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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.




No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
 
O desenvolvimento da cultura espírita exige uma tomada de consciência de todos os espíritas empenhados na divulgação da Doutrina. Uma tomada de consciência só pode ser feita através de promoções culturais que coloquem os temas básicos da doutrina em debate aberto e amplo, sob orientação segura.
 
Essa a finalidade do Primeiro Seminário de Cultura Espírita de Marília cuja primeira prévia se instala neste mês naquela cidade da Alta Paulista. Marília é um centro de cultura espírita em pleno desenvolvimento. Dotada de grandes e eficientes instituições doutrinárias, Marília colocou-se desde 1945 na vanguarda do movimento cultural espírita brasieliro.
 
O Primeiro Congresso Espírita da Alta Paulista, realizado em Marília em 1946, logo após o términa da segunda guerra mundial, foi precedido de numerosas prévias realizadas em todas as cidades da região. Esse congresso regional atraiu participantes de todo o pais e marcou o início de uma nova fase no movimento espírita brasileiro.
 
Cabe agora à Marília conclamar o Brasil e toda a América para a batalha consciente de construção da civilização do espírito. Todos os que se interessam por um mundo melhor, sejam espíritas ou não, estão no dever inalienável de acompanhar os trabalhos que agora se iniciam em Marília. E deverão chegar à sua conclusão no próximo ano com a plena realização do Primeiro Seminário de Cultura Espírita.
 
Em São Paulo já se cogita da promoção, após o seminário de Marília, da Primeira Jornada Paulista de Cultura Espírita. A jornada se beneficiará com os resultados do seminário mariliense e poderá desenvolver as suas teses em maior amplitude. Marília portanto, desencadeia neste mês o movimento decisivo para o desenvolvimento da cultura espírita, numa perspectiva que se ampliará progressivamente, estendendo-se ao âmbito nacional e depois ao âmbito continental.

Acentuam-se assim, os sinais dos tempos. Novos tempos surgem para a Terra. Estamos no alvorecer da civilização do espírito.
 
No Limiar do Amanhã, um programa desafio, produção do Grupo Espírita Emmanuel, transmissão 169, 4° ano. Locutores José Pires e Jurema Iara. Sonoplastia Antonio Brandão. Técnica de Som Valdir Pacheco. Direção e Participação do Professor Herculano Pires.
 
Gravação dos estúdios da Rádio Mulher, São Paulo.
 
Todos as semanas neste dia e neste horário, este programa é transmitido pela Rádio Mulher, 730 khz, São Paulo. Pela Rádio Morada do Sol, 640 khz, Araraquara. E Rádio Difusora Platinense, 780 khz, Santo Antonio da Platina, Paraná. Todos as semanas neste dia e neste horário.
 
Diálogo no limiar do amanhã, uma busca radiofônica da verdade. Superamos as superstições do passado e tocamos a verdade espiritual da natureza humana. Começamos a conhecer a nós mesmos.
 
Pergunta 1: Obrigações dos espíritos perfeitos
 
Locutor – Professor, a ouvinte Sônia Pauleto da Rua João Alves, do Piqueri, pergunta. Primeiro. Sendo que a perfeição anula as obrigações, os habitantes encarnados e desencarnados de um planeta completamente perfeito, com que se ocupam?
 
JHP – Não é bem assim como a senhora está pensando. A perfeição anula as obrigações inferiores. Seria absurdo se nós pensássemos que os espíritos superiores não teriam obrigações, não teriam deveres. Quando estamos ainda na escola pré-primária nós temos obrigações reduzidas à nossa condição infantil de preparação para um estudo maior, que nós vamos desenvolver depois no curso primário. Ao passar para o curso primário as nossas obrigações do pré-primário ficaram anuladas. Assim nós temos novas obrigações no primário. Quando passamos para o curso secundário acontece a mesma coisa. Quando saímos do secundário para o curso superior, as obrigações do curso secundário ficaram anuladas. Nós não precisamos mais desenvolvê-las, mas temos mais obrigações muito mais sérias, muito mais graves, muito mais profundas, que são as obrigações correspondente ao curso superior que vamos fazer. Assim acontece com os espíritos encarnados e desencarnados. Na proporção em que evoluem e na proporção em que vão habitar mundos superiores, suas obrigações aumentam. São mais graves, mais ao mesmo tempo dão-lhes mais satisfação porque correspondem às exigências conscienciais do espírito. O espírito é inteligência. Inteligência implica responsabilidade. As responsabilidades implicam obrigações.
Dessa maneira é claro que nós temos de compreender que a evolução espiritual, longe de nos livrar dos compromissos que nós temos no tocante não só a nossa evolução, mas também e principalmente à evolução de todas as criaturas que ainda estão abaixo de nós na escala evolutiva. Longe de nos livrar dessas obrigações, a evolução acentua em nós essas obrigações. Naturalmente as pessoas comodistas dirão. Nesse caso não valeria à pena a gente evoluir. Mas acontece que as obrigações superiores trazem satisfação ao espírito. Se o espírito não tivesse obrigação nenhuma ele se sentiria mal diante das dificuldades que encontrava para realmente dar satisfação íntima a si próprio. Entretanto, no cumprimento das obrigações maiores ele se conduz de maneira alegre e satisfatória, porque ele está realizando, ele está construindo e ele está conquistando novas obrigações. Maiores, mais profundas, mais graves, mas que dão maiores satisfações, maior alegria, mais vida e mais desenvolvimento à inteligência do espírito.

 
Pergunta 2: Como se explica a loucura observada em certos animais?

Locutor
– Desde que os animais não têm afinidade atrativa nem repulsiva com os espíritos. Como se explica a loucura observada em certos animais?
 
JHP – A loucura não decorre apenas de influenciações espiríticas. Quando nós falamos no Espiritismo, que a maioria das pessoas submetidas à processos de desvairamento, são pessoas que estão submetidas à influenciação espirítica. Nós dizemos a maioria, não dizemos todas. Por que? Porque há doenças orgânicas que produzem a loucura. Doenças materiais, avarias do cérebro, perturbações orgânicas do cérebro. Perturbações funcionais portanto, que decorrem da própria situação da pessoa encarnada e não de influenciação de espíritos sobre eles. Nos animais os caso de transtornos desta natureza são decorrentes naturalmente de suas próprias disfunções, de seus próprios aleijões internos. E também como sabemos, aquilo que geralmente se chama a loucura nos animais é sempre um processo de doença. Uma doença que se caracteriza de acordo com a espécie animal. O cachorro louco por exemplo, é o cachorro que sofre de raiva. E a raiva como sabemos é uma doença produzida por organismos microscópicos que invadem o animal. Que são os micróbios, os vírus que realmente exercem função negativa na deformação das funções orgânicas do animal.


 
Pergunta 3: Por que André Luiz adotou este nome e quem era ele?
 
Locutor
– Nota-se que o espírito André Luiz adotou esse nome. Por que o fez e quem era André Luiz?
 
JHP – Esse problema de André Luiz é um problema muito curioso, desperta muita curiosidade, provoca muito interesse, mas também desperta muito a imaginação das pessoas. A verdade é que André Luiz não se chamava em vida André Luiz. Ele era, segundo todos os dados que possuímos através, recebidos através da mediunidade de Chico Xavier, ele era um médico no Rio de Janeiro. Um médico importante, um médico de grande projeção social e cultural. Entretanto, ao passar para o mundo espirital ele adotou nas suas comunicações, nos momentos em que quiz transmitir a nós aqui na Terra algumas informações importantes sobre os problemas da medicina, e que ele transmite em seus livros, ele tomou o nome de André Luiz. Por que? Porque ele tem família no Rio de Janeiro. Porque os seus familiares estão vivos. Porque o fato de ele estar transmitindo obras mediúnicas com o seu próprio nome terreno, traria implicações de ordem emocional, de ordem afetiva que não resultaria em bem nem para ele nem para os seus familiares. Para evitar qualquer complicação ele então escolheu um pseudônimo, um pseudônimo que foi este, André Luiz.
 
Temos um caso que ilustra bem este fato. Humberto de Campos, logo depois que passou para a vida espiritual, deu uma série de crônicas através de Chico Xavier. Uma séria de crônicas muito importantes sobre a vida no além. Pois bem. Estas crônicas ele assinava sempre com o nome de Humberto de Campos. Por que? Porque ele entendeu naturalmente que nada impediria que ele transmitisse essas crônicas. Essas crônicas não implicavam em nada que pudesse afetar de uma ou de outra maneira a sua família. Assim ele entendeu e assim ele fez. Aconteceu que a família Humberto de Campos moveu um processo contra Chico Xavier, contra a editora dos livros. Procurando demonstrar que se Humberto de Campos estava escrevendo, continuava a escrever depois da morte, os direitos autorais de suas obras deviam caber à família. Houve uma luta muito grande, muito intensa nos bastidores. A própria mãe de Humberto de Campos ficou ao lado de Chico Xavier. Escreveu-lhe uma carta muito amistosa agradecendo a recepção das comunicações do filho e demonstrando que não estava a favor dos demais familiares. Havia então uma cisão na família e esta cisão repercutia mal para o próprio espírito de Humberto de Campos. Ele mesmo se sentiu perturbado com isso, ele não queria provocar cisões na família.
 
Qual foi a medida tomada por Humberto de Campos? Ele continuou a dar mensagens através de Chico Xavier, mas mudou de nome, passou apenas a assinar Irmão X, Irmão X. Eu ia falar conselheiro, mas tem uma razão para isso. É que durante a sua vida Humberto de Campos usou um pseudônimo durante muito tempo, ele era o Conselheiro XX. Tinha até um paralelismo muito interessante entre o Coselheiro XX e o Irmão X. O paralelismo é o seguinte. Humberto de Campos como Conselheiro XX publicou numerosos livros de  anedotas, de piadas e fez um sucesso enorme com isso. Mas estas anedotas nem sempre eram muito aceitáveis. Eram anedotas que muitas vezes desciam até mesmo à pornografia. Então chegou a um certo ponto em que Humberto de Campos se sentiu na necessidade de mudar de rumo, mesmo quando vivo. Ele parou com esses livros e entrou por um terreno muito fecundo, muito bom de crônicas, de artigos, de estudos em que colocava sempre os problemas do sofrimento humano. Ele passou a ser o contrário do que era no seu tempo de leviandade como Conselheiro XX. Tornou-se então um grande literato e um grande escritor de atitude severa. Um homem interessado na moralidade das criaturas e principalmente interessado em socorrer os sofrimentos alheios.
Os seus artigos, as suas crônicas tornaram-se então carregadas de palavras de ânimo, de consolo para os que sofrem. E ele se popularizou muito mais, teve uma popularidade imensa. Então agora, quando ele se viu premido pela atitude da família à arranjar um pseudônimo para ele mesmo, ele escolheu um pseudônimo que lhe dava por assim dizer, a possibilidade de refazer o que havia desfeito com as suas anedotas picantes anteriormente. Ele passou a assinar Irmão X e a escrever pequenos tópicos, não mais grandes crônicas. Mas pequenos tópicos educativos, orientadores, esclarecedores de problemas espirituais. Assim ele opunha, por assim dizer, o Irmão X ao antigo Conselheiro XX. E refazia o que moralmente lhe competia refazer como espírito, já dotado de uma visão mais amplas das coisas ele recolocava então os problemas da moralidade humana. Não da moral de improvisação, da moral social, da moral apenas restrita aos cânones habituais. Mas sim de uma moral elevada, a moral espiritual.
 
Ora, este exemplo então nos mostra porque certos espíritos preferem transmitir suas comunicações do além, com outro nome que não aquele que não possuíam na terra. Para evitar perturbações que podem afetar os seus familiares e podem prejudicar a eles mesmos. Porque eles num estado espiritual de maior elevação do que viviam aqui na Terra, não pretendem que os seus familiares sejam perturbados por suas atividades de pós-morte. Essa é a razão, esse é o motivo porque o médico, o grande médico, o grande cientista que foi aqui na Terra, preferiu passar a assinar os seus livros com um pseudônimo, André Luiz.
 
Na verdade pouco nos interessa o que ele foi, saber qual foi essa personalidade humana aqui na Terra. Há muita gente que anda escrevendo nos jornais que ele foi este, que ele foi aquele. Isso pouco interessa. O que nos interessa é o que ele nos oferece agora, o que ele nos dá. E nós sabemos que o que ele nos dá é bastante substancioso, bastante importante. Ele nos dá informações magníficas sobre a situação dos problemas espirituais vistos do lado de lá. Vistos do lado do espírito e não do lado da matéria. Os livros de André Luiz são realmente livros bastante importantes e significativos no atual movimento espírita brasileiro. E tanto assim que já estão traduzidos para várias línguas, inclusive para línguas bastante distantes da nossa como por exemplo o japonês. Há livros de André Luiz já publicados no Japão.
 


Pergunta 4: Necessidades físicas e fisiológicas dos espíritos desencarnados
 
Locutor
– Professor, o ouvinte Jaribe Cândido da Rua Tucunduva, Freguesia do Ó, pergunta. Primeiro. Os espíritos que não têm consciência de sua situação no espaço, dão satisfação às necessidades físicas e fisiológicas que supõem ter?
 
JHP – Depende da situação condição em que se encontra o espírito. O espírito pode não ter consciência imediata da sua situação espiritual. Nós sabemos que quando uma pessoa morre, o espírito que é a própria pessoa se desprende do corpo material, mas se desprende dentro de um outro corpo que é o corpo espiritual de que falava o apóstolo Paulo. Neste corpo espiritual o espírito passa sentir-se como se ainda estivesse vivo na terra, porque ele está ainda ligado à vida terrena. Então ele se sente como se não ouvesse morrido. Isto acarreta em certos espíritos a ilusão de que ele não morreu. De que houve com ele um acidente, uma coisa qualquer mas ele não morreu porque ele se sente vivo. Se sente no seu corpo. Se sente como um homem natural como ele era aqui na Terra. E se sente naturalmente com todas as suas necessidades físicas e fisiológicas de vida. As necessidades vitais, as exigências vitas do corpo humano. Entretanto na proporção em que ele tem uma evolução maior, ele já começa a se desligar daquelas necessidades fisiológicas que não correspondem à sua natureza nova, a natureza espiritual. E no momento em que ele toma consciência do seu estado, ele se liberta inteiramente disso e passa a viver num plano superior como uma entidade espiritual, liberta de todas as exigências da vida terrena.
 


Pergunta 5: Os espíritos não sofrem com o desprezo dos entes queridos que não percebem a sua presença?
 
Locutor
– Esses espíritos não sofrem com o desprezo dos entes queridos que não percebem a sua presença?
 
JHP – Sim, muitos espíritos sofrem com isso. Procuram comunicar-se com os familiares, aproximam-se deles e os familiares não os percebem, não os vêem. Então, eles que ainda não sabem que realmente estão num plano diferente daquele em que vive as criaturas humanas. Eles tem a impressão de que as criaturas estão indiferentes a ele, não estão ligando para ele, não lhe dão atenção. E ele sofre com isso. Muitas vezes ele se despera com essa situação. Mas quando isto acontece, tudo tem uma razão de ser no universo, como sabemos. Quando isto acontece é porque isto está na ordem natural da sua própria evolução. Ele não teve aqui na Terra o cuidade de pensar, de cuidar dos problemas do espírito. Ele afundou-se, por assim dizer, mergulhou fundo nas coisas puramente materiais. Viveu como se ele fosse viver eternamente no corpo material. E de repente ao passar para o mundo espiritual não foi capaz de compreender o que ocorreu com ele.
 
Então, estes aborrecimentos que lhe ocorre, essa situação de sofrimento, são consequências do seu descuido, do seu desinteresse pelas coisas espirituais durante a vida. Cada coisa que fazemos ou que não fazemos traz para nós as suas consequências. O espírito que assim se sente durante algum tempo e que sofre com isso, ele não está sendo castigado por Deus, como se Deus fosse um carrasco que estivesse lá do alto do espaço determinando: você vai passar por isto, você vai passar por aquilo. Não! Ele está sofrendo em consequência das suas próprias atitudes. É como aqui na terra. Um indivíduo que sabe que não deve, por exemplo, fazer certas coisas na vida social, mas que as pratica. Um dia ele vai encontrar as consequências daqueles atos ilegais ou daqueles atos absurdos que ele cometeu. E ele vai sofrer com aquilo. Mas quem foi o autor do seu sofrimento? Foi Deus? Não, foi ele mesmo. Ele mesmo que sabia que não devia fazer aquilo e fez. É nesse sentido que as pessoas, os espíritos sofrem. Mas sofrem por sua própria culpa.
 


Pergunta 6: Os espíritos que desencarnam na infância, continuam comportando-se como crianças?
 
Locutor
– E a terceira pergunta do ouvinte Jaribe. Quando os espíritos desencarnam na infância, continuam comportando-se como crianças?
 
JHP – Também neste caso é preciso sempre levar em conta o processo da evolução. Um espírito bastante evoluído pode estar encarnado na Terra como criança, por um objetivo que muitas vezes nos escapa. Por exemplo. Um espírito sentiu-se na necessidade de vir à Terra, reencarnar-se, nascer num lar, onde estão pessoas muito ligadas a ele, mas onde as coisas não correm bem. Então ele se encarna ali como uma criança para auxiliar a restabelecer a harmonia do lar, para reequilibrar a família. O seu esforço é desenvolvido neste sentido. Logo que é conseguido este objetivo ele morre, ele desencarna, ele volta para o plano espiritual. Em geral quando isso acontece ele retoma imediatamente a sua natureza adulta. Ele passa para o mundo espiritual como um espírito adulto, porque ele estava aqui apenas em missão.
 
Mas quando o espírito não tem essa evolução, quando ele está na terra cumprindo um karma por assim dizer. Passando por consequências de vidas anteriores que o levam a se reencarnar como criança para morrer criança, ele passa para o mundo espiritual ainda em estado infantil. Ele não é capaz de se libertar do condicionamento infantil em que está, porque a sua evolução não lhe dá a liberdade para isso. Então ele é tratado como criança no plano espiritual. Até que ele possa atingir aquele momento evolutivo em que compreenderá a sua situação e voltará à sua normalidade.
 
E muitas vezes também, é preciso notar isto. Os espíritos de crianças que morreram se manifefestam como crianças, porque é esta a maneira de se identificarem perante os pais, perante os familiares. Se ele voltar e der comunicações como um adulto, as pessoas não o reconhecerão. Então ele retoma, por assim dizer, em cada comunicação, a sua condição infantil, o que ele pode fazer facilmente pelo pensamento. Agindo pelo pensamente e pela vontade sobre o seu perispírito, o seu corpo espiritual, ele provoca uma regressão deste corpo ao estado infantil para comunicar-se com os familiares. Porque só assim ele será aceito na sua comunicação.
 


Pergunta 7: Quando a pessoa é anestesiada para ser operada, o espírito se afasta do corpo?
 
Locutor
– Professor, o ouvinte Ricardo Urban da Rua São Leonardo,  Itaberaba, pergunta. Primeiro. Quando uma pessoa é anestesiada para ser operada, o espírito se afasta do corpo?
 
JHP – Geralmente se afasta. Quando há a anestesia, nós sabemos que a anestesia é por assim dizer uma espécie de intoxicação orgânica que faz com que desapareça a sensibilidade de certos órgãos ou num sentido geral. Ora, os órgãos são então atrofiados. Vamos usar a expressão simbólica, atrofiados. Ora, se eles são atrofiados eles não podem mais funcionar, eles estão paralizados, estão bloqueados. As vias de sensão, de percepção estão bloqueadas. O espírito então vendo que o seu corpo caiu naquele estado ele se afasta do corpo. Se afasta mesmo porque ele sabe que vai passar por uma operação. Então o corpo é submetido a operação sem que ele sinta as dores. As dores não se produzem uma vez que o corpo está anestesiado. Entretanto, quando o espírito não está em condições suficientes para se afastar do corpo nesses momentos, ele fica em estado de dormência. Ele sofre a ação do anestésico como se fosse não apenas um anestésico para o corpo, mas também para o espírito. Porque a ligação é estreita entre o espírito e o corpo, permite que o espírito seja atingido pela situação corporal, pela situação física. Tudo depende portanto do processo evolutivo, do grau de evolução do espírito.
 


Pergunta 8: E o que se passa com os viciados em entorpecentes?
 
Locutor
– No tocante aos viciados em entorpecentes, o que se passa?
 
JHP – No tocante aos viciados em entorpecentes não se passa precisamente isso. Há o bloqueio das vias de percepção e naturalmente outras vias se abrem. Por exemplo, um indivíduo que toma um alucinógeno ele sente imediatamente uma modificação no seu psiquismo. Por que? Porque as vias sensórias comuns são bloqueadas pelo tóxico e se abrem então as suas vias de percepção extra-sensorial. E é isto que faz com que os viciados se entreguem à viciação. Mas como sabemos a viciação vai destruindo o seu organismo, vai prejudicando o seu corpo, vai envenenando-o e a sua situação é cada vez pior. Então os espíritos protetores, os espíritos amigos o adverte constantemente e procuram livrá-lo dessa situação.
 
Se você ainda alimenta dúvidas, descarregue-as no programa No Limiar do Amanhã. Mande-nos suas perguntas perguntas, ouça as nossas perguntas e se for o caso conteste-as. Isso é diálogo amigo ouvinte, um diálogo na busca da verdade, sem receios e sem temores.
 
Diálogo no limiar do amanhã. Quem estará com a verdade. Nós? Você?
 


Pergunta 9: Destino dos espíritos de animais desencarnados
 
Locutor
– Professor, o ouvinte Paulo Sérgio dos Reis da Rua Orácio Lane, na Vila Madalena, declara-se ouvinte assíduo do Programa No Limiar do Amanhã, faz muitos elogios e votos de felicidades ao senhor. Manda-lhe um abraço e faz as seguintes perguntas. Primeiro. Quando o espírito de um animal desencarna, qual é o seu destino? Ele possui livre arbítrio?
 
JHP – Primeiramente o nosso agradecimento ao ouvinte Paulo Sérgio dos Reis pelas referências elogiosas ao nosso programa. Pelas declarações de que realmente o programa o tenha auxiliado, o que muito nos sensibiliza. Porque o nosso objetivo é mesmo levar através das ondas hertzianas algum auxílio, algum consolo, algum esclarecimento, à criaturas que se defrontam com problemas no campo espiritual, como todos nós em geral nos defrontamos.
 
Mas vamos passar ao problema do espírito do animal. Quando o animal se desencarna qual é o seu destino. Ora, nós sabemos que o animal não tem um espírito semelhante ao do homem. Mas que o animal é por assim dizer um espírito que se desenvolve nos rumos da humanização. O animal é praticamente o nosso irmão inferior. Por isso São Francisco de Assis falava do lobo como o irmão lobo. Porque São Francisco de Assis, um espírito de grande elevação, ele compreendia este problema. Ele dizia, se Deus é o Criador de tudo, nós toados somos irmãos. E assim ele compredia também a ligação do homem com o animal. O irmão mais próximo que nós temos na natureza abaixo da espécie humana, é o animal.
 
Ora, sabemos que tudo que vive está animado por uma forma espiritual. E justamente por isso a planta, o vegetal, é animado pelo sopro do espírito. Não existe na planta o espírito inteligente, em plena consciência da sua situação. Não. Existe ali apenas o sopro do espírito, quer dizer, o princípio inteligente em desenvolvimento através do reino vegetal. No reino animal nós temos também este sopro do espírito já numa posição mais elevada, mas avançada. O animal já desenvolveu em grande parte a sua sensibilidade, e justamente por isso ele se aproxima mais do reino humano. Nós sabemos por outro lado que o nosso próprio corpo orgânico, o nosso corpo material, é de origem animal. Nós pertencemos por assim dizer a escala animal na Terra, embora estejamos na cúpula dessa escala.
 
Ora, sendo assim é preciso compreender que o espírito do animal não é o mesmo espírito do homem, no sentido do desenvolvimento que já temos na natureza humana. Mas é o mesmo espírito fundamentalmente, porque todo espírito vem de uma única fonte que é o pensamento de Deus, a ação de Deus na natureza. O animal, nosso irmão, amanhã ou depois estará encarnado na espécie humana. Na proporção em que o seu espírito evoluir, desenvolver as suas faculdades internas, interiores, ele vai se aproximando da natureza humana. Depois, segundo dizem os espíritos, ele passa por um tratamento no plano espiritual. Quando atingiu o ponto culminante da passagem para a espécie humana. Ele passa num tratamento através do qual ele se humaniza, ele recebe a condição humana através desse tratamento para poder então encarnar-se na espécie pela primeira vez.
 
Naturalmente que tudo isto é muito difícil de nós compreendermos quando temos ainda a nossa arraigada convicção que vem dum passado longíquo, de que animais são animais e gente é gente. Não. Há um parentesco entre nós, animais e homens. Há um parentesco bem nítido. Além do parentesco corporal, físico, que é demonstrado pelas próprias ciências, há o parentesco espiritual. E também isso hoje está sendo mostrado. Por exemplo, nós temos a psicologia humana, mas temos a psicologia animal. E agora, o mais importante é isto, nós temos a Parapsicologia. E temos a parapsicologia animal. Temos a investigação parapsicológica nos animais. E os parapsicólogos atuais já descobriram que os animais possuem percepção extra-sensorial como nós possuímos e muitos deles utilizam-se muito mais desta percepção do que nós pensamos. A tal ponto se chegou nestas descobertas que surgiu mesmo um debate no campo parapsicológico a respeito do seguinte. Enquanto a escola do Professor Rhine nos Estados Unidos afirma, sustenta a tese apoiada pelos ingleses, pelos franceses da escola de Rhine e por quase todos os grandes grandes parapsicólogos europeus. Afirma que as faculdades paranormais são faculdades em desenvolvimento no homem para o futuro, há os que à maneira dos soviéticos e do professor, por exemplo, Emílio Servadio na Itália, entendem que não. Que estas faculdades paranormais são resíduos dos instintos animais que ainda permanecem no homem. Quer dizer, este debate, esta polêmica levantada nos campos da Parapsicologia hoje está resolvida por maioria a favor do desenvolvimento para o futuro. As faculdades paranormais se desenvolvem no sentido de dotar o homem de capacidades que ele ainda não possui na vida terrena, mas que ele vai possuir no futuro. E que ele está já desenvolvendo na vida presente.
 
Assim, quando um animal morre ele é transferido para o plano espiritual naturalmente como nós também o somos. E muitos animais ao passar para o plano espiritual, segundo nos demonstram os livros de André Luiz. Ainda há pouco falávamos de André Luiz, não é? Os livros de André Luiz nos demonstram, e muito antes de André Luiz, já na Inglaterra, já na França, já na Alemanha, no século passado, muitos livros foram publicados tratando deste assunto. Demonstram que os animais são geralmente aproveitados pelos espíritos, nas zonas mais inferiores do plano espiritual, zonas mais ligadas à vida terrena, mais densas em sentido material, mais carregadas de matéria. Os animais são empregados aí, utilizados pelos espíritos como eram utilizados pelo homem aqui na Terra. Assim, os animais quando morrem não desaparecem, eles também sobrevivem porque o espírito é imortal, o espírito nunca se destroi, o que se destrói é a matéria.  E os animais são aproveitados no mundo espiritual para missões, para trabalhos que se referem também às condições do animal nesse plano.
 
Agora o senhor pergunta se o animal tem livre arbítrio. Esta é a diferença fundamental entre o homem e o animal. O animal não tem livre arbítrio porque ele não tem consciência, ele tem apenas inteligência. A inteligência é uma faculdade humana que está diretamente ligada à faculdade da percepção. Nós percebemos as coisas do exterior, graças aos nossos sentidos físicos e graças ao poder perceptivo da inteligência que existe em nós. Essa captação das coisas do interior é elaborada então pela nossa inteligência. A inteligência portanto, é uma faculdade interna mas destinada a se exteriorizar. É a parte que nós poderíamos chamar assim, de relacionamento do psiquismo humano com o exterior, com o mundo. Ora, o animal possui essa inteligência. Ele está ligado ao mundo exterior pela sua captação sensorial e pela sua inteligência. Mas a inteligência do animal é dominada pelos seus próprios instintos, a sua vida é regida pelos instintos. Entretanto na proporção em que nós vamos subindo na escala animal, nós vemos que a evolução vai se definindo claramente no sentido de dar ao animal os rudimentos de consciência que ele vai tendo já. Na espécie animal, nas espécies animais superiores nós às vezes nos assustamos com as atitudes dos animais, que correspondem muito às atitudes humanas. Isto não só em virtude da domesticação, mas principalmente em virtude da evolução do princípio inteligente neles, da sua inteligência que está evoluindo para o campo da humanização que ele terá de atingir. Assim, o animal não tem livre arbítrio. Ele é sempre regido pelas suas necessidades que se manifestam em forma de instintos orgânicos. Mas, nas espécies mais mais elevadas, o animal já tem uma percepção mais claras das coisas do que nos animais mais inferiores. E ele começa a desenvolver estes rudimentos da sua inteligência que caminhe no sentido humano, estabelecendo uma certa ligação já no plano animal com a natureza humana.
 
Outra coisa que eu preciso acentuar. O animal não tem, não tendo consciência ele não tem pensamento criador. O pensamento do animal é repetitivo. Daí as experiências, por exemplo, de Pavlov com os reflexos condicionados no animal. Por que? Porque o animal é o campo mais apropriado à investigação destes reflexos. Pois no animal os reflexos condicionados dominam quase absolutamente. Ao passo que no homem o prório reflexo condicionado pode ser dominado pela sua vontade, pelo seu livre arbítrio. E pode ser anulado por um esforço de vontade, desde que o homem tome conhecimento desse processo do reflexo condicionado e pretenda dominá-lo. Então há uma diferença bastante acentuada entre o homem e o animal. Mas uma diferença apenas qualitativa no sentido evolutivo, no sentido da evolução. Porque no fundo nós somos todos aqueles irmãos de que falava São Francisco de Assis.

 
Pergunta 10: Os animais tem consciência da existência de Deus?
 
Locutor
– E a segunda pergunta do ouvinte Paulo Sérgio dos Reis. Os animais tem consciência da existência de Deus?
 
JHP – Não, não podem ter. Eles não podem ter consciência da existência de Deus porque Deus é um pensamento, é um conceito tão superior, tão elevado que nem mesmo os homens primitivos conseguem sentí-Lo na sua plenitude. Nós vemos, por exemplo na história da evolução humana, que as primeiras concepções de Deus pelos homens são muito grosseiras. Os homens partem por assim dizer da litolatria, ou seja, da adoração das pedras. Quando falamos de adoração das pedras nos referimos não apenas à pedras no sentido específico, mas à tudo que pertence ao reino mineral. Então, as primeiras interpretações do homem com referência à Deus, se restringem a esse campo dos reinos inferiores da natureza. Porque ele não tem ainda a mente suficientemente desenvolvida para compreender este pensamento superior que nos liga à existência de Deus.
 
É por isso que existe uma verdadeira evolução. Da litolatria o homem vai passando na sua escala evolutiva para a fitolatria, que é a adoração dos vegetais. As árvores sagradas, os bosques sagrados assim como na litolatria encontramos as pedras sagradas, os montes sagrados, os rios sagrados. Veja-se até hoje o Rio Ganges, na Índia, o Rio Jordão ainda hoje, na Palestina, são rios sagrados. Rios que eram adorados no passado e que ainda hoje são adorados.
 
Ora, além da fitolatria que é adoração das coisas vegetais, nós passamos para a zoolatria, que é a adoração dos animais. Ainda hoje não existem na Índia as vacas sagradas? A adoração dos animais. Quer dizer, o homem não tem ainda a capacidade de atingir uma idéia do divino, uma idéia precisa. Então ele atribui o divino às coisas naturais, ele ainda permanece no terreno da magia. Mas na proporção em que ele evolui ele vai atingindo planos superiores do pensamento. E quando ele chega a adorar o próprio homem.
 
Então nós estamos na antropolatria, a adoração do homem pelo homem. Então eles transformam os imperadores, os seus reis, como o imperador do Japão, o rei da Inglaterra, que eram antigamente considerados como deuses. E como deuses, os sacerdotes supremos do seu próprio povo. Ainda hoje nós sabemos que existem os resíduos disto nos países mais civilizados. Na Inglaterra por exemplo, ainda hoje a rainha ou o rei é ao mesmo tempo o supremo sacerdote da ingreja anglicana, porque ele representa Deus. E assim nós vemos que é difícil ao homem atingir a compreensão plena de Deus. Ora, seria impossível ao animal, no seu desenvolvimento ainda rudimentar da inteligência, sem os poderes mais profundos da consciência, atingir à essa cocepção de Deus.
 
Só para que o senhor tenha uma idéia ainda mais completa disto, eu poderia lhe dizer o seguinte. O filósofo Kant, que foi como sabemos um dos maiores filósofos do mundo, filósofo moderno. O filósofo Kant dizia que a idéia de Deus é a idéia mais elevada que o homem pode ter. É o conceito mais elevado que o homem pode formular na sua mente. Porque ao pensar em Deus o homem resume todo o universo numa síntese, uma síntese que é representada pelo conceito de Deus. Então veja o senhor. Não era possível ao animal ter na sua mente ainda rudimentar, este conceito supremo que muitos homens ainda não conseguem desenvolver em si mesmos.

 
Se você ainda alimenta dúvidas, descarregue-as no programa No Limiar do Amanhã. Mande-nos suas perguntas, ouça as nossas respostas e se for o caso conteste-as. Isso é diálogo, amigo ouvinte, um diálogo na busca da verdade, sem receios e sem temores.
 
Só mandamos recados pelo rádio. Temos um recado para você logo após a expllicação do eveangelho. Nesse recado há uma pergunta que você deve anotar e responder. Ganhe um livro com a resposta, um livro que o ajudará na busca da verdade.
 
O Evangelho de Jesus em Espírito e Verdade. Já vai longe o tempo dos sermões, queremos apenas dar explicações.
 
Abrindo o Evangelho ao acaso encontramos o seguinte: Atos, 27: 23-26:
 
“Pois esta noite me apareceu o anjo do Deus a quem pertenço e a quem também sirvo, dizendo: ‘não temas Paulo, é necessário que compareças perante César. E Deus te há dado todos os que navegam contigo.’ Tende coragem varões, porque creio em Deus que assim sucederá, como me foi dito. Porém é necessário que vamos dar à uma ilha”.
 
JHP – Este trecho do livro de Atos nos mostra mais uma vez, a predestinação por assim dizer de Paulo na sua luta para integrar-se no cristianismo. A predestinação referente à sua necessidade de ir à Roma, de se dirigir à César, de ir falar com César. E é bom lembrar que César naquele tempo era Nero. Era Nero que reinava em Roma. Pois bem. Ao se dirigir à Itália no navio que o conduzia, Paulo teve de enfrentar os temporais que assolavam o mar. Os temporais que agitavam as ondas e que ameaçavam naufragar o navio. Mas Paulo se portou com admirável segurança. Com uma confiança absoluta em si mesmo e nas forças protetoras que o amparavam. E ao ver, que o navio estava cheio de criaturas diversas, ele teve medo. Apesar de toda a sua firmeza de que aquelas criaturas fossem prejudicadas. Mesmo porque naquele tempo, as medidas, as leis que dirigiam a navegação eram muito enérgicas e bastante grosseiras, brutais. No caso por exemplo de um naufrágio, ou de uma ameça qualquer para o um navio, os marinheiros teriam o direito de matar todos os passageiros porque entre eles haviam havia vários prisioneiros. E era preciso não deixar que os prisioneiros fugissem, que eles se libertassem. Então Paulo teve naturalmente temor por aquelas criaturas. E foi aí que o anjo apareceu. O anjo lhe falou dizendo que ele não devia temer, porque Deus lhe havia dado todos os que viajavam com ele. Quer dizer, assim como ele Paulo precisava chegar são e salvo a Roma, também todos aqueles que estavam com ele chegariam. Ele devia estar tranquilo porque eles também seriam levados à Roma.
 
Nós temos então duas demonstrações muito curiosas nisto. Primeiro, que as pessoas que como Paulo se dedicam ao trabalho espiritual com firmeza, com dedicação, tem sempre o auxílio espiritual necessário para realizarem aqueles atos que devem ser realizados, que precisam ser realizados para realmente contribuírem para a elevação da humanidade. Segunda, que os espíritos do Senhor estão sempre prontos a comunicar-se, principalmente nos momentos críticos como este em que Paulo se via ameaçado por um possível naufrágio, são sempre avisados pelos espíritos. Nós sabemos que o anjo que apareceu à Paulo, na verdade era um espírito. Este problema do anjo e do espírito é muito curioso. No Espiritismo, segundo entendem vários, várias pessoas dirigentes de igrejas cristãs, no Espiritismo nós negamos a existência dos anjos. Mas não é verdade. Nós apenas damos uma nova interpretação aos anjos. Os anjos são para nós os espíritos puros. Os espíritos que se elevaram a ponto de se tornarem protetores da humanidade terrena, de nos ampararem e nos ajudarem. Os espíritos puros passaram para o plano da angelitude, deixaram a humanidade e passaram ao plano da angelitude, transformaram-se em anjos.
 
Ora, esta tese do Espiritismo entretanto, é a mesma que nós encontramos no apóstolo Paulo quando ele fala por exemplo, que anjos são mensageiros, simplesmente mensageiros. E que as próprias Tábas da Lei foram dadas à Moisés no Monte Sinai por anjos e não pelo próprio Deus. Esta é a posição de Paulo, bastante semelhante à posição do Espiritismo. Foram os espíritos que ali se manifestaram, mensageiros de Deus para transmitirem à Moisés as Tábuas da Lei. Assim, o anjo que apareceu à Paulo no navio neste momento, neste episódio belíssimo do livro de Atos dos Apótolos. O anjo que ali apareceu, foi o seu espírito protetor, um espírito amigo. E nós sabemos, de acordo com as revelações espirituais, que o espírito que mais ajudou Paulo em todos esses momentos, em todas estas ocasiões, foi o espírito de Estêvão. Estêvão é um mártir do cristianismo primitivo. Um mártir que foi morto à pedradas, de acordo com o processo de lapidação dos judeus pelo fato de se opor ao judaísmo. E quem comandou a morte de Estêvão? Foi o próprio Paulo. Paulo de Tarso quando ainda doutor da lei no Templo de Jerusalém. Tomado de verdadeiro fanatismo pela religião judaica, ele comandou o apedrejamento de Estêvão. Mas, depois da morte de Estêvão, ele ficou abalado por aquilo que tinha assistido. A firmeza de Estêvão, a coragem de Estêvão, a fé de Estêvão que não temeu a lapidação e se entregou à ela com a maior serenidade, a maior altivez humana diante dos que o sacrificavam. E foi este o toque que já começou a despertar no coração de Paulo, os sentimentos de humanidade que o levavam além das restrições judaicas e o encaminhavam para o cristianismo. E foi graças a esse toque no seu coração que foi possível o episódio da estrada de Damasco. Vemos como tudo se interliga no processo espiritual, como tudo tem suas ligações mais profundas. Este pequeno episódio do livro de Atos nos lembra tudo isto, para compreendermos a assistência espiritual que Paulo recebeu na sua tumultuada viagem para Roma, onde devia enfrentar César e conversar com ele. Conclamando-o à renovação espiritual de que ele mesmo, César, necessitava.
 
Chegou a vez do nosso recado, anote a pergunta e responda-a. É a hora e a vez da sua participação na busca da verdade.
 
Há mais de dois milênios e meio Sócrates proclamou na Grécia o mandamento do oráculo de Delfos, que só agora podemos cumprir. Conhece-te a ti mesmo. Só podemos conhecer a nós mesmos à luz da razão e da fé conjugadas. A razão só nos dá uma face do rosto da verdade. A fé também, só nos dá uma face. Mas a razão e a fé unidas na religião científica nos colocam ante o rosto completo e perfeito da verdade. Você é capaz de responder por escrito esta pergunta? O que é fé raciocinada e como podemos explicá-la?
 
No limiar do amanhã, uma anunciação dos novos tempos.

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