesmo a cultura grega. Este amor convertido na pessoa de Madalena, no amor sublime, no amor espiritual do Cristo. Então Madalena que era como sabemos, uma mulher cortesã, que de acordo com as regras do tempo, exercia o seu poder feminino sobre os homens para influir em todos os sentidos na política do tempo e dominar os palácios reais. Esta mulher entretanto, depois de encontrar-se com Jesus, ela se converte numa criatura santificada, ela se depura. Jesus a liberta dos sete demônios que a perseguiam, dos espíritos, espíritos inferiores que a torturavam e que a prendiam nas idéias inferiores da terra para que ela se converta realmente naquilo que ela é. O seu espírito ansiava pela pureza, pela beleza, pelo amor sublime e Jesus toca o seu coração e a sua consciência e a desperta para isso.

Então nós temos em Madalena a conversão no seu momento mais profundo, naquele que toca a emotividade, a afetividade das criaturas, que transforma moralmente a criatura no mais profundo de si mesma. Ora, é assim que esta trilogia portanto, não apenas Lázaro mas essa trilogia toda, me foi dada como uma inspiração. Uma inspiração certamente de espíritos amigos, bondosos, mas interessados neste problema. Que viram em mim por certo, a possibilidade de fazer alguma coisa em favor do desenvolvimento desse tema. É assim que eu posso lhe responder, que realmente todos nós que escrevemos, como todos os que trabalham em qualquer coisa, todos nós conhecemos a inspiração. Nós sabemos que o artista é inspirado. Mas que o homem de trabalho, que realmente se devota ao seu ofício é também inspirado na execução dos seus serviços. E esta inspiração está sempre presente, quer sejamos espíritas ou não, quer sejamos médiuns ou não. A inspiração não depende de mais do que um sopro do espírito sobre nós, transmitindo-nos as suas idéias e as suas emoções para que nós as sintamos e sejamos impulsionados por elas.

Pergunta 3: Quando vai sair o romance sobre Madalena

Locutor - A segunda pergunta do ouvinte Lázaro professor, é justamente. Quando vai sair o romance sobre Madalena, da autoria do senhor, professor?

JHP - Eu penso meu caro Lázaro, que este romance sobre Madalena sairá no ano próximo. Porque eu ainda estou trabalhando nele. Ele me deu mais trabalho do que eu pensava. Ele de fato envolve problemas muito sérios no tocante a psicologia humana, ao desenvolvimento da criatura humana na terra. E tende aprofundar o problema da conversão, mostrando como e porque um espírito se converte. Quer dizer, um espírito muda de posição mental e emocional. Ele sai de um campo de pensamento para outro. Porque ele dá este passo? Como? Que dificuldades enfrenta? No caso de Madalena essas dificuldades foram enormes. E então precisamos aprofundar tudo isto. Mas acredito que até o ano que vem teremos Madalena publicado.

Quem quer saber, pergunta, se a resposta não satisfaz, contesta. Mande-nos suas perguntas para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta 205, São Paulo. E se prepare para dialogar conosco. Estamos no ar para dialogar, não tenha receio de entrar no diálogo.

Diálogo No Limiar do Amanhã. Quem estará com a verdade, nós? Você?

Pergunta 4: Quem é Camilo Chaves, autor de Semíramis?

Locutor - Professor, o ouvinte Alfredo Varezi, da Avenida Ibirapuera, pergunta. Primeiro. Li um lindo romance de Camilo Chaves chamado Semíramis. Quem é esse autor? Onde mora?

JHP - Camilo Chaves era um grande escritor mineiro. Ele foi até mesmo senador por Minas Gerais. Era um homem de grande projeção tanto na política como nas letras, na vida social em Minas e foi um grande espírita. Foi mesmo presidente da União Espírita Mineira. Dedicou-se muito ao trabalho no campo espiritual. Ele escreveu este livro baseado num processo de inspiração que lhe veio, ao estudar a história de Semíramis. A grande rainha da Babilônia que tinha, como sabemos, o jardim suspenso tão famoso na história. E desenvolveu um trabalho de pesquisa muito grande, muito intenso, tendo realizado uma obra belíssima que é Semíramis. Infelizmente este livro não teve a repercussão necessária no mundo das letras porque Camilo Chaves era modesto. Apesar de seu prestigio e de sua influência, ele não se interessou pela projeção de seu livro. E infelizmente nós estamos numa época em que vale mais o esforço de alguém para se fazer mostrar, para se mostrar, para aparecer, de que o valor exato daquilo que produz. Camilo Chaves teve apenas uma edição desse livro lançado aqui em São Paulo, pela editora Lake. Essa edição me parece que está esgotada e não sei de nenhuma providência para que surja uma outra edição.

Pergunta 5: Livro do Professor Romeu do Amaral, De Cá e De Lá.

Locutor - Professor, a segunda pergunta do ouvinte Alfredo. Por que a Edicel ou a Lake não reeditam o livro do professor Romeu do Amaral Camargo, De Cá e De Lá? Acho uma obra muito necessária.

JHP - Realmente o professor Romeu do Amaral Camargo foi um homem grandemente estudioso. Ele era primo do Pedro de Camargo, Vinicius, que como nós sabemos foi um dos grandes oradores espíritas de São Paulo, uma das figuras de maior projeção no movimento espírita de São Paulo, não só pela sua inteligência, pela sua cultura, mas também pela sua bondade. Vinicius era uma criatura muito bondosa, muito atenciosa para com todo mundo. E Romeu do Amaral Camargo, primo de Vinicius, tinha a mesma formação que ele. Ambos tinham vindo para o Espiritismo do protestantismo, eram protestantes. E Romeu do Amaral Camargo chegou a ser mesmo diácono de uma igreja protestante em São Paulo, não me lembro qual a denominação, mas sei que ele foi diácono. Conheci ele bastante e posso informar que Romeu do Amaral Camargo, que era advogado e era professor, foi um homem de grande cultura e interessou-se muito pelo Espiritismo. Este livro De Cá e De Lá é um livro de desafio, um livro que quando surgiu representou um verdadeiro desafio em São Paulo, porque ele atacava todos os pontos principais das campanhas movidas contra o Espiritismo. E sustentava os princípios espíritas com grande galhardia e com grande competência. Realmente o seu livro deveria ser reeditado. O senhor tem razão e eu vou levar a sua sugestão a Lake e a Edicel.

Pergunta 6: O que é magia simpatética?

Locutor - Professor, o que é magia simpatética?

JHP - Chama-se magia simpatética em sociologia, aquela conhecida forma de magia pela qual os selvagens procuravam transmitir doenças e situações dolorosas ou difíceis a uma pessoa, fazendo um bonequinho de cera com a figura aparente da pessoa que eles queriam atingir. Então por exemplo essas práticas que se propagaram muito na Idade Média, e dando motivo até a numerosos processos de feitiçaria principalmente em Roma, onde intensificou-se muito a luta pelo poder. Então podíamos ver naquele tempo e vemos na história, numerosos clérigos e nobres envolvidos em práticas de feitiçarias para derrubar os poderosos do tempo, substituí-los no poder. Era uma espécie de ‘guerra mágica’ que se processava. Numerosos processos se encontram nos arquivos do Vaticano. Processos realizados naquela ocasião para descobrir quem estava fazendo magia contra quem. E o coronel Albert de Rochas que era também um professor do Instituto Politécnico de Paris e foi o seu diretor, publicou um livro muito interessante que existe no Brasil numa edição da Edicel com o título de A Feitiçaria,* em que ele evoca todo esse tempo de lutas com essa forma de magia. Praticamente é a magia simpática, quer dizer, a magia que age por simpatia. Faz-se a magia adotando-se um processo de ligação, de afinidade com a pessoa. Então através dessa simpatia que se estabelece, quer dizer, dessa relação simpática entre a pessoa e o feiticeiro. Seja o feiticeiro tendo em mãos um pouco de cabelo da pessoa, um objeto de uso dela ou qualquer coisa e fazendo uma imagem da pessoa através da qual ele age. Então ele pode atingir a pessoa. É isso que se chama de magia simpatética em sociologia.

Pergunta 7: Por que o papa não proíbe a prática do exorcismo?

Locutor - Professor, o ouvinte Renato Moretti, pergunta. Primeiro. Essa prática do exorcismo não deveria ser proibida pelo papa? Pois eu li num jornal a declaração de um sacerdote que pratica o exorcismo, que o Chico Xavier está com o demônio e Emmanuel não existe, é apenas uma ilusão.

JHP - Eu não compreendo, meu caro Moretti, como você quer que o papa proíba a prática do exorcismo, porque um padre falou isso do Chico Xavier. Você deve saber que o Chico Xavier é espírita. O Papa, Sua Santidade o Papa é o chefe supremo da igreja católica. De maneira que ele não teria motivo nenhum por isso de proibir a prática do exorcismo. Além disso a prática do exorcismo é uma velha prática que vem das religiões mais antigas do Oriente e no cristianismo ela procede diretamente do judaísmo. Os judeus praticavam e praticam até hoje uma forma de exorcismo. E esta forma de exorcismo foi que deu origem à forma de exorcismo do catolicismo. Não há motivo do ponto de vista da sua pergunta para que o papa, como chefe de uma igreja, tomasse providências para proibir o exorcismo a menos que o exorcismo estivesse prejudicando a sua igreja.

Pergunta 8: Nós devemos expulsar demônios ou orar pelos pobres de espírito?

Locutor - A segunda pergunta. Tem certos sacerdotes ou padres que procuram combater o Espiritismo através do exorcismo, expulsando demônios que não existem. Nós devemos orar aos pobres de espírito, não está certo?

JHP - Sim, eu compreendo o que você quer dizer, entendo que você quer dizer o seguinte. Que ao invés de se expulsar o demônio, porque o demônio não existe, devia se cuidar dos pobres espíritos. Você escreveu dos pobres de espírito, mas entendo que seja isto. Devia cuidar dos pobres espíritos que estão atuando sobre aquela pessoa. Que são espíritos inferiores, sofredores e que se servem do nome do diabo como uma forma de amedrontar mais. Não só aquela pessoa que eles estão atingindo como as outras pessoas que se aproximam, que querem salvar o obsedado, o perseguido. Eu acho que realmente que você tem razão. É necessário que ao invés de se afastar o espírito com práticas de expulsão que pertence a um passado longínquo remoto da humanidade. É necessário que hoje, que nós compreendemos o problema e sabemos que os espíritos que atuam sobre uma pessoa, são nossos próprios irmãos de humanidade, criados por Deus, filho de Deus como nós mesmos. Esses espíritos merecem um pouco de atenção porque eles também são sofredores. Se eles estão atacando uma pessoa é que eles estão num plano bastante inferior da espiritualidade.

Nesse plano eles não tem felicidade, não tem alegria, eles sofrem, eles levam uma vida muitas vezes de mais sofrimento do que aqui na terra. E se procuram atacar aquela pessoa é porque eles querem vingar-se. Vingar-se de alguma coisa que em vidas anteriores lhes foi feito. Então é necessário que nós compreendamos isto e deixemos de lado as práticas de expulsão violenta dos espíritos apelando para as práticas espíritas de desobsessão. Que são práticas de doutrinação através da qual tanto se doutrina o obsedado quanto o obsessor. E que o nome do diabo praticamente está excluído porque se nós chamarmos um espírito desses de diabo, de demônio, eles ficam satisfeitos com isso porque eles acham que estão se impondo e que estão nos aterrorizando. Ao passo que tratando-os como criaturas humanas, que na realidade eles são, nós conseguimos tocar-lhes o coração e a consciência, pois todas as criaturas humanas tem consciência e tem afetividade, tem sentimento, todas. E quando nós tocamos estes pontos da sua personalidade, eles se arrependem do que fizeram, eles se convertem ao bem. É o processo da conversão de que eu falei ainda há pouco e por isso você tem razão em querer que se substitua uma coisa por outra. Mas isso não depende de nós, não é Moretti?

Pergunta 9: Por que o Espiritismo não é propagado na televisão?

Locutor - A terceira pergunta do ouvinte. Por que o Espiritismo não é propagado na televisão?

JHP - Não é bem assim. O Espiritismo já foi muitas vezes propagado na televisão, e volta e meia nós temos programas espíritas, somos convidados a falar em televisão, outros espíritas tem sido. Numerosas vezes o problema espírita é colocado na televisão. Você naturalmente pensa num programa próprio, mantido por uma instituição espírita. Isso não é fácil, porque um programa de televisão como sabemos, fica muito caro. Não é um programa barato e para manter um programa de televisão, nós não dispomos de uma instituição espírita rica para isso. Você sabe que o movimento espírita não se baseia em processos de aquisição de dinheiro fácil. É muito difícil para uma instituição espírita arregimentar as pessoas que podem realmente garantir a sua subsistência, a sua manutenção e algum trabalho de divulgação. Mas não podem contribuir com quantias gordas, quantias elevadas para fazerem com que essa instituição mantenha um programa de televisão no ar. Era necessário naturalmente que houvesse alguns mecenas por aí, alguns indivíduos que esposando o Espiritismo e dispondo de fortuna, quisessem contribuir para isso. Mas eles pensam muitas vezes e talvez com razão, que é melhor empregar este dinheiro no problema da assistência social que requer tanta atenção de parte de todos nós, do que gastar em programas de televisão. Então acontece que nos programas de televisão o Espiritismo só aparece quando uma estação, dentro da sua programação, convida as pessoas espíritas a participarem deles. Mas a televisão tem colaborado bastante com a divulgação do Espiritismo.

Pergunta 10: Por que não tem um programa espírita na TV?

Locutor - E a quarta pergunta, professor. A umbanda tem um programa na TV. Os Batistas tem um programa na TV. Esses dois programas são feitos pelo canal onze. E por que os espíritas não podem ter um programa de debates para dar esclarecimentos aos leigos no assunto?

JHP - Pode ter é claro. Mas como eu expliquei a você já na pergunta anterior, há dificuldades para isso. Porque os programas de TV são elevados, custam caro e as instituições espíritas são geralmente pobres e quando elas dispõem de mais recursos, esses recursos são todos aplicados em assistência social, como você sabe muito bem. E é tanta a necessidade da assistência social em nosso país, em nossa terra, com a nossa gente, que em geral as instituições espíritas não se sentem atraídas a dispender grandes somas que podem, que fazem muita falta no campo da assistência social. Dispender estas somas na divulgação da doutrina, porque a doutrina já dispõe felizmente de facilidades na divulgação, não só no rádio, na TV, como na imprensa e como nos livros. A bibliografia espírita é hoje muito grande, os livros espíritas são vendidos com facilidade, revistas e jornais espíritas circulam intensamente por todo o país. Então me parece, eu tenho o meu ponto de vista pessoal, que na realidade há uma certa nobreza de parte dos espíritas em não se interessarem tanto por despender muito dinheiro na divulgação, quando há tanta dor a socorrer em nosso país e com a nossa gente.

Pergunta 11: Pensamento de rejeição ao planeta. O que será isto?

Locutor - Professor, nossa ouvinte Rosa Inês Gonçalves, pergunta. Por que será que às vezes eu fico toda esquisita e me vem um pensamento assim. Não gosto deste planeta, gostaria de ir logo para o outro? Então vem a minha mente uma imagem de um lugar que parece que conheço. Isto passa logo e parece que saí de um estado hipnótico. O que será?

JHP - É bom que a senhora tenha cuidado com essa situação pelo seguinte. Porque em geral isto decorre de uma condição do nosso próprio espírito. A senhora não se sente bem na vida terrena, o seu espírito bem entendido. O seu espírito desejaria coisas que não encontra aqui na Terra. Pode ter saudades, reminiscências de paragens do espaço onde viveu numa vida mais feliz do que aqui. E então o seu espírito ao se lembrar dessas coisas, numa lembrança vaga que parece uma aspiração secreta que sobe do íntimo, o seu espírito cai num estado de melancolia. Há no Evangelho Segundo o Espiritismo um capítulo chamado Melancolia, que a senhora devia ler. Este capítulo esclarece bem esse problema. No Livro o Evangelho Segundo o Espiritismo de Allan Kardec. O capítulo Melancolia é um tópico no meio de um capítulo. A senhora então encontra ali uma mensagem de um espírito muito interessante, muito esclarecedora a respeito destes problemas. Mas nós estamos na terra porque precisamos, o seu espírito pediu para vir aqui. Porque nós todos precisamos vir à terra afim de recompor certas situações que criamos em vidas anteriores e desenvolver melhor as nossas potencialidades internas. Os nossos poderes internos, aperfeiçoando-nos moral e espiritualmente. Temos de então enfrentar os problemas aqui da terra na vida em que estamos.

Mas quando estas sensações, dando-nos um desejo de fuga, como no seu caso. Essas situações nos atingem e nos querem levar para longe da realidade, querem nos afastar dos nossos deveres, do cumprimento dos nossos deveres imediatos aqui na terra. Quando isso acontece também existe a influência de espíritos interessados em perturbar a nossa evolução, de espíritos que vem atrapalhar-nos e que incentivam isto com suas idéias. Eles começam a nos transmitir pensamentos favoráveis aquilo que nós estamos pensando. E nós vamos nos aprofundando cada vez mais nessa situação de abandono, nessa situação aleatória, aliando-nos ao ambiente. A realidade e procurando uma felicidade impossível nesse mundo ou então querendo escapar deste mundo para um outro melhor. Esses pensamentos nos fazem deixar de cumprir muitos dos pontos principais do nosso programa aqui na terra e então teremos de ficar mais apegados ainda a terra, pela necessidade de cumprir em vidas posteriores aquilo que deixamos inacabado. Fuja portanto disto, evite essas situações, quando isso ocorrer leia a mensagem Melancolia do Evangelho Segundo o Espiritismo. Eleve o seu pensamento a Deus, peça forças para a senhora continuar e não se entregue a estas sensações. Porque isto depende principalmente da senhora. Se a senhora se recusar a entregar-se, a senhora não cairá nesse estado.

Pergunta 12: Cura imediata ao receber guia espiritual.

Locutor - A segunda pergunta professor. Quando me sinto doente, recebo meu guia espiritual e logo então me sinto curada.

JHP - Sim, porque naturalmente a senhora não estava doente. A senhora estava sentindo uma sensação de mal estar provindo de influências que lhe atingiam. Ao a senhora se ligar mentalmente com seu guia espiritual e recebendo a comunicação dele, a senhora se restabelece, restabelece o seu equilíbrio psíquico.

Pergunta 13: Existem no Brasil livros de Madame d’Esperance e de Daniel Dunglas Home?

Locutor - Professor, será que existem no Brasil livros de Madame D’Esperance e de Daniel Dunglas Home.

JHP - Sim, de Madame D’Esperance existe. Existem livros e é fácil encontrar nas livrarias espíritas de São Paulo. Entretanto de Daniel Dunglas Home que eu saiba, não, não existe. Eu queria apenas lembrar o seguinte. Daniel Dunglas Home nunca foi espírita. Era um grande médium, ele era um médium escocês, um homem de grande posição social, pertencente a família nobre, essa coisa toda. Mas ele nunca foi espírita. De maneira que seus livros publicados na Inglaterra, nos Estados Unidos, não tiveram grande interesse no campo do Espiritismo.

Pergunta 14: Pedido de informação sobre centro espírita.

Locutor - Professor, o senhor conhece algum centro espírita que fique perto do aeroporto? Caso conheça, poderia me dar o endereço?

JHP - Infelizmente não tenho em momento nenhum endereço nesse sentido. Mas a senhora poderia conseguir isso na Federação Espírita do Estado.

Quem quer saber, pergunta. Se a resposta não satisfaz, contesta. Mande-nos suas perguntas para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta 205, São Paulo, e se prepare para dialogar conosco. Estamos no ar para dialogar, não tenha receio de entrar no diálogo.

O evangelho de Jesus em Espírito e Verdade.

Abrimos o evangelho ao acaso e eis o que saiu. Marcos 8, 22-26.

Então chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe um cego e pediram-lhe que o tocasse. Jesus tomando o cego pela mão, conduziu-o para fora da aldeia cuspindo-lhe nos olhos, pôs as mãos sobre ele e perguntou-lhe: vês alguma coisa? Este elevando os olhos respondeu: vejo os homens porque como árvores os percebo andando. Então lhes pôs outra vez as mãos sobre os olhos e ele olhando atentamente ficou são e distinguia tudo com clareza. Depois o mandou para casa e disse: não entres nem na aldeia.

Como vemos neste trecho do evangelho, o problema da cura mesmo quando realizada por um espírito da elevação de Jesus, ele implica naturalmente algumas providências que são necessárias em virtude das condições do próprio doente e da situação do ambiente em que se encontra. Vemos que Jesus afastou-se com o doente, com o cego, saiu fora dos limites da aldeia e foi procurar atendê-lo em local solitário. Por que? Porque naturalmente as vibrações contraditórias do meio em que ele se encontrava, prejudicavam a ação fluídica de Jesus. E Jesus agiu também por etapas, não tivemos uma cura por assim dizer, instantânea, do tipo que as igrejas chamam de milagrosas. Foi por etapas. Primeiro ele tocou os olhos do cego, diz aí no evangelho, cuspiu nos olhos, certamente passou saliva nas pálpebras do cego. Isto é servir-se de certos elementos materiais que convém para, como veículos, veículos fluídicos. Estes elementos materiais preparam por assim dizer, a condição necessária para que os fluídos penetrem na matéria daquela pessoa que está sendo assistida.

Mas vemos que Jesus agiu por etapas, fazendo primeiro que ele visse de maneira ainda imprecisa, viu os homens andando como se fossem árvores. Quer dizer, havia uma grande refração na vista ainda que não permitia ver a figura nítida. A refração da luz fazia com que ela se espalhasse na retina. Foi necessário portanto que Jesus agisse de novo até restabelecer a vista. E depois recomendou que não entrasse imediatamente na aldeia. Por que? Porque naturalmente as condições da aldeia não eram favoráveis ao restabelecimento da vista desse cego. Era preciso que ele tivesse cuidado, que ele se cuidasse ainda, pois a sua situação psíquica durante o tempo todo em que esteve sofrendo aquela doença e por certo sob ação de entidades vingativas. Porque tudo leva a crer nesse episódio que houve a necessidade de um afastamento de entidades. A própria retirada da pessoa para fora da aldeia está nos mostrando isto. São providencias necessárias ao afastamento de entidades desequilibradas, perseguidoras, para libertar o sofredor da ação destas entidades. E depois, como vimos, a recomendação de não voltar a aldeia. De continuar, ir para casa, distanciar-se do povo, conservar-se num lugar à parte, tranqüilo. Naturalmente encontrando no lar a recepção mais carinhosa que lhe podia ser dada e neste ambiente feliz, ele recuperasse com mais facilidade do sofrimento porque passou.

Mas para nós espíritas, a significação deste trecho é muito importante porque mostra Jesus agindo como um verdadeiro médium. Como se ele estivesse ali dando um passe, transmitindo influências e ao mesmo tempo resguardando o indivíduo de influências negativas que pudessem atingi-lo. E foi assim mesmo que ele fez para nos ensinar. Porque nós vimos que depois ele transmitiu este ensino aos apóstolos. Ensinou os apóstolos a curarem, mandou-os como nós sabemos no episódio do setenta. Mandou para as diversas cidades os apóstolos divididos em grupos de dois, para setenta cidades onde iam socorrer os doentes, acudir os aflitos, curar, afastar as entidades espirituais. Todo este episódio nos descreve naturalmente uma atividade de Jesus que coincide perfeitamente com as práticas espíritas, no tratamento de sofrimentos decorrentes de influências espirituais. É muito importante, muito significativo para todos aqueles que estudam o Espiritismo à luz do evangelho, procurando compreender o Espiritismo como uma seqüência natural do evangelho de Jesus. Encontrar um episódio como este, rico de ensinamentos e de elementos espiríticos que comprovam perfeitamente a ação espirítica de Jesus na cura dos enfermos.

Chegou a hora do nosso recado, atenção amigo ouvinte.

A vida é certa, pois estamos nela, mas a morte é incerta, pois ninguém sabe quando ela vai chegar. Mas não se aborreça com isso, ela chegará na hora precisa, na hora exata em que cada qual precisar de uma transferência. E se a morte é apenas uma transferência, uma mudança, não temos razão para temê-la. Cuide de sua vida. Viver é ser útil, auxiliar os outros, não prejudicar ninguém. Viver é ser bom, pois só a bondade embeleza a vida. Não queira gozar a vida que você pode acabar com ela antes do tempo. Aproveite a vida vivendo em paz e auxiliando o próximo a viver. O que você pensa da vida? Quer nos dizer?

No Limiar do Amanhã, um encontro com a verdade.

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* O livro A Feitiçaria: Exteriorização da Sensibilidade, da Ed. EDICEL, está fora de catálogo há alguns anos..


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