No Limiar do Amanhã: um desafio no espaço.
NASCER, VIVER, MORRER, RENASCER AINDA E PROGREDIR SEMPRE, ESSA É A LEI.
Aos que duvidam de tudo e os que tudo pensam saber, são muitos os que pedem provas concretas do princípio da reencarnação; muitos os que afirmam saber que a reencarnação não existe. Mas só sabem realmente aqueles que buscam, que estudam, que procuram conhecer a verdade. Nós vos afirmamos, amigo ouvinte, sem medo de errar que a reencarnação é a lei da vida. Morremos para renascer. A morte não é mais um momento de transição; o instante fugaz em que se encerra uma existência na Terra para começar outra no plano espiritual.
Os que negam a reencarnação são espíritos sistemáticos ou sectários; os que duvidam da reencarnação o fazem porque não conhecem o problema. Não se pode aprender negando, mas quem duvida tem a possibilidade de conhecer a verdade. A negação é pretensiosa, arrogante e destrutiva, mas a dúvida sincera bem intencionada é construtiva, pois não podemos aceitar aquilo que não conhecemos. Mantenha a sua mente aberta, amigo ouvinte, e busque a verdade, lendo, estudando, observando, pois Jesus ensinou: quem busca acha. "Buscai e achareis", disse o Senhor.
O princípio da reencarnação não foi inventado pelo espiritismo. Existe desde a mais alta antiguidade. Jesus ensinou a Nicodemos: é preciso nascer de novo. E como Nicodemos não compreendesse o problema, Jesus lhe perguntou admirado: és mestre em Israel e não sabes essas coisas? Ainda hoje são muitos os mestres religiosos que não conhecem o problema da reencarnação. Milhões os que negam a reencarnação pelo mundo inteiro, mas a pergunta de Jesus, inscrita nas páginas do evangelho, atravessa os séculos, dirigida a todos os Nicodemos da Terra.
Amigo ouvinte, a reencarnação é hoje problema científico e não apenas religioso. Não se deixe levar pelas ações dogmáticas dos mestres que nada sabem a respeito. Estude o assunto. Ele é de seu interesse, do interesse de todos.
No Limiar do Amanhã: um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão número 84. Segundo ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.
Todas as semanas estamos no ar, amigo ouvinte, neste dia e neste horário, para levar a você as mensagens do amanhã. Ligue o seu receptor para a Rádio Mulher, em São Paulo 730 KHZ. Para a Rádio Morada do Sol, em Araraquara, ou para a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, estado do Paraná, e acerte o seu passo com o mundo. Todas as semanas neste dia e neste horário.
Perguntas e respostas. Os livros indicados nas respostas podem ser retirados gratuitamente pelo autor da pergunta no escritório da Rádio Mulher à Rua Barão de Itapetininga, 46 – 11º andar, conjunto 1111, a partir de segunda- feira no horário comercial. Leve documento de identificação. Essa é uma promoção da Rádio Mulher e das editoras espíritas: Edicel, GEEM, Edigraf e LAKE. Os ouvintes do interior receberão seus livros pelo correio desde que nos tenham enviado o seu endereço.
Atenção, ouvintes! Por sugestão da editora Edicel, a Rádio Mulher promove, com o apoio das editoras espíritas de São Paulo, a doação gratuita dos livros indicados nas respostas. Procurem os seus volumes no escritório da Rádio Mulher (Rua Barão de Itapetininga, 46 – 11º andar, conjunto 1111) no horário comercial a partir de segunda-feira. Leve documento de identificação.
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Recebemos a seguinte carta que vamos ler sem mencionar nomes e endereços, pois o assunto é melindroso e está sujeito a investigações. Fazemos isso como advertência aos incautos.
Pergunta nº 1 - Sobre o pedido de dinheiro por médiuns em centros secretos
Locutor - Pedindo a caridade de uma explicação, ou melhor, de um esclarecimento público, sem que eu queira ofender os bons espíritos, comunico-lhe que a pessoa, cujo nome e endereço está ao lado desta, faz sessões espíritas em lugares secretos – apartamentos e residências –, retirando da cabeça de doentes areia, pregos, que diz virem do cemitério, pedaços de caixões de defuntos, pedaços de sapatos etc.
É acompanhado de um homem e de uma outra médium que exige de cada pessoa no mínimo cinco mil. A quantia que arrecada é entregue à médium que retira as coisas das cabeças dos doentes.
Eu estou desesperada por saber se isso existe mesmo ou não. O certo é que tudo isso é escondido. Nenhuma das três pessoas dão o endereço. Estou, como muitas outras pessoas, impressionada com o caso. Existe isso mesmo?
É verdade que na liga espírita e na federação também fazem isso? Se fazem, então é de Deus, não é?
Por favor, esclareça pela televisão ou por jornais esse caso que está impressionando e deixando muita gente alarmada.
Ela diz trabalhar nessa doutrina na federação e na liga. Chama-se dona Eunice e atende aos chamados que na portaria ao chamado de um senhor mulato e um japonês se encarregam de transmitir às três pessoas.
Ela sai do emprego às sete e meia da noite e vai a uma casa ou a um apartamento e os interessados, já avisados, seguem atrás de carro; nunca diz com antecedência onde será o trabalho. É tudo de surpresa.
Se isso é de Deus, me perdoe incomodá-lo, mas se é truque, que tira dinheiro suado e enche de medo os outros, não é de Deus, não é?
J. Herculano Pires - Realmente não é, não é de Deus, porque Deus não pode acobertar coisas dessa espécie. Deus só deseja a verdade, a verdade que nós procuramos através do espiritismo. Isto não é espiritismo, isto não é mediunidade; isto é malandragem. Tanto pode ser malandragem de encarnados como também de desencarnados. Não podemos acusar, assim de frente, de pronto, apenas por uma informação dessa natureza a médium.
Pode ser que aqueles que a acompanham a tenham levado a isso. Mas certamente a influência espiritual negativa de espíritos inferiores, que pretendem, em geral, desmoralizar e ridicularizar o espiritismo, numa campanha que vem de mais de um século, esses espíritos estarão influindo sobre a médium.
É necessário deixar bem claro que essa médium não trabalha na federação, nem na liga espírita do estado com essas coisas. Pode ser que freqüente a federação ou a liga. Mas se frequenta, é naturalmente para aprender, porque ela lá precisa aprender espiritismo. Se ela conhecesse o espiritismo realmente, não faria isso.
Ninguém pode admitir também que essa médium tire essas coisas da cabeça de qualquer pessoa. Absolutamente não existe a presença de objetos dessa natureza, de materiais dessa espécie, na cabeça de ninguém. Isso é tão absurdo que à primeira vista a gente compreende que está na diante de um processo de mistificação.
A carta se refere a duas pessoas – um mulato e um japonês –, que na portaria do edifício, recebem os pedidos e encaminham à médium. Pode dar impressão que falasse ali na portaria da federação ou da liga; não é isso. Refere-se à portaria do prédio onde a médium trabalha.
Nós não estamos querendo dar aqui o endereço e por este motivo ficou um pouco confuso esse trecho da carta. Que fique esclarecido de maneira definitiva: duas pessoas, um mulato e um japonês, recebem os pedidos para atendimento da médium na portaria do edifício onde ela trabalha profissionalmente. Não queremos ainda divulgar esse endereço, mas vamos investigar o assunto e, uma vez comprovado, pode dona Eunice estar certa de que daremos tudo, seu nome completo, o endereço onde trabalha, advertindo todos os incautos para que não caiam nesse verdadeiro conto do vigário.
É preciso também lembrar que já nos falaram muitas vezes de outros casos semelhantes. Há pessoas em São Paulo – São Paulo é hoje uma metrópole enorme, gigantesca, com uma população muito variada, muito grande, e uma população angustiada diante da vida moderna – e há aqui numerosos outros casos mais ou menos semelhantes. São médiuns flutuantes, formando equipes misteriosas que ora trabalham num apartamento, ora numa casa; que não têm uma localização precisa, justamente porque temem as consequências dos seus atos.
As pessoas que praticam o espiritismo não fazem isso, elas trabalham em um centro espírita, na federação espírita, na liga espírita, na união espírita, em qualquer sociedade legalmente constituída e estabelecida, de portas abertas ao público. Os que procedem dessa maneira, fugindo à sua responsabilidade e procurando escapar àqueles que quiserem descobrir onde se realiza o trabalho, evidentemente estão a serviço de outros objetivos que não os objetivos espirituais, que são visados pela doutrina espírita em toda sua extensão.
É preciso também lembrar que a mediunidade não se processa dessa maneira ridícula. Como tirar areia da cabeça de um indivíduo? Pregos? Pedaços de caixões de defuntos? Pedaços de sapatos? Isso tudo mostra a mixórdia que se realiza em nome do espiritismo por aquelas pessoas que, desprevenidas, ou desconhecedoras da doutrina, se entregam ao exercício da mediunidade.
É por isso que temos insistido sempre neste programa no tocante à necessidade de estudo, de preparação mediúnica, para que as pessoas se entreguem ao exercício da mediunidade e para que se dediquem ao espiritismo.
Não basta ter entusiasmo, ter interesse pelo problema espírita. É preciso mais do que isso; é preciso estudar, aprender, conhecer, saber com o que está lidando, e principalmente: tomar cautela, porque muitas influências negativas podem agir sobre as pessoas que se dedicam a estes problemas.
No tocante ao espiritismo, Kardec sempre acentuou: é preciso encontrar nos médiuns e nas pessoas que em geral o praticam, sejam médiuns ou não, é preciso encontrar neles o mais absoluto desinteresse. Qualquer interesse pessoal, particular ou financeiro – o que é pior –, qualquer interesse dessa espécie já é um elemento de suspeita contra a pessoa que está se apresentando como espírita.
O espírita verdadeiro não mistura a sua convicção espiritual com os seus interesses materiais ou pessoais, profissionais e assim por diante. Todo espírita verdadeiro sabe que tem que dedicar-se abnegadamente à prática da doutrina.
A senhora pode estar certa de que nada disso vem de Deus. Estas coisas nós não podemos dizer que vem do diabo, porque o diabo na verdade não existe. O que existe são espíritos inferiores, mistificadores, e em geral muito sofredores. Espíritos estes que se entregam a práticas dessa natureza para, como já dissemos, ridicularizar o movimento espírita e a doutrina espírita, achincalhar, perante o público e a opinião pública, a prática da mediunidade.
A mediunidade por sua vez não tem nada a ver com isso. A mediunidade é uma faculdade humana natural. Ora, as faculdades humanas naturais estão sujeitas ao uso que, graças ao livre arbítrio, qualquer um de nós pode fazer delas.
A inteligência, por exemplo, é uma faculdade humana natural. Nós todos possuímos inteligência. Há os que empregam a inteligência no sentido do bem, com honestidade, seguindo uma linha reta de conduta, para auxiliar o próximo, para fazer da inteligência uma ajuda a todos àqueles que deles se aproximam. Mas há também aqueles que empregam a inteligência no sentido do mal, que se desviam do caminho reto, que se aproveitam da inteligência para trapacear, para iludir, para enganar o próximo.
Nós não podemos evidentemente condenar a inteligência por isso. Assim não podemos condenar a mediunidade em virtude daqueles que a deturpam. Devemos, isso sim, condenar as deturpações, condenar aqueles que se entregam por vaidade, por interesse, por falta de responsabilidade, a essas práticas negativas. E devemos advertir sempre, a todos os que procedem dessa maneira, que o espiritismo tem nos seus próprios princípios a lei que determina as punições para esses abusos, para essas transgressões. Não se trata da lei material humana, da lei civil, mas sim da lei espiritual. Ai do médium que se entrega a essas práticas principalmente por interesse material. Ai daqueles que procuram iludir a opinião dos outros, principalmente dos doentes, dos necessitados que recorrem a essas criaturas na esperança de salvação, na esperança de um socorro que realmente os liberte dos seus sofrimentos e que saem dali iludidos, e mais do que iludidos, porque também saem desmoralizados diante da situação a que se entregaram.
Pensar que nós podemos tirar esses materiais, esses objetos, da cabeça de uma criatura humana é não conhecer absolutamente o problema da desmistificação e da cura da obsessão. O que existe na cabeça humana são idéias; são idéias que fermentam assopradas, por assim dizer, pelos espíritos perseguidores ou inferiores.
O que os espíritos podem tirar, portanto, da cabeça das criaturas sofredoras, são as idéias erradas, substituindo-as por idéias certas. Mas dizer que isso é também, como se diz na carta, e como se tem dito habitualmente por aí, que isso é um fenômeno de materialização, é outro absurdo. O fato de se pegar um punhado de areia e dizer que houve uma materialização na cabeça dessa pessoa, é simplesmente tolice, e tolice da grossa. Porque a materialização não se processa dessa maneira. A materialização não é um passe de mágica. É preciso de uma vez por todas acabarmos com esse conceito errôneo de materialização como forma de magia. Não. A materialização não é um passe de mágica. É um fenômeno psicofisiológico que se desenvolve segundo leis, hoje, bastantes conhecidas, num processo que requer muita atenção para sua verdadeira produção.
Ora, não é possível obter-se a materialização de objetos dessa natureza através apenas de um passe de um médium na cabeça de uma pessoa doente.
E por tudo isso, é preciso ficar bem claro que as pessoas que se entregam a essa exploração da credulidade pública são simplesmente mistificadoras, charlatãs e, portanto, criminosas perante o nosso próprio código penal.
Peçamos a Deus que essas criaturas se afastem desse caminho tortuoso, porque não só se sujeitam às leis criminais da Terra, mas também – o que é muito mais perigoso – às leis criminais do espaço, às leis criminais da espiritualidade.
Há, como dizia o professor Fernando Ortiz,* da Universidade de Cuba, um verdadeiro código penal dos espíritas, que se refere às condições em que os espíritos criminosos vão, posteriormente, pagar as suas culpas e os seus crimes.
Os médiuns que abusam da mediunidade são, perante o tribunal da justiça divina, criminosos que necessitam de correções muitas vezes bastante dolorosas. E estas correções se passam em dois planos, na vida espiritual com os remorsos, os sofrimentos da consciência, decorrentes da lembrança do que fizeram na Terra erroneamente, prejudicando os que mais necessitavam; e no outro plano, que é o plano terreno da reencarnação, para onde essas pessoas voltam em geral carregadas pelas conseqüências das suas culpas na vida anterior, trazendo aleijões bastante graves, situações orgânicas penosas que tendem a arrastar, às vezes, por toda uma existência.
Portanto, que fiquem todos advertidos a respeito: tanto aqueles que procuram essas coisas, mesmo que sendo ingenuamente, fiquem advertidos de que, para eles também, existe uma sanção, porque estão incentivando a malandragem, em nome de uma coisa sagrada que é a revelação divina dos espíritos. Mas que fiquem advertidos principalmente os médiuns e seus comparsas, que se desviam da prática da mediunidade, que saem da linha reta do conhecimento espírita, para praticar esses verdadeiros crimes contra a humanidade.
* Em seu livro chamado Filosofia penal dos espíritas (LAKE, 1998).
Pergunta nº 2 - Mediunidade é geral
Locutor - Continuamos respondendo às perguntas do senhor Frederico Moreira, tenente-coronel da Rua Itaquera.
Na afirmativa de que a mediunidade é geral, eu creio, porém, que não sendo um dom concedido por Deus, conforme dizem por aí, e sim que independe do pagamento de outras dívidas, cada um vem com a responsabilidade de desmentir aquilo que pregou no passado, isto é, de que a vida terminava aqui na Terra como ainda hoje muita gente afirma.
J. Herculano Pires - Sim, pode ser que o médium traga essa missão de refazer aquilo que fez erradamente na vida passada. Mas nem sempre é assim. Não podemos generalizar esse conceito. A mediunidade não é um dom de Deus, no sentido considerado pelas religiões, porque se fosse assim, seria um privilégio concedido a este ou àquele. A mediunidade na verdade é uma faculdade humana natural; nós todos a possuímos.
Mas a missão mediúnica, esta sim, é um dom de Deus. Porque é uma concessão que é feita pelos planos espirituais superiores à criatura que necessita refazer o seu passado na Terra, praticando o bem e ajudando aos outros através da mediunidade.
Pergunta nº 3 - Interpretação das passagens bíblicas
Locutor - E quando o mestre disse: “se não fizerdes pequeno como este menino”, eu afirmo que não se referiu absolutamente ao espírito que ali se encontrava, e sim ao tamanho físico do corpo em que o espírito se encontrava naquele momento.
J. Herculano Pires - Esta afirmação é puramente pessoal, do senhor. Naturalmente o senhor tem direito de ter também as suas interpretações particulares.
Mas já dizia o apostolo que nenhum trecho das escrituras é de interpretação particular. As escrituras se dirigem a todos, ao mundo inteiro, e consequentemente é preciso admitirmos que as interpretações mais certas são aquelas que abrangem a totalidade das pessoas.
E neste sentido a interpretação espírita desta passagem não é absolutamente restrita ao corpo físico, ao tamanho, à pequenez do indivíduo que estava ali representado na infância diante de Jesus, mas sim referente ao espírito das pessoas. Os pequeninos são os espíritos que ainda não amadureceram. A infância humana, a infância corporal servia, pois, apenas de exemplo para mostrar o que se passa na infância psíquica ou espiritual das criaturas.
Locutor - Eu afirmo também que o espírito reencarnado sabe perfeitamente tudo quanto sabia anteriormente, que é unicamente o organismo que dificulta ou favorece a sua manifestação em toda sua plenitude, em qualquer ramo da atividade humana no plano onde ele estiver transitando em sua caminhada evolutiva.
J. Herculano Pires - Quanto a isso não temos dúvida nenhuma, é um princípio básico do espiritismo.
Pergunta nº 4 - O Pai Nosso
Locutor - Aproveitando essa oportunidade para declarar que não aceito nenhuma prece, ou aglomerado de palavras padronizadas e nem mesmo o pai nosso que nos foi legado pelo próprio Cristo para resolver todos os nossos casos.
Acho que a prece deve ser um pedido natural de acordo com o motivo e a necessidade no momento do pedido.
O próprio Cristo, muito embora tenha ensinado essa prece – o Pai Nosso – aos alunos, jamais a utilizou nos momentos em que prestava o seu socorro aos necessitados, fazendo outras, entretanto, na casa de Pedro para curar a sua sogra; na casa de Jairo para curar ou ressuscitar a menina Talita, sua filha; na porta do túmulo para ressuscitar Lázaro; na estrada para ressuscitar o filho da viúva de Naim; no monte onde fez que se materializassem Moises e Elias; e em vários outros lugares, inclusive quando, nas imediações do monte das oliveiras, orava dizendo: Pai, se é possível, passa de mim esse cálice, todavia, seja feita a vossa vontade e não a minha.
Por onde se vê claramente que o mestre jamais se utilizou da prece Pai Nosso para todos os seus trabalhos de caridade quando orava ou fazia ao pai suas rogativas.
J. Herculano Pires - A sua afirmação neste sentido é temerária.
Nós não podemos dizer que jamais Jesus pronunciou a prece do Pai Nosso. Para começar, ele a pronunciou ensinando-a aos apóstolos.
Acontece que no evangelho não constam todos os momentos em que Jesus orava, nem podiam constar esses momentos. Os próprios apóstolos acentuaram, e nós vemos nos evangelistas essa anotação, de que nem tudo quanto Jesus fez podia ser contado no evangelho.
O evangelho é um resumo daquilo que Jesus ensinou e fez aqui na Terra, procurando dar-nos uma orientação. Não é uma biografia completa de Jesus.
Entretanto, dizer que as preces formuladas assim por escrito, conhecidas, e muitas vezes decoradas para serem pronunciadas, não têm valor, também é absurdo. E absurdo pelo seguinte: porque tanto Jesus ensinou a prece como muitos outros mestres espirituais também fizeram isso, levando em conta que nem todas as pessoas têm a facilidade necessária para pronunciar preces espontâneas.
Nós verificamos mesmo que diversas pessoas têm dificuldades em formular preces e é necessário que tenham um modelo, que sigam esse modelo decorando-o para poderem ali, através das palavras já formuladas e estruturadas num texto, conseguirem exprimir as suas emoções, os seus sentimentos, os seus desejos, as suas aspirações.
E é neste sentido que a prece do Pai Nosso se tornou universal. Porque Jesus conseguiu sintetizar nela, de maneira profundamente expressiva, as aspirações básicas, as necessidades fundamentais do espírito humano em seu trânsito pelo planeta. A prece do Pai Nosso é mesmo sem dúvida aquela que mais apropriadamente nos leva a nos dirigirmos a Deus. Através dela nós conseguimos colocar perante o pai supremo os nossos problemas mais essenciais e exigentes da nossa atual caminhada terrena.
Lembremo-nos de que o próprio Kardec teve a necessidade de escrever um livro de preces. Mas advertiu de que não fazia aquilo para que as preces fossem repetidas mecanicamente segundo ele ensinou, e sim pensadamente e sentidamente, através da razão e do sentimento, e fazia aqueles modelos de preces levando em consideração a necessidade que muitas pessoas seguem de terem um modelo para poderem exprimir os seus sentimentos na hora da prece.
Pergunta nº 5 - O Espírito da Verdade e os espíritos pseudossábios
Locutor - Continuamos com as perguntas do nosso ouvinte coronel senhor Frederico Moreira.
Finalizando ele diz: Se os prezados irmãos classificam Ramatís como sendo um pseudossábio, porque não julgam da mesma maneira o espírito que orientava Kardec e dava o nome de Espírito da Verdade, e que aceitamos tudo até hoje? Aquele não era também, nesse caso, um pseudossábio?
Solicito-lhes, prezados irmãos, que me desculpem pelas exposições de meus pontos de vista. Talvez eu ainda não esteja em condições evolutivas para compreender e aceitar tudo quanto os prezados irmãos pregam como verdades.
J. Herculano Pires - O prezado ouvinte não precisa desculpar-se pela sua formulação de perguntas expondo seus pontos de vistas. É para isso mesmo que existe o nosso programa. Estamos no ar para atender a todos aqueles que querem ajudar-nos no esclarecimento dos problemas espíritas.
Entretanto, queríamos lembrar aqui, no tocante ao princípio desta pergunta, que há uma diferença fundamental entre o Espírito da Verdade e Ramatis.
É preciso meditar a respeito disso. O Espírito da Verdade, como sabemos, foi prometido pelo Cristo; nós podemos ver isso no evangelho de João, a promessa de que ele, note-se bem, ele não mandaria o espírito da verdade, mas ele iria pedir a Deus, pedir ao pai, que mandasse o espírito da verdade à Terra para completar os seus ensinos e esclarecer os pontos que os homens naquela ocasião não estavam em condições de compreender.
Ora, assim, quando o Espírito da Verdade se revela a Kardec como o dirigente dos trabalhos referentes à nova revelação, que era a revelação espírita, ele está cumprindo uma promessa evangélica que consta das próprias escrituras sagradas. Dando sequência, assim, à revelação do cristianismo.
Ora, como vamos confundir o Espírito da Verdade, nessas condições assim classificadas e assim colocadas, com qualquer outro espírito que se manifeste através de qualquer outro médium na Terra?
Não é possível colocá-los em pé de igualdade. A diferença é muito grande.
Por outro lado, o que o Espírito da Verdade ensinou a Kardec, ele não o fez de maneira impositiva. Todos os ensinos do Espírito da Verdade foram dados de maneira que nós podemos chamar democrática, de maneira aberta, livre, permitindo a Kardec a discussão com ele desses assuntos, e permitindo também a pesquisa a respeito.
Muitas vezes, quando Kardec discordava de um princípio, e ele discordou de muitos, o Espírito da Verdade lhe respondia: “verifique isso por você mesmo”. Kardec já dispunha de possibilidades para investigação mediúnica e fazendo essas investigações, Kardec chegava à conclusão sempre favorável ao que era ensinado pelo Espírito da Verdade. Isso por quê? Porque o Espírito da Verdade ensinava a verdade; não ensinava mentiras, não ensinava fantasias, não ensinava coisas absurdas.
Ora, o que acontece com Ramatís é precisamente a apresentação de uma mixórdia, de uma mistura de verdades com absurdos, com fantasias, com fábulas. O apóstolo Paulo lembrou bem, no tempo do cristianismo primitivo, que muitos cristãos aceitavam fábulas em lugar das verdades.
Ora, o que ocorre hoje no espiritismo é precisamente isso. Kardec adotou um método rigoroso de verificação das verdades reveladas pelos espíritos. Esse método implica: o raciocínio; passar aquilo que foi ensinado pelo crivo da razão; ver se ali naquilo que foi ensinado não existe muito de fantasioso, de absurdo, de inverificável; e depois, o comparativo, ou seja, comparar aquilo que foi ensinado com as verdades já apuradas pelo nosso conhecimento humano na Terra.
Por isso, segundo Kardec esclareceu muito bem, a revelação divina no espiritismo se completa pela revelação humana.
Há dois tipos de revelação, diz Kardec: aquela que vem dos espíritos, através da mediunidade, aquela que surge da Terra através dos homens, das investigações da ciência, da filosofia, e mesmo no campo da teologia e da religião. Assim, é preciso conjugar as duas para obtermos um meio termo, o equilíbrio necessário ao nosso comportamento dentro daquelas verdades que nos são relativamente acessíveis em nosso momento de vida terrena.
Ora, o que espíritos como Ramatís e outros imaginosos que derramam através de livros e de páginas incessantes psicografadas por médiuns exclusivos, médiuns que funcionam apenas em função deles, o que esses espíritos fazem não é absolutamente oferecer-nos elementos para a observação racional e a verificação científica. Mas sim, eles nos oferecem incessantemente fábulas, ilusões, possibilidades ilusórias que a maioria das pessoas aceita de olhos fechados, sem examinar.
Desta maneira, não podemos aceitar absolutamente, de forma alguma, a sua comparação entre o Espírito da Verdade, que nos trouxe a revelação do espiritismo, e um espírito pseudossábio, bem classificado na própria ordem dos espíritos que encontramos no “Livro dos Espíritos”. Bem classificado ali como pseudossábio.
É bom o senhor consultar esse livro, verificar o que Kardec diz a respeito dos pseudossábios. E também é bom levar em conta o seguinte: nós não aceitamos Kardec por ser Kardec. Não aceitamos Kardec por ser o homem que se apresentou como o codificador da doutrina. Nós aceitamos Kardec, porque tudo quanto se verificou com ele na sua recepção das mensagens espíritas confirma a profecia da vinda do Espírito da Verdade. E também porque Kardec se apresentou com a sinceridade de um homem desprovido da pretensão de ser um novo místico fundador de religião ou coisa semelhante.
Ele se apresentou com toda compostura de um cientista, de um investigador, de um homem de razão, chamando sempre atenção de todos os seus leitores para a necessidade de usarmos a razão que Deus nos deu a fim de não nos iludirmos com tolices e fábulas que surgem no campo espiritual.
A matéria do espírito, que podemos dizer assim de forma quase contraditória, a matéria intelectual, a matéria de estudo, de ensino que os espíritos nos fornecem, é uma matéria bastante melindrosa que exige muita atenção no seu trato. Kardec estabeleceu um método rigoroso que durante mais de cem anos já provou a sua eficácia.
Em Ramatís não temos nada disso. Em Ramatís temos apenas as afirmações ilusórias, enganosas, imaginosas que ele mistura com verdades conhecidas tiradas de livros, aliás, já bastantes conhecidos, para semear, no meio espírita, com a finalidade evidente de ridicularizar a nossa doutrina.
Pergunta nº 6 - Alma x espírito
Locutor – Professor, a dona Maria Carlota da Rua da Mooca está lendo o livro “Eram os Deuses Astronautas”. E um trecho do livro diz: o homem procura, com muitas ilusões, na possibilidade de vida do espírito e da alma. Portanto, a ouvinte gostaria de saber qual a diferença entre espírito e alma.
J. Herculano Pires - No espiritismo, a alma é o espírito encarnado. É curioso esse princípio espírita e logicamente bem elaborado.
O espírito é que anima o corpo. A palavra alma vem do latim anima, quer dizer: aquilo que anima. Justamente por isso o espírito quando encarnado é a alma do homem. Quando o espírito se desencarna, ele volta à sua condição independente de espírito, porque não está mais animando um corpo.
Então chegamos a uma conclusão bastante curiosa no espiritismo que é a seguinte: em geral, os adversários da doutrina nos acusam de lidar com almas do outro mundo. Pois bem, fiquem eles sabendo que no espiritismo não existem almas do outro mundo. A alma é apenas o espírito quando encarnado.
No tocante ao livro “Eram os deuses astronautas”, não se trata de uma obra espírita. Não sei qual é o conceito que o autor tem de alma e de espírito.
Entretanto, aconselho à senhora a leitura do “Livro dos Espíritos” de Alan Kardec, onde a senhora encontrará esse problema da alma e do espírito suficientemente explicado.
Pergunta nº 7 - Estratagema extra-terrestre
Locutor – Professor, o ouvinte João Olavo de Donado, residente à Rua Marquês de Itu, faz as seguintes perguntas:
Primeira: pela vontade de Deus, teria sido Jesus habitante de um planeta superior e super evoluído que fosse mandado para a Terra em uma expedição extraterrestre com todas as suas atitudes pré-estabelecidas e programadas para auxiliar a humanidade, já tão corrompida e desorientada?
J. Herculano Pires - De acordo com a doutrina espírita, Jesus é um espírito superior, muito superior à nossa humanidade. Portanto, antes de a nossa humanidade começar na Terra sua evolução, Jesus já era um espírito bastante elevado, e foi a ele que Deus confiou, de acordo com as informações que nos chegam dos planos espirituais, a própria formação do nosso planeta. A ele que Deus confiou a orientação espiritual da humanidade terrena. Jesus naturalmente evoluiu em outros mundos, porque são inumeráveis os mundos semeados pelo infinito, em que a humanidade que não é terrena, mas cósmica, se desenvolve.
Pergunta nº 8 - Discos voadores em 1999
Locutor – Jesus disse na Bíblia que no final dos tempos, ou seja, em 1999, sinais estranhos ao homem aparecerão no céu de todo o mundo. Seriam os discos voadores?
J. Herculano Pires - Jesus não precisou nenhuma data para isso. Jesus apenas referiu-se ao final dos tempos no sentido alegórico. Não quer dizer absolutamente que nós em 1999 estejamos no final dos tempos. Estamos apenas no fim de um ciclo da evolução terrena, mas este ciclo não pode ser também marcado com uma data precisa, pois os ciclos evolutivos muitas vezes se prolongam por séculos até que cheguem à sua conclusão.
Pergunta nº 9 - Superevoluídos em outros planetas
Locutor - Podem entidades que chegaram aqui na Terra em estágio superevoluído encarnarem em uma civilização extraterrestre superevoluído?
J. Herculano Pires - Sim. Este é o princípio do espiritismo. As criaturas que obtêm na Terra a evolução necessária para superar o nível evolutivo da humanidade terrena estão em condições de passar para mundos superiores.
Pergunta nº 10 - Castigo para os superevoluídos
Locutor - Pode uma entidade superevoluída encarnar na Terra como um castigo?
J. Herculano Pires - Essa expressão “superevoluído” está um pouco fora do espiritismo, porque nós não podemos falar em superevoluídos uma vez que a nossa condição terrena é condicionada naturalmente pelas nossas próprias situações aqui na vida terrena, que são sempre relativas e não absolutas. Nós devemos considerar que as criaturas podem ser entidades evoluídas, altamente evoluídas. Uma entidade altamente evoluída pode reencarnar na Terra, não como castigo, evidentemente, porque a sua própria evolução atesta que ela já superou as condições de provação a que temos de nos submeter aqui. Mas pode reencarnar-se como missionária, para realizar um trabalho de abnegação em favor da humanidade. Nós temos numerosos exemplos históricos de encarnações maravilhosas que se deram aqui de espíritos elevados com a finalidade de auxiliar a evolução da Terra. Entre elas, naturalmente, podemos destacar a evolução elevada por excelência, aquela que nos apresenta o cume da evolução, porque nos mostra o modelo que o homem pode seguir, segundo o “Livro dos Espíritos”, e que é a encarnação de Jesus Cristo.
Pergunta nº 11 - Temporadas boas e más na vida
Locutor – Professor, o ouvinte José Alves da Rocha, da Rua Lopes de Oliveira, volta nos escrever, pois em programa anterior, o senhor disse que não mais se lembrava do seu pedido.
Diz o ouvinte que quer uma orientação para sua vida, pois desde que começou a compreendê-la tem encontrado muitos espinhos em seu caminho. Compara-a com a natureza: o dia amanhece muito claro e o sol brilhando, e depois surge o nevoeiro que cobre a luz, ficando tudo escuro.
Conta o senhor José, que é comerciante nessa praça há mais de dez anos: tem épocas que vai tudo bem; não demora muito vira tudo ao contrário e ele passa muitos desgostos e desilusões. Diz ter muita fé em Deus e no divino espírito santo, por isso tem tido coragem para enfrentar estas temporadas.
J. Herculano Pires - Eu queria dizer ao prezado ouvinte que a nossa vida é assim mesmo. A vida de todos nós é cheia de vicissitudes. Ninguém veio ao mundo para viver uma vida paradisíaca, uma vida celeste. Nós aqui vivemos uma vida terrena, cheia de dificuldades, de altos e baixos, de tropeços.
Não precisa, portanto, o prezado ouvinte levar isto em conta apenas da sua situação pessoal. A grande maioria da humanidade vive assim. E no sentido geral, podemos dizer que todas as criaturas humanas, mesmo aquelas que dispõem de grandes recursos, mesmos aquelas que são considerados os felizardos do mundo, eles são felizardos na aparência, mas na realidade estão enfrentando sempre problemas difíceis, tropeçando aqui e ali, e escorregando de vez em quando, sendo enfim apanhados em armadilhas quando menos esperam, em dificuldades que amargam sua existência.
Nós todos, portanto, estamos sujeitos a isto. Este é um mundo de provas e expiações, sujeitamo-nos as provas que desenvolvem o nosso espírito, e as expiações que correspondem ao que geralmente chamamos de pagamentos de dívidas anteriores. A estas coisas nós não podemos escapar porque a natureza do mundo em que vivemos, a Terra, é precisamente essa: um mundo de provas e expiações.
Entretanto, o senhor não tem do que se queixar tanto. Vemos aqui pela sua própria resposta que o senhor há vinte anos vem trabalhando, lutando, mas está mantendo a sua vida, equilibrando seus negócios. Há os momentos de crise, os momentos de decadência, mas depois há novamente a ressurreição, o sol surge de novo e brilha de novo em sua vida. O senhor é um homem que deve, portanto, encarar com otimismo a sua existência. Vá pagando as suas dívidas. Vá naturalmente vencendo as suas provas. E desta maneira o senhor realiza uma vida proveitosa, o senhor aproveita realmente sua encarnação terrena, preparando um futuro melhor, que virá forçosamente no amanhã.
Tenha confiança em Deus. Ore, trabalhe, confie e espere. Mas também leia “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; leia este livro que o senhor encontrará nele muitas forças para lhe ajudarem na sua caminhada terrena, e muitos esclarecimentos no tocante aos problemas que o preocupam. Esteja certo de que este livro de Alan Kardec lhe dará uma boa ajuda na sua vida atual. E o senhor pode, de acordo com nosso programa, retirar este livro gratuitamente no escritório desta emissora. O senhor naturalmente ouvindo o programa já deve ter obtido a informação do endereço exato para isso.
O Evangelho de Cristo em espírito e verdade. Não se apegue à letra que mata, procure o espírito que vivifica. Abrindo o Evangelho ao acaso, encontramos em Lucas, no capítulo 4, no versículo 42 a 43: Jesus vai a um lugar deserto. Sendo já dia saiu e foi a um lugar deserto. As multidões procuravam-no e encontrando-o queriam detê-lo para que não as deixasse. Mas ele lhes disse: é necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado.
Este trecho do evangelho de Lucas nos revela mais uma vez, porque vários outros trechos também revelam, a universalidade da mensagem cristã. Era necessário que ela se espalhasse pelo mundo, que fosse levada a todos os cantos, porque somente ela – a mensagem do evangelho de Jesus – poderia preparar a Terra para sua evolução espiritual. A humanidade terrena – ainda tão apegada às coisas materiais, ainda tão primitiva ligada à crosta do planeta –, essa humanidade necessitava do grande impulso evolutivo que só o evangelho de Jesus na verdade lhe deu. E nós sabemos que historicamente isso se confirmou, desde que o evangelho foi pregado, e conseguiu realmente atingir numerosas cidades, países, espalhando-se pelo mundo, desde que isso aconteceu às modificações que se processaram na conduta humana, na vida humana, na mente humana, na alma humana, foram as mais profundas. O evangelho renovou o mundo: esta é a verdade. Enquanto nós encontramos em todas as religiões do passado e mesmo nas religiões do presente uma tentativa de transformação do homem que se reduz apenas a alguns elementos e se fixa em determinados pontos da Terra, o evangelho de Jesus, na sua irradiação, conseguiu modificar a mentalidade planetária. Muita gente diz assim: mas o cristianismo hoje se reduz a apenas algumas áreas da Terra. O cristianismo não cobre todo o mundo, existem as outras religiões, grandes religiões em países e em áreas bastante vastas que não são cristãs. Como então aceitar que o cristianismo modificou o mundo todo?
É fácil de se verificar isso. Basta olharmos para essas regiões, principalmente do oriente onde se estendem as grandes áreas que não são basicamente cristãs, e vemos a influência que o cristianismo ali exerceu. O cristianismo criou um novo modo de vida, uma nova concepção da vida, de Deus, do mundo, do homem. Ora, este novo modo de vida, esta civilização que nasceu do cristianismo e que é chamada hoje de civilização cristã está sendo copiada por toda parte. Em toda parte a sua influência é indiscutível; a transformação do mundo se realizou, portanto, na linha do pensamento cristão. Quando nós vemos na Índia, por exemplo, o Mahatma Gandhi que não era um cristão, entretanto declarar que toda sua doutrina viera do evangelho de Jesus e particularmente do sermão da montanha; e quando vemos os reflexos que o pensamento de Gandhi teve em todo oriente, nós podemos ter um exemplo bem orientador e esclarecedor do poder do cristianismo na transformação da Terra, na modificação do homem terreno. A palavra de Jesus, portanto, não podia ficar circunscrita apenas a uma cidade; ela tinha que ser levada, como realmente foi, para outras cidades, para outros povos, para o mundo inteiro. É justo que lembremos neste momento ao comentar esse trecho a figura inominável do apóstolo Paulo. Foi ele, como sabemos, o grande divulgador do cristianismo além das fronteiras da Palestina. Foi ele quem rasgou as fronteiras do mundo para levar a palavra cristã a todas as terras, a todos os gentios, como eram chamados os povos não judeus daquela época.
Ora, este exemplo de Paulo é hoje seguido por todos aqueles que procuram através do espiritismo completar a revelação cristã. E quando falamos “completar a revelação cristã” não nos atemos ao pensamento nosso pessoal, nem a um pensamento espírita, mas sim ao pensamento do próprio Cristo, quando disse que muitas coisas ainda tinha para ensinar aos homens; que eles não poderiam aprender porque não estavam em condições de compreendê-las, mas que ele enviaria à Terra, pedindo a Deus que o fizesse, que enviasse o espírito da verdade para esclarecer esses pontos e orientar os homens no sentido mais profundo da verdadeira substância do seu evangelho. Além disto que acabamos de comentar, queremos acentuar que quando Paulo José abriu o evangelho hoje para leitura do trecho que deveria constituir o comentário do evangelho da noite, esse trecho caiu precisamente no tópico que nós acabamos de ver e que na verdade se refere à extensão da pregação do evangelho a outras cidades.
Isto teve uma coincidência que para nós foi muito significativa, pois justamente hoje, este programa que aqui estamos apresentando, rompeu as fronteiras do estado de São Paulo para iniciar um ciclo de divulgação através da Rádio Difusora Platinense, em Santo Antônio da Platina, no estado do Paraná. Toda zona, portanto, abrangida por essa emissora no estado do Paraná vai receber a palavra do espiritismo através do programa No Limiar do Amanhã. E assim cumprimos, apesar da nossa pequenez diante da grandeza da figura do Cristo, cumprimos também dentro da nossa tarefa na Terra, cumprimos através deste programa, nós todos que nele militamos, o dever de levar a palavra de esclarecimento também a outras cidades.
Nosso interesse não é proselitista. Não queremos fazer prosélitos. Não queremos converter ninguém. Não pretendemos tirar ninguém da sua religião. Nosso lema é este: “cada crente com sua crença, cada descrente com sua descrença”. Mas queremos oferecer a todos a oportunidade do diálogo sobre os problemas do espírito. O espiritismo não é uma religião ou uma seita dogmática, nem uma ordem oculta, nem uma corrente espiritualista fechada. O espiritismo é uma ciência do espírito inteiramente aberta a todos que desejam conhecer a realidade espiritual à luz da razão e da pesquisa. O que fazemos não é propaganda religiosa, mas divulgação científica. Se nos atemos ao evangelho de Cristo é porque ele representa, no seu sentido moral e espiritual, uma verdade constatada pela pesquisa espírita. Não somos pregadores, somos expositores.
A ciência espiritual do evangelho se completa na ciência espírita. Todas as religiões são boas quando aceitas e praticadas com sinceridade. Mas os que desejam fundamentar nos princípios científicos a sua fé, precisam conhecer a ciência do espírito. É para colaborar com todos na busca da verdade que estamos no ar. Ouçam-nos todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730 KHZ, pela Rádio Morada do Sol em Araraquara e Pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, estado do Paraná.
Queremos a verdade, só a verdade, nada mais que a verdade. E se você provar que está com a verdade, ficaremos com você.
No Limiar do Amanhã.