Portuguese English Spanish


 

heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

No Limiar do Amanhã: um desafio no espaço.

 

Novas perspectivas se abrem para a educação espírita na capital paulista. Consolida-se o Instituto Espírita de Educação, preparando-se para uma nova fase. Diretores e conselheiros do Instituto anunciam a construção da nova sede com futura ampliação dos cursos. Retomamos a caminhada agora de maneira auspiciosa rumo ao velho e sempre renovado ideal da Universidade Espírita de São Paulo.

 

Dia quatorze último em solenidade realizada no salão nobre da Federação Espírita Do Estado foi empossada a nova diretoria do Instituto Espírita de Educação. Preside essa diretoria o doutor Ari Lex, médico e professor universitário, filho do saudoso professor Fausto Lex, um dos expoentes da velha guarda do movimento espírita paulista. Muito podemos e devemos esperar dessa nova diretoria que continuará com maiores possibilidades o trabalho difícil, e até mesmo penoso, das diretorias anteriores.

 

A educação espírita é uma nova revolução no campo educacional. Se Rousseau promoveu a revolução copérnica da educação, Kardec abriu caminho para a revolução cósmica. A educação espírita apoia-se na concepção do homem integral. Não basta apenas a integração social do educando, mas a sua integração na humanidade cósmica. Um novo homem está nascendo e uma nova educação se desenvolve para auxiliá-lo a enfrentar o infinito.

 

Conclamamos os espíritas para a grande batalha da educação espírita. Nossa luta é para a construção de um novo mundo, de uma nova civilização. O mundo é feito pelos homens e não podemos ter um mundo melhor se não educarmos para melhor as novas gerações. O espiritismo é o roteiro dos novos tempos. Ajudemos o Instituto Espírita de Educação a cumprir a sua missão renovadora. Todos a postos na linha de frente da educação espírita.

 

No Limiar do Amanhã: um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão número 106. Segundo ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.

 

Este programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário Pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640 KHZ, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780 KHZ. Todos os domingos este programa é reprisado pela Rádio Mulher de São Paulo das seis às sete horas da manhã com sugestões especiais para o seu domingo espiritual.

 

Reflexo fisiológico das ideias.

 

Pergunta nº 1: Alguns preconceitos

 

Locutor - O ouvinte Mário Ambrósio de Melo, da Rua Luís Góes, Vila Mariana, envia-nos um recorte do jornal “O Estado de São Paulo” com um artigo pseudocientífico do Padre Edvino Friderichs no qual afirma que as manifestações de tiptologia e mesas girantes são apenas reflexos fisiológicos das ideias, e pede esclarecimento a respeito.

 

J. Herculano Pires - Sim, quem pede esclarecimento a respeito é evidentemente o ouvinte que nos envia uma carta acompanhada desse recorte.

 

O padre Friderichs anda escrevendo continuamente no “O Estado de São Paulo” sobre os problemas espíritas. Depois que contestamos aqui alguns de seus artigos, ele deixou de por na sua assinatura a designação que devia manter: Padre. Não, ele tirou. E Acrescentou um nome, passou a assinar Edvino Augusto Friderichs.

 

Ora, nos parece que o jornal “O Estado de São Paulo”, que quer manter uma linha a altura da dignidade da imprensa internacional, devia selecionar melhor os artigos que publica.

 

Começa que um indivíduo revestido de autoridade sacerdotal numa determinada religião, por uma questão de ética, se não por uma questão de fraternidade humana e compreensão dos princípios do evangelho, não devia, de forma alguma, escrever artigos para criticar princípios de outra religião.

 

Entretanto, isto não é observado. Cada indivíduo pertencente a uma religião determinada sempre pensa que está em condições de criticar a outra, principalmente do ponto de vista científico. Pois bem, o padre Edvino na verdade tem se revelado incapaz de tratar dos assuntos a que se refere. Vejamos aqui uma parte do que ele escreve. Tratando das mesas girantes, diz ele o seguinte: “a mesinha é colocada no meio da sala com algumas pessoas ao redor”; e depois explica que essas pessoas se dirigem à mesa perguntando: “mesinha desejo saber com toda exatidão qual é a idade do Artur”. Um dos três que está no meio, no lugar mais favorável para controlar os movimentos da mesinha, que faz essa pergunta: “concentrem-se e respirem profundamente, os expectadores queiram guardar seriedade e silêncio”.

 

Ora, se o padre Edvino conhecesse o problema das mesas girantes, deveria saber que não é assim que se procede. Não se colocam três indivíduos em torno de uma mesinha determinando que a mesinha fale a idade de alguém ou dê uma informação semelhante e, ao mesmo tempo, pedindo-se às pessoas que respirem profundamente concentradas. Também não se tratam de expectadores que ali estão presentes; trata-se de pessoas que participam de uma reunião para assunto sério.

 

O problema das mesinhas, como diz Kardec, não foi devidamente considerado pelos cientistas em virtude daquilo que Kardec chamou muito bem de o princípio de leviandade que infelizmente existe às vezes nas criaturas mais sérias. Muitos cientistas, dizia Kardec, recusam-se a cuidar deste assunto por entenderem que a dança das mesas é ridícula. E então Kardec lembra as danças das rãs e pergunta quanto a ciência teria perdido se realmente Galvani não se interessasse pela dança das rãs julgando-se capaz de cair no ridículo por este interesse.

 

O padre Edvino coloca, portanto, o problema das mesinhas naquela pauta de leviandade que foi assinalada por Kardec de maneira precisa no campo da própria ciência. Não se trata absolutamente de fazer assim.

 

Por outro lado, diz o padre, que a mesinha é movida inteiramente pelas mãos daquelas pessoas que ali as colocam sobre a mesa. Daí os reflexos fisiológicos das ideias. Como as pessoas que têm as mãos sobre a mesa sabem a idade do Artur, naturalmente movem a mesa dando as oito pancadas que devem corresponder à idade dele se tiver apenas oito anos, ou dezoito, se for dezoito anos.

 

Acontece que, quando se faz uma pergunta à mesinha que está se movimentando, não se faz absolutamente uma pergunta que todo mundo sabe. Faz-se justamente pergunta que ninguém sabe! Para que seja a resposta válida caso ela acerte, caso ela venha com certeza.

 

Por outro lado, o padre se engana quando diz que as mesinhas são movimentadas pelas mãos dos assistentes porque, nas próprias experiências de Kardec – e hoje em numerosas experiências que se realizam no mundo inteiro –, as mesas iniciam a sua movimentação com as mãos das pessoas e depois se desprendem das mãos e continuam a movimentar-se sozinhas. Como explica o padre Edvino os reflexos fisiológicos sem contato da mesa?

 

Como se vê, o padre está mal enfronhado de um assunto que vem tratar na imprensa para denegrir experiências científicas realizadas no mundo há mais de cem anos sucessivamente, através da ciência espírita, da ciência psíquica inglesa, da antiga parapsicologia alemã, da metapsíquica francesa e atualmente da parapsicologia moderna. Todas essas experiências são postas na cesta do padre Edvino porque ele entende que sabe mais que os cientistas, quando na verdade está dando uma prova de não conhecer nem sequer uma maneira por que se faz uma consulta, por assim dizer, às mesas girantes. Por outro lado o padre devia também saber que o problema das mesinhas girantes é um problema do início do espiritismo. Kardec disse muito bem que os fenômenos iniciais foram deixados de lado na proporção em que o espiritismo avançou. Uma vez definida a mediunidade como capaz de proporcionar consultas muito mais amplas, mais rápidas, mais profundas através da psicofonia, ou através da psicografia, não foi mais necessário recorrer-se às mesinhas girantes para produzir estes fenômenos.

 

Mas o padre vai além e diz num outro trecho do seu artigo: “os princípios dos automatismos psíquicos são fundamentais nos processos da experiência dos copinhos. Superstição, tão em voga nossos centros urbanos, bem como a escrita automática e análogos fenômenos”.

 

Ora, como se vê, o padre transfere o problema das mesinhas para as sessões de copinho. Sabemos que as sessões de copinho decorrem, precisamente, das experiências primitivas do espiritismo e que hoje são feitas por pessoas não espíritas, que fazem essas experiências por curiosidade. Mas acontece que por curiosidade elas encontram a verdade, uma vez que os espíritos podem mover o copinho através das mãos dos médiuns, como podem também mover, por efeito físico, independente das mãos dos médiuns. Também na sessão de copinhos acontece isto: quando os médiuns dispõem da capacidade de produzir efeitos físicos.

 

Acontece que os copinhos se movimentam sozinhos depois de haverem sido movidos inicialmente pelas mãos dos médiuns. Assim é outro aspecto do problema que o padre Edvino não está entendendo. Por sinal que seria muito bom o padre Edvino ler o livro recentemente publicado “As Sessões Espíritas” de Monteiro Lobato. Todo esse livro se constitui de relatos, de pesquisas feitas pelo grande escritor que nós todos honramos e reverenciamos, Monteiro Lobato. E essas experiências feitas por Monteiro Lobato na sua casa, com sua mulher dona Purezinha servindo de médium e o copinho deu a Monteiro Lobato respostas admiráveis, extraordinárias, inclusive identificadoras dos espíritos comunicantes.

 

O padre Edvino iria explicar isso como reflexos fisiológicos das ideias de quem? De Lobato? De dona Purezinha? Quando se manifestaram espíritos, até mesmo provindos de regiões desconhecidas do casal trazendo informações interessantíssimas a respeito de fatos por eles desconhecidos.

 

É bom que o padre Edvino compre este livrinho. Ele está nas livrarias: “As Sessões Espíritas” de Monteiro Lobato, e leia com atenção para não voltar a escrever num jornal de alta responsabilidade como “O Estado de São Paulo” artigos que nós consideramos, como se diz na gíria jornalística, “furados”, completamente vazios, artigos que denunciam a ignorância absoluta do seu autor a respeito dos problemas. É tempo, já é tempo da nossa imprensa se alertar contra isso.

 

Não é possível permitir-se que se escrevam sobre problemas tão sérios, como os referentes aos fenômenos paranormais, hoje admitidos em todo mundo, estudados nas áreas científicas mais importantes da Terra através das grandes universidades tanto do nosso mundo ocidental quanto do mundo oriental, não é possível que se escrevam artigos assim sem nenhum escrúpulo, sem nenhum critério científico e sem revelar o menor conhecimento dos problemas tratados.

 

Já é tempo de se por um ponto final neste abuso que se faz da confiança popular. Porque o público deposita confiança no jornal. O público acredita que um artigo ali publicado realmente deve estar apoiado em estudos e experiências e, principalmente, em conhecimento por parte do autor.

 

No entanto, o público é fraudado! É enganado! É burlado por estes artigos que, na verdade, nada mais são do que tentativas de atacar o espiritismo, de desmoralizar as pesquisas psíquicas, e tentativas que partem de um sacerdote que se apresenta no jornal retirando a sua categorização, afastando o nome de padre para mais uma vez iludir os leitores incautos.

 

Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã escrevendo para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana as perguntas podem ser feitas pelos telefones 269-4377 ou 269-6130. Sempre não horário comercial. Na primeira quarta-feira de abril, venha ao nosso auditório, Rua Granja Julieta, 205, última travessa da Avenida Santo Amato, para fazer suas perguntas diretamente ao microfone e ouvir as respostas na hora. Horário: 20h30.

 

Mensagem de Carmen Cinira.

 

J. Herculano Pires - Vamos passar agora apresentação de uma mensagem de Carmen Cinira, a poetisa tão conhecida e querida principalmente no meio espírita. Trata-se de um soneto recebido pelo médium Jorge Rizzini, um soneto psicografado, portanto, em que Carmen Cinira nos faz uma verdadeira mensagem de conclamação ao entusiasmo e ao amor para compreensão da nova era diante da qual a Terra se encontra no seu processo evolutivo. Eu gostaria que o Rizzini dissesse em breves palavras – já que ele está aqui no auditório no momento – como recebeu este soneto de Carmen Cinira.

 

Rizzini - Meu querido Herculano, antes de tudo é interessante a coincidência – coincidência entre aspas – porque você no começo deste programa falou sobre a nova era, o surgimento do homem novo, o aparecimento da civilização cristã, a autêntica, a verdadeira, uma civilização nova que está surgindo com o espiritismo. E este soneto de Carmem Cinira trata exatamente deste problema: do surgimento da nova era no nosso mundo, nova civilização.

 

J. Herculano Pires - E como você o recebeu? Você sentiu a Carmen Cinira?

 

Rizzini - Sim. Ela chegou, tive a visão e começamos então a redação deste soneto. O processo de recepção, como você sabe muito bem, o processo é muito variado. Às vezes as poesias veem sobre a influência direta do espírito. De outras vezes recebi já inúmeras mensagens poéticas em desdobramento. E às vezes o espírito surge e fala e eu ouço. Com a Carmen Cinira, o processo tem sido variado, porque já recebemos inúmeras poesias desse espírito maravilhoso que é a Carmen Cinira. Esse soneto, Herculano, eu considero – eu, pessoalmente como leitor –, eu considero uma maravilha porque é de uma atualidade extraordinária, o que demonstra que os espíritos que trabalham junto com o Cristo na difusão da verdade espiritual, eles estão atentos à problemática da atualidade. O soneto a “Nova Era”, portanto, retrata essa fase atual que estamos vivendo que é exatamente No Limiar do Amanhã, é o surgimento dessa civilização sob a glória de Jesus, sob a orientação direta do Cristo. É a nova era. E a Carmen Cinira trouxe essa mensagem reafirmando aquilo que foi dito neste programa no começo. É uma coincidência entre aspas que vem provar que os espíritos estão atentos à evolução do ser humano. J. Herculano Pires - Muito obrigado.

 

Nova Era

 

Glorioso exército de luz espera
a oportunidade já tão perto
e reencarnar em nossa humilde esfera
ara colocá-la, enfim, não rumo certo.
Aproxima-se augusta a nova era
m que o globo será enfim liberto
as paixões que transformam a alma em fera
omo um leão faminto no deserto.
Nas artes, na política, na ciência,
m tudo ver-se-á uma consciência
refletir o amor que Deus encerra.
Glória ao pai, ao criador dos mundos! Glória!
ue em breve vai se ler a humana história,
triunfo do Cristo sobre a Terra.
Perguntas e respostas.
Pergunta nº 2: Livro com as perguntas do programa
Locutor - Professor, o ouvinte Ricardo Uruban, da Rua São Leonardo, Itaberaba, escreve: sou ouvinte de seu programa, mais ou menos, há quatro meses. Acho que este programa é exatamente o que faltava no rádio brasileiro. Justamente por esse motivo acho que também ficaria interessante um livro neste estilo com as perguntas dos ouvintes e as respostas dadas pelo senhor. Esta é apenas a ideia de um admirador. O que o senhor acha?

 

J. Herculano Pires - Já algumas pessoas tiveram também esta ideia, o que confirma que o seu desejo não é apenas seu, nesse sentido. Mas é preciso entender que essas respostas são dadas aqui de momento, de improviso, e seria necessário se retirar da gravação resposta por resposta para se formar este livro. Seria um trabalho penoso, um trabalho longo, e naturalmente dependeria do interesse de alguma editora por isso. Não compete, portanto, a nós. Compete às editoras espíritas que se interessarem ou não por este parecer.

 

Em forma de livro? Se uma editora se interessar, de nossa parte, não há dúvida a respeito. Só que achamos que o trabalho será bastante difícil.

 

Download Pergunta nº 3: Preconceito da vizinha

 

Locutor - Professor, a ouvinte Laura de Souza, da Rua Joinville, Vila Helena, pergunta: sou ouvinte dos seus programas e admiradora do espiritismo. Tenho dois filhos que são médiuns. Não gosto de ofender ninguém e procuro fazer o bem quando posso. Mesmo assim, certas pessoas cismam comigo, como minha vizinha, que não me respeita como mãe nem como mulher, sendo a mesma pouco recomendável para ter minha amizade. Procura através de métodos baixos, prejudicar a mim e meus filhos com ofensas morais e baixo espiritismo. Quero do senhor uma orientação para esta desagradável situação.

 

J. Herculano Pires - Tendo algum conhecimento do espiritismo e admirando o espiritismo, a senhora deve saber que o princípio fundamental do espiritismo, nestes casos, é da tolerância, da compreensão e do amor fraterno.

 

Se a sua vizinha, seja ela qual for a trata desta maneira, é evidente que ela está sob ação de influências perniciosas. Essas influências podem decorrer, naturalmente, da própria situação dela no seu processo evolutivo. Ela não está naturalmente ainda à altura de compreender aquilo que a senhora já compreende. E se a senhora compreende isso, a senhora tem, por isso mesmo, mais obrigação, mais dever de portar-se à altura da prova a que está sendo submetida.

 

É uma prova para a sua convicção no sentido de aprovar a doutrina espírita. Não digo uma convicção espírita perfeita, porque a senhora está, como nós vimos aqui, procurando inteirar-se bem da doutrina, mas já há de sua parte um interesse profundo pelo assunto, e se a senhora tem dois filhos médiuns, a senhora precisa interessar-se bastante pelo conhecimento da mediunidade, a fim de saber como defendê-los de qualquer envolvimento pernicioso. Os médiuns estão sujeitos a sofrer essas influenciações.

 

Se a senhora aceitar o desafio que a sua vizinha ou qualquer outra pessoa lhe fizer nesse sentido, a senhora poderá, inclusive, prejudicar os seus filhos. A senhora deve compreender que sua vizinha é sua irmã perante Deus, é uma criatura humana, é um espírito em evolução, e a senhora deve orar por ela, pedir a Deus, pedir a Jesus que a proteja, que a ampare, que a esclareça, que a ilumine! A senhora não deve vibrar mal contra ela, porque se ela tem por acaso sentimentos de ódio no seu coração, está faltando, no seu coração, o sentimento profundo do amor. Se a senhora vibrar ódio contra ela, a senhora então aumenta o vazio no coração dessa criatura, e ela aumentará o ódio contra a senhora. Mas se a senhora preencher esse vazio com seu amor, o amor fraterno, dquela pessoa que, justamente por não tem motivo nenhum para amá-la, oferece-lhe um amor inteiramente livre de qualquer compromisso, se a senhora fizer isto, a senhora preencherá o vazio do seu coração e preparará essa criatura para amanhã ser uma sua companheira, uma sua amiga dedicada, uma sua irmã de acordo com o que o espiritismo nos ensina.

 

Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã escrevendo para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana as perguntas podem ser feitas pelos telefones 269-4377 ou 269-6130. Sempre no horário comercial. Na primeira quarta-feira de abril venha ao nosso auditório, Rua Granja Julieta, 205, última travessa da Avenida Santo Amaro, para fazer suas perguntas diretamente ao microfone e ouvir as respostas na hora. O horário: 20h30.

 

Perguntas e respostas.

 

Pergunta nº 4: Umbanda é espiritismo?

 

Locutor - O coronel Frederico Moreira escreve-nos o seguinte: “Respondemos aqui a pergunta: por que a umbanda não é espiritismo? Primeiro: A umbanda não é espiritismo pela falta de compreensão, pela fraqueza e a maldade humana. Segundo: não é espiritismo pelo autoritarismo e a antipática pretensão de alguns que se julgam senhores e donos do espiritismo. Não é espiritismo porque aqueles que não conhecem ainda o espiritismo em todas as suas reais possibilidades. Não é espiritismo pelos temerosos de Kardec quando disse que ‘é melhor recusar noventa e nove verdades do que aceitar uma mentira’. E assim eles estão restringindo demais as possibilidades do espiritismo. Não é espiritismo porque eles que leram e não compreenderam o próprio Kardec quando disse que os espíritos são divididos em três categorias.

 

E assim eu pergunto: Será que os exus trabalham ao redor da mesa branca?

 

E é por este motivo que nós afirmamos aqui, sem receio de errar, que qualquer um trabalho que seja realizado com a participação e a cooperação de espíritos, seja na mesa, na praia, no mato ou na pedreira, e qualquer que seja a categoria de espíritos participantes, é espiritismo, caríssimos irmãos e amigos”.

 

Do criado e amigo, Coronel Frederico Moreira.

 

J. Herculano Pires - Meu caro amigo coronel Frederico Moreira, infelizmente, apesar da sua absoluta certeza de estar certo, o senhor estar errado.

 

Kardec quando dividiu os espíritas em três categorias, ele referiu-se aos espíritas imperfeitos, àqueles que acreditavam na existência dos espíritos e na sua comunicabilidade, mas não compreendia a doutrina por completo.

 

Nós não podemos misturar, coronel, umbanda com espiritismo simplesmente pelo seguinte: porque a umbanda é o desenvolvimento, no Brasil, de uma religião africana; religião das tribos africanas, dos povos bantos, que veio para o Brasil e aqui se desenvolveu. Assim, essa religião pertence à categoria, bem definida no estudo das religiões, de religião primitiva, religião de povos primitivos. Se o senhor consultar, por exemplo, um livro de Ernesto Bozzano, o grande espírita e metapsiquista italiano, o livro chamado “Popoli Primitivi e Manifestazioni Supernormali”, ou seja “Povos Primitivos e Manifestações Supra Normais”, o senhor verá ali que essas religiões selvagens, todas elas, são de fundo anímico em espirítico. Porque os povos selvagens estavam constantemente em ligação com os espíritos em virtude mesmo de se desenvolverem com a pureza dos primitivos em plena natureza.

 

Os fenômenos espíritas são naturais. Portanto, existem desde que o mundo é mundo. Os povos mais primitivos do mundo estavam em ligações com os espíritos. Mas os povos civilizados também estão. Todas as religiões do mundo nasceram da mediunidade. A revelação não é nada mais do que um fenômeno mediúnico, é a comunicação de um espírito superior através de um médium de elevada sensibilidade, que era chamado um profeta, um missionário, um fundador de religião, para transmitir os seus ensinos aos homens.

 

Mas nós poderíamos chamar todas as religiões de espiritismo? Então o que seria o espiritismo?

 

Kardec disse de maneira bem clara que era preciso criar uma palavra nova para distinguir o espiritismo das outras doutrinas espiritualistas. Então ele criou a palavra espiritismo, que não existia na língua francesa, e que aparecendo assim no mundo, como um neologismo da língua francesa, depois se propagou a todas as demais línguas.

 

A criação desta palavra, Kardec o definiu muito bem. Teve por objetivo distinguir o espiritismo como espécie do gênero espiritualismo, onde estão todas as religiões. E todas as religiões provêm da manifestação mediúnica, portanto, da manifestação dos espíritos.

 

O senhor tem razão quando diz que o espiritismo pode ser realizado nas suas práticas em qualquer lugar. Pode mesmo. Pode ser à beira mar, pode ser na selva, pode ser numa cidade, num local civilizado, num templo, numa academia, numa instituição científica, ou num tugúrio. Mas só será espiritismo, só estará dentro da doutrina do espírito da verdade quando essas manifestações forem controladas pela ciência espírita, ou seja, quando essas manifestações estiverem de acordo com a ética espírita que visa não somente à manifestação pura e simples dos espíritos, mas sim à comunicação no sentido do esclarecimento espiritual.

 

Ora, nós não podemos confundir todos os fenômenos mediúnicos incluídos muito bem na pauta do mediunismo e não do espiritismo, não podemos confundir esses fenômenos com manifestações espíritas no sentido doutrinário. É preciso haver uma distinção bem nítida entre o que é doutrina espírita e o que é, por exemplo, doutrina de umbanda.

 

A doutrina de umbanda admite uma infinidade de coisas que são condenadas pela doutrina espírita. Portanto, os umbandistas têm a sua própria doutrina. Nem eles devem ter interesse algum em se verem confundidos com o espiritismo. A doutrina espírita é uma, a doutrina de umbanda é outra.

 

Dessa maneira, é preciso compreendermos bem este problema a fim de não fazermos confusões. Onde há o fenômeno espírita, que é a manifestação de um espírito pelo médium, ali existe o fenômeno, mas não a doutrina. A doutrina é a interpretação do fenômeno, e o aproveitamento do fenômeno para o esclarecimento da humanidade.

 

Assim fazendo, nós estaremos realmente pondo as coisas em seu devido lugar e não misturando alhos com bugalhos.

 

Eu queria antes de terminar dizer ainda ao nosso prezado amigo coronel que recebemos também a outra sua carta sobre a qual recebemos aqui hoje uma reclamação. Ela ainda não veio ao nosso programa porque não chegou a sua vez, porque nós aqui temos uma classificação de acordo com os interesses imediatos de cada tema do programa. Mas a sua carta virá à tona no próximo programa. Teremos a maior satisfação em lhe dar as respostas pedidas.

 

Download Pergunta nº 5: Umbanda não é espiritismo

 

Locutor - Professor, também o ouvinte Renato Moretti nos escreveu respondendo a mesma pergunta feita neste programa. O ouvinte Renato Moretti reside na Rua Antônio Foster, Socorros e responde a pergunta: Por que a umbanda não é espiritismo?

 

Diz ele: “A umbanda é uma religião de origem africana dos povos sudaneses e banto que vieram para o Brasil com os escravos e trata apenas do mediunismo. O espiritismo é uma religião que tem mais de cem anos, foi codificada por Allan Kardec em 1855 na França. Trata do desenvolvimento da mediunidade, estuda as comunicações dos espíritos desencarnados e também, aplicada à ciência, veio ao mundo por Jesus, depois Allan Kardec codificou. Explica aos homens de onde ele veio e para onde irá, e que o espírito é imortal”.

 

J. Herculano Pires - Esta resposta do senhor Moretti está certa. Não obstante, ele faz uma certa confusão ao dizer que o espiritismo veio ao mundo com Jesus. Não obstante essa pequena confusão, a resposta está certa, porque estabelece a distinção precisa entre umbanda, como religião africana, e o espiritismo, como religião moderna de bases científicas.

 

É preciso compreender também este aspecto que é importante: o espiritismo é uma religião de base científica porque surgiu na era das ciências. No momento em que os homens desenvolveram a sua inteligência, o seu conhecimento, a sua capacidade de discernimento, e em que não podiam mais aceitar absolutamente religiões baseadas apenas na autoridade dogmática das igrejas.

 

Dessa maneira, a posição do espiritismo se distingue de todas as demais religiões. Ela é uma religião que tem por fundamento a pesquisa da fenomenologia paranormal, pesquisa esta realizada por Kardec de maneira intensiva e que resultou na formulação da ciência espírita com metodologia especial para a investigação dos fenômenos mediúnicos.

 

Não podemos, portanto, fazer confusão entre uma coisa e outra. E o senhor Moretti distinguiu perfeitamente uma da outra.

 

No tocante a dizer que o espiritismo veio à Terra com Jesus, é naturalmente uma forma pela qual o senhor Moretti pretende mostrar um outro aspecto do espiritismo que também é válido, é verídico. O espiritismo se apresentou ao mundo como uma continuação natural do cristianismo. Porque Jesus prometeu aos homens do seu tempo que na época precisa, quando a humanidade houvesse atingido as condições evolutivas necessárias para a compreensão do fenômeno mediúnico, nessa época ele pediria ao pai que enviasse à Terra a mensagem do espírito da verdade. Ora, essa mensagem veio precisamente em meados do século XIX. Por quê? Kardec o explica no primeiro capítulo de “A Gênese”: porque nesse momento da evolução humana o desenvolvimento das ciências já havia feito com que o homem aprendesse a discernir com precisão aquilo que pertence ao campo da imaginação e aquilo que pertence ao campo da realidade. E justamente por isso o espiritismo, então, se tornou o cumprimento da promessa de Jesus aos seus discípulos naquele tempo. Assim entendendo, o senhor Moretti está certo, e nós lhe oferecemos o livro que prometemos para aquele que respondesse certo. É o livro de Chico Xavier, aliás, intitulado “Chico Xavier pede licença”, edição do Grupo Espírita Emanuel. O senhor Moretti pode retirar este livro no escritório da Rádio Mulher à rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1111. Ali o senhor Moretti encontrará este livro em seu nome para lhe ser entregue.

 

Download Pergunta nº 6: Lei da adoração

 

Locutor - Mais três ouvintes, professor, nos escreveram respondendo a uma outra pergunta que o programa No Limiar do Amanhã fez aos ouvintes:

 

“O que é a lei de adoração?”

 

A ouvinte Inês da Silva, da Rua Quinze de Agosto, São Miguel Paulista, estrada São Paulo-Rio, quilômetro 24, responde a pergunta feita no dia 11/03: “A lei da adoração, no meu entender, é um pensamento puro, elevado, humilde, que brota espontaneamente em nossos corações”.

 

J. Herculano Pires - Eu gostaria que você lesse as outras.

 

Locutor - A ouvinte Lindaura Santos, da Rua Bernardino de Campos, Brooklin, responde a pergunta o que é lei de adoração: “é a elevação do pensamento a Deus. É pela oração que o homem aproxima de Deus a sua alma. A consciência de sua fraqueza leva o homem a se curvar diante daquele que pode proteger”.

 

E a ouvinte Delfina Lopes Vieira, da Rua Eugenia de Carvalho, Vila Matilde, responde também a pergunta o que é a lei da adoração: “a lei da adoração, diz a ouvinte, é a elevação do pensamento, faz com que o homem e sua alma se aproximem de Deus. A adoração está na lei natural, pois resulta de um sentimento inato no homem. Por essa razão é que existe entre os povos, se bem que sob formas diferentes. A adoração é como caridade, como dizia São Paulo, ela tem que ser feita do coração e não dos lábios”.

 

J. Herculano Pires - As três respostas à nossa pergunta foram formuladas mais ou menos num sentido claro de que entendia-se lei de adoração como um sentimento religioso. Neste sentido, as respostas, como se costuma dizer, se aproximaram da realidade, mas não nos deram a verdade doutrinária sobre a lei da adoração.

 

A senhora Inês da Silva, a senhora Lindaura Santos e a senhora Delfina Lopes Vieira, todas elas falaram na elevação do pensamento a Deus. Mas acontece que a lei da adoração se manifesta, primeiramente, através de manifestações de amor que levam à adoração de coisas materiais na Terra.

 

A lei de adoração tem uma evolução, uma evolução precisa, bem esclarecida no livro dos espíritos.

 

A lei da adoração está no coração do homem, é ali posta por Deus. É o sentimento de reverência a Deus, reverência ao criador. Mas esta lei se desenvolve na criatura humana de maneira progressiva. Assim nós vemos, nos povos primitivos, adoração de objetos materiais como pedras, rios, árvores, animais, e depois esta adoração progressivamente vai subindo, passa para a adoração de figuras humanas, de criaturas humanas. Antes disso há uma fase intermediária em que as coisas adoradas são imagens mistas de criaturas humanas e animas, como o caso, por exemplo, da sereia, metade peixe, metade homem; o caso do falcão, do deus falcão egípcio que tinha cabeça de falcão, e assim por diante. Mas depois progressivamente a lei da adoração vai levando o homem à compreensão da existência de Deus. Essa existência de Deus, entretanto, se multiplica numa infinidade de deuses; vem o politeísmo, a adoração de deuses múltiplos, os homens se prostram diante de ídolos feitos pelas suas próprias mãos. Mas por fim essa lei evolui até atingir aquele momento supremo em que o pensamento abstrato define o sentimento de adoração numa compreensão de Deus em espírito e verdade. É a compreensão que o espiritismo nos oferece ao falar da inteligência suprema do universo, causa primária de todas as coisas. Esta inteligência é aquela que o homem esclarecido, no qual a lei da adoração já se desenvolveu até atingir a sua capacidade de abstração, se traduz numa adoração suprema, elevada à compreensão espiritual de Deus.

 

Todas as três perguntas, portanto, embora se aproximassem do aspecto, por assim dizer, religioso, no sentido formalista da lei de adoração, não conseguiram atingir a verdadeira expressão e definição dessa lei. Não obstante, entendemos que a senhora Delfina Lopes Vieira aproximou-se mais da definição, quando ela disse na sua resposta que a lei da adoração pertence à natureza e que ela está no coração do homem. Estas duas expressões equivalem a uma grande aproximação da definição verdadeira da lei de adoração. Não obstante, pedimos às três senhoras que nos deram a honra da sua resposta que consultem no “O Livro dos Espíritos”, na parte dedicada às leis morais, o capítulo dedicado exclusivamente à lei de adoração, onde encontrarão a definição precisa deste assunto. E a senhora Delfina Lopes Vieira que foi a que mas se aproximou da verdade, nós então oferecemos também o livro “Chico Xavier pede licença”. Esse livro, a senhora Delfina Lopes Vieira poderá retirar no escritório da Rádio Mulher, à Rua Barão de Itapetininga, 46 – 11º andar, conjunto 1.111, a partir de segunda-feira sempre no horário comercial em qualquer dia da semana.

 

Download Aliás, aproveitando esta oportunidade, queremos lembrar que existe lá nesse endereço vários livros que ainda não foram procurados pelos seus destinatários. Vamos então fazer a leitura da lista de livros que lá estão à espera dos destinatários e pedimos muita atenção dos ouvintes para isto, porque são livros que foram dados em respostas às perguntas formuladas aqui no programa. Os ouvintes devem procurar estes livros porque nós vamos fazer o seguinte: depois desta comunicação, faremos na próxima semana nova comunicação desta lista e, posteriormente, as pessoas que não retirarem, perderão o direito ao livro.

 

- José Olavo: “Iniciação espírita”. José Carlos Isaias: “O tesouro dos espíritas”. Gentil Belara: “Iniciação espírita”. Antônio Barbosa Albuquerque: “Iniciação espírita”. Wilson Gaspar: “Iniciação espírita”. Guilherme Vielarini “Iniciação espírita” e “O tesouro dos espíritas”. Luiza Greco: “Iniciação espírita”. Vera Maria: “Iniciação espírita”. Idelfonso dos Santos: “Iniciação espírita”. Elza G. de Oliveira: “Iniciação espírita”. Moacir Batista de Paula: “Parapsicologia hoje e amanhã”. Ashintate: “Ecangelho segundo o espiritismo”.

 

Estes livros permanecem à disposição dos ganhadores no seguinte endereço: Rua Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, sala 1.111, no horário comercial.

 

Pergunta as ouvintes.

 

Agora é a nossa vez de perguntar. Amigo ouvinte: como foi que Kardec realizou a codificação do espiritismo e qual o espírito superior que dirigiu este trabalho?

 

Responda certo e ganhe um livro do programa No Limiar do Amanhã.

 

O evangelho de Cristo em espírito e verdade. Não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Abrindo o evangelho ao acaso, encontramos no evangelho de João no capítulo 20 a seguinte passagem: Porém Thomé chamado dídimo, um dos doze, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: Vimos o Senhor! Mas ele não os respondeu: se eu não vir, nas suas mãos, o sinal dos cravos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão do seu lado, de modo algum hei de crer.

 

Nós sabemos que este trecho prossegue informando que oito dias depois, estando novamente reunidos os discípulos, Thomé apareceu e Jesus se manifestou e apresentou as suas mãos com as chagas mandando Thomé tocá-las a fim de compreender que ele realmente havia ressuscitado e ali estava junto deles. Essa passagem é da mais alta importância para o espiritismo uma vez que mostra como o cristianismo nasceu e se desenvolveu na mesma orientação do espiritismo através não apenas do ensino oral referente aos problemas espirituais, mas também com a demonstração prática, a demonstração viva da realidade do espírito após a morte, da realidade desta existência maravilhosa, que é a vida pós-morte do homem. Nós vemos assim – e esta é uma observação muito interessante – que foi desenvolvida por Frederick Myers no seu livro “A Personalidade Humana” de maneira empolgante. Vemos assim que aquilo que hoje se passa no espiritismo, a observação dos fatos para sobre eles estabelecermos a realidade de uma religião baseada na razão e na verdade, essa observação também havia no espiritismo primitivo, no cristianismo de Jesus, aquele cristianismo que nos expunha de maneira bem precisa os princípios morais ligados ao mesmo tempo à demonstração da realidade do espírito na sua sobrevivência após a morte. Jesus mesmo, ele próprio, além daqueles muitos episódios dos evangelhos em que nós notamos constantemente a manifestação de espíritos através das pessoas, na ocasião chamadas endemoninhadas, e vemos também as manifestações sublimes através de entidades que apareciam como resplendente de glórias. É o que verificamos pelo menos na manifestação do Monte Tabor, quando Jesus transfigurou-se diante do fenômeno mediúnico, irradiando as suas forças psíquicas através da sua face divina e do esplendor do seu corpo, e ao seu lado se manifestaram Moisés e Elias. Apareceram ali, por assim dizer, materializados, manifestando-se objetivamente para confirmarem a realidade da sobrevivência.

 

Frederick Myers acentuou que a superioridade do cristianismo perante as demais religiões do mundo está precisamente neste fato: que o cristianismo não tratou apenas teoricamente do problema espiritual, mas tratou deles baseado na experiência prática do homem. Porque o homem vive fechado, como nós sabemos, no circuito que nós poderemos considerar também de circuito fechado dos seus sentidos orgânicos. As suas percepções restringem-se durante largo tempo de evolução apenas à capacidade dos seus órgãos sensoriais. Mas esta é a ilusão do concreto, porque na verdade, como hoje demonstra não só no espiritismo, mas das ciências psíquicas em geral e em particular a parapsicologia, o homem dispõe também da percepção extra-sensorial. Mesmo dispondo dessa percepção extra-sensorial, entretanto, ele só considera válidas para ele as sensações físicas, as sensações sensoriais. Então justamente por este motivo, as manifestações espirituais que podem trazer ao homem a convicção da realidade do espírito através de percepções também sensoriais são de importância básica para fundamentar o conhecimento de um mundo novo, ainda estranho para ele na sua encarnação terrena. Muita gente diz que Jesus, falando a Thomé após este episódio, que eram benditos aqueles que acreditaram sem ver, estava condenando a Thomé, e condenando a quem precisa pesquisar, que precisam ver a realidade objetiva dos fenômenos para acreditarem na sobrevivência da alma. Mas esta é apenas uma implementação conveniente àqueles que gostam de aceitar as coisas através de afirmações e de autoridade e não da busca e da pesquisa. Se Jesus houvesse condenado Thomé, ele não teria se manifestado a Thomé atendendo ao seu pedido. Ele, na verdade, disse que eram benditos, bem aventurados aqueles que acreditaram sem ver. Mas disse isto porque aqueles que acreditaram sem ver, já tinham visto anteriormente; eram criaturas evoluídas que já haviam alcançado um certo grau de espiritualidade e por isso traziam dentro de si mesmas, ao renascer na Terra, a convicção espiritual que as fazia aceitar as verdades e os princípios do cristianismo sem a necessidade da demonstração fenomênica. Simplesmente por isto, porque na verdade Jesus não condenou jamais aqueles que buscam a verdade.

 

O Limiar do Amanhã é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná. A reprise de domingo é exclusiva da Rádio Mulher de São Paulo. A todos os ouvintes, os nossos votos de paz e amor.

 

No Limiar do Amanhã: um convite para o futuro.

Style Selector

Layout Style

Predefined Colors

Background Image