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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

No Limiar do Amanhã: um desafio no espaço.

 

J. Herculano Pires - Amigos ouvintes, essa é a centésima transmissão do programa No Limiar do Amanhã que fazemos nos estúdios heroicos da Rádio Mulher de São Paulo, a emissora da ternura e da bondade que Roberto fundou com alicerce de corações femininos para enfrentar com amor as sombras do mundo. Entre as vozes femininas as locutoras da Rádio Mulher, o Grupo Espírita Emmanuel, de São Bernardo do Campo, incumbiu-se de manter as vozes masculinas deste programa profético para anunciar semanalmente a era do espírito aos homens apegados ao tempo da matéria.

 

Não somos profetas, e as profecias não são nossas, mas do espírito da verdade. Quis Deus, na sua infinita misericórdia, que este centenário, esta centésima transmissão caísse num dia de programação de auditório. Temos assim a felicidade de celebrar o feito em conjugação com nossos ouvintes que desde o início participam ativamente do nosso programa e nos ajudam a fazê-lo, a ouvi-lo e a sustentá-lo. Se fosse realmente um centenário e não apenas o centésimo programa nós estaríamos já bastante velhos, mas na verdade trata-se apenas do centésimo programa. E é para nós como se fosse um centenário no sentido da duração não temporal, mas espiritual do nosso programa, procurando vencer todos os tropeços com que se defronta para que na verdade possamos cumprir com as nossas obrigações.

 

Assim, na certeza de aqui juntos no auditório da Rádio Mulher, marco de uma era nova na rádio brasileira, vamos fazer o nosso centésimo programa com a convicção de que ainda através dele levaremos alguma novidade para os nossos ouvintes.

 

Os ouvintes de casa, como sempre, não estão ausentes, mas presentes também, ligados a nós neste momento pela sintonia das ondas hertzianas e pela afinidade mediúnica do pensamento e do sentimento. Amigos ouvintes, elevemos a Deus, a Jesus e aos espíritos benevolentes que nos assistem a nossa prece de gratidão pela jornada de dois anos que na verdade realizamos graças à concessão que eles nos fizeram. Esta jornada no campo da divulgação e da orientação doutrinárias. Que seja a nossa prece de gratidão apenas algumas palavras, umas poucas palavras, pois o muito falar não é o que nos faz ouvidos como ensina o Evangelho. Oremos assim numa prece pequena, sincera, sintética em que possamos traduzir todo nosso sentimento de gratidão pelo fato de atingirmos hoje o nosso centésimo programa. Senhor Deus, nosso pai, senhor Jesus, nosso mestre, espíritos benevolentes, que nos têm ajudado e sustentado, graças vos damos por aqui estarmos neste momento e neste dia no cumprimento dos nossos deveres, nos deveres que nos confiaste.

 

Chico Xavier pede licença.

 

Sim amigos, Chico Xavier pede licença para receber os títulos da cidadania que as câmaras municipais e as assembleias estaduais lhe têm conferido. Por incrível que pareça, há pessoas que se opõem a essas homenagens ao médium, esquecidas de que elas representam um reconhecimento oficial e público do valor moral e espiritual do trabalho mediúnico. Chico Xavier lembra a sua condição de humilde servidor da doutrina espírita e pede licença aos irmãos para não ser mal educado.

 

Em carta dirigida ao diretor do programa No Limiar Do Amanhã, o médium Chico Xavier explica sua posição com essas palavras: “Sinceramente nunca fui a qualquer solenidade de caráter espírita com a ideia de estar ali com o meu nome ou supostos méritos pessoais. Sempre tenho ido a essas ocorrências cumprindo um dever para com nossos princípios. Nada mais que isso.”

 

Chico Xavier pede licença para explicar o seguinte: “Sempre me sinto nessas ocorrências a afeição do mais híspido empregado na organização que estivesse nesses acontecimentos para receber algum documentário, claramente da firma que me engajou em serviço e não meu.”

 

Chico Xavier pede licença para agradecer as palavras amigas dos que entenderam a sua posição e para acrescentar o seguinte: “As considerações que temos recebido são dedicadas ao espiritismo e não a mim. E em verdade não posso responder com pedradas a essas manifestações de respeito e carinho para com a nossa doutrina.”

 

Chico Xavier pede licença para ser cortês com os que o homenageiam de maneira tão eloquente e tão significativa para o espiritismo e o movimento espírita. Os títulos que lhe são concedidos só têm um motivo: o seu trabalho evangélico através da mediunidade que Deus lhe conferiu para o serviço da luz e do bem entre os homens. Parece que Chico Xavier tem razão. Devemos dar-lhe licença para passar entre as incompreensões e os excessos de zelo de alguns companheiros, e ser gentil e agradecido para com as assembleias que reconhecem os méritos evangélicos do seu serviço mediúnico.

 

No Limiar do Amanhã: um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel. Transmissão número 100. Segundo ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.

 

Este programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730kz, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640kz, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, no Paraná, 780kz. Todas as semanas neste dia e neste horário.

 

Perguntas e respostas no auditório.

 

As perguntas de hoje como de todas as gravações do auditório na primeira quarta-feira de cada mês são feitas pelo microfone pelas pessoas presentes e respondidas na hora. Vamos iniciar as perguntas com nosso ouvinte. Boa noite. Por gentileza o seu nome e a pergunta.

 

Pergunta nº 1: Jorge Rizzini

 

Plateia - [inaudível] moro em Pinheiros, Rua Cunha Gago, 144.

 

Locutor - A sua pergunta, por favor.

 

Plateia - A minha pergunta é o seguinte: professor Herculano Pires, qual é a diferença entre a inteligência e a mediunidade? E o que deve fazer uma determinada pessoa para saber a capacidade de ambas e como desenvolvê-las?

 

J. Herculano Pires – Eu vou responder a sua pergunta, mas para dar continuidade ao nosso programa num sentido mais lógico, mais sequente, eu prefiro pedir licença ao senhor para que antes da minha resposta seja ouvido aqui pelo Paulo José, o nosso companheiro Jorge Rizzini que aqui está representado uma emissora, participando conosco como antigo companheiro de rádio, de jornal e principalmente de espiritismo.

 

Jorge Rizzini – Meu caro Herculano Pires, como diretor e produtor do programa radiofônico “Um Passo no Além”, programa espírita que vai ao ar pela Rádio Difusora de Guarulhos e pela Rádio Clube de Sorocaba, eu não poderia hoje, que se comemora o centésimo programa da série No Limiar do Amanhã que você e sua equipe dirigem, deixar de fazer uma saudação fraterna de coração para coração no sentido de que permita Deus que o seu belíssimo programa No Limiar do Amanhã continue por muitos e muitos anos jorrando luz na inteligência dos que o ouvem e jorrando bálsamo no coração dos que sofrem. A você, pois, e à sua equipe a admiração e o carinho deste seu amigo e colega. E ao diretor da Rádio Mulher, os cumprimentos efusivos por colocar esta emissora também a serviço da verdade espiritual. Verdade que, vinda do alto, traz em sua estrutura, em seu bojo, a libertação de todos aqueles que a procuram despojados de velhos preconceitos.

 

Jesus Cristo disse certa vez que só a verdade nos salvará. E até hoje não conheço outra verdade maior que esta. E espalhar a verdade, como faz o programa No Limiar do Amanhã, é fazer a caridade. É fazer a caridade maior!

 

Meses atrás tive eu a felicidade e a alegria de receber do espírito do indubitável poeta Olavo Bilac um soneto que deve ser aqui dito, Herculano Pires, neste momento para encerrar esta minha saudação.

 

O soneto intitula-se “A Maior Caridade”:

 

No silêncio da noite, após longas leituras
perguntara Kardec ao espírito verdade:
“Entre as virtudes, qual a maior que a bondade?
Qual a que mais liberta o ser das desventuras?”
E o espírito sublime: “Ouvi,
a caridade é insuperável! Ela ergue as criaturas
ao páramo celeste, às regiões mais puras
Discípulo, ela é a luz da própria divindade.
Mas a maior caridade, e a mais necessária,
não consiste no abraço amável que consola,
nem mesmo em aliviar o sofrimento fundo,
A caridade maior consiste em dar ao pária
a verdade mais alta em arejada escola,
Só a verdade salva. Esclarecei ao mundo.”

 

E é isso, Herculano Pires, que você está fazendo, você e a sua equipe maravilhosa. A minha saudação, pois, fraterna de coração para coração desejando mais uma vez que o programa No Limiar do Amanhã continue espalhando pelos céus de São Paulo a verdade que realmente salva o homem: a verdade espiritual!

 

J. Herculano Pires - Rizzini, nós agradecemos, sob as palmas do auditório como você ouviu, as palavras de saudação que você nos traz e particularmente a ênfase que você deu, a importância que você concedeu e que deve conceder ao problema da divulgação doutrinária, da maneira pela qual se possa prestar a verdadeira caridade aos homens que é a da iluminação, a do esclarecimento, a da orientação para que sigam o caminho certo da sua evolução espiritual.

 

Ficamos muito gratos pela sua presença e comovidos com as palavras que você nos trouxe, e particularmente com este soneto de Bilac que tão bem traduz o nosso pensamento a respeito.

 

Agradecemos sinceramente a você desejando, também, ao programa “Um Passo no Além” e às emissoras pelas quais você o transmite, seja aqui a rádio Guarulhos, ou a Rádio Clube de Sorocaba, desejamos que ambas continuem também no ar, atingindo sempre o maior número possível de ouvintes, para que a difusão da verdade, da verdade espírita, que é aquela que nos põe a verdade cristã, novamente em nossas mãos depois de tantas e pesadas deturpações através dos séculos, que essa verdade continue a ser irradiada livremente por toda parte.

 

Muito obrigado, Rizzini.

 

Download Pergunta nº 2: Mediunidade e inteligência

 

J. Herculano Pires - Vamos então à resposta ao nosso irmão que formulou ali essa pergunta sobre mediunidade e inteligência.

 

O senhor pergunta qual a diferença entre mediunidade e inteligência. Eu preferia lhe responder falando da semelhança, qual a relação, qual a semelhança, ou qual a igualdade que existe entre elas. A semelhança é a seguinte: tanto mediunidade quanto inteligência são faculdades humanas. No espiritismo a mediunidade é encarada como uma faculdade humana natural. Assim sendo, ela se equipara à inteligência. Mas não quer dizer absolutamente que elas se confundam.

 

Mediunidade é uma coisa, inteligência é outra. São faculdades distintas. Mas como todas as faculdades humanas, mediunidade e inteligência se conjugam para que uma possa servir à outra. Uma boa mediunidade, uma mediunidade como uma faculdade humana bem desenvolvida, pode prestar muito melhor serviço quando ajudada por uma inteligência esclarecida do médium do que quando atrapalhada, por assim dizer, pela falta de desenvolvimento intelectual e falta de conhecimento.

 

Muita gente costuma dizer que a mediunidade, quando ocorre numa criatura desprovida de inteligência e de cultura, é melhor porque ela nos dá mais segurança na transmissão das mensagens recebidas, uma vez que não há possibilidade de interferência do médium. Isto era muito citado em tempos atrás quando ainda não se conhecia mais profundamente o problema da mediunidade.

 

Hoje nós sabemos que isso é absurdo. Por quê? Porque o médium é um instrumento, mas não é um instrumento passivo. O médium é um intermediário entre o espírito e os homens. Consequentemente, o médium realiza um papel de intérprete. Se nós queremos, por exemplo, falar em nossa língua para um inglês e termos um intérprete que se incuba de transmitir em inglês aquilo que dissemos, se esse intérprete em inglês não tiver cultura e inteligência para compreender aquilo que nós dissemos, ele não poderá transmitir, na realidade, uma mensagem exata. O mesmo acontece com o médium. Se o médium não dispuser de elementos suficientes para interpretar bem, para transmitir com segurança aquilo que está recebendo do espírito, a sua mensagem será falha.

 

De maneira que essas as relações que existem entre mediunidade e inteligência.

 

O senhor pergunta qual a maneira de desenvolver ambas. Não é isso?

 

Pois bem, tanto a mediunidade como a inteligência se desenvolve através daquilo que se chama educação. Emmanuel tem mesmo uma mensagem especial sobre isso em que ele diz “desenvolvimento mediúnico não é nada mais do que educação da mediunidade”.

 

Porque todos nós possuímos mediunidade. Se a mediunidade é uma faculdade humana natural, todos nós somos médiuns. Acontece que a nossa mediunidade é o que se chama no espiritismo de mediunidade generalizada, mediunidade geral que todo mundo possui. Mas aquilo que nós chamamos comumente de médium é a pessoa que se dedica à mediunidade, que presta serviços no campo da mediunidade. Essa pessoa está cumprindo uma missão mediúnica. É aquilo que os espíritos, no “Livro dos Médiuns”, chamaram de mediunato. A pessoa revestida de mediunato é aquela que tem uma missão mediúnica. Esta é que tem então maior desenvolvimento da sua mediunidade para realização do serviço que ela tem de cumprir aqui na Terra, que ela tem de prestar aos homens. Essa pessoa, servindo-se da sua mediunidade, desenvolve-a na proporção em que a pratica e ao mesmo tempo na proporção em que procura tomar conhecimento do que é mediunidade, como ela é explicada, admitida, conhecida pelo espiritismo e como deve empregá-la. O médium, quanto mais consciência toma da sua mediunidade, mais favorece o seu desenvolvimento. A educação, portanto, da mediunidade através do aprendizado espírita e do treinamento mediúnico a que tem que se submeter é a condição principal para o seu desenvolvimento.

 

E o mesmo, como sabemos, se dá com a inteligência. Nós podemos nascer com muita inteligência, mas se nós não cultivarmos essa inteligência, ela não atingirá seus objetivos, ela não será aproveitada suficientemente.

 

Não sei se a minha resposta satisfez o senhor.

 

Plateia - Está ótimo. Pela primeira vez fico muito contente. Muito obrigado.

 

Download Pergunta nº 3: Maria e o espiritismo

 

Locutor - E continuamos com o nosso diálogo radiofônico entrevistando mais um de nossos ouvintes. Nome e pergunta, por favor.

 

Plateia - Luis Bregantim. Professor, eu gostaria de um esclarecimento a respeito de um trecho aqui do “Evangelho segundo o Espiritismo” cujo título é o seguinte: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” O trecho é este: “No que respeito aos irmãos, sabe-se que eles nunca simpatizaram com Jesus. Espíritos pouco evoluídos não compreendiam a sua missão. Quanto à sua mãe, ninguém poderá contestar-lhe a ternura pelo filho, mas é preciso convir também que parece que ela não fazia uma ideia bem justa da sua missão, porque nunca a viram seguir os seus ensinos nem prestar-lhe atenção como fez João Batista.”

 

O problema é o seguinte: dentro do espiritismo, a orientação quanto à Maria é bem diferente do que esse comentário aqui. Esse é o ponto que eu gostaria de um esclarecimento. Porque vemos a apologia de Maria, vemos todos a elevarem às culminâncias. Isso eu gostaria de saber agora com quem estaria a razão aqui no caso.

 

J. Herculano Pires - O senhor diz que no espiritismo o senhor nota uma diferença de comportamento dos espíritas com relação à Maria?

 

Ouvinte - Quando eu digo no espiritismo, é na vivência do espiritismo, através de mensagens que se recebe psicograficamente, através de comentários e de conferências que se assiste. Há uma discrepância entre essa interpretação de Kardec aqui e o que se vê agora, atualmente.

 

J. Herculano Pires - O senhor vai me desculpar, mas eu acho que não há discrepância. Não há pelo seguinte: Kardec está explicando aí que Maria parecia não ter bem consciência da grandeza da missão que Jesus ia exercer, e que os irmãos de Jesus também não compreenderam ele. Essa é uma verdade histórica. Mas o fato de Maria não ter compreendido bem a missão de Jesus e de os irmãos de Jesus não terem compreendido, não quer dizer que eles não fossem espíritos evoluídos.

 

Nós sabemos que no desenvolvimento de uma missão assim tão elevada, tão alta como a de Jesus, nem sempre os familiares, particularmente, compreendem a pessoa que está investida da missão.

 

Conhecemos aquela frase que Jesus mesmo usou no Evangelho quando disse que nenhum profeta o é na sua Terra. O profeta é sempre profeta para os outros, para os estranhos, e não para aqueles que conviveram com eles. A convivência, o conhecimento da pessoa desde o nascimento e a permanência sempre em relação à família, estabelece uma intimidade que nos faz não enxergar a grandeza de certos espíritos. Podemos às vezes conviver uma vida inteira com uma pessoa de espírito muito elevado; reconhecemos que ela tem muitas virtudes, que é uma pessoa muito boa; mas se nos disserem que ela está revestida de uma missão que excede a nossa compreensão imediata, nós não acreditaremos. Foi o que aconteceu com Jesus.

 

Nesse caso, por exemplo, nesse trecho do Evangelho, nós estamos diante de um exemplo da incompreensão de Maria e dos irmãos de Jesus, embora saibamos que Maria teve seus momentos de intuição da grandeza da missão de Jesus, mas como mãe, no seu apego pelo filho, o que era natural, e ao mesmo tempo como a mulher que tinha sua família, dirigia sua casa e tinha de cuidar dos interesses dessa família, muitas vezes ela perdeu de vista essa grandeza de Jesus.

 

Neste momento, neste trecho do Evangelho que o senhor leu, ela e os irmãos foram chamar Jesus para retirá-lo da sua missão. E Jesus estava junto com os apóstolos. Jesus estava ensinando aos apóstolos. E eles queriam – Maria e os irmãos de Jesus – queriam retirar Jesus dali e levá-lo para casa para que ele continuasse a trabalhar na carpintaria de José; que o lugar dele era lá como carpinteiro e não como pregador. Daí a resposta de Jesus àqueles que lhe falaram: aí estão sua mãe e seus irmãos. A resposta dele bem clara: quem são minha mãe e meus irmãos? São aqueles que fazem a vontade de meu pai. Quer dizer, naquele momento, os irmãos, a mãe, a família dele eram aqueles que o estavam ouvindo, porque ele estava ali em função de um pai maior do que José, de um pai que era Deus.

 

Ora, isso não impede, entretanto, por ter havido este episódio e outros semelhantes na vida de Jesus, isto não impede absolutamente que Maria fosse, como realmente era, um espírito altamente evoluído, altamente elevado, pois se lhe coube a missão de ser aqui na Terra a mãe do messias, uma missão extraordinária.

 

E os irmãos de Jesus também tiveram esta ventura, esta honra espiritual de conviver com o grande missionário. Portanto, deviam ter condições espirituais para isso.

 

Quando, pois, no espiritismo, louvamos nossa senhora, louvamos Maria, nada mais fazemos do que cumprir um dever espiritual, porque ela é realmente um espírito altíssimo, um espírito de grande elevação, muito superior a qualquer de nós, a qualquer criatura humana encarnada na Terra neste momento.

 

Não sei se ficou clara a resposta e se o senhor está de acordo.

 

Download Pergunta nº 4: Elevação

 

Plateia - Aí tem o seguinte: ela sendo evoluída, ela poderia ser esclarecida pelo próprio Cristo e compreenderia, assim como compreenderam os apóstolos.

 

J. Herculano Pires - Não somos nós, o senhor me desculpe, mas não somos nós agora, dois mil anos depois que vamos determinar como as coisas deveriam ter se passado. As coisas não se passaram assim! E nós sabemos que, mesmo hoje entre nós, quantas vezes nós nos defrontamos com pessoas que nos parecem bastante humildes, ignorantes, atrasadas mesmo; convivemos com essas pessoas, não prestamos atenção aos aspectos positivos que ela nos revela nas suas atividades menores, nas particularidades da sua vida, e depois de desencarnada essa pessoa, nós às vezes nos surpreendemos com suas comunicações espirituais, porque ela nos aparece como um espírito bem mais elevado do que nós podíamos pensar.

 

A encarnação na Terra tem o seu condicionamento. Ela está condicionada às necessidades evolutivas do espírito. Muitas vezes o espírito que deu um grande passo evolutivo, ele ainda tem de voltar à Terra numa condição que não condiz bem com sua elevação espiritual, porque ele precisa ainda acertar certos pequenos problemas, ou certas questões que ele ainda deixou na vida planetária. Ele precisa resolver assuntos que se relacionam com condições inferiores da vida humana.

 

Então ele volta naquela condição, sem nenhum retrocesso na sua evolução espiritual. E nós não compreendemos isso, de maneira que é essa razão de acontecer coisas dessa espécie.

 

Download Pergunta nº 5: Elevação

 

Plateia - Professor Herculano, nós sabemos que quando desencarnamos, conforme André Luiz deixa bem claro no seu livro “Nosso Lar”, vem uma equipe de médicos espirituais para nos ajudar, para retirar, ou sair do corpo. Além disso, parece-me que “Tibério”, psicografado por Francisco Candido Xavier, nos conta uma passagem: eles estavam pondo os cristãos na arena e depois iam soltar os leões, mas num certo momento o livro nos diz que no meio daqueles cristãos havia um bicão, uma pessoa que tinha sido presa junto com os cristãos, mas não tinha nada com isso. Ele carregava uma arma, parece que na bota ou na cintura. Logicamente ele morreu na arena, mas antes disso, ele conseguiu provocar o desencarne de um leão, e o livro nos conta que no momento do desencarno deste animal, não veio um médico, não veio aquela equipe ajudar o leão a se desligar do corpo, mas veio um animal, um princípio inteligente, ou seja, se eu não me engano, e um animal da mesma espécie ajudá-lo a sair do corpo. E é isso que eu não entendi.

 

[áudio confuso] J. Herculano Pires - Em que livro do Chico Xavier?

 

Locutor - “Tibério”, não é isso o nome do livro? Se não me engano, não é do Chico Xavier não.

 

J. Herculano Pires - Não é do Chico Xavier não. Eu estou estranhando que este assunto não podia estar assim num livro de Chico Xavier. Esse problema, isso aí já é um espiritismo zoológico. A verdade é que existem os espíritos, assim como nós aqui no mundo material temos os nossos especialistas, os nossos médicos que podem atender as pessoas, os enfermeiros, assim do lado de lá da vida, porque a vida lá é mais organizada que aqui (nós pensamos, às vezes, que os espíritos vivem a solta no espaço), não é assim, eles vivem num mundo organizado e muito mais bem mais organizado do que o nosso. Então eles têm lá também os seus especialistas para tratar de vários assuntos, inclusive para socorrerem as pessoas no momento da desencarnação. Mas nem sempre é necessário que venha equipe de socorro no momento de desencarnação.

 

Há desencarnações que se dão de maneira tão súbita e às vezes tão suave, por assim dizer, que o espírito se liberta do corpo sem a menor dificuldade e ele encontra imediatamente condições no mundo espiritual para se adaptar, porque ele já é um espírito evoluído. Os espíritos mais inferiores com menos conhecimento do problema espiritual, mais apegados à matéria, é que geralmente dão mais trabalho no processo da desencarnação. Se não forem auxiliados, eles se libertam do corpo da mesma maneira, porque a morte por si mesma os expulsa do corpo físico. Mas sempre é mais lento, mais demorado. Então os espíritos que socorrem essas criaturas em desencarnação são espíritos que realmente vêm prestar, realmente, serviços como um médico, uma equipe de médicos atendendo, por exemplo, pessoas que sofreram desastres e assim por diante.

 

Quanto a essa desencarnação de animais, parece que não existe nada neste sentido, no espiritismo não existe. Porque no espiritismo se considera que essas desencarnações de animais são feitas naturalmente, automaticamente, de acordo com as leis da natureza. No caso humano é que a desencarnação se complica mais, porque existe a responsabilidade moral do homem e, portanto, do espírito em processo desencarnatório.

 

Não sei se ficou clara a resposta.

 

Locutor - Professor, se me permite um adendo...

 

J. Herculano Pires - Pois não.

 

Locutor - Esse livro que ele leu, “Tibério”, se não me falha a memória, é do Rochester.

 

J. Herculano Pires - Exatamente. Quando é Rochester tem muita coisa assim que não é aceita pelo espiritismo, sabe?

 

Locutor - Microfone aberto para o senhor.

 

Download Pergunta nº 6: Ramatis

 

Plateia - Guilherme Marambé. Moro na Rua do Grito, Ipiranga.

 

Professor Herculano Pires, há pouco nós vimos nos jornais aí do ABC uma notícia sobre Ramatis. Nós espíritas, até que ponto nós podemos dar crédito a essas notícias da transformação que vai passar o homem terreno, até com precisão de datas e tudo?

 

J. Herculano Pires - Eu já tenho dito neste programa numerosas vezes que Ramatis é um espírito pseudossábio. Ramatis não tem autoridade doutrinária nenhuma. É um espírito pseudossábio classificado por Kardec no “Livro dos Espíritos”. Tem lá na classificação espírita, no “Livro dos Espíritos”, a oitava ordem, oitava ordem de espíritos: chamam-se espíritos pseudossábios. São falsos sábios, como as pessoas imaginosas que nós encontramos aqui na Terra. Pessoas imaginosas, dotadas de muita imaginação, mas com indisciplina mental! Não são capazes, realmente, de tratar de problemas científicos de maneira séria, porque eles não têm condições para isso. O que eles têm é muita imaginação. Ramatis seria excelente se se dedicasse à ficção científica. Escrever romances de tipo científico no sentido apenas de contar aventuras e peripécias na era espacial, essa coisa. Ele tem grande imaginação para isso, mas não tem disciplina nenhuma do ponto de vista espiritual. Os seus livros iludem muita gente, porque há muita gente desejosa de novidades. Muita gente que quer saber, tem uma curiosidade imensa de querer saber tudo que se passa no mundo espiritual, quando nós não estamos em condições de fazer isso. Então, eles se deixam levar por Ramatis, porque Ramatis conta tudo, explica tudo, trata de tudo. Não tem aquele critério dos espíritos sábios, dos espíritos prudentes que procuram nos dar apenas aquilo de que realmente nós precisamos e não aquilo que queremos.

 

Nós todos podemos querer muita fantasia. Um espírito sábio, elevado, não vem nos trazer fantasia; ele vem nos trazer ensinamento. Então, se nós queremos fantasia, terminamos indo procurar Ramatis, e nos afundamos nele.

 

É como a mesma história de Roustaing, o roustainguismo, “Os Quatro Evangelhos” de Roustaing. É um livro também dessa forma. Enquanto Kardec se limitou no “Evangelho segundo o Espiritismo” a tratar do ensino moral de Jesus, mostrando que era possível nos atermos a esta parte do Evangelho que é essencial para nós podermos realmente nos melhorar; enquanto ele fez isso, Roustaing escreve quatro volumes de quase quinhentas páginas cada um para explicar minuciosamente item por item os Evangelhos e contar toda história de Jesus.

 

É claro que aquilo tudo está cheio de fantasia, de absurdos de toda espécie, absurdos que a gente não pode admitir de maneira alguma numa obra que se diz espírita. No entanto, quanta gente mergulha naquilo e fica sustentando aquela obra aí por anos e anos a fio. Porque aquela obra satisfaz a curiosidade malsã dessas pessoas.

 

De maneira que de Ramatis, infelizmente, a obra de Ramatis é uma obra que não é espírita. É uma obra à margem do espiritismo, obra de um espírito pseudossábio. Essas previsões dele, feitas já há muito tempo – muitas delas já passaram do tempo e não se cumpriram, e nem se cumprirão mesmo, porque são previsões de um espírito que não tem disciplina mental. Ele diz aquilo que ele imagina, aquilo que ele pensa, que pode acontecer, mas que na realidade não tem base nenhuma em nenhuma pesquisa, em nenhuma informação segura.

 

Download Pergunta nº 7: Parapsicologia e espiritismo

 

Locutor - Continuamos com o nosso diálogo radiofônico. Nome e a pergunta, pro favor.

 

Plateia - Neili Consolari. Professor Herculano, eu gostaria de saber qual é a relação entre o espiritismo e a parapsicologia.

 

J. Herculano Pires - A relação que há entre o espiritismo e a parapsicologia é a seguinte: a parapsicologia é filha do espiritismo. A parapsicologia é uma ciência psíquica que nasceu graças às investigações do espiritismo. Quer dizer, a primeira ciência no mundo a tratar dos problemas paranormais, hoje chamados assim, foi o espiritismo, foi a pesquisa espírita que levantou o problema destes fenômenos.

 

Desta pesquisa espírita nasceram as várias ciências psíquicas. Essas ciências todas que eu citei aqui desde a ciência psíquica inglesa até a parapsicologia moderna. Todas elas nasceram da investigação espírita.

 

E nasceram por quê? Porque o espiritismo provou, através da investigação científica, a existência de fenômenos importantes da vida humana que estavam sendo postos à margem em virtude do desenvolvimento das pesquisas no campo puramente material.

 

O espiritismo, tendo provado isso, fez com que houvesse uma reação no campo das ciências materiais. Elas tiveram então de também tratar de investigar esses fenômenos.

 

Então a parapsicologia, como a metapsíquica e como as outras ciências psíquicas, é filha do espiritismo.

 

É bom compreender o seguinte: existem umas ciências espirituais antigas chamadas ciências ocultas que não têm nada que ver com isto. Essas ciências ocultas vêm de um passado longínquo, são ciências baseadas num tipo de conhecimento que já está superado, porque é um conhecimento que vem de deduções e não de induções, como se passa na ciência positiva. Quando nós falamos de ciências psíquicas, estamos falando das ciências que realmente procuram acompanhar os métodos da ciência no sentido geral, da ciência de experimentação e investigação. Então essas ciências decorrem do espiritismo, porque o espiritismo foi a primeira doutrina a colocar em plano científico, em termos científicos, e criando uma metodologia científica própria, para investigar os fenômenos paranormais. Essa é a primeira relação que existe.

 

A segunda é a seguinte: a parapsicologia investiga precisamente os fenômenos espíritas. Não há um objeto específico da parapsicologia e outro específico do espiritismo. Todos os fenômenos parapsicológicos são fenômenos espíritas e vice-versa.

 

Tratando-se apenas da maneira por que são encarados é que se chega então à classificação. Quer dizer, quando estamos encarando um fenômeno mediúnico do ponto de vista parapsicológico, estamos investigando dentro da parapsicologia, chamamos aqueles fenômenos de parapsicológicos. Mas quando este fenômeno é tratado no espiritismo, através dos métodos espíritas, então chamamos de fenômeno espírita. Quer dizer, o fenômeno é um só. Então existe também uma relação de objeto. O objeto da parapsicologia é o mesmo objeto do espiritismo.

 

Por outro lado, é interessante acentuar que o espiritismo precisou criar métodos próprios para a sua investigação. O mesmo aconteceu com a parapsicologia. A parapsicologia, apesar de nascida dentro das universidades norte americanas e de se desenvolver ali em laboratório, ela precisou criar métodos novos, próprios, para desenvolver as suas pesquisas, porque as outras ciências não serviam para a pesquisa parapsicológica. Quer dizer, há também uma relação que é metodológica entre o espiritismo e a parapsicologia.

 

Mas as duas ciências, embora tratando do mesmo objeto e embora tenham semelhanças metodológicas e semelhanças mesmo na intenção – porque também no espiritismo a busca, o trabalho que se faz na pesquisa do fenômeno não tem por finalidade demonstrar aquilo que já previamente está estabelecido (que a alma existe) – o que se busca no espiritismo é demonstrar como se processam as relações do espírito com a matéria e como o espírito sobrevive, de que maneira ele pode sobreviver e continuar se desenvolver espiritualmente.

 

Então a intenção não é previamente estabelecida, não foi previamente estabelecida no espiritismo. Quando Kardec começou a investigar os fenômenos ele dizia: “esses fenômenos podem ser produzidos por vários tipos de forças; podem ser forças elétricas, forças magnéticas; podem ser forças provenientes do corpo humano que nós ainda não conhecemos”. Ele não foi com a ideia pré-concebida de que se tratava de espíritos. Pelo contrário, ele chegou a dizer ao senhor Carlotte e ao senhor Partier, que lhe falaram a respeito desses fenômenos, ele chegou a lhes dizer: “eu só acredito nestes fenômenos quando os ver e quando, depois de os ter visto, eu puder examiná-los, pesquisá-los, para chegar à conclusão do que são eles, qual a natureza destes fenômenos”.

 

Assim, existem essas relações entre a parapsicologia e o espiritismo, e apenas essas.

 

A parapsicologia, ultimamente, estabeleceu uma relação mais ampla que é o seguinte: ela tem confirmado sistematicamente através de suas pesquisas, sem querer e sem saber, as teorias espíritas. Isto é muito importante.

 

Até hoje todos os resultados das pesquisas parapsicológicas não desmentiram uma só das teorias espíritas. Os princípios espíritas têm sido sistematicamente confirmados pelo desenvolvimento da parapsicologia. A tal ponto que hoje, como sabemos, a parapsicologia está investigando o problema da reencarnação, o que equivale admitir a existência do espírito, e está mesmo estudando também, investigando também com equipes especiais o problema das comunicações espíritas. É o que os parapsicólogos modernos chamam de fenômenos Teta. Para nós são fenômenos mediúnicos; para eles são fenômenos Teta.

 

Então existem essas relações que são naturais, porque as duas ciências trabalham no mesmo campo. E para o espiritismo, o desenvolvimento da parapsicologia, longe do que costumam dizer aqueles que afirmam que a parapsicologia nega o espiritismo, o desenvolvimento da parapsicologia é bastante interessante. O espiritismo só tem a lucrar com o desenvolvimento desta ciência, porque ela está caminhando decisivamente para o espiritismo, embora a maior parte dos parapsicólogos não tenha a consciência disso, porque eles não tomam conhecimento do espiritismo. Se tomassem, talvez ficassem alarmados e até interrompessem suas pesquisas, porque eles estão entrando profundamente no campo do espiritismo.

 

Download O Evangelho do Cristo em espírito e verdade; não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica.

 

O Evangelho aberto ao acaso pela nossa ouvinte Nasa Camis oferece-nos hoje a seguinte passagem em Coríntios, do capítulo 10 do versículo 23 ao 26: “todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas são lícitas, mas nem todas edificam. Ninguém procure o seu proveito, mas o de outrem. Comei de tudo o que se vende no mercado, nada perguntando por causa da vossa consciência. Pois do Senhor é a terra e a sua plenitude.”

 

Como nós vemos nesta passagem da epístola primeira de Paulo aos coríntios – epístola esta muito importante para o espiritismo, porque é nela que o apóstolo Paulo descreve as sessões espíritas feitas pelos apóstolos, descreve minuciosamente mostrando como os médiuns deviam se portar à mesa e assim por diante –, esta passagem é também bastante importante para nós porque nos mostra o seguinte: que o apóstolo Paulo tinha o maior cuidado em fazer com que no cristianismo não prevalecessem as superstições que provinham do judaísmo. Existiam no judaísmo medidas de impedimento, medidas impeditivas no tocante a certos alimentos, a certas coisas que não se podiam comer. Essas medidas eram determinadas pelas leis de pureza do judaísmo. Mas as leis de pureza judaicas, como sabemos, eram leis exteriores e foram condenadas por Jesus em várias passagens dos Evangelhos como naquela, por exemplo, em que ele fala dos fariseus que lavavam o copo por fora e não pode dentro; não se lembravam de que a limpeza interior, a pureza interior é mais importante do que a pureza exterior.

 

Ora, Paulo então se levanta nesta passagem da epístola primeira dos coríntios contra as prescrições que ainda no meio cristão estavam sendo observadas por pessoas que vinham do judaísmo. E ele nos mostra que não havia motivo nenhum para que as pessoas não comessem de certos alimentos que eram vendidos nos mercados, alimentos estes que pertenciam a todas as coisas que existem na Terra, que eram criados por Deus, portanto, pertenciam à natureza terrena. Esta passagem nos lembra aquele episódio de “Atos dos Apóstolos” em que o apóstolo Pedro em Jope é também convidado pelo centurião Cornélio para ir à sua casa, e ele se recusa porque Cornélio não é judeu. E então desce do céu diante dele uma espécie de lençol formando uma espécie de cesta dentro da qual está cheio de animais diversos, numerosos animais, e uma voz diz a Pedro: Mata e come. E ele se recusa; ele diz que não pode matar e comer porque aí há muitos animais que são impuros.

 

Então aí uma voz responde: Não há nada impuro do que foi feito por Deus. Todas as coisas que Deus fez são puras. Com isto, o apóstolo Pedro compreendeu que ele devia atender o centurião Cornélio e não fazer a distinção entre homens puros e impuros que ele estava fazendo, porque ele, o apóstolo Pedro, era judeu, criado no judaísmo, e achava que Cornélio, centurião romano, era impuro; então não queria ir à casa de Cornélio. Ora, nesta passagem de Paulo nós temos a confirmação deste mesmo princípio: o de que não devemos estabelecer distinções entre as criaturas humanas por motivo de raça, de cor, de preconceito cultural, social, ou de qualquer outro tipo de preconceito. Porque todas as criaturas humanas pertencem a Deus, todas elas são filhas de Deus e têm o mesmo destino. Assim, confirma-se no cristianismo através desses episódios evangélicos e particularmente da ênfase que Paulo dá a este assunto nesta epístola e em outras epístolas também, confirma-se o princípio cristão de que devemos superar todas as barreiras que dividem os homens para procurarmos a fraternidade e a compreensão humana entre todas as criaturas. Pois todos nós somos puros no sentido de que somos espíritos criados por Deus para evoluirmos, para nos desenvolvermos e atingirmos a plenitude espiritual que todos um dia atingiremos, se Deus quiser!

 

Foi muito interessante que caísse para nós este trecho, no programa de hoje, neste centésimo programa, porque toda nossa batalha tem sido, através dos cem programas que aqui desenvolvemos, a de mostrar a necessidade de que os homens derrubem as suas barreiras para se entenderem fraternalmente, tendo em vista o mundo novo que aí vem, o mundo de regeneração em que a Terra vai se transformar. Chegamos ao final do nosso centésimo programa.

 

Completamos uma caminhada espiritual de cem programas nos céus de São Paulo com repercussões em outras cidades, no Paraná e em outros estados. Muitos desses programas foram gravados por amigos e companheiros que continuam a repeti-los em centros espíritas e reuniões doutrinárias.

 

Agradecemos a colaboração eficiente de todos, e desejando a todos os que nos distinguem com sua colaboração as bênçãos dos céus, o amparo constante dos espíritos benevolentes.

 

No Limiar do Amanhã: um convite ao futuro.

 


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