No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
São Paulo que Piratininga reconhece, quatro séculos depois de Nóbrega e Anchieta, o valor da semeadura evangélica em seu solo que continua a produzir flores e frutos para o reino de Deus na Terra. O labor mediúnico de Chico Xavier na seara do Cristo, sempre em estreita ligação com São Paulo e os paulistas, é assim proclamado em alto e bom som pela gente de Piratininga de maneira oficial e pública, como um bem moral do patrimônio espiritual de São Paulo. Católicos, protestantes, evangélicos, espíritas, crentes e descrentes foram unânimes em reconhecer a grandeza espiritual de uma vida de abnegação em favor da espiritualização de nosso povo.
Caíram as barreiras de divisionistas, desapareceram os preconceitos diante da realidade de uma obra de amor. Este é um sinal dos novos tempos, um clarão da era do espírito a iluminar os corações do planalto. Como no tempo de Nóbrega e Anchieta, as tribos de Piratininga se reúnem fraternas em torno do futuro.
Os caciques Tibiriçá, Caiuby e Piquerobi trazem seus homens para deporem arcos e flechas aos pés da nova era no limiar do amanhã. Nóbrega hoje, transfigurado em Emmanuel, abençoa de novo os campos de Piratininga. Seus olhos espirituais enevoados pela saudade contemplam o panorama dos arranhas céus da cidade gigante que nasceu do humilde colégio de São Paulo de Piratininga envolvido na garoa paulistana de há quatro séculos. A árvore do Evangelho abre suas ramagens de bênçãos no céu de São Paulo.
No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do grupo espírita Emmanuel, transmissão número 98, segundo ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.
Este programa é transmitido neste dia e neste horário, todas as semanas pela Rádio Mulher de São Paulo 730kz, pela Rádio Morada do Sol em Araraquara 640kz, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antonio da Platina, Paraná, 780kz. Todas as semanas neste dia e neste horário.
Perguntas e respostas. Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã escrevendo para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta 205, São Paulo. Não faça relatórios, faça perguntas. Se quiser use os telefones: 269.4377 e 269.6130 durante a semana no horário comercial para fazer as suas perguntas, e ouça as respostas pela Rádio Mulher de São Paulo, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antonio da Platina, no Paraná.
Pergunta nº 1: Alan Kardec
Locutor - Professor o ouvinte Guilherme Pieralini, da Rua Caçador, Vila Paiva, São Paulo, quer saber o verdadeiro nome de Allan Kardec e a cidade onde nasceu.
J. Herculano Pires - O verdadeiro nome de Alan Kardec é Léon Hippolyte Denizard Rivail. Geralmente se fala no meio espírita “Riveu”, mas a verdade é que essa pronúncia é errada. A pronúncia certa é “Rivail”. E Allan Kardec nasceu na cidade de Lion na França.
Download Pergunta nº 2: Marcos
Locutor - Segunda pergunta: Por que o senhor disse que São Marcos não conheceu Jesus Cristo em vida?
J. Herculano Pires - Não me lembro de quando falei isso, mas talvez tenha sido quando tratei da maneira por que foram escritas e do tempo por que foram escritos os Evangelhos. Porque na verdade o evangelho de Marcos não pertence, como em geral se pensa, a um apóstolo de Jesus e sim a um discípulo de Pedro.
Marcos, discípulo de Pedro, foi quem, de acordo com a tradição e com as pesquisas atuais a respeito da elaboração das escrituras evangélicas, foi quem escreveu em Roma o evangelho que deu seu nome e que foi ditado por Pedro, ou pelo menos que Pedro transmitiu ao seu discípulo Marcos as informações para que ele escrevesse esse evangelho.
Certamente foi nessa ocasião que eu falei que Marcos, esse Marcos discípulo de Pedro, não tinha conhecido Jesus em vida.
Download Pergunta nº 3: Vegetarianismo
Locutor - Professor o ouvinte Antônio Lara, da Rua Ungária, Vila Ipojuca, Lapa, faz o seguinte comentário: O senhor Olegário Candeias no programa do dia 09/12/72 refere-se à alimentação carnívora como um fanático. Em defesa dessa sua tese anti-carnívora aponta o profeta João, como exemplo, e diz que o referido profeta não comia carne, mas se vestia de pele de camelo (Marcos, I:6). É lógico que para usar couro de camelo ele teria que abater o animal. Portanto, o crime é o mesmo. Concordo com o senhor quando diz que o comer ou o deixar de comer é questão de evolução.
Agradeço a atenção deste programa e principalmente ao senhor.
J. Herculano Pires - De minha parte agradeço seu interesse pelo programa chegando ao ponto de nos enviar um pequeno comentário a respeito daquilo que foi dito pelo nosso companheiro Olegário Candeias. E digo companheiro do ponto de vista de doutrina, que Candeias é espírita.
Na verdade, Candeias é bastante entusiasmado na sua campanha a favor da alimentação vegetariana. Ele tem muita pena dos animais que são sacrificados constantemente para que nos alimentem. E eu tive a oportunidade de dizer na ocasião que na verdade alimentação carnívora é bastante cruel (nós todos sabemos disso), mas não podemos evitá-la porque nós pertencemos ainda a um plano bastante inferior. Há muitas pessoas que querem deixar de comer carne e não podem, porque o seu organismo exige essa alimentação em virtude da necessidade de suprimentos de proteínas, que as proteínas de natureza vegetal não com seguem completar.
O senhor Candeias informa, por exemplo, que as proteínas vegetais em certos cereais como na soja são mais elevadas, estão em maior quantidade do que na própria carne. Mas o problema não é a quantidade e sim a possibilidade de assimilação pelo nosso organismo. De maneira que o senhor Candeias tem o direito de defender os animais que a maioria da humanidade mata e come. Mas a maioria da humanidade também tem o direito de continuar matando e comendo porque a sua situação evolutiva atual não permite que ela se abstenha dessa alimentação.
“O Livro dos Espíritos”, como indiquei na ocasião, não determina absolutamente que nos restrinjamos à alimentação vegetariana. E dessa maneira nós temos que compreender que no espiritismo não há proibição de espécie alguma a respeito disso.
A verdade é que a alimentação carnívora ou a alimentação vegetariana toda ela tem de se reunir, por assim dizer, num conjunto alimentício para poder suprir as condições de necessidade da humanidade atual em nosso planeta.
Seria, portanto, uma tentativa muito louvável do ponto de vista ideal, mas impraticável do ponto de vista da execução verdadeira, o restringir-se a alimentação humana apenas ao campo vegetariano. Podemos ver o que se passa ainda hoje na própria Índia, onde tradicionalmente a alimentação de carne é proibida, mas em que Indira Gandhi, ainda recentemente, desenvolveu uma grande campanha para restabelecer a alimentação carnívora em face da fome que avassala grandes regiões onde a alimentação vegetariana não é suficiente.
Download Pergunta nº 4: Falta de mediunidade
Locutor - Professor, Dona Maria José casou-se no dia 04/12/71 e o marido trabalhou até o dia 28/01/72. Depois deste último emprego não conseguiu mais nada até a presente data. Sua esposa quer saber se é por não ter desenvolvimento mediúnico.
Quando estava noiva, foi ao centro espírita e disseram que ia se casar, mas sua vida seria atrapalhada enquanto não se desenvolvesse na vida espiritual. Por este motivo quero o nome de um bom centro, se realmente for este o caso.
J. Herculano Pires - O problema do desenvolvimento mediúnico é um problema que se relaciona aos compromissos espirituais da criatura que vem para a reencarnação. Quando nós trazemos a missão mediúnica para a Terra, precisamos naturalmente desenvolver as nossas faculdades mediúnicas para cumpri-la, mas isso não se relaciona evidentemente com os problemas de compromissos familiares que naturalmente pesam sobre os ombros de seu marido. Não será por falta de desenvolvimento mediúnico que ele deixará de encontrar, ou que ele não encontrará emprego.
A verdade é que este desenvolvimento – se ele realmente tem a missão mediúnica aqui na Terra –, esse desenvolvimento o auxiliará a equilibrar-se melhor na vida, a compreender melhor os problemas referentes ao próprio cumprimento de suas obrigações na vida diária. O auxiliará, enfim, a criar um ambiente mais favorável em seu redor, em torno dele, da família, da casa, para o prosseguimento de sua vida e o cumprimento de suas obrigações aqui na Terra.
Mas se ele não tem mediunidade a desenvolver, o desenvolvimento mediúnico forçado seria até prejudicial, porque ele não conseguiria mesmo passar a atuar como um médium. Eu acho que a senhora deve separar inteiramente as duas coisas. O seu marido, se está em dificuldade para procurar emprego, isto pode ser uma prova muitas vezes de ordem passageira e pode ser também uma situação em que, diante das coincidências em que ele se encontrou, esteja em dificuldade também efêmera, porque logo ele deverá encontrar. Numa cidade como São Paulo e um homem com certas habilitações como ele tem não demorará muito a encontrar o seu emprego.
Quanto ao fato de haverem dito, portanto, que enquanto não se desenvolvesse na vida espiritual ou a senhora também não se desenvolvesse assim não encontrariam uma situação satisfatória na vida, aí nós podemos distinguir dois elementos.
Primeiro, essa obrigatoriedade de desenvolvimento espiritual, ou seja, de se seguir o esclarecimento necessário para uma vida espiritualizada, decorre da nossa própria encarnação na Terra. Todas as criaturas estão sujeitas a isso. Então, a senhora e o seu marido procurando esclarecer-se no espiritismo e procurando segui-lo, frequentando um bom centro, uma boa reunião espírita a que possam comparecer, estarão se beneficiando e beneficiando seu próprio futuro, a sua própria casa, a sua própria família. Mas isso não quer dizer que a senhora tenha de fazer isso para atingir este resultado.
Quando tratamos de coisas espirituais, nós devemos sempre compreender que esses problemas do espírito se referem ao nosso próprio destino como criaturas humanas. E não devemos encará-los de um ponto de vista apenas utilitarista.
Acredito que a senhora, tomada das mais nobres intenções, deseja mesmo que seu marido se encaminhe no ramo da espiritualidade. E se a senhora se interessa pelo espiritismo eu lhe aconselharia a levá-lo, a ir com ele naturalmente, a um centro espírita onde se adaptem, onde se sintam bem. Há numerosos centros aí mesmo no seu bairro e há centros na cidade, há centros vários. Eu não poderia indicar no momento para a senhora um centro aí no seu bairro, mas acredito que a senhora poderá se informar com pessoas que frequentam entidades espíritas, instituições espíritas, e encontrar o seu caminho.
A indicação de um centro é sempre no sentido de se apontar para aquele que quer iniciar-se nos problemas espirituais um caminho mais acertado a fim de que não se encaminhe para um centro mal organizado. Eu no momento não disponho de elementos para lhe dar essa indicação, mas a senhora irá naturalmente informar-se e deverá frequentar um bom centro, porque isto ajudará a senhora e seu marido a compreenderem melhor inclusive as provas pequenas ou grandes que todos nós temos de enfrentar na vida. Não apenas no início da vida, como a senhora está enfrentando, mas também no correr de nossa existência.
Eu sei que a senhora já entrou em entendimento pessoal com pessoa de minha família a respeito disto e que já recebeu ou deve receber dois livros que lhe foram dados. Aconselho a senhora a ler estes livros com atenção e carinho que eles também lhe auxiliarão bastante a compreender a sua situação.
Download Pergunta nº 5: Nascimento
Locutor - A pergunta seguinte é de uma ouvinte que também se chama Maria José. Maria José Campos, residente na rua Pontaporã, no Alto da Lapa.
Ela pergunta: quando sua mãe a estava esperando aos sete meses, ela, a sua mãe, ouviu várias vezes a filha chorar. Procurou saber num centro espírita se isto era normal. Disseram que o espírito da criança, que era a Maria José, era muito adiantado e não queria esperar o fim da gravidez. Quer saber sua opinião diante desta, o que ela chama, de anormalidade.
J. Herculano Pires - Na verdade este é um problema que não tem o sentido que lhe atribuíram no centro. Nós precisamos ter muita cautela nessas interpretações. Há pessoas imaginosas que, de boa vontade, sem nenhuma intenção secundária, muitas vezes nos dão interpretações assim um tanto audaciosas de fatos, que na verdade não conhecem, mas que não são tão incomuns, como está pensando.
Este problema de crianças que nascem antes de nascer é um problema que pertence mais aos especialistas no assunto. Mas segundo estou informado, não se trata aí de nada extraordinário.
Assim como a criança faz certos movimentos no ventre da mãe antes de nascer, ela está viva, dá os seus sinais de vida, há também situações em que ela se encontra que produzem um ruído semelhante a um gemido choro ou de criança.
Não é, portanto, nada de anormal nem de extraordinário.
Download Pergunta nº 6: Doente mental
Locutor - Professor o ouvinte José de Oliveira, cunhado do Jorge Interlang, da Casa Dimas, em Santo Antônio da Platina, Paraná, pergunta: Tenho vinte e cinco anos, sinto-me só e em difícil situação, pois apesar da pouca idade, estive em tratamento psiquiátrico várias vezes. Não encontro solução para o meu caso. Depois de tantos tratamentos em sanatórios, clínicas de repouso, resolvi não procurar médicos da Terra e por este motivo, passei a frequentar um centro espírita. Peço-lhe solução ou palavras de conforto para o meu problema, pois sinto-me bastante perturbado.
J. Herculano Pires - Ora, vivas, um consulente de Santo Antônio da Platina! Quero dizer, temos agora mais correspondentes lá no Paraná. Estamos às ordens de todos os nossos ouvintes de Santo Antônio da Platina e receberemos com muita satisfação todas as perguntas que nos enviarem.
A cidade de Santo Antônio da Platina, segundo as folhinhas que nos chegaram de lá e que noticiamos no programa anterior, nos apresentam um panorama realmente fascinante, dá-nos um desejo de ir passar uns dias na sua tranquilidade, na beleza tranquila dos seus campos, ou no encanto dos seus morros, principalmente aquele que está numa de suas praças como fundo do panorama da praça.
Ao senhor José de Oliveira, cunhado do Jorge Interlang, da Casa Dias, bem situado, portanto, perante aos platinenses. Ao senhor Jorge, ou melhor, José de Oliveira, cunhado do Jorge, nós temos a dizer o seguinte:
O senhor já encontrou o caminho necessário para a solução do seu problema. O senhor andou por vários caminhos, mas não havia encontrado a solução desejada. Agora o senhor procurando um centro espírita – e eu desejo que seja um centro kardecista bem orientado, centro realmente espírita e não centro de sincretismo religioso afro-brasileiro, ou seja, centro de umbanda e coisas semelhantes, mas que seja um centro espírita realmente –, nesse centro o senhor estará amparado. Porque não só terá o auxílio das pessoas bondosas que ali trabalham e que procurarão orientá-lo no conhecimento de sua situação, dos seus problemas que o senhor trouxe para enfrentar e resolver nesta existência – e o senhor está em face dela, da existência cheia de vida, moço, inteligente, capaz de enfrentá-la –, o senhor não só estará amparado por essas pessoas, mas também pelas entidades espirituais que protegem, amparam e orientam os trabalhos do centro.
Entretanto, apesar disso, nós aqui no nosso programa costumamos oferecer aos ouvintes, sempre que necessário ou conveniente, um presente de irmão que é um livro espírita. Vamos lhe oferecer “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. É um presente de irmão que lhe faz este programa e a editora Lake, Livraria Allan Kardec Editora daqui de São Paulo. O livro será enviado para a Rádio Difusora Platinense em cuja sede o senhor deverá, portanto, procurar o seu presente de irmão. Pedimos que leia com atenção esse livro e que o conserve como seu livro de cabeceira, porque ele será para o senhor mais do que um livro, será um remédio.
Download Pergunta nº 7: Vidência
Locutor - O ouvinte Adolfo José Soares, da Rua Iguape, em São Bernardo do Campo, pede explicação para este caso:
Em 1963, na cidade de Jequié, na Bahia, trabalhava numa panificadora no período noturno. Certa noite, quando saía para o trabalho, viu em frente de sua casa um homem parado como se estivesse à sua espera. Com medo, voltou para casa e disse à sua esposa o que se passara.
No momento seguinte ouviu vozes na rua, saiu para ver o que estava acontecendo quando deparou com dois homens que, avistando-o, seguiram caminho. Resolveu segui-los, mas seu espanto foi total quando desapareceram como por encanto. Até hoje está confuso com esse fato e gostaria de ouvir do senhor uma explicação convincente.
J. Herculano Pires - De acordo com os termos dessa sua pergunta, seria difícil a gente responder. Mas parece que o senhor escreveu uma carta para nós antes dessa e eu me lembro de bem que nessa outra carta o senhor falava que ouve vozes na sua cabeça e que o senhor costuma enxergar, de vez em quando, dois homens, mas que o senhor somente os vê pelas costas e que eles de repente desaparecem. Ora, este acréscimo feito anteriormente a essa pergunta, nos auxilia a compreender o que o senhor está querendo saber. O senhor quer saber se na realidade se trata de um fato mediúnico ou não. Pois, eu posso dizer que se estas vidências, estas visões, continuam realmente a ocorrer com o senhor como ocorreram no passado, o senhor possui mediunidade a ser desenvolvida, mediunidade de vidência. O senhor deve, portanto, procurar conhecer isso.
Quando o senhor diz aqui que o homem que o senhor viu na rua o assustou, o senhor não explica porque ele o assustou. Mas baseado na sua carta anterior, eu posso dizer que ele o assustou porque o senhor viu que não era uma criatura humana, carnal. Quando nós vemos um espírito, como o senhor viu, geralmente nós sentimos um sinal, uma espécie de arrepio que é uma advertência do nosso inconsciente, do nosso interior, da nossa percepção mais profunda, mostrando-nos que não estamos diante de uma visão concreta do mundo físico em que vivemos, mas sim de uma visão do outro mundo, do mundo espiritual.
Então o senhor sentiu isto, e foi isso que lhe deu medo. Realmente o medo acontece nessas ocasiões.
Depois, dentro de casa, o senhor ouviu vozes, mas as vozes na rua não seriam suficientes para atrair o senhor lá fora. O que aconteceu foi que o senhor ouviu as vozes na sua cabeça, como o senhor disse na carta anterior, e essas vozes da sua cabeça foi que o preocuparam. O senhor saiu para ver o que estava na rua. E o que o senhor viu foram dois homens que caminhavam, que o senhor somente os viu pelas costas, não pôde reconhecê-los e eles, como sombras, desapareceram na noite.
Pode verificar lembrando bem tudo que aconteceu que foi realmente isso que sucedeu com o senhor. Pois bem, isto tudo está indicando que o senhor devia acompanhar estes dois homens para se dirigir a um centro espírita. O senhor precisa ir a um centro espírita; tomar conhecimento do espiritismo e ler, ler e estudar bastante. Para isso vamos lhe oferecer um presente de irmão, o livro “Iniciação Espírita” de Allan Kardec. É um presente de irmão deste programa e da Editora Edicel. O senhor retirará este livro a partir de segunda-feira no horário comercial, no escritório da Rádio Mulher à Avenida Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111, sempre no horário comercial.
Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã, escrevendo para Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Não faça relatórios, faça perguntas. Se quiser use os telefones: 269.4377 e 269.6130 durante a semana no horário comercial para fazer suas perguntas, e ouça as respostas pela Rádio Mulher de São Paulo, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná.
Perguntas e respostas.
Pergunta nº 8: Simbologia da cepa
Locutor - O ouvinte Edvaldo, da Rua Mestras Frias Filipinas, em Itaberaba, capital, faz as seguintes perguntas.
Primeira: Explique-me melhor a questão dos “Prolegômenos” do “O Livro dos Espíritos” que diz: O corpo é o ramo, o espírito é a seiva, a alma ou espírito ligado à matéria é o laço. Aqui nesta resposta parece que ficou esquecida a tese do perispírito.
J. Herculano Pires - Eu não tenho no momento “O Livro dos Espíritos” aqui, não posso ler com exatidão aquilo que está escrito nos “Prolegômenos”, ou seja, na introdução desse livro para responder ao senhor com segurança item por item dessa explicação.
Kardec, entretanto, colocou ali uma explicação sobre a cepa, o pequenino ramo de parreira que é usado pelos espíritos, ou melhor, que os espíritos indicaram a ele que usasse no livro como símbolo do homem, da natureza espiritual e física do homem. Então, ali nós temos, como o senhor viu, essa explicação que me parece clara: o espírito é a seiva, o corpo o ramo, agora a alma, ou seja, o espírito ligado à matéria, é o bago, quer dizer, é o grão da uva, é a uva mesmo. Então o senhor vê que é uma simbologia apenas. O senhor não pode querer que numa simbologia desta venham todas as explicações minuciosas do que seja o laço que liga a alma ao corpo que é o perispírito. Mas quando Kardec se refere à alma, já o perispírito está implicado nessa referência porque a alma é o espírito encarnado, e o espírito para se encarnar se reveste do perispírito. Perispírito e espírito juntos constituem, portanto, a alma que anima o corpo.
O senhor vê que a simbologia, apesar de eu não ter aqui o texto completo e perfeito para poder ler de novo para o senhor, mas o senhor pode consultar no seu livro aí, e verá que ela está bastante clara.
Download Pergunta nº 9: Lei de afinidade
Locutor - A segunda pergunta: Dizem que os viciados em bebidas alcoólicas são instrumentos dos espíritos que desencarnaram com os mesmos gostos. Então pergunto: Por que tais viciados não esquecem os nomes e as fisionomias dos seus conhecidos?
J. Herculano Pires - Esta sua pergunta divide-se em duas partes. Uma bastante compreensiva, bastante clara, e a outra um tanto confusa. Mas vamos nos deter um pouco na primeira parte.
O senhor diz aqui que os viciados em bebidas alcoólicas, segundo dizem, são instrumentos de espíritos que desencarnaram com os mesmos gostos ou os mesmos vícios.
Pois bem, na verdade o que o espiritismo explica é isto: que nas relações entre nós e os espíritos, nós nos afinamos, por assim dizer, quer dizer, nos sintonizamos, nos ligamos aos espíritos que têm afinidades conosco. Essas afinidades podem ser no campo do espírito, ou seja, dos sentimentos e do pensamento, e podem ser no campo da matéria, ou seja, dos nossos hábitos, dos nossos costumes, dos nossos gostos materiais aqui na Terra.
Então acontece que justamente por isso – por esta lei de atividade que preside a toda vida dos espíritos e dos homens –, por esta lei da afinidade, decorre que os espíritos viciados em bebidas alcoólicas e que ao passar para a vida espiritual ficam impedidos de bebê-las – porque eles estão numa situação diferente, num mundo diferente –, têm de desenvolver novos interesses; eles, entretanto, em virtude da viciação, não conseguem se libertar do desejo de beber; e não podendo beber por si mesmos, eles se aproximam das pessoas que bebem, se aproximam dessas pessoas e as envolvem.
Acontece que, em virtude disto, o vício da bebida não se limita apenas à viciação do indivíduo que aqui na Terra se entregou a ele. Mas também é transferido, por assim dizer, para as entidades espirituais inferiores que passam a incentivar o viciado a beber cada vez mais, e procuram através dele haurir das suas bebidas, do seu desejo de beber, e mesmo da maneira por que ele se entrega desbragadamente à bebida, procuram haurir dali os eflúvios da bebida que el
es podem obter no mundo espiritual inferior onde predomina ainda muito a influência da matéria. É o que geralmente se chama de espíritos vampirescos, espíritos que vampirizam as criaturas humanas. Este vampirismo, entretanto, não se reduz apenas ao campo da viciação alcoólica, mas de todos os demais vícios humanos, inclusive através, até mesmo, dos pequenos defeitos morais que possuímos, porque os espíritos que também os possuem, que se interessam, por exemplo, pela bisbilhotice, pela calúnia, pelo mau julgamento das pessoas, todos esses espíritos se afinam com pessoas que procedem da mesma maneira, e com isto incentivam os erros dessas pessoas aqui na Terra.
Por isso é que Jesus no seu Evangelho nos mandou orar e vigiar. Orar para nos afastarmos dos pensamentos inferiores, das atrações inferiores, sintonizando o nosso pensamento com os planos superiores. E vigiar: vigiar a nós mesmos, vigiar os nossos atos, os nossos pensamentos para não descambarmos no terreno das viciações e das perturbações que nos arrastarão fatalmente à obsessão e à perturbação espiritual.
Agora diz o senhor aqui uma coisa que eu não entendi. Diz o senhor: “Então pergunto, por que tais viciados não esquecem os nomes e as fisionomias dos seus conhecidos”. Por quê? Eu não vejo a relação que existe entre os viciados serem perturbados por espíritos também viciados e o fato de eles não esquecerem dos nomes e das fisionomias dos seus conhecidos.
Acredito que tenha havido algum erro na sua carta, ou na sua pergunta formulada, ou mesmo naquele que anotou a pergunta ou procurou interpretá-la. Eu não entendo este final, mas posso dizer ao senhor que os viciados no álcool realmente, como quaisquer outros viciados, conservam a sua memória para suas relações humanas comuns na Terra até enquanto a bebida não afeta a sua mente. Quando afetar, eles realmente não conhecerão seus conhecidos.
Download Pergunta nº 10: Darwinismo
Locutor - Professor o ouvinte Moacir Batista de Paula da Rua Vinte e Sete, Jardim Nove de Julho, São Matheus, São Paulo pergunta:
Primeiro: como o espiritismo explica o aparecimento do homem na Terra? Estaria certa a teria de Darwin e Hugo de Vries quanto à evolução?
J. Herculano Pires - Já no programa anterior, no programa de sábado passado, nós tivemos a oportunidade de responder uma pergunta dessa minuciosamente sobre este assunto.
O espiritismo não endossa a teoria de Darwin, mas reconhece nela muito de verdade. Porque para o espiritismo, a evolução do homem começa no princípio inteligente do universo. Esse princípio junto com a matéria constituem os dois elementos fundamentais do universo. E Deus como criador é o poder superior que controla a ação e o desenvolvimento destes dois princípios, destas duas substâncias universais.
O homem provém do princípio inteligente do universo, porque ele é a inteligência, a inteligência criadora do próprio Deus que ele, por assim dizer, insuflou no universo, e esta inteligência, entretanto, tem de se desenvolver, tem de passar pelos reinos inferiores da natureza num desenvolvimento progressivo até chegar ao homem.
Assim, existe uma evolução que encadeia todas as espécies, não só as animais, como as vegetais e até mesmo as minerais existentes em nosso planeta. Essa passagem do princípio inteligente por todas essas fases de evolução é bem explicada por uma frase de León Denis que eu já repeti diversas vezes neste programa, mas que acho interessante repetir de novo neste momento. A frase de León Denis que diz assim: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”.
Pense bem nessa frase e o senhor compreenderá melhor o processo da criação do homem por Deus segundo o espiritismo. Mas não quer dizer, absolutamente, que um homem aqui na Terra possa hoje afirmar que ele foi um tigre, um leão, um elefante, uma girafa, um camelo, ou coisa semelhante na vida passada. Porque o homem só se torna homem quando o princípio inteligente devidamente evoluído e individualizado, já tendo despertado suas potencialidades divinas, recebe então no plano espiritual a disciplinação da sua mente para constituir a sua consciência, estruturar a sua consciência e lhe dar a personalidade humana. Então, ele, por assim dizer, manipulado pelos poderes superiores do espírito, ele vem à vida pela primeira vez como criatura humana.
Download Pergunta nº 11: Padre Quevedo – parapsicologia
Locutor - Segunda pergunta: Disseram-me que o Padre Quevedo é o maior parapsicólogo da América do Sul. Será mesmo?
J. Herculano Pires - O padre Quevedo não é parapsicólogo. O padre Quevedo é um padre, um padre jesuíta, que usa a parapsicologia como um instrumento para combater o espiritismo. Pura e simplesmente isto. O senhor pode encontrar isso nos seus livros, nos seus cursos, nas suas pregações, nas suas entrevistas, em toda parte.
O objetivo do padre Quevedo é servir-se da parapsicologia para combater o espiritismo.
Ora, um parapsicólogo é um cientista que investiga os fenômenos paranormais. Este cientista é imparcial. Ele não tem tendência favorável a nenhuma religião. E também não deve, de maneira alguma, tender para a descrença ou para o materialismo.
O objetivo da ciência é alcançar a verdade. É descobrir, portanto, num fenômeno qualquer, quais são as leis que o regem, como e por que ele se manifesta, ele se realiza, e descobrindo essas coisas, organizar a ciência que explica esses fenômenos e dá ao homem o poder de controlá-los. Esta é a finalidade da ciência.
O padre Quevedo absolutamente não faz nada disso. Ele se serve daquilo que os parapsicólogos disseram neste ou naquele livro, torce as verdades ditas por eles, modifica as posições dos próprios parapsicólogos e joga tudo isso contra o espiritismo incessantemente.
Ele é um batalhador contra o espiritismo. Não parapsicólogo.
Download Pergunta nº 12: Padre Quevedo – reencarnação
Locutor - Segundo um colega, o padre Quevedo disse que a parapsicologia não está estudando a reencarnação, nem a sobrevivência da alma. Tais afirmativas serão verdadeiras, professor?
J. Herculano Pires - Nessa pergunta o senhor mesmo me dá oportunidade de lhe mostrar o exemplo daquilo que acabei de dizer.
Se o padre Quevedo diz que a parapsicologia não está estudando a reencarnação, entretanto, o senhor pode comprar em qualquer livraria o livro do professor Ian Stevenson, grande parapsicólogo norte-americano, diretor do departamento de psiquiatria da universidade de Virginia nos Estados Unidos. E este livro se chama: “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”. É um livro em que o professor Stevenson, parapsicólogo e psiquiatra, relata suas pesquisas e expõe os seus casos, os casos que ele andou pesquisando de reencarnação em todo mundo, inclusive casos pesquisados por ele aqui no Brasil. Aqui no Brasil! Este livro traduzido recentemente está nas livrarias. O senhor pode ali constatar, inclusive, que o professor Stevenson se refere a numerosos outros parapsicólogos do mundo, inclusive da Ásia, da Europa, dos Estados Unidos, que estão empenhados na pesquisa da reencarnação.
Por outro lado, o senhor sabe que esteve há pouco tempo aqui em São Paulo o professor Banerjee, Hamendras Nat Banerjee, da Universidade de Jaipur na Índia, que veio aqui para fazer conferências sobre a reencarnação. Essas pesquisas do professor Banerjee foram divulgadas pelas nossas revistas, pelos nossos jornais, por entrevistas na televisão e no rádio, e todo mundo está sabendo disso. Ora, se o padre Quevedo diz que a parapsicologia não está estudando nada disso, é evidente que ele está distorcendo uma verdade clara que todos nós estamos enxergando, que está nos nossos olhos e que está nas livrarias para qualquer pessoa que queira conhecê-la.
Download Pergunta nº 13: Ananias e Safira
Locutor - Pergunta do senhor Plínio de Campos, da Rua Garcia de Ávila: Qual é a interpretação que a doutrina espírita dá para a passagem dos Evangelhos – Atos dos Apóstolos – sobre o acontecimento dramático e punitivo de que foram protagonistas Ananias e Safira? Realidade ou simbolismo?
J. Herculano Pires - Esse episódio se refere à comunidade dos apóstolos, a sua organização, quando eles estavam procurando viver de uma vida diferente daquela em que viviam os homens do tempo, reunindo-se todos em comunidade, vivendo em colaboração constante e juntando todos os seus recursos para formarem um recurso comum que devia atender às necessidades de todos.
Acontece que Ananias e Safira, segundo nos relata o livro “Ato dos Apóstolos”, eles venderam a sua propriedade e foram procurar Pedro entregando-lhe o dinheiro para o fundo comum, para o fundo da comunidade dos apóstolos. Entretanto, ao irem para lá entregar o dinheiro, eles haviam ocultado uma parte do dinheiro para conservar pessoalmente para eles. E, como nós sabemos, de acordo com o que consta o livro de Atos, Pedro percebeu isto e condenou o homem, repreendeu-o pelo fato de ele haver escondido aquele dinheiro e não contar a verdade, porque ele já estava faltando com um dos princípios fundamentais, um dos princípios morais que deviam dirigir a comunidade, que era o de não mentir, o de serem verdadeiros todos aqueles que a integrassem.
Ananias, então, estava já praticando um erro, e um erro grave. Pedro o censurou e diz o livro de “Atos” que o homem caiu morto. Logo depois vem Safira, a mulher, falando a mesma coisa, e Pedro diz que ela também estava mentindo e que o marido já havia sofrido uma punição por isso, e ela caiu morta.
Então morreram os dois. E muita gente interpreta isso como tendo sido Pedro quem os matou. Não, a verdade não é esta.
Nós sabemos que Pedro tinha, como médium que era, a capacidade de percepção extrassensorial. Pedro percebeu, Pedro descobriu no pensamento de Ananias e no pensamento de Safira, captou no pensamento deles, aquilo que eles tinham feito. Viu a segunda intenção de ambos e condenou isso. Mas acontece que os dois, ao sofrerem aquele golpe, pois de maneira alguma esperavam que Pedro pudesse saber o que eles tinham feito, eles não suportaram, emocionaram-se e sofreram naturalmente um colapso.
O que se pode explicar, portanto, é que a condenação feita por um espírito superior, como era o espírito de Pedro, com a serenidade e a firmeza com que ele fez, a repreensão moral que ele aplicou a ambos tenha realmente causado emoção profunda que produziu a morte.
Então dizem “mas Pedro previu a morte”, porque Pedro disse que ela também ia morrer. Sim. Assim como Pedro foi capaz de captar o roubo que eles haviam feito, porque eles entregavam à comunidade apenas uma parte da sua fortuna e a outra parte escondiam, assim também Pedro tinha a capacidade para captar o fato de que ela ia morrer pela mesma consequência que produziu a morte do marido.
Não se trata, pois, de um fato simbólico, trata-se de uma realidade, de uma realidade registrada no livro de “Atos” de maneira sucinta, mas que nós podemos compreender facilmente se voltarmos o nosso pensamento para aquele tempo e procurarmos reconstituir mentalmente o que seria esta comunidade, a dificuldade com que os apóstolos lutavam para organizá-la e a finalidade superior que ela realmente tinha, que era de organizar a vida dos apóstolos de acordo com os princípios do Evangelho.
Todos os que, portanto, quisessem participar dessa comunidade, deviam apresentar-se ali limpos de coração e de alma. Os que não se apresentavam assim estavam sujeitos a sofrer, como sofreram Ananias e Safira, comoções que podiam ser fatais como foi no caso deles.
Download O Evangelho do Cristo em espírito e verdade, não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica.
Aberto ao acaso o Evangelho nos oferece hoje o seguinte: Atos dos apóstolos, capítulo dezessete, versículos vinte e três e seguinte. No dia seguinte levantou-se e partiu com eles e alguns irmãos de Jope acompanharam-no. No outro dia entrou em Cesareia. Cornélio estava esperando por eles, tendo reunido seus parentes e amigos íntimos. Quando Pedro ia entrar, veio Cornélio recebê-lo e, prostrando-se aos pés, adorou-o. Mas Pedro ergueu-o dizendo: levanta-te que eu também sou homem. Falando com ele, entrou e achou muitos reunidos e disse-lhe: vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a um de outra nação. Todavia, Deus mostrou-me que a ninguém chamasse impuro ou imundo. Por isso, sem objeção, vim logo que fui chamado.
Este episódio do livro de “Atos dos Apóstolos” é de fato um dos episódios mais interessantes de todo o relato sobre os trabalhos apostolares, porque nós sabemos que Pedro, vindo de Jope para Cesareia, ele vinha de uma grande experiência que havia sofrido em Jope. Cornélio, centurião romano, tinha em sua família vários médiuns, todos eles estavam desenvolvendo a mediunidade e Cornélio procurou então aproximar-se de Pedro, que ali se encontrava em Jope, procurando fazer com que Pedro o auxiliasse, o esclarecesse no tocante às manifestações espirituais que ocorriam na sua casa. Pedro não estava disposto a atender Cornélio. Por quê? Porque Pedro era judeu e Cornélio era romano, apesar de haver acompanhado Jesus nas suas pregações, no seu trabalho, de ser aquele apóstolo dedicado, aquela pedra sobre a qual Jesus se firmara muitas vezes aqui na Terra para o desenvolvimento do seu trabalho, e principalmente aquela pedra da revelação.
Apesar de tudo isso, Pedro ainda não se desligara dos seus preconceitos judaicos, a força do hábito, da educação, da formação judaica continuava a impedir que ele se tornasse realmente cristão. Então conta-nos o livro de “Atos” em passagem anterior que Pedro estava na casa de outro Simão – ele que era Simão Pedro, na casa de Simão – que constituída de dois andares, era um sobrado. Pedro estava no andar de cima quando chegaram os homens enviados por Cornélio para chamá-lo a fim de que ele fosse atender a família de Cornélio. Pedro não queria ir, mas neste instante estavam preparando a comida para Pedro na casa em que ele se encontrava. Pedro estava com fome, e quando os homens chegaram ali, ocorreu um fenômeno espiritual: desceu do céu uma espécie de lençol aberto em forma de um cesto, e dentro desse lençol, acomodado ali no seu interior, havia uma quantidade enorme de animais de todas as espécies.
Uma voz lhe disse: Pedro mata e come. E Pedro ficou assustado com aquilo, porque entre os animais ali expostos à sua vista, haviam muitos que eram considerados imundos pelas leis de pureza e impureza do judaísmo. Ele não podia, portanto, matar e comer aqueles animais. Mas a voz disse assim: Pedro mata e come, porque tudo quanto Deus fez é puro e não é você quem vai atribuir a impureza. Logo depois disto, esta visão desapareceu e Pedro então caiu em si; lembrou-se então dos ensinos de Jesus referentes à fraternidade humana, lembrou-se naturalmente do caso da samaritana, do caso do bom samaritano também, lembrou-se também daqueles momentos em que Jesus se sentava à mesa com publicanos e pecadores sem fazer discriminação, e compreendeu que ele estava errado e que o símbolo do lençol cheio de animais de todas as espécies queria dizer a ele que o mundo estava cheio de homens de todas as espécies, mas que todos eles eram filhos de Deus e deviam merecer a sua atenção.
Foi então que Pedro resolveu atender a Cornélio e dirigiu-se à casa de Cornélio e lá, ao chegar, ele viu que toda família de Cornélio foi tomada pelo espírito, quer dizer, os espíritos se manifestaram através dos membros da família de Cornélio que eram médiuns, deram suas manifestações, suas comunicações, e Cornélio os atendeu a todos, ou seja, Pedro os atendeu a todos na frente de Cornélio. E ficou muito satisfeito de verificar mais uma vez que Deus não fazia acepção de pessoas. Então este fato, esta cena mudou a concepção de Pedro a respeito do problema que ele vinha debatendo com Paulo, ou seja, o problema da introdução das pessoas novas no cristianismo. Para Pedro, toda pessoa que tivessem de entrar no cristianismo, deviam ser primeiramente...
São Paulo que Piratininga reconhece, quatro séculos depois de Nóbrega e Anchieta, o valor da semeadura evangélica em seu solo que continua a produzir flores e frutos para o reino de Deus na Terra. O labor mediúnico de Chico Xavier na seara do Cristo, sempre em estreita ligação com São Paulo e os paulistas, é assim proclamado em alto e bom som pela gente de Piratininga de maneira oficial e pública, como um bem moral do patrimônio espiritual de São Paulo. Católicos, protestantes, evangélicos, espíritas, crentes e descrentes foram unânimes em reconhecer a grandeza espiritual de uma vida de abnegação em favor da espiritualização de nosso povo. Caíram as barreiras de divisionistas, desapareceram os preconceitos diante da realidade de uma obra de amor. Este é um sinal dos novos tempos, um clarão da era do espírito a iluminar os corações do planalto. Como no tempo de Nóbrega e Anchieta, as tribos de Piratininga se reúnem fraternas em torno do futuro.
Os caciques Tibiriçá, Caiuby e Piquerobi trazem seus homens para deporem arcos e flechas aos pés da nova era no limiar do amanhã. Nóbrega hoje, transfigurado em Emmanuel, abençoa de novo os campos de Piratininga. Seus olhos espirituais enevoados pela saudade contemplam o panorama dos arranhas céus da cidade gigante que nasceu do humilde colégio de São Paulo de Piratininga envolvido na garoa paulistana de há quatro séculos. A árvore do Evangelho abre suas ramagens de bênçãos no céu de São Paulo. No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do grupo espírita Emmanuel, transmissão número 98, segundo ano. Direção e participação do professor Herculano Pires. Este programa é transmitido neste dia e neste horário, todas as semanas pela Rádio Mulher de São Paulo 730kz, pela Rádio Morada do Sol em Araraquara 640kz, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antonio da Platina, Paraná, 780kz. Todas as semanas neste dia e neste horário. Perguntas e respostas. Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã escrevendo para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta 205, São Paulo. Não faça relatórios, faça perguntas. Se quiser use os telefones: 269.4377 e 269.6130 durante a semana no horário comercial para fazer as suas perguntas, e ouça as respostas pela Rádio Mulher de São Paulo, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antonio da Platina, no Paraná. Pergunta nº 1:
Alan Kardec
Locutor - Professor o ouvinte Guilherme Pieralini, da Rua Caçador, Vila Paiva, São Paulo, quer saber o verdadeiro nome de Allan Kardec e a cidade onde nasceu.
J. Herculano Pires - O verdadeiro nome de Alan Kardec é Léon Hippolyte Denizard Rivail. Geralmente se fala no meio espírita “Riveu”, mas a verdade é que essa pronúncia é errada. A pronúncia certa é “Rivail”. E Allan Kardec nasceu na cidade de Lion na França.
Download Pergunta nº 2: Marcos Locutor - Segunda pergunta: Por que o senhor disse que São Marcos não conheceu Jesus Cristo em vida? J. Herculano Pires - Não me lembro de quando falei isso, mas talvez tenha sido quando tratei da maneira por que foram escritas e do tempo por que foram escritos os Evangelhos. Porque na verdade o evangelho de Marcos não pertence, como em geral se pensa, a um apóstolo de Jesus e sim a um discípulo de Pedro. Marcos, discípulo de Pedro, foi quem, de acordo com a tradição e com as pesquisas atuais a respeito da elaboração das escrituras evangélicas, foi quem escreveu em Roma o evangelho que deu seu nome e que foi ditado por Pedro, ou pelo menos que Pedro transmitiu ao seu discípulo Marcos as informações para que ele escrevesse esse evangelho. Certamente foi nessa ocasião que eu falei que Marcos, esse Marcos discípulo de Pedro, não tinha conhecido Jesus em vida. Download Pergunta nº 3:
Vegetarianismo
Locutor - Professor o ouvinte Antônio Lara, da Rua Ungária, Vila Ipojuca, Lapa, faz o seguinte comentário: O senhor Olegário Candeias no programa do dia 09/12/72 refere-se à alimentação carnívora como um fanático. Em defesa dessa sua tese anti-carnívora aponta o profeta João, como exemplo, e diz que o referido profeta não comia carne, mas se vestia de pele de camelo (Marcos, I:6). É lógico que para usar couro de camelo ele teria que abater o animal. Portanto, o crime é o mesmo. Concordo com o senhor quando diz que o comer ou o deixar de comer é questão de evolução. Agradeço a atenção deste programa e principalmente ao senhor.
J. Herculano Pires - De minha parte agradeço seu interesse pelo programa chegando ao ponto de nos enviar um pequeno comentário a respeito daquilo que foi dito pelo nosso companheiro Olegário Candeias. E digo companheiro do ponto de vista de doutrina, que Candeias é espírita. Na verdade, Candeias é bastante entusiasmado na sua campanha a favor da alimentação vegetariana. Ele tem muita pena dos animais que são sacrificados constantemente para que nos alimentem. E eu tive a oportunidade de dizer na ocasião que na verdade alimentação carnívora é bastante cruel (nós todos sabemos disso), mas não podemos evitá-la porque nós pertencemos ainda a um plano bastante inferior. Há muitas pessoas que querem deixar de comer carne e não podem, porque o seu organismo exige essa alimentação em virtude da necessidade de suprimentos de proteínas, que as proteínas de natureza vegetal não com seguem completar. O senhor Candeias informa, por exemplo, que as proteínas vegetais em certos cereais como na soja são mais elevadas, estão em maior quantidade do que na própria carne. Mas o problema não é a quantidade e sim a possibilidade de assimilação pelo nosso organismo. De maneira que o senhor Candeias tem o direito de defender os animais que a maioria da humanidade mata e come. Mas a maioria da humanidade também tem o direito de continuar matando e comendo porque a sua situação evolutiva atual não permite que ela se abstenha dessa alimentação. “O Livro dos Espíritos”, como indiquei na ocasião, não determina absolutamente que nos restrinjamos à alimentação vegetariana. E dessa maneira nós temos que compreender que no espiritismo não há proibição de espécie alguma a respeito disso. A verdade é que a alimentação carnívora ou a alimentação vegetariana toda ela tem de se reunir, por assim dizer, num conjunto alimentício para poder suprir as condições de necessidade da humanidade atual em nosso planeta.
Seria, portanto, uma tentativa muito louvável do ponto de vista ideal, mas impraticável do ponto de vista da execução verdadeira, o restringir-se a alimentação humana apenas ao campo vegetariano. Podemos ver o que se passa ainda hoje na própria Índia, onde tradicionalmente a alimentação de carne é proibida, mas em que Indira Gandhi, ainda recentemente, desenvolveu uma grande campanha para restabelecer a alimentação carnívora em face da fome que avassala grandes regiões onde a alimentação vegetariana não é suficiente.
Pergunta nº 4:
Falta de mediunidade
Locutor - Professor, Dona Maria José casou-se no dia 04/12/71 e o marido trabalhou até o dia 28/01/72. Depois deste último emprego não conseguiu mais nada até a presente data. Sua esposa quer saber se é por não ter desenvolvimento mediúnico.
Quando estava noiva, foi ao centro espírita e disseram que ia se casar, mas sua vida seria atrapalhada enquanto não se desenvolvesse na vida espiritual. Por este motivo quero o nome de um bom centro, se realmente for este o caso.
J. Herculano Pires - O problema do desenvolvimento mediúnico é um problema que se relaciona aos compromissos espirituais da criatura que vem para a reencarnação. Quando nós trazemos a missão mediúnica para a Terra, precisamos naturalmente desenvolver as nossas faculdades mediúnicas para cumpri-la, mas isso não se relaciona evidentemente com os problemas de compromissos familiares que naturalmente pesam sobre os ombros de seu marido. Não será por falta de desenvolvimento mediúnico que ele deixará de encontrar, ou que ele não encontrará emprego. A verdade é que este desenvolvimento – se ele realmente tem a missão mediúnica aqui na Terra –, esse desenvolvimento o auxiliará a equilibrar-se melhor na vida, a compreender melhor os problemas referentes ao próprio cumprimento de suas obrigações na vida diária. O auxiliará, enfim, a criar um ambiente mais favorável em seu redor, em torno dele, da família, da casa, para o prosseguimento de sua vida e o cumprimento de suas obrigações aqui na Terra. Mas se ele não tem mediunidade a desenvolver, o desenvolvimento mediúnico forçado seria até prejudicial, porque ele não conseguiria mesmo passar a atuar como um médium. Eu acho que a senhora deve separar inteiramente as duas coisas. O seu marido, se está em dificuldade para procurar emprego, isto pode ser uma prova muitas vezes de ordem passageira e pode ser também uma situação em que, diante das coincidências em que ele se encontrou, esteja em dificuldade também efêmera, porque logo ele deverá encontrar. Numa cidade como São Paulo e um homem com certas habilitações como ele tem não demorará muito a encontrar o seu emprego. Quanto ao fato de haverem dito, portanto, que enquanto não se desenvolvesse na vida espiritual ou a senhora também não se desenvolvesse assim não encontrariam uma situação satisfatória na vida, aí nós podemos distinguir dois elementos. Primeiro, essa obrigatoriedade de desenvolvimento espiritual, ou seja, de se seguir o esclarecimento necessário para uma vida espiritualizada, decorre da nossa própria encarnação na Terra. Todas as criaturas estão sujeitas a isso. Então, a senhora e o seu marido procurando esclarecer-se no espiritismo e procurando segui-lo, frequentando um bom centro, uma boa reunião espírita a que possam comparecer, estarão se beneficiando e beneficiando seu próprio futuro, a sua própria casa, a sua própria família. Mas isso não quer dizer que a senhora tenha de fazer isso para atingir este resultado. Quando tratamos de coisas espirituais, nós devemos sempre compreender que esses problemas do espírito se referem ao nosso próprio destino como criaturas humanas. E não devemos encará-los de um ponto de vista apenas utilitarista. Acredito que a senhora, tomada das mais nobres intenções, deseja mesmo que seu marido se encaminhe no ramo da espiritualidade. E se a senhora se interessa pelo espiritismo eu lhe aconselharia a levá-lo, a ir com ele naturalmente, a um centro espírita onde se adaptem, onde se sintam bem. Há numerosos centros aí mesmo no seu bairro e há centros na cidade, há centros vários. Eu não poderia indicar no momento para a senhora um centro aí no seu bairro, mas acredito que a senhora poderá se informar com pessoas que frequentam entidades espíritas, instituições espíritas, e encontrar o seu caminho. A indicação de um centro é sempre no sentido de se apontar para aquele que quer iniciar-se nos problemas espirituais um caminho mais acertado a fim de que não se encaminhe para um centro mal organizado. Eu no momento não disponho de elementos para lhe dar essa indicação, mas a senhora irá naturalmente informar-se e deverá frequentar um bom centro, porque isto ajudará a senhora e seu marido a compreenderem melhor inclusive as provas pequenas ou grandes que todos nós temos de enfrentar na vida. Não apenas no início da vida, como a senhora está enfrentando, mas também no correr de nossa existência. Eu sei que a senhora já entrou em entendimento pessoal com pessoa de minha família a respeito disto e que já recebeu ou deve receber dois livros que lhe foram dados. Aconselho a senhora a ler estes livros com atenção e carinho que eles também lhe auxiliarão bastante a compreender a sua situação. Download Pergunta nº 5: Nascimento Locutor - A pergunta seguinte é de uma ouvinte que também se chama Maria José. Maria José Campos, residente na rua Pontaporã, no Alto da Lapa. Ela pergunta: quando sua mãe a estava esperando aos sete meses, ela, a sua mãe, ouviu várias vezes a filha chorar. Procurou saber num centro espírita se isto era normal. Disseram que o espírito da criança, que era a Maria José, era muito adiantado e não queria esperar o fim da gravidez. Quer saber sua opinião diante desta, o que ela chama, de anormalidade. J. Herculano Pires - Na verdade este é um problema que não tem o sentido que lhe atribuíram no centro. Nós precisamos ter muita cautela nessas interpretações. Há pessoas imaginosas que, de boa vontade, sem nenhuma intenção secundária, muitas vezes nos dão interpretações assim um tanto audaciosas de fatos, que na verdade não conhecem, mas que não são tão incomuns, como está pensando. Este problema de crianças que nascem antes de nascer é um problema que pertence mais aos especialistas no assunto. Mas segundo estou informado, não se trata aí de nada extraordinário. Assim como a criança faz certos movimentos no ventre da mãe antes de nascer, ela está viva, dá os seus sinais de vida, há também situações em que ela se encontra que produzem um ruído semelhante a um gemido choro ou de criança. Não é, portanto, nada de anormal nem de extraordinário. Download Pergunta nº 6: Doente mental Locutor - Professor o ouvinte José de Oliveira, cunhado do Jorge Interlang, da Casa Dimas, em Santo Antônio da Platina, Paraná, pergunta: Tenho vinte e cinco anos, sinto-me só e em difícil situação, pois apesar da pouca idade, estive em tratamento psiquiátrico várias vezes. Não encontro solução para o meu caso. Depois de tantos tratamentos em sanatórios, clínicas de repouso, resolvi não procurar médicos da Terra e por este motivo, passei a frequentar um centro espírita. Peço-lhe solução ou palavras de conforto para o meu problema, pois sinto-me bastante perturbado. J. Herculano Pires - Ora, vivas, um consulente de Santo Antônio da Platina! Quero dizer, temos agora mais correspondentes lá no Paraná. Estamos às ordens de todos os nossos ouvintes de Santo Antônio da Platina e receberemos com muita satisfação todas as perguntas que nos enviarem. A cidade de Santo Antônio da Platina, segundo as folhinhas que nos chegaram de lá e que noticiamos no programa anterior, nos apresentam um panorama realmente fascinante, dá-nos um desejo de ir passar uns dias na sua tranquilidade, na beleza tranquila dos seus campos, ou no encanto dos seus morros, principalmente aquele que está numa de suas praças como fundo do panorama da praça. Ao senhor José de Oliveira, cunhado do Jorge Interlang, da Casa Dias, bem situado, portanto, perante aos platinenses. Ao senhor Jorge, ou melhor, José de Oliveira, cunhado do Jorge, nós temos a dizer o seguinte: O senhor já encontrou o caminho necessário para a solução do seu problema. O senhor andou por vários caminhos, mas não havia encontrado a solução desejada. Agora o senhor procurando um centro espírita – e eu desejo que seja um centro kardecista bem orientado, centro realmente espírita e não centro de sincretismo religioso afro-brasileiro, ou seja, centro de umbanda e coisas semelhantes, mas que seja um centro espírita realmente –, nesse centro o senhor estará amparado. Porque não só terá o auxílio das pessoas bondosas que ali trabalham e que procurarão orientá-lo no conhecimento de sua situação, dos seus problemas que o senhor trouxe para enfrentar e resolver nesta existência – e o senhor está em face dela, da existência cheia de vida, moço, inteligente, capaz de enfrentá-la –, o senhor não só estará amparado por essas pessoas, mas também pelas entidades espirituais que protegem, amparam e orientam os trabalhos do centro. Entretanto, apesar disso, nós aqui no nosso programa costumamos oferecer aos ouvintes, sempre que necessário ou conveniente, um presente de irmão que é um livro espírita. Vamos lhe oferecer “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. É um presente de irmão que lhe faz este programa e a editora Lake, Livraria Allan Kardec Editora daqui de São Paulo. O livro será enviado para a Rádio Difusora Platinense em cuja sede o senhor deverá, portanto, procurar o seu presente de irmão. Pedimos que leia com atenção esse livro e que o conserve como seu livro de cabeceira, porque ele será para o senhor mais do que um livro, será um remédio. Download Pergunta nº 7: Vidência Locutor - O ouvinte Adolfo José Soares, da Rua Iguape, em São Bernardo do Campo, pede explicação para este caso: Em 1963, na cidade de Jequié, na Bahia, trabalhava numa panificadora no período noturno. Certa noite, quando saía para o trabalho, viu em frente de sua casa um homem parado como se estivesse à sua espera. Com medo, voltou para casa e disse à sua esposa o que se passara. No momento seguinte ouviu vozes na rua, saiu para ver o que estava acontecendo quando deparou com dois homens que, avistando-o, seguiram caminho. Resolveu segui-los, mas seu espanto foi total quando desapareceram como por encanto. Até hoje está confuso com esse fato e gostaria de ouvir do senhor uma explicação convincente. J. Herculano Pires - De acordo com os termos dessa sua pergunta, seria difícil a gente responder. Mas parece que o senhor escreveu uma carta para nós antes dessa e eu me lembro de bem que nessa outra carta o senhor falava que ouve vozes na sua cabeça e que o senhor costuma enxergar, de vez em quando, dois homens, mas que o senhor somente os vê pelas costas e que eles de repente desaparecem. Ora, este acréscimo feito anteriormente a essa pergunta, nos auxilia a compreender o que o senhor está querendo saber. O senhor quer saber se na realidade se trata de um fato mediúnico ou não. Pois, eu posso dizer que se estas vidências, estas visões, continuam realmente a ocorrer com o senhor como ocorreram no passado, o senhor possui mediunidade a ser desenvolvida, mediunidade de vidência. O senhor deve, portanto, procurar conhecer isso. Quando o senhor diz aqui que o homem que o senhor viu na rua o assustou, o senhor não explica porque ele o assustou. Mas baseado na sua carta anterior, eu posso dizer que ele o assustou porque o senhor viu que não era uma criatura humana, carnal. Quando nós vemos um espírito, como o senhor viu, geralmente nós sentimos um sinal, uma espécie de arrepio que é uma advertência do nosso inconsciente, do nosso interior, da nossa percepção mais profunda, mostrando-nos que não estamos diante de uma visão concreta do mundo físico em que vivemos, mas sim de uma visão do outro mundo, do mundo espiritual. Então o senhor sentiu isto, e foi isso que lhe deu medo. Realmente o medo acontece nessas ocasiões. Depois, dentro de casa, o senhor ouviu vozes, mas as vozes na rua não seriam suficientes para atrair o senhor lá fora. O que aconteceu foi que o senhor ouviu as vozes na sua cabeça, como o senhor disse na carta anterior, e essas vozes da sua cabeça foi que o preocuparam. O senhor saiu para ver o que estava na rua. E o que o senhor viu foram dois homens que caminhavam, que o senhor somente os viu pelas costas, não pôde reconhecê-los e eles, como sombras, desapareceram na noite. Pode verificar lembrando bem tudo que aconteceu que foi realmente isso que sucedeu com o senhor. Pois bem, isto tudo está indicando que o senhor devia acompanhar estes dois homens para se dirigir a um centro espírita. O senhor precisa ir a um centro espírita; tomar conhecimento do espiritismo e ler, ler e estudar bastante. Para isso vamos lhe oferecer um presente de irmão, o livro “Iniciação Espírita” de Allan Kardec. É um presente de irmão deste programa e da Editora Edicel. O senhor retirará este livro a partir de segunda-feira no horário comercial, no escritório da Rádio Mulher à Avenida Barão de Itapetininga, 46, 11º andar, conjunto 1.111, sempre no horário comercial. Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã, escrevendo para Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Não faça relatórios, faça perguntas. Se quiser use os telefones: 269.4377 e 269.6130 durante a semana no horário comercial para fazer suas perguntas, e ouça as respostas pela Rádio Mulher de São Paulo, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná. Perguntas e respostas. Pergunta nº 8: Simbologia da cepa Locutor - O ouvinte Edvaldo, da Rua Mestras Frias Filipinas, em Itaberaba, capital, faz as seguintes perguntas. Primeira: Explique-me melhor a questão dos “Prolegômenos” do “O Livro dos Espíritos” que diz: O corpo é o ramo, o espírito é a seiva, a alma ou espírito ligado à matéria é o laço. Aqui nesta resposta parece que ficou esquecida a tese do perispírito. J. Herculano Pires - Eu não tenho no momento “O Livro dos Espíritos” aqui, não posso ler com exatidão aquilo que está escrito nos “Prolegômenos”, ou seja, na introdução desse livro para responder ao senhor com segurança item por item dessa explicação. Kardec, entretanto, colocou ali uma explicação sobre a cepa, o pequenino ramo de parreira que é usado pelos espíritos, ou melhor, que os espíritos indicaram a ele que usasse no livro como símbolo do homem, da natureza espiritual e física do homem. Então, ali nós temos, como o senhor viu, essa explicação que me parece clara: o espírito é a seiva, o corpo o ramo, agora a alma, ou seja, o espírito ligado à matéria, é o bago, quer dizer, é o grão da uva, é a uva mesmo. Então o senhor vê que é uma simbologia apenas. O senhor não pode querer que numa simbologia desta venham todas as explicações minuciosas do que seja o laço que liga a alma ao corpo que é o perispírito. Mas quando Kardec se refere à alma, já o perispírito está implicado nessa referência porque a alma é o espírito encarnado, e o espírito para se encarnar se reveste do perispírito. Perispírito e espírito juntos constituem, portanto, a alma que anima o corpo. O senhor vê que a simbologia, apesar de eu não ter aqui o texto completo e perfeito para poder ler de novo para o senhor, mas o senhor pode consultar no seu livro aí, e verá que ela está bastante clara. Download Pergunta nº 9: Lei de afinidade Locutor - A segunda pergunta: Dizem que os viciados em bebidas alcoólicas são instrumentos dos espíritos que desencarnaram com os mesmos gostos. Então pergunto: Por que tais viciados não esquecem os nomes e as fisionomias dos seus conhecidos? J. Herculano Pires - Esta sua pergunta divide-se em duas partes. Uma bastante compreensiva, bastante clara, e a outra um tanto confusa. Mas vamos nos deter um pouco na primeira parte. O senhor diz aqui que os viciados em bebidas alcoólicas, segundo dizem, são instrumentos de espíritos que desencarnaram com os mesmos gostos ou os mesmos vícios. Pois bem, na verdade o que o espiritismo explica é isto: que nas relações entre nós e os espíritos, nós nos afinamos, por assim dizer, quer dizer, nos sintonizamos, nos ligamos aos espíritos que têm afinidades conosco. Essas afinidades podem ser no campo do espírito, ou seja, dos sentimentos e do pensamento, e podem ser no campo da matéria, ou seja, dos nossos hábitos, dos nossos costumes, dos nossos gostos materiais aqui na Terra. Então acontece que justamente por isso – por esta lei de atividade que preside a toda vida dos espíritos e dos homens –, por esta lei da afinidade, decorre que os espíritos viciados em bebidas alcoólicas e que ao passar para a vida espiritual ficam impedidos de bebê-las – porque eles estão numa situação diferente, num mundo diferente –, têm de desenvolver novos interesses; eles, entretanto, em virtude da viciação, não conseguem se libertar do desejo de beber; e não podendo beber por si mesmos, eles se aproximam das pessoas que bebem, se aproximam dessas pessoas e as envolvem. Acontece que, em virtude disto, o vício da bebida não se limita apenas à viciação do indivíduo que aqui na Terra se entregou a ele. Mas também é transferido, por assim dizer, para as entidades espirituais inferiores que passam a incentivar o viciado a beber cada vez mais, e procuram através dele haurir das suas bebidas, do seu desejo de beber, e mesmo da maneira por que ele se entrega desbragadamente à bebida, procuram haurir dali os eflúvios da bebida que eles podem obter no mundo espiritual inferior onde predomina ainda muito a influência da matéria. É o que geralmente se chama de espíritos vampirescos, espíritos que vampirizam as criaturas humanas. Este vampirismo, entretanto, não se reduz apenas ao campo da viciação alcoólica, mas de todos os demais vícios humanos, inclusive através, até mesmo, dos pequenos defeitos morais que possuímos, porque os espíritos que também os possuem, que se interessam, por exemplo, pela bisbilhotice, pela calúnia, pelo mau julgamento das pessoas, todos esses espíritos se afinam com pessoas que procedem da mesma maneira, e com isto incentivam os erros dessas pessoas aqui na Terra. Por isso é que Jesus no seu Evangelho nos mandou orar e vigiar. Orar para nos afastarmos dos pensamentos inferiores, das atrações inferiores, sintonizando o nosso pensamento com os planos superiores. E vigiar: vigiar a nós mesmos, vigiar os nossos atos, os nossos pensamentos para não descambarmos no terreno das viciações e das perturbações que nos arrastarão fatalmente à obsessão e à perturbação espiritual. Agora diz o senhor aqui uma coisa que eu não entendi. Diz o senhor: “Então pergunto, por que tais viciados não esquecem os nomes e as fisionomias dos seus conhecidos”. Por quê? Eu não vejo a relação que existe entre os viciados serem perturbados por espíritos também viciados e o fato de eles não esquecerem dos nomes e das fisionomias dos seus conhecidos. Acredito que tenha havido algum erro na sua carta, ou na sua pergunta formulada, ou mesmo naquele que anotou a pergunta ou procurou interpretá-la. Eu não entendo este final, mas posso dizer ao senhor que os viciados no álcool realmente, como quaisquer outros viciados, conservam a sua memória para suas relações humanas comuns na Terra até enquanto a bebida não afeta a sua mente. Quando afetar, eles realmente não conhecerão seus conhecidos. Download Pergunta nº 10: Darwinismo Locutor - Professor o ouvinte Moacir Batista de Paula da Rua Vinte e Sete, Jardim Nove de Julho, São Matheus, São Paulo pergunta: Primeiro: como o espiritismo explica o aparecimento do homem na Terra? Estaria certa a teria de Darwin e Hugo de Vries quanto à evolução? J. Herculano Pires - Já no programa anterior, no programa de sábado passado, nós tivemos a oportunidade de responder uma pergunta dessa minuciosamente sobre este assunto. O espiritismo não endossa a teoria de Darwin, mas reconhece nela muito de verdade. Porque para o espiritismo, a evolução do homem começa no princípio inteligente do universo. Esse princípio junto com a matéria constituem os dois elementos fundamentais do universo. E Deus como criador é o poder superior que controla a ação e o desenvolvimento destes dois princípios, destas duas substâncias universais. O homem provém do princípio inteligente do universo, porque ele é a inteligência, a inteligência criadora do próprio Deus que ele, por assim dizer, insuflou no universo, e esta inteligência, entretanto, tem de se desenvolver, tem de passar pelos reinos inferiores da natureza num desenvolvimento progressivo até chegar ao homem. Assim, existe uma evolução que encadeia todas as espécies, não só as animais, como as vegetais e até mesmo as minerais existentes em nosso planeta. Essa passagem do princípio inteligente por todas essas fases de evolução é bem explicada por uma frase de León Denis que eu já repeti diversas vezes neste programa, mas que acho interessante repetir de novo neste momento. A frase de León Denis que diz assim: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”. Pense bem nessa frase e o senhor compreenderá melhor o processo da criação do homem por Deus segundo o espiritismo. Mas não quer dizer, absolutamente, que um homem aqui na Terra possa hoje afirmar que ele foi um tigre, um leão, um elefante, uma girafa, um camelo, ou coisa semelhante na vida passada. Porque o homem só se torna homem quando o princípio inteligente devidamente evoluído e individualizado, já tendo despertado suas potencialidades divinas, recebe então no plano espiritual a disciplinação da sua mente para constituir a sua consciência, estruturar a sua consciência e lhe dar a personalidade humana. Então, ele, por assim dizer, manipulado pelos poderes superiores do espírito, ele vem à vida pela primeira vez como criatura humana. Download Pergunta nº 11: Padre Quevedo – parapsicologia Locutor - Segunda pergunta: Disseram-me que o Padre Quevedo é o maior parapsicólogo da América do Sul. Será mesmo? J. Herculano Pires - O padre Quevedo não é parapsicólogo. O padre Quevedo é um padre, um padre jesuíta, que usa a parapsicologia como um instrumento para combater o espiritismo. Pura e simplesmente isto. O senhor pode encontrar isso nos seus livros, nos seus cursos, nas suas pregações, nas suas entrevistas, em toda parte. O objetivo do padre Quevedo é servir-se da parapsicologia para combater o espiritismo. Ora, um parapsicólogo é um cientista que investiga os fenômenos paranormais. Este cientista é imparcial. Ele não tem tendência favorável a nenhuma religião. E também não deve, de maneira alguma, tender para a descrença ou para o materialismo. O objetivo da ciência é alcançar a verdade. É descobrir, portanto, num fenômeno qualquer, quais são as leis que o regem, como e por que ele se manifesta, ele se realiza, e descobrindo essas coisas, organizar a ciência que explica esses fenômenos e dá ao homem o poder de controlá-los. Esta é a finalidade da ciência. O padre Quevedo absolutamente não faz nada disso. Ele se serve daquilo que os parapsicólogos disseram neste ou naquele livro, torce as verdades ditas por eles, modifica as posições dos próprios parapsicólogos e joga tudo isso contra o espiritismo incessantemente. Ele é um batalhador contra o espiritismo. Não parapsicólogo. Download Pergunta nº 12: Padre Quevedo – reencarnação Locutor - Segundo um colega, o padre Quevedo disse que a parapsicologia não está estudando a reencarnação, nem a sobrevivência da alma. Tais afirmativas serão verdadeiras, professor? J. Herculano Pires - Nessa pergunta o senhor mesmo me dá oportunidade de lhe mostrar o exemplo daquilo que acabei de dizer. Se o padre Quevedo diz que a parapsicologia não está estudando a reencarnação, entretanto, o senhor pode comprar em qualquer livraria o livro do professor Ian Stevenson, grande parapsicólogo norte-americano, diretor do departamento de psiquiatria da universidade de Virginia nos Estados Unidos. E este livro se chama: “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”. É um livro em que o professor Stevenson, parapsicólogo e psiquiatra, relata suas pesquisas e expõe os seus casos, os casos que ele andou pesquisando de reencarnação em todo mundo, inclusive casos pesquisados por ele aqui no Brasil. Aqui no Brasil! Este livro traduzido recentemente está nas livrarias. O senhor pode ali constatar, inclusive, que o professor Stevenson se refere a numerosos outros parapsicólogos do mundo, inclusive da Ásia, da Europa, dos Estados Unidos, que estão empenhados na pesquisa da reencarnação. Por outro lado, o senhor sabe que esteve há pouco tempo aqui em São Paulo o professor Banerjee, Hamendras Nat Banerjee, da Universidade de Jaipur na Índia, que veio aqui para fazer conferências sobre a reencarnação. Essas pesquisas do professor Banerjee foram divulgadas pelas nossas revistas, pelos nossos jornais, por entrevistas na televisão e no rádio, e todo mundo está sabendo disso. Ora, se o padre Quevedo diz que a parapsicologia não está estudando nada disso, é evidente que ele está distorcendo uma verdade clara que todos nós estamos enxergando, que está nos nossos olhos e que está nas livrarias para qualquer pessoa que queira conhecê-la. Download Pergunta nº 13: Ananias e Safira Locutor - Pergunta do senhor Plínio de Campos, da Rua Garcia de Ávila: Qual é a interpretação que a doutrina espírita dá para a passagem dos Evangelhos – Atos dos Apóstolos – sobre o acontecimento dramático e punitivo de que foram protagonistas Ananias e Safira? Realidade ou simbolismo? J. Herculano Pires - Esse episódio se refere à comunidade dos apóstolos, a sua organização, quando eles estavam procurando viver de uma vida diferente daquela em que viviam os homens do tempo, reunindo-se todos em comunidade, vivendo em colaboração constante e juntando todos os seus recursos para formarem um recurso comum que devia atender às necessidades de todos. Acontece que Ananias e Safira, segundo nos relata o livro “Ato dos Apóstolos”, eles venderam a sua propriedade e foram procurar Pedro entregando-lhe o dinheiro para o fundo comum, para o fundo da comunidade dos apóstolos. Entretanto, ao irem para lá entregar o dinheiro, eles haviam ocultado uma parte do dinheiro para conservar pessoalmente para eles. E, como nós sabemos, de acordo com o que consta o livro de Atos, Pedro percebeu isto e condenou o homem, repreendeu-o pelo fato de ele haver escondido aquele dinheiro e não contar a verdade, porque ele já estava faltando com um dos princípios fundamentais, um dos princípios morais que deviam dirigir a comunidade, que era o de não mentir, o de serem verdadeiros todos aqueles que a integrassem. Ananias, então, estava já praticando um erro, e um erro grave. Pedro o censurou e diz o livro de “Atos” que o homem caiu morto. Logo depois vem Safira, a mulher, falando a mesma coisa, e Pedro diz que ela também estava mentindo e que o marido já havia sofrido uma punição por isso, e ela caiu morta. Então morreram os dois. E muita gente interpreta isso como tendo sido Pedro quem os matou. Não, a verdade não é esta. Nós sabemos que Pedro tinha, como médium que era, a capacidade de percepção extrassensorial. Pedro percebeu, Pedro descobriu no pensamento de Ananias e no pensamento de Safira, captou no pensamento deles, aquilo que eles tinham feito. Viu a segunda intenção de ambos e condenou isso. Mas acontece que os dois, ao sofrerem aquele golpe, pois de maneira alguma esperavam que Pedro pudesse saber o que eles tinham feito, eles não suportaram, emocionaram-se e sofreram naturalmente um colapso. O que se pode explicar, portanto, é que a condenação feita por um espírito superior, como era o espírito de Pedro, com a serenidade e a firmeza com que ele fez, a repreensão moral que ele aplicou a ambos tenha realmente causado emoção profunda que produziu a morte. Então dizem “mas Pedro previu a morte”, porque Pedro disse que ela também ia morrer. Sim. Assim como Pedro foi capaz de captar o roubo que eles haviam feito, porque eles entregavam à comunidade apenas uma parte da sua fortuna e a outra parte escondiam, assim também Pedro tinha a capacidade para captar o fato de que ela ia morrer pela mesma consequência que produziu a morte do marido. Não se trata, pois, de um fato simbólico, trata-se de uma realidade, de uma realidade registrada no livro de “Atos” de maneira sucinta, mas que nós podemos compreender facilmente se voltarmos o nosso pensamento para aquele tempo e procurarmos reconstituir mentalmente o que seria esta comunidade, a dificuldade com que os apóstolos lutavam para organizá-la e a finalidade superior que ela realmente tinha, que era de organizar a vida dos apóstolos de acordo com os princípios do Evangelho. Todos os que, portanto, quisessem participar dessa comunidade, deviam apresentar-se ali limpos de coração e de alma. Os que não se apresentavam assim estavam sujeitos a sofrer, como sofreram Ananias e Safira, comoções que podiam ser fatais como foi no caso deles. Download O Evangelho do Cristo em espírito e verdade, não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Aberto ao acaso o Evangelho nos oferece hoje o seguinte: Atos dos apóstolos, capítulo dezessete, versículos vinte e três e seguinte. No dia seguinte levantou-se e partiu com eles e alguns irmãos de Jope acompanharam-no. No outro dia entrou em Cesareia. Cornélio estava esperando por eles, tendo reunido seus parentes e amigos íntimos. Quando Pedro ia entrar, veio Cornélio recebê-lo e, prostrando-se aos pés, adorou-o. Mas Pedro ergueu-o dizendo: levanta-te que eu também sou homem. Falando com ele, entrou e achou muitos reunidos e disse-lhe: vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a um de outra nação. Todavia, Deus mostrou-me que a ninguém chamasse impuro ou imundo. Por isso, sem objeção, vim logo que fui chamado. Este episódio do livro de “Atos dos Apóstolos” é de fato um dos episódios mais interessantes de todo o relato sobre os trabalhos apostolares, porque nós sabemos que Pedro, vindo de Jope para Cesareia, ele vinha de uma grande experiência que havia sofrido em Jope. Cornélio, centurião romano, tinha em sua família vários médiuns, todos eles estavam desenvolvendo a mediunidade e Cornélio procurou então aproximar-se de Pedro, que ali se encontrava em Jope, procurando fazer com que Pedro o auxiliasse, o esclarecesse no tocante às manifestações espirituais que ocorriam na sua casa. Pedro não estava disposto a atender Cornélio. Por quê? Porque Pedro era judeu e Cornélio era romano, apesar de haver acompanhado Jesus nas suas pregações, no seu trabalho, de ser aquele apóstolo dedicado, aquela pedra sobre a qual Jesus se firmara muitas vezes aqui na Terra para o desenvolvimento do seu trabalho, e principalmente aquela pedra da revelação. Apesar de tudo isso, Pedro ainda não se desligara dos seus preconceitos judaicos, a força do hábito, da educação, da formação judaica continuava a impedir que ele se tornasse realmente cristão. Então conta-nos o livro de “Atos” em passagem anterior que Pedro estava na casa de outro Simão – ele que era Simão Pedro, na casa de Simão – que constituída de dois andares, era um sobrado. Pedro estava no andar de cima quando chegaram os homens enviados por Cornélio para chamá-lo a fim de que ele fosse atender a família de Cornélio. Pedro não queria ir, mas neste instante estavam preparando a comida para Pedro na casa em que ele se encontrava. Pedro estava com fome, e quando os homens chegaram ali, ocorreu um fenômeno espiritual: desceu do céu uma espécie de lençol aberto em forma de um cesto, e dentro desse lençol, acomodado ali no seu interior, havia uma quantidade enorme de animais de todas as espécies. Uma voz lhe disse: Pedro mata e come. E Pedro ficou assustado com aquilo, porque entre os animais ali expostos à sua vista, haviam muitos que eram considerados imundos pelas leis de pureza e impureza do judaísmo. Ele não podia, portanto, matar e comer aqueles animais. Mas a voz disse assim: Pedro mata e come, porque tudo quanto Deus fez é puro e não é você quem vai atribuir a impureza. Logo depois disto, esta visão desapareceu e Pedro então caiu em si; lembrou-se então dos ensinos de Jesus referentes à fraternidade humana, lembrou-se naturalmente do caso da samaritana, do caso do bom samaritano também, lembrou-se também daqueles momentos em que Jesus se sentava à mesa com publicanos e pecadores sem fazer discriminação, e compreendeu que ele estava errado e que o símbolo do lençol cheio de animais de todas as espécies queria dizer a ele que o mundo estava cheio de homens de todas as espécies, mas que todos eles eram filhos de Deus e deviam merecer a sua atenção. Foi então que Pedro resolveu atender a Cornélio e dirigiu-se à casa de Cornélio e lá, ao chegar, ele viu que toda família de Cornélio foi tomada pelo espírito, quer dizer, os espíritos se manifestaram através dos membros da família de Cornélio que eram médiuns, deram suas manifestações, suas comunicações, e Cornélio os atendeu a todos, ou seja, Pedro os atendeu a todos na frente de Cornélio. E ficou muito satisfeito de verificar mais uma vez que Deus não fazia acepção de pessoas. Então este fato, esta cena mudou a concepção de Pedro a respeito do problema que ele vinha debatendo com Paulo, ou seja, o problema da introdução das pessoas novas no cristianismo. Para Pedro, toda pessoa que tivessem de entrar no cristianismo, deviam ser primeiramente...