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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.


 
No limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
 
Quem não sente, quem não vê, quem não percebe que uma nova cultura está surgindo na Terra? É a cultura espírita que alvorece no mundo. Firmada em novos princípios, despertando o homem para um visão mais ampla e mais profunda de si mesmo e da vida. A plataforma dessa nova cultura que nos dará a civilização do espírito, está contida nos cinco volumes da codificação do Espiritismo.
 
O filósofo e pedagogo francês René Hubert, vem anunciando há alguns anos através de seus livros magistrais, a implantação da república dos espíritos em nosso planeta. Essa república universal se define segundo afirma, pela solidariedade de consciências. A educação e a pedagogia são os instrumentos de construção dessa nova civilização.
 
A educação e a pedagogia espírita já estão sendo forjadas em nosso país. Preparamos os instrumentos de trabalho para a grande construção que começará aqui mesmo entre nós, no Brasil, coração do mundo, e pátria do evangelho redivivo.
 
Quando os primeiros cristãos começaram a bater os alicerces da civilização cristã na Palestina, gregos e romanos, senhores da cultura do seu tempo, sorriam com ironia e desprezo do fanatismo daquelas criaturas simples. Um pequeno grupo de sonhadores que pretendiam transformar o mundo com as palavras de um rabino, popular judeu crucificado pelos romanos entre dois ladrões.
 
As palavras do rabino popular e obscuro penetraram nos corações e modificaram a consciência dos homens. As poderosas legiões romanas e todo o brilho ofuscante da sabedoria grega, não puderam barrar a força oculta dos preceitos evangélicos. Roma imperial curvou-se ante o carpinteiro de Nazaré. E a Grécia dos filósofos teve de acompanhá-la e o evangelho de Jesus modificou os códigos terrenos.
 
Chegou a hora e a vez do Espírito da Verdade anunciado por Jesus. É a hora e a vez do espírito no tumultuado panorama de evolução terrena. A civilização cristã, asfixiada pelo desenvolvmento das correntes do pensamento materialista, rompe os grilhões do utilitarismo terreno e ressurge no mundo à luz do evangelho redivivo.
 
Todas as fórmulas humanas, todas as ideologias políticas, todas as soluções econômicas estão superadas. O Espírito da Verdade conclama os homens à verdade legítima. Só o amor salvará o mundo reconstruindo os valores imperecíveis do espírito na civilização do espírito.
        
No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel, transmissão 168, 4º ano. Locutores: José Pires e Jurema Iara. Sonoplastia: Antônio Brandão. Técnica de Som: Waldir Pacheco. Direção e participação do Professor Herculano Pires. Gravação dos estúdios da Rádio Mulher, São Paulo.
 
Todas as semanas neste dia e neste horário este programa é transmitido pela Rádio Mulher, 730kHz, São Paulo. Pela Rádio Morada do Sol, 640 kHz, Araraquara. E pela Rádio Difusora Platinense, 780 kHz, Santo Antonio da Platina, Paraná. Todas as semanas, neste dia e neste horário.
 
Diálogo No limiar do Amanhã, uma busca radiofônica da verdade. A verdade é contrária à malícia e à mentira. Busquemo-la de coração puro e mente arejada, livre de preconceitos e de fantasias.
 
Pergunta 1: Parapsicologia e Espiritismo
 
Locutor
- Professor, o ouvinte Benedito Malício de Souza, da Rua Honduras, Jardim Aeroporto, diz que está fazendo um curso de Parapsicologia com um assistente do Padre Quevedo. Mas chegou a conclusão de que o curso é somente de combate ao Espiritismo, e faz as seguintes perguntas. Primeira. Poderia o senhor dar um curso de Espiritismo de elevado padrão filosófico e científico?
 
JHP - Não sei se atingiria esse elevado padrão. Entretanto já tenho dado vários cursos de Espiritismo. E mesmo cursos de relação entre Espiritismo e Parapsicologia. Agora mesmo está saindo a 4ª, ou melhor a 5ª edição do meu livro Parapsicologia hoje e amanhã. Neste livro, eu faço um paralelo entre as conquistas da Ciência Espírita e as conquistas da Parapsicologia moderna. Este livro resultou de cursos dados por mim aqui em São Paulo em várias instituições. E naturalmente neste livro há também referências a essas deturpações da Parapsicologia que o senhor encontra no curso que está fazendo.
 
De maneira que a qualquer momento eu poderei dar, de acordo com a decisão de algumas instituições interessadas, um novo curso a respeito. Mas eu acho que o senhor poderia encontrar perfeitamente nesse livro de minha autoria, Parapsicologia hoje e amanhã, que deverá sair dentro de poucos dias numa nova edição atualizada. Quer dizer, atualizada no sentido de incluir as novas conquistas no campo da Parapsicologia mundial, que foram feitas nestes últimos anos. O senhor encontrará neste livro todas as respostas que naturalmente procura, principalmente com referência a esse curso fantasioso que o senhor está seguindo.
 
 
Pergunta 2: Interpretação das profecias de Moisés e de fenômenos ocorridos com o Cristo
 
Locutor - E a segunda pergunta. Qual a interpretação da Parapsicologia e do Espiritismo sobre os fenômenos apresentados quando Cristo esteve entre nós? E sobre as profecias de Moisés?
 
JHP - Os fenômenos ocorridos com o Cristo, são naturalmente os mesmos fenômenos espíritas que servem hoje de base à investigação parapsicológica. É preciso compreender que não existem dois tipos de fenômeno. Os fenômenos paranormais são os mesmos tanto no Espiritismo quanto na Parapsicologia, na Metapsíquica e na Ciência Psíquica inglesa. Todas as investigações do psiquismo se baseiam no psiquismo que é um só. O psiquismo humano não tem várias facetas que produzam fenômenos diferentes. Todos os fenômenos psíquicos portanto, têm a mesma estrutura, são os mesmos tipos de fenômenos, estudados por ciências diferentes.
 
Quando a Metapsíquica, por exemplo, investiga os fenômenos paranormais ela trata esses fenômenos de um ponto de vista mais tendente para a interpretação fisiológica. Porque o fundador da Metapsíquica, o Professor Charles Richet, era um fisiologista. Então esta tendência é natural no desenvolvimento de uma ciência criada por ele. Quando a Parapsicologia é tratada pelos antigos parapsicólogos alemães, principalmente pelo Professor Frederic Zollner, da Universidade de Liepzig. Nós verificamos uma tendência acentuada para a física, para a interpretação física dos fenômenos. E isto por que? Porque o Professor Zollner era um grande físico. Quando verificamos as experiências de Crookes, nós encontramos também uma tendência para as explicações do fenômeno no seu sentido, no aspecto físico.
 
Cada ciência, portanto, ao estudar os mesmos fenômenos vêem esses fenômenos por um ângulo próprio. Mas o importante é que todas elas coincidem nas mesmas soluções. Não há contradição, por exemplo, entre as conclusões parapsicológicas modernas, as conclusões da Metapsíquica, as conclusões da Ciência Psíquica inglesa, e as conclusões da antiga Parapsicologia alemã. E esta coincidência de conclusões mostra não só que os fenômenos são os mesmos, mas também que eles são regidos pelas mesmas leis e que levam os cientistas a chegarem às mesmas conclusões.
 
Dessa maneira o senhor pode estar certo de que os fenômenos ocorridos com o Cristo eram fenômenos psíquicos. Quer dizer, se nós interpretarmos Jesus como uma criatura encarnada, como um homem que na realidade ele foi, nós então compreendemos que o seu psiquismo é o mesmo psiquismo nosso. Jesus mesmo se emparelhou conosco quando disse que Deus era o nosso pai. Quando disse que o pai dele, Jesus, que é Deus, é também o pai de nós todos. Revelou que nós todos temos a mesma estrutura psíquica que ele tinha, que ele possuía aqui na Terra. Entretanto, havia uma diferença muito grande de qualidade, de grau. Qualitativamente Jesus estava muito acima de nós, porque havia desenvolvido seu psiquismo em escala que nós não podemos atingir. Não obstante os fenômenos que passavam com ele eram produzidos através dos mesmos recursos de que dispõe os médiuns para a produção dos fenômenos atuais. É preciso compreender bem, os mesmos recursos mas em Cristo em proporção muito mais elevada, numa potência extraordinariamente superior a dos médiuns atuais. Não obstante, esses fenômenos eram fenômenos psíquicos, naturais, e não fenômenos sobrenaturais como se pretende dizer. 
 
No tocante as profecias de Moisés eu não me restrinjo apenas ao aspecto profético de certas palavras de Moisés. Lembro que Moisés era uma grande médium, um médium extraordinário, um médium de grande produtividade no campo da fenomenologia material, da fenomenologia de efeitos físicos, como nós chamamos no Espiritismo. Quando lemos a Bíblia nós vemos que Moisés ao atravessar o Deserto do Sinai, levando seu povo para a conquista de Canaã, ele realiza verdadeira sessões espíritas na sua tenda no deserto. A Bíblia relata as sessões de materialização que Moisés promovia na sua tenda convocando o que se chamava na época os anciãos de Israel. Muita gente pensa que os anciãos eram todos velhos. Não é verdade. A terminologia anciãos de Israel correspondia naquele tempo ao que hoje nós chamamos de senadores. Por exemplo os senadores da república. A palavra senador vem da mesma origem da palavra ancião, porque quer dizer senectude, quer dizer velhice. Então o senador é o homem experiente, o homem idoso, não propriamente velho, mas o homem que já amadureceu, e que tem experiência para assumir um cargo de responsabilidade nas decisões nacionais. Assim eram os anciãos de Israel. Eram homens reconhecidos como válidos pela sua experiência, sua sabedoria, para assumir postos importantes na direção do povo judeu. Pois bem, quando Moisés convocava os anciãos de Israel, porque naquele tempo Israel era ainda um povo ambulante, um povo praticamente nômade, que estava vagando pelo deserto a procura da terra de Canaã, onde iria se estabelecer. Então, quando Moisés reunia estes homens na sua tenda, segundo a descrição da Bíblia, nós vemos que ele realizava uma verdadeira sessão de efeitos físicos. Havia, aquilo que chamamos no Espiritismo, a produção do ectoplasma. O ectoplasma é a matéria orgânica dos médiuns, que emana do corpo do médium no seu estado de transe para que sirva os espíritos comunicantes a fim de que eles se revistam de matéria, por assim dizer, para se tornarem palpáveis e visíveis.
 
Ora, acontecia que nas sessões de Moisés a emanação do ectoplasma, segundo a descrição bíblica era intensa, a ponto de fazer acumulação de nuvens sobre a própria tenda. As nuvens são nuvens de ectoplasma, o ectoplasma sai dos médiuns às vezes numa forma fluídica, e às vezes numa forma quase leitosa, palpável. Ora, quando sai em forma fluídica ele produz grandes nuvens dentro das quais se forma as figuras que vão se materializar. A descrição da Bíblia é muito clara quando nos mostra a materialização do espírito de Yahweh, ou seja, de Jeová, que os judeus consideravam como sendo o próprio Deus, o Deus supremo do universo. Era um engano dos judeus, como de todos os povos daquele tempo que tomavam os espíritos por deuses. Na verdade Jeová era o espírito guia do povo judeu, e ele se materializava para conversar com Moisés e com os anciãos e dar-lhes orientação para o desenvolvimento dos seus trabalhos. Assim, nós podemos considerar que os fenômenos produzidos por Moisés eram tipicamente os fenômenos espíritas que hoje conseguimos na realização das sessões espíritas.
 
Quanto a Jesus é preciso considerar que a sua mediunidade não estva adstrita, não estava ligada essencialmente a manifestação de entidades estranhas a ele. Ele era um espírito superior, de uma superioridade que o colocava muito acima das condições humanas normais em que nós vivemos. Assim, ele mesmo tinha o poder espiritual de produzir fenômenos. Então, a mediunidade dele poderia ser colocada no plano daquilo que nós chamamos hoje no Espiritismo de manifestações anímicas. Manifestações anímicas são as manifestações da própria alma do médium. Jesus por sua superioridade não precisava do auxílio, da participação de outras entidades espirituais na produção dos seus fenômenos de cura e de transfiguração, ou de transformação, por exemplo, da água em vinho, como nas bodas de Caná. Jesus agia pela sua própria vontade. O seu próprio psiquismo servia-se do seu corpo para a produção ectoplasmática necessária que acarretava as transformações nos líquidos, e também produzia curas às vezes instantâneas como nós vemos nos relatos evangélicos.
 
O senhor diz que fez esta pergunta, eu lí a sua carta, ao assistente do Padre Quevedo, que é quem dá o curso que o senhor está assistindo. Curso este que, segundo o senhor diz, é apenas contra o Espiritismo, não é propriamente um curso de Parapsicologia. Ora, o senhor não podia esperar nada, nada mais do que isso. Pois se o Padre Quevedo exerce as suas funções sempre nesse sentido, desenvolvendo cursos de Parapsicologia com a finalidade específica de combater o Espiritismo, o seu assistente não poderia fazer outra coisa. De maneira que o senhor ao formular esta pergunta para o assistente do padre, o senhor diz que ele se recusou a responder porque disse que estes eram problemas de fé. Ora, o senhor vê que quando nós tratamos de ciência devemos compreender que estamos no terreno da ciência e não da religião. Estes problemas são problemas de fé quando encarados dentro da teologia de qualquer religião, mas quando encarados dentro de um sistema científico são problemas de ciência, e por isso devem ser respondidos cientificamente.
 
 
Locutor – Professor...
 
JHP – Eu queria Iara, agora antes de você prosseguir às perguntas, eu queria ler aqui, e é o que vou fazer neste momento. Uma convocação do Primeiro Seminário Espírita de Marília. Aliás, Primeiro Seminário de Cultura Espírita de Marília. Vamos introduzir isto no meio das perguntas, porque não é propriamente uma pergunta mas uma solicitação que me vem do professor Wilson Ferreira, que é o secretário de seminário. Então vamos ler essa convocação.
 
“A Fundação de Ensino Eurípedes Soares da Rocha e o Instituto Espírita de Marília, o Sanatório Espírita, convocam o Primeiro Seminário de Cultura Espírita de Marília a realizar-se nesta cidade, na cidade de Marília, de 14 a 17 de Novembro de 1975. São especialmente convidadas todas as instituições culturais espíritas da região. Mas a convocação se estende a todas as instituições espíritas do Estado e do Brasil, que deverão enviar representações ou observadores devidamente credenciados para poderem acompanhar o desenrolar dos trabalhos e dar a sua contribuição aos mesmos, no interesse comum do esclarecimento dos problemas culturais espíritas.
 
O Primeiro Seminário de Cultura Espírita de Marília será precedido de duas prévias que se realizarão na cidade de Marília. A primeira de 25 a 28 de Julho de 1974 e a outra a ser marcada oportunamente. Na primeira prévia serão tratados em exame aberto os temas básicos do Seminário. E na segunda prévia serão apresentadas as teses correspondentes a estes temas, elaboradas pelas comissões básicas previamente constituídas pela comissão executiva do seminário. As teses serão examinadas nessa segunda prévia e os participantes poderão apresentar as sugestões para a sua modificação, ampliação ou desdobramento, bem como opinar sobre a sua aprovação ou rejeição. Somente o primeiro seminário na sua plena realização em 1975 poderá deliberar sobre as alterações propostas e a rejeição ou aprovação das teses. O seminário elaborará então as suas conclusões através de uma comissão especial nomeada pela diretoria dos trabalhos. Essas conclusões serão definitivas, mas constituirão... Perdão. Essas conclusões não serão definitivas, mas constituirão subsídios para novas realizações que se efetuarem na região, no Estado ou no País, com vista ao desenvolvimento da cultura espírita no Brasil.
 
O desenvolvimento natural da cultura espírita que se processa no Brasil e no mundo, de maneira acelerada, exige iniciativas desta natureza que propiciarão aos estudantes da doutrina e ao movimento espírita em geral, todas as possibilidades para o desenvolvimento da maneira mais clara e possível, da nossa responsabilidade pelas mudanças culturais decorrentes da expansão do Espiritismo no Brasil. Sem uma consciência clara e precisa dessa responsabilidade, a elaboração cultural em andamento estará sujeita aos azares de interferências e deturparções. Ou mesmo de coisas que a comprometerão, como já se pode notar no presente em que vemos as altas finalidades científicas, filosóficas e religiosas do Espiritismo, infelizmente ameaçadas com suas inevitáveis consequências em todos os campos da atividade humana e particularmente nas áreas culturais.
 
A Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha que se acolhe sobre o nome do inolvidável pioneiro de grandes realizações assistenciais e culturais espíritas em toda a Alta Paulista, sente em suas próprias instituições a necessidade urgente de iniciativas nesse sentido. O Educandário Bezerra de Menezes, as Faculdades de Direito e de Ciências Contábeis e de Administração de Empresas que integram à fundação, e o Hospital Espírita de Marília, que a ela se liga por motivos de origem e afinidade doutrinária, vem sofrendo, como tantas outras instituições semelhantes em nosso país, com a falta de uma colocação segura e precisa dos rumos da cultura espírita em nossa terra. Esses os motivos desta convocação que tem o seu precedente na realização histórica do Primeiro Congresso Espírita da Alta Paulista efetuado em Marília no ano de 1946. E cujos resultados orientaram, em conjugação com o movimento de unificação de São Paulo, os rumos da estruturação do movimento espírita em todo o Brasil. As mesmas instituições que promoveram aquele congresso, hoje grandemente ampliadas convocam também o Seminário de Cultura Espírita.
 
Esta sucinta exposição dos motivos já indica os fins almejados. O Primeiro Seminário Espírita de Cultura de Marília convocará elementos credenciados das áreas culturais espíritas de todo o país, esperando contar também com a colaboração de elementos estrangeiros a serem convidados. Dessa ampla conjugação de esforços deverão surgir indicações autorizadas e esclarecedoras dos novos rumos que devemos dar conscientemente ao desenvolvimento hoje espontâneo da cultura espírita, em suas áreas centrais e nas respectivas áreas adjacentes. Não temos a pretensão de fixar normas definitivas, mas apenas a intenção de colocar os graves e complexos problemas da atualidade, nos rumos favoráveis a uma solução possível dentro do espírito superior da Doutrina Espírita.
 
Assim expostos, os motivos e os fins da nossa convocação, esperamos contar com a colaboração de todos os que se interessam pela boa e segura orientação do nosso trabalho comum. Não esqueçamos que a cultura espírita tem suas raízes no vasto complexo das culturas anteriores, segundo as leis do desenvolvimento cultural, ligando-se mais diretamente à cultura contemporâne, de cujas as entranhas nasce naturalmente.
 
Por isso convidamos as instituições culturais não espíritas, sem qualquer discriminação. E particularmente as de Marília e da região, a participarem do seminário e das suas prévias, convidando-os e pedindo que nos enviem os seus observadores credenciados. A estes observadores será permitido opinar durante os debates e enviar sugestões escritas à mesa, de maneira a poderem também contribuir para a boa realização dos nossos objetivos.
 
Pela Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha, Dr. Francisco B. de Anhagna Ferraz, Presidente;
Pelo Hospital Espírita de Marília, Professor Paulo Corrêa de Lara, Presidente;
Pela Comissão Executiva, Professor Wilson Ferreira Martins, Presidente;
 
Marília, Junho de 1974.”
 
Lida assim a convocação do Primeiro Seminário de Cultura Espírita de Marília, eu queria lembrar a todos que essa convocação diz respeito imediatamente à primeira prévia do seminário, que se realizará em Marília, de 25 a 28 de Julho próximo.
 
Faça as suas perguntas ao Programa No Limiar do Amanhã. Mande-as por escrito à máquina ou com letra redonda e bem legível. Ouça as respostas e se discordar do que dissemos conteste-as. Isso é diálogo amigo ouvinte e estamos no ar para dialogar.
 
Diálogo no limiar do do amanhã. Quem estará com a verdade? Nós? Você? Precisamos da verdade como precisamos de água e alimento.   
Pergunta 3: Portadores de deficiência física continuam a portá-las no mundo espiritual?
 
Locutor
– Professor, o ouvinte Francisco Deonero, da Rua Estevão Furquim, Vila Albertina, Freguesia do Ó, pergunta. Primeiro. As pessoas que nascem aleijadas, ou perdem membros do corpo em desastres, continuam aleijadas no corpo espiritual depois da morte?
 
JHP - Isso depende da evolução do espírito. Quando se trata de um espírito bastante evoluído, mas que teve de se submeter a um processo de provas bastante difícil aqui na Terra, vivendo uma vida como mutilado no seu corpo, seja de nascimento, ou seja por acidente posterior ao seu nascimento, esse espírito não tem dificuldade nenhuma em retomar a sua integridade corporal no corpo espiritual após a morte. Mas quando o espírito ainda não tem condições de evolução para realmente retomar essa integridade, e quando naturalmente as suas provas devem se prolongar por algum tempo no plano espiritual inferior próximo da Terra, o espírito continua com essas mesmas anomalias em seu corpo. Continua apresentando-se como mutilado.
 
Entretanto, é preciso lembrar também o seguinte. Às vezes o espírito se manifesta, apresenta-se seja numa sessão de incorporação mediúnica, seja numa sessão de materialização em que ele pode aparecer como se estivesse vivo na Terra com o seu antigo corpo. Ou seja nos processos de fotografia espírita, em que o espírito se faz fotografar, embora não esteja aparecendo positivamente de maneira concreta ante o fotógrafo. Ele se faz apresentar assim com as anomalias do corpo para se identificar. Compreende? Ele procura identificar-se através da maneira porque ele era no estado físico aqui, a fim de que as pessoas que o conheceram possam reconhecê-lo. Então é só naquele momento que ele aparece desta maneira. Porque de acordo com a doutrina espírita o espírito exerce uma influência enorme sobre seu corpo espiritual, podendo modelá-lo a sua vontade.
 
Nós podemos ter uma idéia disso lembrando que no nosso próprio corpo físico a nossa mente exerce uma influência muito grande. A Medicina psicossomática, por exemplo, nos demonstra hoje que muitas das doenças físicas são de origem puramente psíquica. É a ação do psiquismo humano sobre o corpo humano que produz então distúrbios, perturbações inclusive no funcionamento orgânico do corpo, dando impressão de doenças incuráveis, que na verdade são curáveis através de uma ação psicoterápica.
 
Dessa maneira nós então podemos entender como livre do corpo material, que é o corpo grosseiro, mas sobre o qual o espírito pode imprimir o efeito da sua vontade. Livre desse corpo grosseiro, vivendo num corpo semi-material, como é o corpo espiritual. Um corpo que tem elementos materiais rarefeitos de uma matéria sutil, neste corpo a ação da vontade do espírito através da sua mente, é muito maior, e pode modificá-la para que o espírito se apresente como ele deseja.
 
Pergunta 4: O espíritos tomam parte em nossos atos mais íntimos?
 
Locutor
- E a segunda pergunta, Professor. Desde que os espíritos nos influenciam a ponto de nos confundirem, então eles tomam parte em nossos atos mais íntimos?
 
JHP - Convém lembrar o que dizia o Apóstolo Paulo, que nós todos temos as nossas testemunhas. Onde quer que estivermos essas testemunhas estão conosco, estão nos vendo. O Apóstolo Paulo falava também nas potestades do ar. Dizia, existem as potestades do ar, e estas potestades influenciam sobre nós, exercem influência sobre nós. Ora, essas potestades do ar são os espíritos, os espíritos que nos acompanham, que vigiam os nossos atos, os nossos pensamentos. Os bons procurando ajudar-nos, corrigir-nos, orientar-nos com as suas intuições, com as suas influências benéficas. Os maus procurando tirar proveito das nossas fraquezas. Procurando muitas vezes fazer com que nos afundemos em erros e em situações difíceis. Aproveitando-se naturalmente da nossa vaidade, do nosso orgulho que eles insuflam com suas sugestões tendenciosas, procurando satisfazer seus objetivos.
 
É preciso pois compreender que nós estamos sempre cercados de entidades espirituais. E que essas entidades agem sobre nós da mesma forma que as bactérias, os micróbios existentes no mundo físico, que nós não vemos, mas estão constantemente ao nosso redor e influenciam o nosso corpo. Conseguindo às vezes invadir-nos de maneira agressiva, sujeitando-nos a doenças orgânicas que necessitam de imediata reação através de remédios. Da mesma maneira os espíritos também agem sobre nós.
 
Pergunta 5: O senhor acredita que há "gol espírita" no futebol?
 
Locutor
- Professor, a ouvinte Maria Angélica de Souza, da Rua Luiz Góes, Vila Mariana, pergunta. O senhor acredita que há gol espírita no futebol?
 
JHP - O problema do gol espírita no futebol é um problema de brincadeira popular. Quando há por exemplo um gol que não podia haver. Está aqui ao nosso lado a Jurema que conhece bem os problemas do futebol. Um gol que de maneira alguma devia realizar-se. O jogador chutou ao gol, mas a bola se desviou, foi parar noutro lugar. Mas de repente houve qualquer acidente e a bola atravessou o gol, varou o gol, então o gol foi feito. Quer dizer, foi feito sem ter sido dirigido de maneira técnica para efetuar-se. Então chamam de gol espírita,  um gol que aconteceu e não se sabe omo.
 
Jurema, você quer dizer alguma coisa sobre o gol espírita? É interessante.
 
Jurema: Olha Professor. Sinceramente às vezes acontece em estádios em partidas de futebol, algo que é assim indizível, que a gente só vê acreditando. Por incrível que pareça a gente pode assistir um videoteipe e tudo e a gente pergunta. Como será que pode acontecer esse gol? Tem um morrinho no Pacaembu, e é inimigo inclusive do arqueiro do nosso selecionado, o arqueiro Leão. Porque sempre dá uma rebatida ali, e por diversas já traiu. Agora eu vi num jogo em São Caetano que estava jogando o Saad e outro time, e a bola foi assim como que parecia que teve um chute. Mas ela foi enviesada pelo vento, então parecia que tinha havia assim um toque, um chute e enviesado ela traiu o goleiro do Saad.
 
JHP – Está vendo amigo, é isso o gol espírita. Os espíritos não estão jogando futebol naquela hora, são os acidentes inesperados que provocam um gol que não podia haver.
 
Pergunta 6: Se o diabo é a personificação mitológica do mal, Deus não seria a personificação mitológica do bem?
 
Locutor - Pergunta a ouvinte Sônia Pauletto, da Rua João Alves, no Piqueri. Professor, se o diabo é a personificação mitológica do mal, Deus não seria a personificação mitológica do bem?
 
JHP - A pergunta foi muito bem colocada, mostrando que a senhora tem perspicácia e certamente conhecimento dos problemas mitológicos. Entretanto eu queria lembrar a senhora que há dois aspectos na mitologia. Um é o seu aspecto fabuloso, o seu aspecto puramente ilusório, e que é de natureza simbólica. Na mitologia nós interpretamos certas coisas como sendo antropomórficas, quer dizer, dando-lhes a feição de coisas humanas. A deusa Céris, por exemplo, a deusa dos cereais, a deusa das colheitas, ela representava as próprias colheitas. Era naturalmente o conjunto de forças da natureza que produz a fertilidade da terra, e que se personificou mitologicamente na figura de uma deusa humana. Ora, essa deusa na verdade não existia. Mas a mitologia apresenta-nos então, um outro sentido, um outro aspecto muito curioso, que é o de racionalização do mundo. O mundo existe para nós como um caos, existe como uma variedade infinita de forças, de poderes que parecem se contradizer. Que agem das maneiras mais inesperadas sobre a natureza humana. Que produzem transtornos naturais inesperados, e que nos surpreende. O mundo muitas vezes nos aturde.
 
Então os homens primitivos, no desejo de racionalizar o mundo, no desejo de conseguir compreender o mundo de qualquer maneira, eles foram, a partir da magia, desenvolvendo a sua imaginação e aplicando-a a interpretação dos fatos naturais. Daí resultou esse processo da mitologia. Quando nós estudamos a mitologia grega, ou a mitologia romana, nós vemos que ela é eminentemente racional. Ela oferece na figura de cada deus, um conjunto de forças bem disciplinadas em ação que representam um setor da natureza, das atividades das forças naturais. Ora, então tem esse aspecto que decorre do primeiro aspecto, do aspecto simplesmente simbólico.
Mas, existe um sentido maior na mitologia que é aquele que nos a percepção pelo homem de uma realidade supra normal. Que ele não pode compreender imediatamente, mas que ele interpreta em termos da sua própria normalidade. Assim, por exemplo, quando na mitologia grega aparece Zeus como sendo o deus que domina o Olimpo, e tem todos os demais deuses sob a sua direção, nós temos aí uma percepção extrasensorial do homem referente a existência do próprio Deus, do Deus único, do Deus supremo. Embora ele entendesse que a natureza estava dividida em vários setores que deviam ter os seus deuses setoriais, por assim dizer. Ele entretanto compreendia que devia haver  um poder supremo, um poder superior que tudo dominava. E esse poder ele figurava na personificação de Zeus. Em Roma, na mitologia romana, nós vemos este deus supremo em Júpiter. Júpiter é o senhor, o dominador de todos os demais deuses, ele pode inclusive castigar os deuses. Ora, então Júpiter é que representa este momento superior, este aspecto superior da mitologia, em que a força, o poder, a inteligência suprema do universo se configuram na personalidade fictícia de um homem, de um homem que é o próprio Júpiter. Ora, quando tratamos portanto, de mitologia temos que compreender esses dois aspectos. Quanto à Deus, na sua figura suprema, mitologicamente ele representa uma percepção intuitiva da criatura humana, que é transformada numa figura também humana, porque o homem só pode compreender as atividades da inteligência através de uma figura humana.
 
Mas, quando se trata do diabo nós estamos no plano inferior da mitologia, naquele plano em que o mitológico se confunde com a realidade imediata das situações naturais. Então por isto o diabo se apresenta como um absurdo lógico. Enquanto Deus se apresenta como uma exigência lógica. Por exemplo, o filósofo francês Descartes costumava dizer o seguinte: “tirar Deus do universo seria o mesmo que tirar o sol do nosso sistema solar”. Por quê? Porque o nosso sistema solar só pode existir tendo o sol como centro, para com o seu poder de gravitação controlar a mecânica do sistema. Assim, dizia Descartes: “Deus está para o universo da mesma forma que o sol está para o nosso sistema solar.” Se nós tirarmos Deus do universo, Deus como a inteligência criadora e controladora de toda a natureza universal, nós então não entendemos mais o universo. O universo se transforma em caos, porque ele não tem orientação, ele não tem direção, não tem quem o dirija, quem o sustente. Quem realmente imprima nele em todas as coisas, desde um grão de arei ou de uma folha de relva até as galáxias no infinito. Essa ordem, essa precisão lógica, inteligente, que se revela em todos os processos da natureza.
 
Assim, a mitologia pode nos socorrer para compreendermos a distinção entre Deus e o diabo. O diabo já não é necessário, racionalmente o diabo é uma contradição, é um absurdo. Por quê? Porque se existe uma inteligência suprema que tudo dirige, que tudo controla, e que submete tudo a leis precisas, tudo, tudo, tudo. Veja o seguinte. Jesus disse muito bem: nenhum fio de cabelo cai da nossa cabeça se Deus não quiser que ele caia. Por quê? Nenhuma folha seca cai de uma árvore se Deus não quiser que ela caia. Por quê? Porque Deus, como a inteligência suprema do universo está presente em todas as coisas através de suas leis. É graças as leis que fazem a folha amarelecer e desligar-se do ramo, que ela cai. É graças as leis que presidiram a destruição, por exemplo, das raízes de um fio de cabelo para que ele se desligasse da cabeça, é que esse fio de cabelo cai. Cai no momento em que Deus quer. Deus neste momento se confunde portanto, na nossa mente ainda incapaz de fazer distinções mais profundas, se confunde com a própria natureza. Porque Deus age através da natureza. Porque a sua inteligência que modela, que estrutura a natureza.
Mas o diabo. Onde fica o diabo? O diabo surge como uma contradição à Deus. O diabo surge como opositor de Deus. E mais ainda, como uma criatura de Deus que se rebelou contra o pai supremo e conseguiu, apesar de ser apenas uma criatura, conseguiu permanecer afrontando o criador através dos milênios, através da eternidade. É portanto, um absurdo! O diabo representa então uma personificação pura e simples das forças inferiores da natureza. Mas Deus não é apenas uma personificação do bem. Ele é na verdade o bem em si mesmo. E Ele ele aparece em nossa consciência, graças a nossa percepção extrasensorial que pode captar a realidade lógica da sua existência no universo.
 
Faça as suas perguntas ao Programa No Limiar do Amanhã. Mande-as por escrito à máquina ou com letra redonda e bem legível. Ouça as respostas e se discordar do que dissemos conteste-as. Isso é diálogo amigo ouvinte e estamos no ar para dialogar.
 
Temos um recado para você, amigo ouvinte, logo após a explicação do evangelho. Nesse recado existe uma pergunta. Se você quer ganhar um livro que o ajudará na busca da verdade anote a pergunta e nos mande a sua resposta por escrito.
 
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O evangelho do Cristo em espírito e verdade. Não fazemos sermões, procuramos dar explicações.
 
Abrindo o evangelho ao acaso encontramos o seguinte: Atos, 27: 27-32.
 
“Quando chegou a 14ª noite, sendo nós impelidos de uma banda para outra no Mar Adriático, pela meia-noite suspeitaram os marinheiros que se avizinhavam da terra. Lançando a sonda acharam vinte braças. Passando um pouco mais adiante e lançado a sonda outra vez, acharam quinze. E temendo que talvez fôsemos dar em praias pedregosas lançaram da popa quatro âncoras e estavam ansiosos que amanhecesse. Procurando os marinheiros fugir do navio, e tendo arreado o bote no mar com pretexto de irem largar âncoras da proa, disse Paulo ao centurião e aos soldados: ‘se estes não ficarem no navio não podereis salvar-vos’. Então os soldados cortaram as cordas do bote e deixaram-no ir.”
 
JHP - Neste pequeno trecho do Livro de Atos, em que nós temos esta descrição tão viva, tão natural, que parece até vermos o navio, as lanças, as âncoras lançadas às águas. E a agitação que reinava a bordo diante do tufão desencadeado sobre o mar, da revolta das ondas. Neste pequeno trecho nós encontramos uma passagem edificante da atitude de Paulo. Paulo era prisioneiro, ele estava no navio como prisioneiro. Paulo vinha da Palestina para Roma. Ia sendo levado no navio para a Itália a fim de ser apresentado a César. E isso por que? Porque na Palestina, como nós sabemos, Paulo tinha sido perseguido pelos seus próprios compatriotas, os judeus, em virtude de haver se tornado cristão. Ele que era doutor da lei no templo de Jerusalém, convertera-se ao Cristianismo inesperadamente em virtude daquele conhecido, e tão bonito episódio na estrada de Damasco, em que o Cristo lhe apareceu. Então, por ter se bandeado, como diziam os judeus, para o Cristianismo, Paulo devia ser morto. Paulo entretanto teve a proteção de várias autoridades romanas porque ele era cidadão romano. Preso e removido de uma cadeia para outra, de uma cidade para outra, a fim de não ser a prisão assaltada de repente pelas hordas judaicas, Paulo acabou sendo apresentado a um governador que devia condená-lo.
 
Mas Paulo inesperadamente apelou para César. Era um direito que lhe cabia. Ele disse eu sou um cidadão romano e quero ser julgado por César. Essa atitude de Paulo repercutiu muito mal entre os judeus, porque pensaram que ele como judeu não devia apelar para César. Acontece entretanto, que se Paulo não apelasse para César seria simplesmente morto pelos judeus que ansiavam por matá-lo. E ele não apelou para César para libertar-se da morte, mas sim porque ele tinha uma missão a cumprir em Roma. Ele tinha de ir para Roma. Pouco importava a decisão de César a seu respeito, o que importava a ele era ir para Roma. Nesta viagem para Roma, uma viagem tumultuada como vimos. Os recursos da navegação naquele tempo eram muito menores do que os recursos de hoje. Os navios afundavam, naufragavam com grande facilidade diante dos temporais. Nesta viagem Paulo se portou como um verdadeiro guia dos marinheiros, guia do próprio capitão do navio. Vemos aí nesse trecho que ele dá instruções ao capitão. Como fazer para dirigir o navio, como fazer para levá-lo à ilha em que era necessário de chegar e evitar que se perdesse vidas inutilmente no mar. Paulo por assim dizer, por assim dizer, tornou-se um assessor da direção do navio. Ele que era prisioneiro e que estava portanto numa situação de subordinação.
 
Mas tudo isto por quê? Porque Paulo levava em seu coração a fé, a fé esclarecida, a fé que lhe havia nascido do fato de ver a ressurreição de Jesus. De haver conversado com Jesus ressuscitado e de saber que na verdade, ele estava investido de uma missão de grande importância para a salvação da humanidade, no tocante ao esclarecimento dos homens sobre a sua própria natureza. É por isso que Paulo, com tranqüilidade, diante do afoitamento dos outros, da agitação e do nervosismo que haviam tomado a tripulação e todos os prisioneiros ali existentes, e as pessoas que viajavam naturalmente no barco. Paulo assume, por assim dizer, o comando do seu próprio barco, da sua própria prisão para conduzí-la a bom termo na viagem marítima.
 
É a hora e a vez do nosso recado. Atenção amigos ouvintes.
 
Na primeira festa do Pentecostes, depois da morte de Jesus, o espírito desceu sobre os apóstolos em forma de línguas de fogo, e eles começaram a pregar o evangelho em diversas línguas. Falavam línguas estranhas para que os peregrinos que afluiam a festa pudessem receber o evangelho em suas próprias línguas. As igrejas cristãs consideram que foi essa a manifestação do Espírito da Verdade prometida pelo Cristo. O Espiritismo discorda dessa interpretação. Por que discorda?
 
No limiar do amanhã, estamos no Pentecostes universal.
 

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