No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
Abril, abril, abril. Este é o mês em que nasceu o Espiritismo, em que a luz da verdade se derramou sobre milhares de consciências angustiadas, anunciando os novos tempos que o profeta Joel profetizara. O aparecimento em Paris de O Livro dos Espíritos marcava o início de uma profunda revolução no pensamento humano, agitando as águas paradas da cultura. A ciência, a filosofia, a religião, todas as áreas culturais, seriam revolucionadas por uma nova concepção do mundo, do homem e da vida. Estamos em abril, primavera na Europa, outono no Brasil. Na primavera europeia, floresceu a nova revelação. Entre as flores e os gorjeios das aves, a promessa evangélica se cumpria. Paris, a nova Atenas, o cérebro do mundo, irradiava para todo o planeta as mensagens do Espírito da Verdade. Renascia o Cristianismo. A ressurreição de Jesus se repetia na ressurreição do Evangelho. Rápidos e alegres os ventos atlânticos sopraram através do oceano, os pólens da primavera parisiense para o outono brasileiro. A terra generosa do Brasil foi tocada pela semeadura espiritual. Porque seria aqui, no outono brasileiro, acalentadas pelo calor dos trópicos, que as flores do Evangelho se converteriam em frutos e amadureceriam.
O Cristianismo nasceu das profecias judaicas e cresceu entre as massas humilhadas do império romano. Mas nas terras livres do Brasil, encontraria o clima de liberdade necessário ao seu pleno desenvolvimento. O regime de escravidão, herança trágica do paganismo, dominava ainda em nosso país. Mas D.Pedro II, um imperador filósofo e poeta, preparava o advento da liberdade evangélica. Sua augusta filha Isabel, a redentora, libertaria os escravos, para que a nova revelação pudesse frutificar no clima adequado.
Hoje o Brasil é o coração do mundo e a Pátria do Evangelho redivivo. Sob a benção estelar do Cruzeiro do Sul, a árvore do Evangelho cresce em seu solo e dá frutos sem cessar. Prepara-se o celeiro de luz para saciar a fome espiritual do mundo. A França heroica vencendo o calvário das suas provações, já começa a receber de volta, e multiplicadas a cento por um, as sementes de amor e paz que nos enviou com os ventos oceânicos.
Brilha nos céus a cruz de estrelas que não lembra a crucificação, mas a ressurreição. O madeiro infamante se converteu em estrelas.
No Limiar do amanhã, um programa desafio. Produção do grupo espírita Emanuel. Transmissão número 155, quarto ano. Locutores: Roberto Nei e Jurema Iara. Sonoplastia: Antônio Brandão. Técnica de som: Benê Alves. Direção e participação do professor Herculano Pires. Gravação nos estúdios da Radio Mulher São Paulo.
O clarão de uma nova era nos desperta para os problemas do espírito. Iniciemos o diálogo.
Perguntas diversas 1
Locutor - Professor, Maria Angélica da Silva, estudante de teologia da rua Domingos de Morais, Vila Mariana, faz várias perguntas e pede respostas rápidas para cada uma. Primeiro – O que é Deus?
J. Herculano Pires - Deus é a inteligência suprema do universo. Causa primária de todas as coisas.
Locutor - O que é o homem?
J. Herculano Pires - O homem é a inteligência finita, criada por Deus para desenvolver-se e elevar-se através da evolução. Locutor - O que é alma?
J. Herculano Pires – A alma é o corpo espiritual que liga o homem ao corpo material. Mas quando estamos vivendo no mundo "em carne e osso", como se diz, a alma é o Espírito. Porque ele é que anima o corpo.
Locutor - O que são os anjos?
J. Herculano Pires – Os anjos são os homens que superaram a condição humana e tornaram-se espíritos puros, entrando para o reino angélico.
Locutor - Como o senhor explica a Trindade?
J. Herculano Pires – A trindade, seja em qualquer religião onde aparece de maneira antropomórfica (ou seja, definida na forma de pessoas humanas), seja na religião egípcia antiga ou nas religiões modernas do Cristianismo, a trindade é apenas uma alegoria referente aos três princípios fundamentais do Universo que são: Deus, espírito e matéria.
Locutor - O que são o céu e o inferno?
J. Herculano Pires – Estados de consciência. A criatura que tem a consciência em paz, tranquila no cumprimento dos seus deveres, está no céu. A que é atormentada pelos seus erros e pelas suas falhas, pelos seus pecados, pelos seus crimes, está no inferno. Assim o inferno não é um lugar determinado, como o céu. É todo o infinito. E por isso os Espíritos após a morte estão no céu ou no inferno, de acordo com o seu estado de consciência.
Locutor - O que é o purgatório?
J. Herculano Pires – É a Terra, onde purgamos as nossas faltas, os nossos pecados, as nossas deficiências, para podermos evoluir.
Locutor - O que é o diabo?
J. Herculano Pires – O diabo é a personificação mitológica das forças inferiores da natureza e particularmente da maldade humana. Quando praticamos um mal, nós estamos no plano do diabo. Quando praticamos o Bem, estamos no plano de Deus. Assim, o diabo é apenas uma condição inferior no processo de evolução de todas as coisas e todos os seres. É portanto uma condição relativa que desaparece com a evolução.
Locutor - O que é corpo espiritual?
J. Herculano Pires – Corpo espiritual é aquilo que no Espiritismo chamamos de perispírito. Esta expressão técnica do Espiritismo é semelhante àquela da semente que é evolvida pelo perisperma. Então é um envoltório do espírito, um envoltório espiritual. Por isso chamamos de "perispírito". Este corpo espiritual é, por assim dizer, o modelo energético do corpo material do homem.
Locutor - Como o cristão se salva?
J. Herculano Pires – O cristão se salva seguindo o Cristo, o Evangelho do Cristo nos seus princípios fundamentais, evoluindo. Evoluindo moral e espiritualmente. Esta é a salvação.
Locutor - O que é encarnação?
J. Herculano Pires – É a vinda do Espirito à Terra, para viver em um corpo de carne e osso.
Locutor - Professor, o senhor sabe que o Cristianismo é contra a reencarnação?
J. Herculano Pires – Não. Sei que o Cristianismo ensina a reencarnação. Que os próprios Evangelhos nos trazem o fundamento da reencarnação nas palavras de Cristo.
Locutor - Sabe que Moisés proibiu consultar os mortos?
J. Herculano Pires – Moisés proibiu as práticas de baixa magia que os judeus traziam do Egito. No contato com as populações do Egito, os judeus haviam se impregnado de superstições populares e praticavam a magia. Foi isto que Moisés proibiu no Deuteronômio. E nós sabemos que as proibições mosaicas sobre as práticas desta natureza, também figuram no Espiritismo. O Espiritismo não usa essas práticas, mas as condena.
Locutor - Sabe que Deus falava diretamente a Moisés?
J. Herculano Pires - Deus fala diretamente a qualquer um de nós. Deus fala na nossa consciência. Quanto às manifestações do Espírito de Jeová para o povo hebreu e, particularmente, para Moisés, estas manifestações nunca poderiam ser de Deus. De Deus, no sentido de uma personalidade de natureza mais ou menos humana. Porque Deus, sendo a consciência suprema do Universo, a força, o poder central que tudo dirige, que tudo rege e que tudo determina no universo inteiro, Deus não pode reduzir-se à condição de uma criatura humana. O espírito que falava com Moisés, Jeová ou Iavé, era o Espírito-guia do povo judeu. Para os antigos, os Espíritos eram chamados deuses. Haviam os Espíritos maus como deuses maus e os Espíritos bons, como deuses bons. De maneira que Moisés, sendo um médium poderoso, inclusive de materialização, ele conseguia, como nós vemos no relato bíblico, na sua tenda no deserto, ele conseguia produzir o fenômeno de materialização de Jeová, que falava com ele face a face. Mas não era o próprio Deus. Isso não é somente o Espiritismo que o diz. O apóstolo Paulo também diz que, quando Moisés falou com Deus, no monte Sinai, recebendo o ensino através das manifestações que vinham da sarça ardente, ele estava falando com ministros de Deus. Quer dizer com os anjos, que traziam a ele a verdade, a revelação de Deus.
Locutor - O senhor acredita no dilúvio?
J. Herculano Pires – Sim. O dilúvio foi naturalmente um desses traumas coletivos da Humanidade no período de formação da Terra. Ele está presente, não apenas na Bíblia, mas em numerosos livros antigos. Há dilúvios em toda parte, como uma lenda universal. Até mesmo aqui, entre os nossos índios no Brasil, existiu a lenda do dilúvio. Acredito, assim, que o dilúvio corresponde a catástrofes parciais, inundações parciais. Num mundo em que não se conhecia a totalidade do planeta e da Terra, em que as comunicações eram difíceis. Essas lendas, por isso mesmo aparecem em todas as partes do mundo e constituem a lenda geral ou o trauma coletivo do dilúvio. Uma concepção que encontramos em toda a parte, mas que não corresponde à verdade histórica, no sentido de dilúvio universal.
Locutor - Acredita que o fim do mundo está próximo? Por quê?
J. Herculano Pires – Não acredito. Não sei por que o mundo devia acabar agora, quando ele está precisamente se aprimorando, se aperfeiçoando, evoluindo. Quando a Humanidade está atingindo um plano superior de evolução. Quando a Humanidade está saindo do obscurantismo para o conhecimento, para a ciência, para a compreensão da verdade. O mundo não vai acabar tão cedo. Isto não é uma profecia, é evidente, mas uma consequência lógica da observação, do desenvolvimento das civilizações. Nós sabemos que a civilização em que estamos evolui rapidamente para um novo tipo de civilização, que já está marcando a face do planeta. Locutor - Posso mandar-lhe outras perguntas, professor?
J. Herculano Pires – Sim, pode mandá-las que estarei sempre as suas ordens.
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Pergunta 2: Perturbação espiritual
Locutor: Professor, o ouvinte José Mariano Ribeiro de Souza, da Avenida Santo Amaro, pergunta: Sou perturbado por Espíritos que me falam, me dão uma espécie de descargas elétricas e, muitas vezes, não me deixam dormir. Já fui a dois terreiros de Umbanda e não deu resultado. Também num centro espírita e ficou tudo na mesma. O que me aconselha?
J. Herculano Pires – O senhor tem mediunidade. O senhor está percebendo a presença dos Espíritos, sentindo, portanto manifestações mediúnicas. É necessário que o senhor desenvolva sua mediunidade. Se os Espíritos falam com o senhor, se o senhor sente uma espécie de choque elétrico envolvendo o seu corpo, uma espécie de radiação elétrica, seria melhor dizer, é evidente que o senhor está sentindo a presença dos Espíritos, a atuação dos Espíritos sobre o senhor. O senhor tem de procurar um bom centro espírita onde haja estudo. Não basta apenas a seção espírita. O senhor tem de ir a um centro onde haja estudo doutrinário. O senhor precisa estudar livros espíritas. Ler O Evangelho Segundo o Espiritismo. Estudar o livro Iniciação Espírita* de Allan Kardec. Eu aconselho ao senhor ir a um centro como por exemplo o Centro Espírita Renovação, na rua Espírita, 116, no Lavapés. As segundas e as sextas-feiras, às 20 horas e 30 minutos, o senhor participará de seções de estudo. Conversará com as pessoas e receberá orientação para o esclarecimento deste seu caso. É necessário estudar Espiritismo para depois praticá-lo.
* Este livro é atualmente publicado com o título "Introdução ao Espiritismo", pela Ed. Paidéia.
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Pergunta 3: Causa espiritual da dor de cabeça
Locutor - A outra pergunta do seu José Mariano é a seguinte, professor: Minha mulher sofre de uma dor de cabeça, que começa quando ela vê um homem que lhe diz: “você vai me pagar o que me fez”. O homem lhe aparece e diz isso e dá uma gargalhada, vai embora e ela passa o dia tomando remédios que não fazem efeito. O que será isso? Já foi a médicos e esteve até internada, mas nada deu resultado.
J. Herculano Pires – Mediunidade. Mediunidade. É preciso estudar, é preciso ler, é preciso praticar o Espiritismo. São pessoas que estão naturalmente com a sua mediunidade desabrochando. A mediunidade não é nada de extraordinário, é uma faculdade humana normal, natural. A mediunidade é aquilo que em parapsicologia se chama funções psi. Quer dizer, funções de percepção extrassensorial, de pessoas que tem a faculdade humana de perceber as coisas além dos sentidos orgânicos. Quando sua mulher vê um homem que não existe no plano material, quando ouve ele falar, quando o senhor ouve também as vozes, quando ouve ele gargalhar e vê ele gargalhar, é evidente que ela não está vendo isto com os olhos materiais, não está ouvindo com os ouvidos. Ela está percebendo tudo isto através da percepção extrassensorial, da captação direta do Espírito pelo Espírito. É através da sua mente espiritual que ela vê e percebe estas coisas. Mas para entender isto, é preciso frequentar boas reuniões espíritas, ler livros espíritas, estudar os livros para ter conhecimento e orientação. E conviver com pessoas que tenham experiência do assunto, o que se obtêm num bom centro espírita. Tanto o senhor pode levá-la ao Centro Renovação que eu já indiquei, quanto, se for mais próximo da sua casa, mais acessívvel, ao Centro Espírita Pedro e Anita, à rua Androzine de Macedo, 194. É uma travessa da Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, ali próximo ao Largo Ana Rosa. Pode levá-la lá, num sábado às 16 horas, que é uma seção pública, na qual o senhor poderá conversar com o diretor, com o presidente do centro, o senhor Rui Piedade. Pode procurá-lo e conversar com ele. Ele lhe dará orientação para isto.
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Pergunta 4: Materialismo e reencarnação
Locutor - Professor, o ouvinte Adriano Rampazzo, da rua Oriente, no Brás, pergunta: É verdade que cientistas russos descobriram a alma e estão estudando a reencarnação? Mas se eles são materialistas, como pode ser isso?
JHP – É verdade. Eles descobriram a alma sem querer. E estão interpretando a alma de maneira materialista. Como descobriram a alma? Descobrindo aquilo que eles chamaram de corpo bioplasmático do homem. Ou seja o corpo energético do homem. Porque com a evolução da Física, o desenvolvimento das ciências físicas, tornou-se possível, graças a descobertas técnicas na Rússia, ver e fotografar aquilo que fisicamente se chama hoje de antimatéria. É uma outra dimensão do Universo, uma outra dimensão da própria matéria. E fotografando isto, eles conseguiram fotografar o corpo espiritual do homem. Isto que eles chamaram de corpo energético. Então, embora sendo materialistas e lidando com a matéria, eles descobriram a alma humana e se convenceram de que na realidade, esse corpo energético é o fundamento de toda a vida humana. Por isso chamaram de corpo bioplasmático ou bioplástico. Que quer dizer "bio"? Corpo da vida. É ele quem dá vida ao corpo material. E plasmático porque é ele que plasma, é ele que organiza, quem estrutura o corpo material. Como o senhor vê, não se precisa ser espiritualista para encontrar a alma.
Quanto ao problema da reencarnação, também os russos estão estudando isto. Não do ponto de vista de admitir que exista no homem um espírito que, com a morte, se afasta do corpo e depois volta a nascer no mundo. Não. Eles como materialistas, tiveram de estudar a reencarnação, porque nas clínicas psiquiátricas da Rússia, como nas clínicas de todo o mundo, apareceram os casos de recordações de vidas anteriores. Pessoas que se lembram de ter vivido em outra época, em outro país. E se lembram disto de maneira tão insistente que se torna para elas uma espécie de obsessão que lhes perturba a conduta humana, o comportamento humano. Então, estas pessoas recorrem às clínicas psiquiátricas, querem remédio para isto. Ora, os russos como os psiquiatras de todo o mundo, não tinham um remédio específico para isto. Tiveram então que fazer pesquisas a respeito e estão pesquisando a reencarnação. Existe na Universidade de Moscou, o professor Vladimir Raikov, que é o chefe das pesquisas sobre a reencarnação na Rússia. E estas pesquisas vão bem adiantadas, mostrando que, na realidade, existe no homem aquilo que eles acabaram por chamar de "memória extracerebral". Uma memória, que não pode estar no cérebro material do homem, mas que existe. Como o senhor vê, os russos também estão avançando além da sua própria concepção materialista, porque estamos na Era do Espírito. E o Espírito se impõe em toda a parte, através das suas manifestações.
Diálogo No limiar do Amanhã. Continuemos a dialogar. Preste atenção, amigo ouvinte. Quem estará com a verdade? A verdade nasce da realidade dos fatos e não da interpretação dogmática dos textos. Os dogmas são os nós de um sistema que amarra o pensamento. Só o pensamento livre descobre a verdade.
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Pergunta 5: Dúvidas sobre visões e sensações
Locutor - Professor, o ouvinte Osvaldo Casteloni da Rua 5, Jardim Brasil, pergunta: Nos fins de julho de 1973, encontrava-me em serviço. Estava jantando, era mais ou menos 23 a 24 horas. Havia lido os livros de Charles Richet e também visto uma seção de materialização em um centro espírita. Eu pensava no momento em ciências, Espiritismo, matéria, antimatéria. Em dado momento, eu levei um choque elétrico nos maxilares. No exato momento em que levei o choque, eu vi nitidamente com o pensamento a figura de um corpo humano de perfil estourar no ar em partículas minúsculas e desintegrar-se no ar. Quero ressaltar que eu pensava também em Newton, o grande cientista. Daqueles dias em diante, eu perdi o apetite e também o sono. Quando fechava os olhos, via figuras e desenhos, quase sempre em cores azuis e, também, algo mexia em cima de minha cabeça, como se fosse uma pulga, mas sempre no mesmo lugar. Eu ouço o cantar de um pássaro parecido com um canário-do-reino e, às vezes, parecido com um pintinho recém-nascido. Proveniente daquele choque, eu fiquei com um zumbido nos ouvidos. Gostaria de saber se isso tem a ver alguma coisa com Espiritismo.
J. Herculano Pires – Esses problemas, naturalmente estão ligados à questão psíquica. É do seu próprio psiquismo que, naturalmente, se deixou levar pelas impressões de suas leituras. E o senhor teve essas visões, essas percepções, essas coisas todas. Eu acredito que o senhor devia consultar um médico psiquiatra. Porque isso revela um desequilíbrio de sua parte, no sentido da percepção das coisas. E é necessário que o senhor tenha uma orientação mais segura para o tratamento dessa situação. Principalmente depois que o senhor caiu nesse estado de perda de apetite, de sono e assim por diante. É preciso cuidar dessas coisas. Eu não aconselharia o senhor a dirigir-se imediatamente a nenhum trabalho espírita. Eu acho que o senhor precisa, primeiro, passar pelas mãos de um bom médico psiquiatra. E se o senhor encontrar um médico psiquiatra espírita, tanto melhor.
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Pergunta 6: Migrações espirituais
Locutor - Professor, o ouvinte Jaripe Cândido, da Rua Isabel Velho, Freguesia do Ó, São Paulo, pergunta: Primeiro, haveria Espíritos de outros planetas reencarnados aqui na Terra e vice-versa? Se os há, quais as vantagens de uns e outros?
J. Herculano Pires – O Espiritismo tem como um de seus princípios, o problema da migração espiritual, da migração entre os planetas. Da mesma forma que nós, aqui na Terra, temos a migração dos povos entre os continentes. Europeus que vêm morar na América, americanos que vão morar na Ásia e assim por diante. Existem também as migrações espirituais. Só que essas migrações espirituais são determinadas de maneira mais complexa que a simples migração na crosta do planeta. Quando os Espíritos vêm de outro planeta encarnar aqui na Terra, é por uma necessidade de sua própria evolução. São casos em que, ou os Espíritos superaram as condições de vida e de evolução de um planeta inferior à Terra e, então, vêm para cá para prosseguir a sua evolução num mundo superior àquele em que eles habitavam, ou, então, casos de Espíritos que habitavam um mundo que progrediu mais do que a Terra e eles não tinham condições evolutivas para continuar lá. Então, vêm para a Terra, onde vão prosseguir a sua evolução normal num mundo adequado às suas condições. Não é muito fácil explicar isto, mas eu penso que dei uma ideia ao senhor. É como assim, por exemplo, numa escola, um aluno que está no terceiro ano. Ele, no fim do ano, não consegue notas e não pode passar para o terceiro. Então ele continua no segundo ano. Mas se ele conseguir passar no exame, ele se muda para o terceiro ano, porque é o curso mais adequado a ele. Na evolução espiritual acontece a mesma coisa. O Espírito que continua a se encarnar aqui na Terra, é porque ele não conseguiu passar nos exames para um curso mais adiantado, para um planeta mais elevado. Então ele fica vivendo na Terra. Aquele que deixou um planeta superior para vir à Terra, é porque não conseguiu passar no exame lá e aquele planeta se adiantou. Ele então precisa vir viver num planeta mais adequado à sua evolução aqui. Ele vem repetir o ano em que ele não passou, aqui na Terra. De maneira que sempre há vantagem para o Espírito, quando ele é removido de um mundo para outro.
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Pergunta 7: Comunicações de Espíritos extraterrestres
Locutor - Segunda pergunta, professor. Um espírito que pertence a outro planeta, dentro ou fora do nosso sistema planetário, teria autoridade de se comunicar aqui na Terra através da mediunidade?
J. Herculano Pires – Depende sempre da evolução do Espírito e do real interesse que disso possa resultar para ele e para aqueles com quem ele se comunica. Pode acontecer, como aconteceu na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em que, no tempo de Kardec, manifestou-se o Espírito de Mozart e também o Espírito de Bernard de Palissy. E ambos disseram que pertenciam a um planeta superior, já haviam deixado a Terra, haviam superado a condição evolutiva aqui da Terra. Mas voltavam ali para se comunicar, com a finalidade de trazer uma contribuição ao desenvolvimento do Espiritismo, reafirmando, com o seu exemplo pessoal, a teoria da pluralidade dos mundos habitados. Quer dizer, a comunicação de um Espírito de outro planeta, num mundo superior, dada aqui na Terra é possível.
Mas também é preciso compreender o seguinte: há muitos Espíritos mistificadores, brincalhões, que se aproveitam desta era de expansão cósmica, para estarem dando comunicações aí, dizendo que são Espíritos de outros planetas. E não passam de Espíritos daqui mesmo, do nosso planeta. Um Espírito de outro planeta que vem se manifestar é sempre um Espírito de grande elevação. E ele mostra a sua elevação naquilo que diz, no seu comportamento através da mediunidade, na sua manifestação. Se esta manifestação é realmente de elevado teor, de um cunho cultural elevado e moral, então nós podemos aceitar, sempre como uma hipótese, a possibilidade de ele ser de outro planeta. Mas fora disto, é preciso muito cuidado, que nós, em geral, não estamos ainda em condições de receber essas comunicações como Kardec as recebeu. Porque Kardec estava elaborando uma doutrina, ele estava recebendo dos Espíritos, revelações importantes para o esclarecimento da Humanidade. Mas nós, que estamos trabalhando aqui na retaguarda da marcha da evolução, nós que não estamos em condições de dar ao mundo nenhuma contribuição excepcional, que somos criaturas humanas não investidas de uma missão superior, como foi o caso de Kardec, nós precisamos ser mais modestos e ter cautela com essas manifestações. Preferimos ficar aqui, com as manifestações dos nossos Espíritos, com a "prata da casa", como se diz.
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Pergunta 8: Comunicações na Revista Espírita
Locutor - Ainda a terceira pergunta do ouvinte Jaripe Cândido. Professor, na Revista Espírita de Alan Kardec existem várias comunicações de diversos Espíritos. Eu sei que o senhor é conhecedor disso. Mas essas comunicações não foram transmitidas nas Obras Básicas da Doutrina Espírita. Então eu pergunto: Kardec teria considerado aquelas comunicações um tanto falsas e frívolas? J. Herculano Pires – Quando Kardec considerava uma comunicação fraca ou frívola, ele dizia. Ele explicava a razão por que considerava assim. As comunicações publicadas na Revista Espírita, ele as publicou porque mereciam ser divulgadas. Portanto, ele considerou válidas. E quando ele não considera válida num sentido absoluto, ele sempre faz uma observação. O senhor precisa compreender o seguinte. A Revista Espírita se constitui de 12 volumes, correspondentes de 12 anos de publicação. A Revista era mensal, saía todo mês. O que nós temos hoje é, portanto, a coleção da Revista publicada no tempo de Kardec. Ora, o que Kardec fazia nesta Revista era divulgar o Espiritismo e publicar estudos, muitas vezes bastante importantes, mas que não figuravam nas Obras Básicas da Doutrina. Por quê? Porque, como Kardec sempre falou, o Espiritismo é evolutivo, é progressivo. Como tudo que evolui, o Espiritismo também evolui. A própria Codificação nos revela este processo evolutivo. A começar d'O Livro dos Espíritos e a terminar n'A Gênese, onde certos princípios que foram apenas enunciados n'O Livro dos Espíritos são desenvolvidos mais amplamente. Então Kardec utilizava a Revista para a publicação de estudos que não podiam figurar nos livros da Codificação.
Porque os livros da Codificação tinham objeto preciso, limitado. Eles tinham que estabelecer os fundamentos da Doutrina. Mas o desenvolvimento posterior destes fundamentos, destes princípios, só poderia ser feito numa publicação mais ampla, que é a Revista Espírita. Por isso mesmo, a coleção da Revista Espírita de Allan Kardec é indispensável para quem quer conhecer de fato o Espiritismo.
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Pergunta 9: Convulsionários e sonâmbulos
Locutor - Professor, o ouvinte Antônio M. Maia, de Guarulhos, pergunta: Gostaria de ouvi-lo falar sobre os convulsionários e sonâmbulos. O senhor, como professor em Parapsicologia, deve ter experiências importantes com eles.
J. Herculano Pires – Este problema é um problema bastante complexo, o senhor sabe disso. E na própria Revista Espírita de Kardec, a que me referia em resposta a esse ouvinte anterior, o senhor encontra estudos bastante importantes sobre os convulsionários. E estudos feitos por Kardec, e válidos perfeitamente, até hoje. Os sonâmbulos, o senhor encontra no próprio O Livro dos Médiuns e também, os convulsionários, encontra explicações a respeito. Mas eu estou citando a Revista, porque lá o senhor encontra este assunto com maior desenvolvimento. É claro que em todos esses casos, tanto nos convulsionários como nos sonâmbulos, nós estamos dentro do objeto do Espiritismo, estamos dentro do campo das manifestações espíritas. Eu posso dizer ao senhor que, em geral, os convulsionários são indivíduos que são envolvidos por Espíritos perturbadores ou perturbados que os agitam, quando estas convulsões são naturalmente de ordem espirítica. Porque existem as convulsões orgânicas, as convulsões relacionadas com deficiências e doenças do aparelho nervoso ou de qualquer outro dos sistemas da estrutura orgânica do corpo. Então é necessário não confundir uma coisa com outra.
Mas os convulsionários de que trata o Espiritismo são precisamente aqueles que são afetados por Espíritos em estado de perturbação, de agitação. Quanto aos sonâmbulos, nós sabemos que constitui uma espécie de mediunidade, uma forma de mediunidade. São os componentes daquilo que nós chamamos de mediunidade sonambúlica. Os sonâmbulos em geral são criaturas que se afastam com facilidade do corpo material, sem se desligar dele, naturalmente. Então, neste estado de sonambulismo, quer dizer, afastadas do corpo material, elas dirigem o corpo como se o corpo fosse um robô. Elas dirigem, não integradas no corpo, mas à distância, controlando o corpo. Daí, a possibilidade que tem o sonâmbulo, de ver além daquilo que se pode ver com os órgãos materiais. De ter as visões chamadas "extrassensoriais", hoje pela Parapsicologia. Acho que o senhor deve consultar a Revista Espírita de Allan Kardec.
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Pergunta 10: Encarnações missionárias
Locutor - Professor, o ouvinte Alfredo Nascimento, rua Sitiantes, Vila Bancária, São Paulo, pergunta. Primeiro, o senhor sabe que o próprio Cristo foi ferido com ferro? Teria ele, em alguma época distante, causado ferimento a alguém?
J. Herculano Pires – É preciso não confundir as encarnações missionárias na Terra e principalmente a encarnação do Cristo, que foi uma encarnação não só de missão, mas de profunda abnegação em favor da Humanidade, com aquilo que se chama as "encarnações de provas". Uma entidade espiritual da natureza elevada do Cristo não tem carma a resgatar na Terra. Ele, quando veio à Terra, fez um gesto de abnegação, de amor pela Humanidade. A Humanidade estava em um momento em que transitava de uma faixa escura da evolução, ainda bastante inferior, do mundo antigo dominado pela violência, pela brutalidade, pelo desrespeito à condição humana. A Humanidade ia evoluir para a faixa balizada pelo Cristianismo, que seria a faixa do humanismo. Ora, então ia haver uma transição muito séria. E o Cristo quis estar presente na Terra nesse momento para auxiliar a evolução humana e auxiliou, como sabemos, com o seu ensino e com o seu exemplo. Mas também auxiliou com a sua encarnação. Porque ele, ao encarnar-se na humanidade, fazendo–se homem entre os homens, ele pôde irradiar para aquilo que nós chamaríamos assim, num sentido geral, para a carne humana, a espécie humana. Ele pode irradiar uma vibração de impulso evolutivo que repercutiu nos séculos e nos milênios seguintes. Assim quando o Cristo sofreu a crucificação, não foi por um resgate cármico, mas por um sacrifício de amor. Um sacrifício de amor de que só são capazes os Espíritos de alta elevação.
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Pergunta 11: Causa da idiotia
Locutor - A segunda pergunta, professor. Os espíritos que reencarnaram idiotas, me parece que nem progridem e nem regridem. A causa da evolução não estaria com quem lhe acompanha? Isto sem familiares ou responsáveis.
J. Herculano Pires – O senhor lê n'O Livro dos Espíritos, a obra fundamental do Espiritismo, o senhor encontra ali a explicação dos casos de idiotia. Em geral, os idiotas só são idiotas no corpo. São Espíritos que abusaram da inteligência em vida passada. Que usaram a inteligência para praticar o mal em invés de praticar o bem, para prejudicar os outros, ao invés de ajudá-los. Então esses Espíritos estão hoje na condição de idiotia, porque eles perturbaram, com suas vibrações negativas, a formação do novo cérebro que vinham ocupar e este cérebro não responde, hoje, a suas exigências de manifestação. Eles sofrem uma pena. Estão cumprindo pena no corpo, mas para sua própria evolução.
Não tenham receio de perguntar. Mandem suas perguntas por escrito para a Rádio Mulher. Programa No Limiar do Amanhã, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Escreva à máquina ou com letra redonda e bem legível. Não escreva com sua letra comum corrida e inclinada, que pode ser muito legível para você, mas não para os outros. Faça a pergunta num papel e a carta em outro, se quiser escrever carta. Pergunte com inteligência e sua pergunta lhe dará o prêmio de um livro. Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Atenção amigo ouvinte para o teste a que submetemos você, no final do programa. Ouça e responda. Sua resposta pode valer o prêmio de um livro. É um teste ou um desafio. Logo após o comentário do Evangelho. Ouça e responda.
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O Evangelho de Jesus em Espírito e Verdade.
Aberto ao acaso, o evangelho nos ofereceu hoje o seguinte trecho: João, 18:28-32.
“Conduziram a Jesus da Casa de Caifás para o pretório. Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas para poderem comer a Páscoa. Pilatos saiu para ir ter com eles e perguntou-lhes: que acusação trazeis contra este homem?. Responderam-lhe: se ele não fosse malfeitor, não to entregaríamos. Replicou-lhes Pilatos: Tomai-o vós, vós mesmos e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe os judeus: A nós não nos é permitido tirar a vida a ninguém. Para se cumprir o que dissera Jesus, significando o modo porque havia de morrer.”
J. Herculano Pires - Neste trecho nós temos de observar os aspectos históricos da questão, quando aí se menciona que tudo se passou dessa maneira, para se cumprir aquilo que Jesus havia dito a respeito de sua morte. Quer dizer que os judeus não podiam condenar Jesus. A morte da maneira por que Jesus anunciara, uma vez que a crucificação era um suplício romano e não judeu. Os judeus não matavam crucificando, matavam apedrejando. A lapidação é que era o castigo judaico. É o caso que nós vemos, por exemplo, na morte de Estevão, quando o próprio Paulo, ainda judeu e, não, cristão, presidiu a lapidação de Estevão. Ora, Jesus tinha de ser crucificado segundo ele mesmo dissera. Então, os judeus o entregavam nas mãos de Pilatos, porque Pilatos era o legado romano na Judéia. E os romanos condenavam as pessoas criminosas à crucificação. Esse é o motivo porque, diz ali, que Jesus tinha de ser morto como ele previra. E, por isso, nas mãos e Pilatos.
Mas há outras partes curiosas, por exemplo. Por que eles vieram da Casa de Caifás até o pretório e não entraram no pretório? Isto está explicado ali, não entraram para não se contaminar, porque consideravam que os romanos eram impuros. Os romanos eram goins, eram impuros. Então, os judeus não podiam entrar no pretório, porque eles tinham de celebrar a Páscoa. Evitaram de entrar. Mas Pilatos tolerou isto, porque havia um entendimento entre os romanos e os judeus, os judeus que dominavam em Jerusalém. Havia um entendimento, uma vez que o Império Romano, na sua expansão, usava de uma política bastante equilibrada, ele não forçava lutas onde podia resolver as coisas por negociações. E havia negociações entre eles. Então Pilatos atende aos judeus, aceita aquela discriminação. Compreende que eles não podiam entrar pra falar com ele lá dentro, porque ficariam impuros e sai a atendê-los lá fora.
Mas tudo isto nos mostra como na morte de Jesus, na sua crucificação, na sua condenação, houve mais implicações políticas do que nós podemos pensar hoje. Os estudos a respeito da história de Jesus, da história do Cristianismo, os estudos universitários a respeito, nos mostram estas influenciações dominando quase toda a Paixão. Houve momentos difíceis em que as coisas tinham que ser resolvidas entre autoridades judaicas e autoridades romanas. E este momento foi aquele em que Pilatos lavou as mãos. Lavou as mãos da sua responsabilidade. Dizendo que submeteria o Cristo à crucificação, em virtude do interesse dos judeus pela sua morte. Mas, ao mesmo tempo, vemos também a hipocrisia daqueles que queriam a morte do cristo, porque eles diziam que não podiam matá-lo, uma vez que ficariam impuros para a Páscoa. Não obstante, o matavam entregando ao poder romano para que o crucificasse. Note-se, em tudo isto, a incapacidade em que estava o povo da Judéia naquele tempo, e o povo do mundo inteiro, de compreenderem as responsabilidades espirituais no grau em que Jesus vinha estabelecer essas responsabilidades aqui na terra. Tudo se passou ali de uma maneira subrepitícia, maliciosa. E Jesus foi entregue à morte, à crucificação, sem o menor respeito à sua elevada condição espiritual. Mas a tudo se sacrificou por amor à Humanidade. Porque o seu interesse era dar o exemplo da abnegação absoluta, do pleno desinteresse e da coragem no momento decisivo da prova.
Você é o tal que só acredita no que pode ver e palpar? Você é forte e não aceita bobagens, nem se deixa sugestionar? Para você, essa história de Epíritos é coisa de gente ignorante ou fraca, gente que tem medo da vida ou da morte? Então me responda. Por que você não tem coragem de pensar a sério no problema do espírito e estudar essa questão?
No Limiar do Amanhã, um desafio aos comodistas.