No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
Na batalha dos teólogos em defesa do diabo, apareceu entre nós no Brasil e particularmente em São Paulo, alguém que pelo menos revela bom senso e método. O padre Afonso Rodrigues S.J., colaborador do Jornal O Estado de São Paulo. Seus artigos diferem dos que se perdem nos ataques estéreis e nas afirmações desprovidas de lógica e desprovidas também de apoio nos textos evangélicos.
Depois de tantos argumentos agressivos e vazios divulgados amplamente em defesa do diabo, no afã de sustentar sua existência como ser real, adversário inconciliável e eterno de Deus, aparece agora um filho de Deus para o defender, em nome da suposta verdade teológica. Parabéns ao diabo que ganha um defensor capaz de revelar-se dotado de raciocínio, seguro e de atualização cultural. Parabéns ao padre Afonso Rodrigues que vem salvar a tradição cultural dos jesuítas perante o nosso povo.
Sustenta o padre Rodrigues a incapacidade da ciência para provar ou negar a existência de seres espirituais. E afirma que sabemos disso pela revelação cristã. Essa colocação do problema é lógica e o padre Rodrigues a desenvolve com segurança e em bom português. Mas comete o pecado de esquecer os progressos científicos da atualidade, através da física, da biologia, da psicologia e da parapsicologia. O avanço científico na descoberta da antimatéria e da percepção extrassensorial, provou a tese espírita de que o sobrenatural nada mais é do que o natural ainda desconhecido.
A descoberta do corpo bioplasmático dos seres vivos e de sua função vital e estruturadora dos corpos animais e humanos, modificou a metodologia científica, dando-lhes as novas dimensões há mais de um século indicadas pela ciência espírita. Além disso, a antropologia cultural demonstra e a antropologia mediúnica o confirma. Que a revelação da existência de seres espirituais não foi feita pelo cristianismo, pois desde as religiões primitivas até o judaísmo, o politeísmo pagão e as filosofias antigas, essa revelação já estava feita.
O padre Rodrigues sustenta a necessidade de estudo dos pressupostos da teologia dogmática, para chegar-se a compreensão de que o diabo é um ser espiritual real e não apenas uma personificação mitológica das forças inferiores da natureza. Mas os pressupostos nada mais são do que suposições sistematizadas pelo pensamento humano e insuficientes para alicerçar um conhecimento verdadeiro. Procurando suprir esta deficiência básica, o padre Rodrigues apela para o dogma da revelação divina, para validade indiscutível das escrituras judaicas e cristãs e para a decisão dos concílios.
A revelação divina é um pressuposto de todas as religiões. A bíblia judaica considerada como a palavra de Deus, é uma hipótese desmentida pela pesquisa histórica. A validade absoluta dos relatos evangélicos desmoronou há muito diante das próprias contradições insanáveis dos textos e da crítica histórica.
Tudo isto nos mostra que a defesa do diabo, mesmo que bem articulada por uma inteligência lúcida e cultivada, não suporta o exame da crítica moderna e particularmente da crítica espírita. Toda a erudita argumentação do padre Rodrigues lembra a casa construída sobre areia. Faltam alicerces a esse magnífico edifício. Por mais que a doutrina do diabo como eterno adversário de Deus já foi abalada no seio mesmo da religião pelas teorias do padre Chardin e pela posição neocristã de pensadores eminentes como Giovanni Papini.
Continua inabalável a explicação espírita de que o diabo é apenas uma personificação mitológica do mal. De que se servem espíritos malévolos para se apresentarem nos casos de obsessão com um nome apavorante deste mito. Um espírito obsessor que se diz ser o diabo, nada mais é que uma pobre criatura extraviada e sofredora. Orgulhosa e arrogante que pode ser esclarecida com amor e paciência nas sessões espíritas de desobsessão. Essa é a única verdade sobre o diabo que tem a sanção da experiência científica e o apoio do raciocínio lógico.
No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel, transmissão 172, quarto ano.
Locutores José Pires e Jurema Iara. Sonoplastia Antonio Brandão. Técnica de som Paulo Portela. Direção e participação do professor Herculano Pires. Uma hora na busca da verdade. Gravação dos estúdios da Rádio Mulher, São Paulo, Brasil.
Todas as semanas, neste dia e neste horário. Transmissão da Rádio Mulher, 730 khz, São Paulo; da Rádio Morada do Sol, de Araraquara, 640 khz; e da Rádio Difusora Platinense, 780 khz, Santo Antônio da Platina, Paraná. Todas as semanas, neste dia e neste horário.
Diálogo No Limiar do Amanhã, uma busca radiofônica da verdade. A ciência descobre o espírito. Estamos na era do espírito.
Vamos trabalhar para um mundo melhor.
O Primeiro Seminário de Cultura Espírita de Marília está em pleno desenvolvimento. Realizada a primeira prévia naquela cidade entre 26 e 29 de Julho último, iniciam-se os trabalhos preparatórios da segunda prévia. Trata-se de um esforço planejado e consciente de colocação dos problemas fundamentais da cultura espírita em nosso país. Seu objetivo principal é despertar no meio espírita a consciência da responsabilidade cultural dos espíritas, nesta fase de transição por que passa o nosso planeta. Você está convidado amigo ouvinte, a participar desse movimento de conscientização cultural. Não se acomode na sua posição tranquila. Compreenda que uma nova cultura está nascendo e colabore na construção da Civilização do Espírito.
Na primeira prévia foram examinados em debate amplo, os problemas da Ciência, da Filosofia e da Religião espíritas. Coube ao médico psiquiatra doutor Wilson Ferreira de Melo, colocar os problemas da psicoterapêutica em face dos recursos fornecidos pelo Espiritismo. Os debates a respeito duraram todo um dia de trabalho, em dois períodos, das nove às doze, e das quatorze às dezoito horas. Todos os temas da prévia foram submetidos a esse ritmo de trabalho intensivo, num ambiente de grande interesse. Na segunda prévia serão apresentadas as teses escritas, sujeitas a exames de bancas especiais para cada tese. O seminário será realizado em fins de 1975, provavelmente em Novembro. Os anais do seminário serão publicados para a mais ampla divulgação dos resultados. Nenhum espírita consciente do valor da sua doutrina pode permanecer alheio a esse movimento lançado pelas instituições culturais espíritas de Marília. Todos estão convocados a participar, a dar a sua contribuição.
A imprensa espírita, ainda demasiado rotineira, apegada a interesses locais e de grupos, esteve praticamente ausente. Essa abstinência injustificável não pode continuar. A segunda prévia que se realizará em Julho de 75, deverá contar com a presença do maior número possível de representantes da imprensa. O Programa No Limiar do Amanhã esteve presente à primeira prévia e deu contribuição substancial. Todo tem o que dar e devemos dar um pouco de nós mesmos, de nossa experiência pessoal e de grupo a esse mutirão da cultura espírita.
Você amigo ouvinte, que não quer apenas parasitar o Espiritismo, tome posição, agora mesmo. Anote este endereço: Professor Wilson Ferreira Martins, Hospital Espírita de Marília, Caixa Postal 645, Marília, Estado de São Paulo, Código Postal 17500. Vamos repetir, tome nota. Envie sua correspondência e sua adesão agora mesmo ao Wilson Ferreira Martins, Caixa Postal 645, Hospital Espírita de Marília, Marília, Estado de São Paulo, Código Postal 17500. Prontifique-se a auxiliar na divulgação. Um novo mundo está nascendo, a Civilização do Espírito. Fomos convocados para trabalhar em seus alicerces. Cumpra o seu dever de espírita.
Pergunta 1: Quem não for médium leva alguma vantagem sobre quem é médium?
Locutor - Professor, escreve o ouvinte Ivo Tadeu Paganini, de Araraquara. Eu estou um tanto confuso quanto ao problema de ser ou não ser médium. Algumas pessoas me dizem que ser médium é o pagamento de uma dívida muito cara que a gente tenha contraído em encarnações anteriores. Portanto estaríamos imbuídos de uma responsabilidade muito grande. Então a conclusão que tiro disso é de que quem não é médium esteja numa condição mais satisfatória quanto ao problema das dívidas cármicas. Resumindo, quem não for médium leva alguma vantagem sobre quem é médium?
JHP - O seu raciocínio feito assim de um ponto de vista puramente terreno e circunstancial, referindo-se apenas as circunstâncias da vida parece muito certo. Mas na verdade não é isso o que acontece. O médium não é apenas submetido a um processo de resgate cármico através da mediunidade. Os resgates cármicos, assim chamados, são os pagamentos de nossas faltas, de nossos erros, de nossos abusos, de nossos crimes cometidos em vidas anteriores para com outras pessoas. Então nós temos dois tipos de relacionamento nesse resgate. O nosso relacionamento pessoal nesta encarnação com pessoas a quem prejudicamos na encarnação passada ou em anteriores encarnações. Esse resgate se passa no plano social. Nós nos encontramos com essas pessoas, seja dentro da nossa família, da nossa própria casa, seja nas nossas relações sociais. E elas nos acarretam naturalmente várias dificuldades, porque elas têm por assim dizer, o que cobrar de nós. É preciso compreender que este problema de cobrar e de pagar é puramente figurativo, é simplesmente simbólico. Essas pessoas então nos cobram por assim dizer, aquilo que nós fizemos de mal para ela em vida passada, nós agora temos de reparar esse mal. Foi com essa intenção que nós viemos aqui à reencarnação, nós pedimos a oportunidade de reparar o mal que fizemos a essas pessoas por uma questão muito simples. Porque a nossa consciência espiritual nos acusa. Ela tem para nós um peso esmagador, enquanto nós não conseguirmos reparar aquilo que fizemos de mal. É, portanto uma questão de remorso, remorso espiritual.
Mas além deste relacionamento social, nós temos o relacionamento espiritual. São espíritos de pessoas que sofreram conosco, que foram por nós perseguidas, maltratadas, injustiçadas. Estes espíritos vêm então e se aproximam de nós, querendo na atual encarnação que nós lhes paguemos aquilo que devemos. Pagar figuradamente quer dizer, que nós reparemos junto a elas o mal que lhes produzimos. Se nós formos médiuns o resgate nesse sentido pode ser feito da seguinte maneira. São espíritos perturbadores, obsessores, infelizes, portanto. Espíritos que estão sofrendo na vida espiritual, não só pela sua inferioridade própria, mas também porque nós os lançamos em situações difíceis. Nós despertamos neles sentimentos de revolta, de ódio, de vingança, com as nossas injustiças, com a nossa arrogância no passado. Então, se nós formos médiuns agora, nós teremos o dever, a obrigação de, através da nossa mediunidade, conduzir estes espíritos sofredores ao esclarecimento necessário. Então é neste caso, neste ponto que se diz que a mediunidade é uma provação.
Mas na verdade a mediunidade não é provação e nem prêmio. A mediunidade é simplesmente uma faculdade humana, natural. Nós todos somos médiuns. Porque, veja-se isto. No que consiste a mediunidade? A mediunidade consiste numa faculdade que tem certas pessoas de se relacionarem com os espíritos e servirem para que esses espíritos deem comunicações, possam falar com as pessoas vivas na carne, as pessoas encarnadas na terra. Ora essa faculdade, como todas as faculdades humanas, ela é mais acentuada em alguns indivíduos e menos acentuadas em outros. Acontece então que nós chamamos de médiuns aquelas pessoas que tem essa faculdade bastante aguçada e que por isso mesmo estão sujeitos à influenciação evidente dos espíritos, e ao envolvimento para transmissão de comunicações. Nós chamamos de médiuns especificamente essas pessoas que possuem a mediunidade em alto grau, a sensibilidade mediúnica bem desenvolvida. Assim como chamamos, por exemplo, de artistas aquelas pessoas que tem o senso estético bem desenvolvido.
É uma questão, portanto, de evolução individual de cada um e não é a mediunidade em si que constitui a provação. A provação decorre daquilo que fizemos, daquilo que na vida anterior ou em vidas anteriores, nós praticamos para com pessoas com as quais nos relacionávamos. E nesse sentido tanto faz o indivíduo ter sensibilidade mediúnica aguçada como não ter, ele estará sujeito a essas condições, ele estará sujeito à mesma provação. Acontece até mesmo o seguinte, nós poderíamos dizer. Naturalmente não é bem assim, mas poderíamos dizer que o indivíduo sendo médium, ainda para ele se torna mais fácil a solução do problema porque ele pode se pôr como um instrumento de salvação daqueles espíritos que estão numa situação muito difícil no mundo espiritual. Ele pode contribuir com a sua mediunidade para recupera-los, para esclarecê-los, para elucidá-los. E esta é por assim dizer, uma grande oportunidade para a evolução espiritual do médium. Mas se a pessoa não for médium ela pode, entretanto, fazer a mesma coisa. Porque a sua conduta na vida atual, o seu comportamento, a sua maneira de encarar os problemas humanos. Esse comportamento vai influir naqueles espíritos que dele se aproximam com instintos vingadores e que, entretanto, observam que ele se modificou, que ele se melhorou, que ele se transformou. E isso serve de lição, de exemplo para aqueles espíritos também procurarem se esclarecer.
De maneira que a mediunidade não pode ser encarada assim, como provação. A provação se dá tanto através da mediunidade como fora dela. Por exemplo, pessoas que nunca foram médiuns, que não são médiuns, de repente se mostram obsedadas, perturbadas por influenciações espíritas. Precisam recorrer a um centro, submeter-se a trabalhos para que aquelas entidades perturbadoras sejam afastadas. Afastadas não no sentido do exorcismo, expulsas do indivíduo, afastadas para longe dela por um processo mágico, que vem da mais remota antiguidade. Não! Afastadas no sentido do esclarecimento, da reconciliação. Foi por isso que Jesus disse no evangelho: acerta o teu passo com o teu companheiro enquanto estás a caminho com ele. Quando nos encontramos a caminho aqui na terra com pessoas que nos são adversárias, que não gostam de nós, que nos prejudicam, que nos perturbam. Ou com espíritos que nos perturbam, o que nós temos de fazer é acertar o passo com elas enquanto estamos a caminho. Porque senão nós estamos protelando uma situação que virá mais tarde em outra encarnação nos perturbar de novo. A lei portanto é geral e não faz discriminações, não dá privilégios a ninguém. O fato do indivíduo ser médium não é um privilégio especial, é uma conquista dele. Ele desenvolveu a sensibilidade mediúnica, a sua capacidade de percepção extrassensorial, como hoje se diz em parapsicologia. E este desenvolvimento lhe proporciona como recompensa de uma conquista por ele realizada na sua própria evolução. Lhe proporciona a possibilidade melhor de tratar da solução dos seus problemas anteriores. É nesse sentido que o senhor deverá compreender essa questão.
Pergunta 2: Livros que devem ser consultados, no estudo da Parapsicologia
Locutor - Minha segunda pergunta professor, versa sobre o assunto do qual considera o senhor como uma das grandes autoridades no assunto atualmente. Há algum tempo atrás tive um impulso pelo estudo da parapsicologia e agora este desejo de estudar parapsicologia volta-me à mente, só que com mais profundidade. Estando ciente de que a Parapsicologia está atingindo grandes proporções no cenário científico atual, venho até a sua pessoa pedir uma orientação quanto ao caminho que devo trilhar. Meu desejo é poder estar à altura dos acontecimentos atuais. Minha intenção é de pedir auxílio quanto à bibliografia que devo consultar para obter conhecimentos básicos.
JHP - O problema da Prapsicologia está muito mal colocado entre nós em virtude das explorações que se fazem nesse campo. Como todas as ciências novas a Parapsicologia está sujeita a exploração de charlatães. De pessoas que na verdade não tem competência para ensinar parapsicologia, mas se propõe a fazê-lo na esperança de obter lucros materiais, lucros financeiros. Nós sabemos que o Brasil está cheio de professores de parapsicologia. Entretanto a verdade mesma é a seguinte. Nós não temos no Brasil nenhum parapsicólogo, nenhum parapsicólogo. Nós temos apenas pessoas que estudaram parapsicologia por conta própria, mas não se diplomaram em trabalho parapsicológico em nenhuma faculdade. Porque nenhuma das nossas universidades se deu ainda ao trabalho de instalar uma cadeira de parapsicologia. Nós estamos atrasados mais de quarenta anos em face das universidades europeias e mesmo das americanas, inclusive aqui das argentinas, onde tanto em Buenos Aires como em Mar Del Prata existem cadeiras de parapsicologia. O nosso atraso é grande nesse terreno. Então nós não temos praticamente nenhum parapsicólogo no Brasil. O parapsicólogo é o indivíduo que se formou em parapsicologia e que defendeu tese a respeito e que faz pesquisas. Mas pesquisas não individuais, sozinhas, solitárias, no seu gabinete, por conta própria e sim pesquisas em equipe, em grupo, num instituto ou numa faculdade onde possa realmente comprovar aquilo que pesquisou demonstrar a sua realidade.
Ora sendo assim, muita gente pensa que estudar parapsicologia é somente comprar, como o senhor está pensando, uma série de livros, ler e pronto. Não, não é assim. Antes de mais nada, a parapsicologia não é uma ciência independente.
A parapsicologia é um ramo da psicologia, é o último ramo do desenvolvimento das ciências psicológicas. Então a pessoa para conhecer realmente parapsicologia, primeiro precisa conhecer psicologia. É preciso um estudo metódico, sistemático de psicologia, um aprofundamento no assunto, para depois poder lidar com os problemas parapsicológicos. Como nós sabemos a palavra parapsicologia quer dizer, ao lado da psicologia. O prefixo para é um prefixo grego que quer dizer paralelamente ou ao lado. Ora, ao lado por quê? Porque há além da zona de fenômenos psicológicos estudados pelas várias escolas de psicologia, além desses fenômenos existe uma outra zona. Uma zona de fenômenos que eram até agora desprezados pela ciência, que eram atribuídos apenas ao campo do mistério, colocado no campo do sobrenatural ou no campo patológico. Quando o indivíduo tinha uma percepção extrassensorial, uma vidência, uma visão, ou coisa semelhante. De duas uma, ou o psicólogo dizia que este indivíduo estava alucinado, que estava perturbado mentalmente. Ou uma pessoa religiosa diria que ele estava recebendo uma revelação divina. Ou ainda poderia um sacerdote dizer que essa pessoa estava sendo assediada pelo diabo.
De maneira que essa zona é uma zona mais sutil do que aquela dos fenômenos psicológicos comuns que correspondem aos nossos processos de vida tanto no estado de vigília como no estado de hipnose ou de sono. Esta zona de fenômenos paranormais é uma zona mais sutil que exige maior aprofundamento do conhecimento e maior rigor da pesquisa para podermos chegar a conclusões. Ora sendo assim, ninguém pode invadir o campo da parapsicologia por assim dizer, como um escoteiro que entrasse num acampamento qualquer pretendendo dominar o conhecimento de um ciclo superior do escotismo. É necessário que a pessoa, primeiro se prepare psicologicamente. Assim se o senhor quer realmente dedicar-se ao estudo da parapsicologia, o senhor tem, para fazê-lo com certeza e com eficácia, o senhor tem de fazer um curso de psicologia numa faculdade. Um curso de psicologia que o preparará para então o senhor poder realmente lidar com os conceitos e todos os demais problemas relacionados com a pesquisa parapsicológica e a interpretação dos fenômenos parapsicológicos. Sem este curso prévio de psicologia, o senhor não estará apto a estudar parapsicologia.
Quem quer saber pergunta. Mande suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã, Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Ouças as respostas e se for o caso conteste-as. Estamos no ar para dialogar, não sustentamos dogmas, só queremos a verdade.
Diálogo no Limiar do Amanhã. Você estará com a verdade? Ou Nós?
Pergunta 3: Todos temos data certa para morrer, inclusive os animais?
Locutor - Professor, escreve a ouvinte Cecília Simões, desta capital, perguntando. Primeiro, todos, inclusive animais, tem data certa para morrer?
JHP - Não! Este problema da data certa para morrer é um problema que evidentemente consta, por exemplo, da crença popular. Mas nós não podemos dizer que as datas são sempre certas. Acontece o seguinte. Do nosso ponto de vista as datas não têm essa exatidão, esse rigor absoluto. Porque nós não sabemos, não conhecemos o processo pelo qual se desenvolvem as vidas e as consequências que levam estas vidas a um final, seja ele orgânico ou seja ele, acidental. Assim, o problema de se fixar uma data exata para a morte, seja de uma planta, de um animal, de uma criatura humana, é um problema que escapa inteiramente as nossas possibilidades de conhecimento. Entretanto nós sabemos que todos nós temos um destino e que este destino tem muitas vezes um ponto final fixado. Este ponto final, entretanto, segundo a doutrina espírita nos ensina, este ponto final pode ser modificado, pode ser alterado de acordo com o comportamento da criatura na vida. Não quer dizer com isso que o comportamento da criatura possa sempre alterar esse ponto, mas que pode às vezes se alterar. E por isso mesmo é que nós dizemos que não existe uma data fixa, decisiva.
No tocante aos animais, como nós sabemos, e também no tocante aos homens, o final da vida seria naturalmente produzido pelo desgaste do organismo. As forças vão se exaurindo com a idade, com o avanço do tempo, o desgaste natural do organismo humano levaria o indivíduo a contrair, em virtude do seu próprio enfraquecimento, uma doença qualquer ou mesmo a falecer por simples esgotamento das suas potencialidades vitais. Mas sabemos que existem os desastres, existem os acontecimentos imprevistos que podem matar uma pessoa, inclusive uma doença súbita. Nestes casos nós acreditamos que as pessoas estejam submetidas a um processo que as leva fatalmente ao fim de uma existência. Que nos parece às vezes um fim prematuro, mas que na verdade está enquadrado no esquema do seu próprio destino. Mas não podemos dizer que exista assim uma data certa, marcada, definitiva, para o fim de cada um de nós.
Pergunta 4: Para onde vai a alma de um animal, se é que eles têm alma?
Locutor – Segundo. Para onde vai a alma de um animal, se é que eles têm alma.
JHP - Sim, tudo tem alma. O que é que não teria alma? Nós geralmente confundimos o problema da alma com a alma humana. É claro que o animal não tem alma humana. A alma humana é uma conquista muito grande da evolução, mas o animal tem alma de animal, a planta tem alma de planta. A palavra alma vem do latim. Quer dizer, aquilo que anima, é a palavra latina anima. Aquilo que anima, aquilo que dá movimento, que dá vida a uma coisa. Assim nós dizemos, por exemplo, que um objeto que é movido pela eletricidade, um aparelho qualquer, a eletricidade é a sua alma porque a eletricidade que o movimenta. Desta maneira todas as coisas tem alma, a planta que nasce, cresce, se desenvolve, dá flor e dá fruto. Ela revela que realmente possui um poder interior que a faz viver, que a anima, que lhe proporciona a possibilidade de se desenvolver e de produzir. A planta, portanto tem alma. Esta alma no Espiritismo é considerada o princípio vital. E ao mesmo tempo está ligado aquilo que é fundamento do próprio princípio vital que é o princípio inteligente. Nós já podemos sentir nas plantas o desenvolvimento, assim em fases ainda primárias da inteligência. Nós sabemos que as plantas tem a possibilidade de captar a luz, transformá-la, produzir com a luz os elementos necessários para a sua própria vida. Sabemos que a planta mergulha suas raízes no chão, que essas raízes vão procurar a água onde ela estiver. Sabemos que a planta se volta no processo de tropismo para a luz, onde a luz estiver. Se nós tivermos uma planta num canto da sala, ela logo se volta para a janela, vai procurar a luz. Ora, tudo isto indica que existe não apenas um movimento puramente mecânico na planta, mas uma intenção, uma busca, uma direção, uma orientação. Ora, assim sendo nós temos de reconhecer que existe na planta, não apenas a movimentação, a motilidade que ela revela, mas também a sensibilidade. A planta é muitas vezes sensível. Sensível ao frio, sensível ao calor, sensível à transformação do tempo, à sucessão das estações. Ela varia de acordo com as estações e ela reage às condições da atmosfera e assim por diante. Ora, essa planta, portanto revela possuir um elemento íntimo que além da matéria que a constitui, corresponde realmente a uma coisa chamada alma.
Pois bem. Nas pesquisas atuais dos físicos e biólogos soviéticos na Rússia, nas pesquisas atuais com a anti-matéria, eles chegaram a verificar e a fotografar através das câmeras Kirlian, a alma das plantas. Verificaram que toda planta não se constitui apenas do seu caule material e da sua estrutura material. Mas que dentro dessa estrutura existe uma corrente energética. Uma corrente de energias ainda não suficientemente definida, mas já fotografada pelas câmaras Kirlian e já vistas por aqueles que as fotografaram, nos estudos e nas pesquisas de laboratório realizadas na Universidade de Alma Ata, no Cazaquistão. Pois bem, ficou assim provado de maneira material, através das pesquisas de cientistas materialistas, que as plantas têm um elemento que nós só podemos chamar de alma, porque é este elemento que lhes dá a vida, que as anima.
O mesmo processo dirigido ao animal deu prova semelhantes. O animal também possui um corpo energético. Este corpo energético do animal é que mantém a sua vida. Quando o animal morre, este corpo energético se desprende dele. E o corpo material se cadaveriza, vira apenas um resíduo do que era o animal. Da mesma forma acontece com o homem. As pesquisas dos biólogos e físicos soviéticos verificaram também, provaram também a existência daquilo que eles chamaram o corpo bioplasmático do homem. E por que deram este nome de corpo bioplasmático? Porque quando usaram a palavra “bio”, eles estavam se referindo à vida. Bio é vida, como nós sabemos a biologia é o estudo da vida. Assim, portanto, quando eles deram o nome de bioplasmático, deram para definir duas funções importantíssimas deste corpo energético do homem. Primeiro ele é o corpo da vida, ele é o corpo energético, o corpo sutil. O corpo não propriamente material que Rhine por exemplo chamaria de extra físico, que anima o corpo material. Então ele é o corpo da vida por isso ele é bio. E plasmático por quê? Porque esse corpo é que plasma, que organiza, que forma o corpo humano. Então estamos diante daquilo que no Espiritismo nós chamamos de perispírito. O perispírito no Espiritismo corresponde aquilo que o apóstolo Paulo, na primeira epístola aos Coríntios, chamou e definiu muito bem como sendo o corpo espiritual do homem. Este corpo espiritual do homem é que dá vida ao corpo material. E este corpo não somente dá vida como organiza o corpo material.
Os soviéticos nas suas pesquisas, não obstante o seu materialismo de estado, não obstante estarem ainda interessados em provar que tudo isto se passa no campo da matéria, que não há espírito. Eles chegaram à conclusão científica definitiva de que este corpo bioplasmático é a alma do homem, no sentido de um elemento que anima o homem. E mais do que isso, eles tiveram a oportunidade de verificar nas suas últimas experiências de que temos notícias. Principalmente pelo livro famoso das duas pesquisadoras, uma, norte-americana e outra, canadense, Sheila Ostrander e Lynn Schröeder que escreveram um livro sobre as pesquisas realizadas na União Soviética. E inclusive reproduzindo entrevistas que tiveram com cientistas que descobriram o corpo bioplasmático do homem.
Eles entenderam então que o homem na verdade possui um conteúdo que até agora a ciência não conhecia. E consequentemente este conteúdo que existe também no animal e existe na planta, representa um elemento que precisa ser estudado e descoberto em sua natureza e em suas leis pela ciência. Este é por assim dizer, o ponto alto da investigação científica no momento e vem nos provar aquilo que até agora era uma disputa puramente religiosa. O animal tem alma ou não tem? A planta tem alma ou não tem? O Espiritismo desde meados do século passado vem proclamando que todas as coisas têm alma, porque nada existe apenas como matéria. Onde existe matéria, existe também o espírito que anima a matéria. Assim tudo quanto nós conhecemos com vida tem alma. Mas uma é a alma da planta, outra a alma do animal e outra a alma do homem. A distância entre a alma do animal e a do homem está na razão. O animal tem pensamento como nós temos, mas o animal é dirigido pelos seus instintos e não pela razão. Por outro lado o pensamento do homem é criador, o do animal não é. O animal tem um pensamento repetitivo. Através dos séculos e dos milênios as espécies animais repetem sempre as mesmas formas de vidas, as mesmas organizações sociais em que os insetos, chamados insetos sociais e os animais também que tem organização social, conseguem realizar. Essas estruturas sociais não variam, são sempre as mesmas através dos tempos porque o animal não tem pensamento criador. O animal não cria cultura, não cria civilização. O grande poder do homem, que o faz semelhante a Deus, não é o fato dele ter um corpo mais bem organizado do ponto de vista humano, do que os animais. É o fato de ele possuir o pensamento criador, o poder de criar pelo pensamento. Essa é a grande diferença, a grande distância que existe entre a alma do animal e a alma do homem. Mas os animais tem alma.
Pergunta 5: O que posso fazer para aplacar o meu remorso?
Locutor - O que posso fazer para aplacar o meu remorso?
JHP - Sim, a senhora tem um remorso. Eu li na sua carta que a senhora pôs o seu cachorrinho na rua certa noite, em virtude do cachorrinho estar muito inquieto e seu marido haver batido nele. A senhora o pôs na rua para que o cachorrinho se aquietasse. Mas a senhora sabia que a rua era perigosa e mal o soltou dali a pouco bateram a sua porta para avisar que o cachorrinho estava morto, havia sido atropelado. Então a senhora ficou com remorso. Não há dúvida. Mas a senhora não deve também cultivar esse remorso. A senhora tem naturalmente um sentimento que é natural a todas as pessoas sensíveis, de haver atirado o seu cachorrinho a morte sem ter essa intenção. A sua intenção era apenas de resolver uma situação familiar. De não criar problemas com o seu marido e também de não submeter o cachorrinho a novas surras, certamente.
Assim sendo a sua intenção foi boa e o seu remorso deve ser atenuado por isso. A senhora quer saber através de suas perguntas se o seu cachorrinho estaria em condições, portanto, de saber no mundo espiritual que a senhora fez isso, que a senhora foi responsável pela sua morte. O cachorro não tem a capacidade mental do homem. Ele passa pelas coisas com a naturalidade com que os animais passam por todas as coisas. Eles não refletem sobre as coisas como nós refletimos. Ele não saberá que a senhora foi a culpada da sua morte. A senhora pode abrandar o seu remorso que isso lhe fará muito bem.
Pergunta 6: Poderiam os animais vingar-se de alguém?
Locutor - Existiria no conceito espírita professor, formas de vingança do espírito de um animal? Explicando-me melhor, poderia ele no seu estado procurar vingar-se de mim?
JHP - Não, não existe isso. Já lhe disse que o cachorrinho não tem a capacidade mental que tem o homem. Ele não pode avaliar que a senhora o pôs na rua e que em consequência deste fato ele morreu. Ele sabe apenas, ele sente apenas, percebe apenas que ele morreu porque foi acidentado. Mas ele não vai remontar às causas porque ele não tem pensamento reflexivo para isso. E não tem nenhuma possibilidade de atuar sobre as criaturas humanas. Porque a ligação do espírito livre do corpo com o espírito encarnado, só é possível por semelhança, por similitude. E não há semelhança entre o espírito do animal e o espírito do homem.
Quem quer saber pergunta. Mande as suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã. Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Ouça as respostas e se for o caso conteste-as. Estamos no ar para dialogar. Não sustentamos dogmas, só queremos a verdade. Ouça o recado para você no final do programa, logo após a explicação evangélica. Há nele uma pergunta, responda-a por escrito e ganhe um livro que o ajudará na busca da verdade.
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O evangelho de Jesus em Espírito e Verdade.
Abrindo o evangelho ao acaso, encontramos o seguinte. Segunda Epístola de São Paulo a Timóteo, 1: 15-18.
“Tu sabes isto. Que me abandonaram todos os que estão na Ásia, do número dos quais é Fígelo e Hermógenes. O senhor use de misericórdia para com a família de Onesíforo, pois ele muitas vezes me consolou e não teve vergonha das minhas cadeias. Antes quando veio a Roma me procurou diligentemente e me achou. Que o senhor lhe conceda a graça de achar misericórdia diante do senhor naquele dia. E quanto serviço prestou em Èfeso. Melhor o sabes tu.”
JHP - Vemos aqui nesta passagem da Segunda Carta de Paulo a Timóteo. Vemos a lembrança que Paulo tinha, das situações difíceis que foram criadas para ele desde o momento em que resolveu deixar o judaísmo e tornar-se um discípulo de Jesus Cristo. Ora, tomando essa decisão Paulo se arriscava naturalmente a sofrer a ira dos judeus. Mas aconteceu para ele aquilo que ele não podia esperar. È que os seus próprios companheiros de cristianismo, aqueles mesmo que o iriam acompanhar mais tarde nas suas pregações e nos seus trabalhos. Eles também temeram quando viram as perseguições imensas que caiam sobre Paulo. Paulo não era perseguido apenas pelos judeus, porque os judeus em sua ligação com os romanos faziam com que também as autoridades romanas quisessem saber das condições em que Paulo atuava, como vivia e o que fazia. Pois qualquer suspeita de processos perigosos para o domínio romano no mundo, seria naturalmente um motivo para que Paulo fosse sujeito à prisão e submetido às condições necessárias pelas autoridades.
Ora, nós vimos então que Paulo se lamenta daqueles que se afastaram dele, daqueles que o abandonaram. Mas ao mesmo tempo lembra-se de Onesíforo. E vê que Onesíforo foi o amigo fiel, foi o companheiro leal, aquele que não teve medo das prisões de Paulo, que o acompanhou e que foi mesmo procurá-lo em Roma. Em Roma, onde nós sabemos que Paulo foi enviado como prisioneiro. Sabemos que ele preso na Palestina e submetido a várias formas de julgamento, entretanto acabou apelando para César porque era cidadão romano. E como cidadão romano, ele tinha o direito de ser julgado por César e não apenas pelas autoridades provinciais da Palestina. Ao fazer esse apelo Paulo foi remetido a César e então era prisioneiro de César. Onesíforo não temeu visitar Paulo, procurou-o e achou-o, segundo Paulo nos diz. Encontrou-o para animá-lo, para conversar com ele, para pôr-se a seus serviços se necessário, para qualquer atendimento, para qualquer providência nos meios cristãos.
A coragem de Onesíforo fica assim nesta carta de Paulo a Timóteo como um exemplo daquele comportamento superior que muitos cristãos primitivos do tempo do apostolado de Paulo tiveram em vida. Souberam enfrentar todos os problemas com coragem porque confiavam em Cristo. Eles confiavam em Jesus, eles sabiam que a propagação do cristianismo era mais importante para o mundo do que a segurança pessoal de cada um deles. É claro que nem todas as pessoas tem esta disposição. Nem todas as pessoas chegam a esse ponto de evolução espiritual para tomarem a atitude que Onesíforo tomou. Mas o importante disto é ver que Paulo na sua prece, na sua rogativa, pede a Timóteo que também se interesse por Onesíforo. E que suplique também em favor de Onesíforo, pois ele, Paulo, vai orar e está orando, pedindo ao senhor que dê a esse homem valente, esse homem bravo, corajoso, a assistência de que ele e sua família necessitam. É um momento realmente tocante da história cristã em que nós vemos não só a abnegação de Paulo no tocante ao cristianismo, mas a sua compreensão dos problemas do apostolado e a sua firmeza absoluta na fé.
A Rádio Mulher tem um recado para você.
Não há mal que sempre dure, nem diabo que sempre se ature. Não há espírito mal que não seja vencido pelo amor e a paciência dos homens. Você acha que o amor e a paciência de Deus não venceriam um anjo rebelado? Repetimos. Você acha que o amor e a paciência de Deus não venceriam um anjo rebelado?
No Limiar do Amanhã, a luz da verdade esclarece os homens.