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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.


No Limiar do Amanhã. Um desafio no espaço.
 
A lei geral do universo. A lei suprema que tudo governa e dirige com absoluta precisão, chama-se 'evolução'. Desde as mais ínfimas camadas do reino mineral até o esplendor dos espíritos sublimados, tudo evolui, nada permanece estático. Mesmo aquilo que nos parece imóvel, estagnado em sua forma através dos milênios, está evoluindo num ritmo que escapa aos nossos sentidos.  Evoluir, progredir. Essa é a voz de comando.
 
A evolução não se processa em linha reta mas em forma de espiral. Por isso o movimento básico do universo é o giro.  A rotação em círculos crescentes que se abrem para o infinito. Um falcão girando em torno de uma torre, segundo a imagem do poeta Rainer Maria Rilke. Eis o símbolo mais apropriado do processo evolutivo.
 
Do grão de areia no deserto até uma estrela no céu. Do átomo invisível até a inacessível galáxia. Tudo gira no universo. Num constante impulso para o alto. Deus é a inteligência suprema, que comanda essa infinita ascensão. E o homem? O que é o homem? Esse bicho da terra tão pequeno, como escreveu Camões?
 
O homem nasce, vive e morre. Tudo passa e nada subsiste. Vaidade das vaidades. Tudo é vaidade. Como lemos no Eclesiastes. Mas quando aprendemos que tudo renasce, desde a relva no campo até as gerações humanas e as estrelas no céu. Então compreendemos que as vidas sucessivas no processo da reencarnação nos revela um ritmo grandioso da evolução humana. Do homem das cavernas até o homem moderno, a espiral da evolução se apresenta bem nítida à nossa visão espiritual.
 
Por isso Jesus ensinou a Nicodemos. É preciso nascer de novo, nascer da água e do espírito. A ressurreição da carne é o renascimento da alma num novo corpo, a sua reencarnação. A carne é sempre a mesma, pois se dissolve na terra e volta-se constituir na matéria dos corpos através das gerações. O espírito é o homem que se renova sem cessar, elevando-se a Deus.
 
No Limiar do Amanhã. Um programa desafio. Produção do grupo espírita Emanuel. Transmissão 167- 4° ano.
 
Locutores: José Pires e Jurema Iara. Sonoplastia: Antonio Brandão. Técnica de som: Valdir Pacheco. Direção e participação: Professor Herculano Pires. Gravação dos estúdios da Rádio Mulher, São Paulo. Todas as semanas neste dia e neste horário este programa é transmitido pela Rádio Mulher, 730kHz, São Paulo. Pela Rádio Morada do Sol, 640 kHz, Araraquara. E pela Rádio Difusora Platinense, 780 kHz, Santo Antonio da Platina, Paraná. Todas as semanas, neste dia e neste horário.
 
Diálogo no limiar do amanhã, uma busca radiofônica da verdade. Todos queremos a verdade, mas nem todos temos coragem de enfrentá-la. A busca da verdade exige espírito aberto e coração livre de paixões.
 
Pergunta 1: Por que os espíritas se interessam tanto pela cura dos casos de loucura?
 
Locutor
– Professor, o ouvinte José Marques Rabelo de são Caetano, pergunta. Primeiro. Por que os espíritas se interessam tanto pela cura dos casos de loucura?
 
JHP – Os espíritas se interessam bastante pela cura dos casos de perturbações mentais, de loucura, porque sabem que nestes casos, geralmente o que predomina é a influenciação de entidades perturbadoras. É este o motivo por que os espíritas se interessam. E também porque sabem que em virtude de serem estas influenciações, o motivo principal dessas perturbações, acontece que muitas vezes as pessoas perturbadas, submetidas a todos os tratamentos que não atingem este problema, ela continuará perturbada. Então existe da parte dos espíritas uma grande responsabilidade nesse sentido. Se nós sabemos que o motivo principal é aquele e que podemos socorrer as pessoas atingidas por essa perturbação, é evidente que temos uma responsabilidade. Por isso mesmo, nós dispomos hoje só aqui no nosso Estado, de nada menos de 32 hospitais psiquiátricos espíritas que estão prestando um grande, um imenso serviço à toda a população do Estado, e encaminhando muitos casos que pareciam terrivelmente complicados, à soluções mais fáceis, através do auxilio espiritual que é dado aos doentes nesses hospitais.
 
 
Pergunta 2: Por que os espíritas não creem nos santos e nos anjos?
 
Locutor
– Por que os espíritas não creem nos santos e nos anjos?
JHP - Os espíritas crêem nos santos e nos anjos. Apenas não crêem no sentido determinado pela sistemática das igrejas. Os anjos para nós são os espíritos altamente evoluídos. Por exemplo, na doutrina espírita diz-se o seguinte. Existe o reino animal na terra. E após o reino animal, existe o reino hominal, que é a humanidade. Mas além do reino hominal, além da humanidade, existe o reino angélico, o reino da angelitude. Todo homem, toda criatura humana, candidata-se na sua evolução terrena, às condições angélicas. O anjo é o espírito purificado. Não é um anjo de asas, de túnica comprida e assim por diante, nem de estrela na testa. É simplesmente um espírito evoluído, um espírito que atingiu a superação das condições materiais do homem terreno. 
 
Atingindo esta superação, ele se libertou de uma porção de inferioridades e se transformou naquilo que as religiões chamam de anjos.  Assim, acreditamos e bastante. Acreditamos certamente, positivamente na existência dos anjos, mas nesta condição. Não como criaturas criadas à parte da humanidade e em luta com a humanidade, como nos apresenta a teologia de várias igrejas. Não. O espírito evoluído é o anjo. O anjo é o espírito evoluído.  Por isso o apóstolo Paulo dizia que os anjos são mensageiros, simplesmente mensageiros. E que toda lei nos foi dada pelos anjos. A lei de Moisés, por exemplo, ditada à Moisés no monte Sinai, foi ditada por espíritos. As religiões interpretam que foi ditada pelo próprio Deus. É preciso lembrar que na antiguidade os espíritos eram considerados Deuses. Então quando um espírito se manifestava para orientação de um povo, ele dizia "eu sou o vosso Deus". Na verdade ele queria dizer, "eu sou o vosso espírito guia". E o apóstolo Paulo reconhece isto nas suas epístolas e nos ensina precisamente isso. Então compreendemos bem a nossa posição no tocante a anjos.
 
Quanto aos santos, para nós existem os santos. São os homens que se santificaram pelas suas atitudes, pelo seu comportamento na vida terrena, pela dignidade da sua vida moral, pela sua espiritualidade e pelos altos serviços prestados à humanidade. Consideramos estes espíritos, como espíritos bons, espíritos benevolentes, espíritos que assistem ainda as criaturas humanas no plano espiritual em que se encontram, atendendo aos nossos rogos, as nossas súplicas, as nossas preces. Só que não seguimos naturalmente a sistemática das igrejas.  Muitos espíritos que não são considerados santos pelas igrejas, nós os consideramos santos, porque eles o têm demonstrado através das suas atividades pela mediunidade, que realmente possuem poderes de uma verdadeira santificação.  São dotados de grande bondade, de grande clemência, de misericórdia para com as criaturas humanas e estão prontos a doação de si mesmos para servir à todos. Então são santos também. Acreditamos nos santos.
 
 
Pergunta 3: Evocação dos mortos: devemos perturbar a paz dos mortos?
 
Locutor
– Por que os espíritas professor, evocam os mortos se a bíblia proíbe essa evocação? O senhor não acha que não devemos perturbar a paz dos mortos?
 
JHP - Acontece que os mortos perturbam quase sempre a paz dos vivos. Não somos nós que vamos perturbar a paz dos mortos. As manifestações espíritas têm uma história. E tem mesmo uma linha de experiências e de pesquisas que as integram no campo da antropologia cultural. As manifestações espíritas são fatos culturais. Elas vêm desde as épocas primitivas dos homens das cavernas até os nossos dias.  Toda história humana, toda cultura humana está impregnada de fatos referentes a essas manifestações. Quando estudamos, por exemplo, a mitologia clássica greco-romana, nós encontramos ali as manifestações dos espíritos, através das pitonisas e através dos oráculos. E vemos que exerceram influência enorme. Sabemos por exemplo que Sócrates, o grande filosofo grego, o fundador da filosofia moral. Sócrates consultava o oráculo de Delfos e ouvia ali o Deus Apolo que era um espírito que se manifestava através do oráculo. Mas sabemos mais. Que Sócrates dizia ter um demônio que o acompanhava.  A palavra demônio, que vem do grego, daimon, não quer dizer absolutamente diabo, quer dizer simplesmente espírito. Então para os antigos haviam os maus demônios e os bons demônios, como para nós hoje existem os bons espíritos e os maus espíritos. Era uma realidade que se constatava naquele tempo.
 
Ora, nós então vemos que as manifestações espíritas existem desde que o mundo é mundo, desde que o homem é homem. Nós vivemos em ligação com os espíritos. Eles interferem na nossa vida. E nós vamos dizer que não queremos perturbar a paz dos mortos e aceitar que as perturbações espíritas se espalhem no meio social, invadam a sociedade e perturbem as criaturas? Não. Nós não evocamos os espíritos para perturbá-los. Nós os atendemos, porque eles procuram os médiuns. Eles querem falar conosco. Nós os atendemos e socorremos através do esclarecimento espiritual de que eles necessitam e com a colaboração dos santos e dos anjos, que são os espíritos bons e os espíritos puros que assistem aqueles espíritos necessitados. Servindo-se também dos préstimos das pessoas de boa vontade, que se colocam à disposição deles para o trabalho mediúnico.
 
E onde o senhor viu condenação do Espiritismo na bíblia? Ou condenação da evocação dos mortos? O senhor encontra naquele famoso capitulo do Deuteronômio, em que Moises condenou várias coisas. Inclusive a evocação dos mortos para fins utilitários. Veja lá bem. Evocar os mortos para fazer consultas, para querer descobrir tesouros e coisas semelhantes. Isto é que é condenado na bíblia. Mas isto é condenado também no Espiritismo. Nós não admitimos absolutamente esse tipo de evocações no Espiritismo. O que admitimos é o seguinte. Toda vez que nós pensamos numa pessoa falecida, nós já a estamos evocando.  Não há nenhuma cerimônia especial para evocar os mortos.  Os mortos recebem o nosso chamado telepático pelo pensamento. E nos atendem quando podem e quando querem porque eles são criaturas livres. São espíritos livres até mesmo da matéria. Então nos atendem quando querem, quando lhes convém ou quando eles acham que devem atender. Não há portanto nenhuma violação da paz dos mortos. E não há nenhuma violação dos preceitos bíblicos, porque na própria bíblia e nos evangelhos estão presentes os fatos mediúnicos em grande quantidade. 
 
 
Pergunta 4: O senhor não acha que distorce o evangelho quando quer adaptá-lo ao Espiritismo?
 
Locutor
– Professor, a última pergunta do ouvinte José Marques Rebelo. O senhor não acha que distorce o evangelho quando quer adaptá-lo ao Espiritismo?
 
JHP – Eu nunca quis adaptar o evangelho ao Espiritismo. E o que procuro demonstrar é que o Espiritismo está de pleno acordo com os princípios evangélicos.  Não se trata de uma adaptação. Quando a gente vai fazer uma adaptação força as coisas. Mas neste caso não é preciso forçar coisa alguma. O Espiritismo como bem ensinou Kardec brota da própria fonte evangélica. O Espiritismo é o cumprimento de uma promessa de Jesus. O senhor leia, por exemplo, no evangelho de João, a promessa do Consolador. E veja que a promessa do Consolador, do Espírito da Verdade, ou do paráclito, corresponde exatamente aquilo que o Espiritismo está realizando na atualidade terrena. Por que? Porque é  a promessa de Jesus que está se cumprindo. Jesus disse que rogaria ao Pai, à Deus, e que Deus mandaria aos homens o Espírito da Verdade, para conduzí-los à toda verdade.  Mas não disse só isto. Ele disse também o seguinte: Há muitas coisas que eu não posso vos dizer, porque não as compreenderíeis. Mas aquele Consolador, aquele Espírito da Verdade que virá, ele vos completará o meu ensino. Ele vos dirá aquilo que eu não pude dizer. Ele vos explicará essas coisas e vos conduzirá à toda verdade.
 
Então, vemos que é o esclarecimento das parábolas, dos ensinos alegóricos, de coisas que não podiam ser ditas com a clareza precisa naquele tempo porque não seriam entendidas.  E tanto é assim que levou dois mil anos, quase dois  mil anos para a humanidade se tornar capaz de compreender o problema espírita. Kardec esclarece isso muito bem no primeiro capítulo do seu livro, A Gênese. Ele diz ali, muitas pessoas perguntam porque o Espiritismo veio tão tarde, quase dois mil anos depois de Jesus? Então diz Kardec, não veio tarde, veio na hora precisa. Era necessário que a mente humana se desapegasse das superstiçãos do passado, das formas de magia primitiva. De todas aquelas coisas que imantavam o homem a um pensamente puramente mitológico, alegórico, simbólico e que não lhe permitiam ver a realidade com clareza. E esse processo, de desanuviar a mente do homem levou muito tempo. Foi necessária uma grande evolução cultural, que veio desde o mundo clássico greco-romano até os nossos dias. Passando como sabemos, pelo milênio medieval e depois pelo Renascimento, para chegar aos tempos modernos. E foi necessário o desenvolvimento da ciência. Porque como diz Kardec, enquanto não se desenvolveu no homem o pensamento científico, o critério científico de observar as coisas objetivamente, o homem não foi capaz de compreender o fenômeno mediúnico.
 
Veja-se na Idade Média. Na Idade Média, os conventos, as igrejas, os mosteiros, por toda parte se encheram de manifestações mediúnicas. Os médiuns não foram encarados entretanto como médiuns. Foram encarados como possessos, como indivíduos dominados por espíritos diabólicos, pelo próprio diabo. E foram condenados e mortos em grande quantidade. Porque a mente humana não era ainda capaz de encarar o fenômeno mediúnico, com objetividade, de maneira positiva. Encarava através de preconceitos religiosos, de ensinos provenientes de religiões já superadas do passado.  Foi necessário, portanto, esclarecer, arejar a mente humana, para que a verdade evangélica pudesse ser entendida. Então nós temos hoje no Espiritismo, o evangelho de Jesus em Espírito e Verdade. Temos aquele evangelho de que falava o apóstolo Paulo, o evangelho que liberta. Porque é o evangelho em espírito. Pois segundo diz o apóstolo, a letra mata e só o espírito vivifica. Os que se agarram à letra do evangelho ou à letra da bíblia, procurando dar à escritos que tem mais de dois mil e mais de quatro mil anos de idade. Dar interpretações atuais a esses textos, esquecidos de que é uma perspectiva histórica muito grande a ser estudada. Uma interpretação que deve se basear na investigação dos textos, das suas origens. Esquecidos de tudo isto, eles se apegam à letra que mata. Por que mata? Mata porque não revela o seu espírito.  O seu espírito está sufocado por uma interpretação errônea. Então é claro que a letra mata. Mas como disse o apóstolo Paulo, espírito vivifica. Quando nós compreendemos o sentido dos textos. Quando somos capazes de tirar da letra o seu espírito. Então o evangelho nos vivifica. E é por isso que nós espíritas nos batemos sempre pelo Espiritismo na sua forma de cristianismo redivido. Assim como houve a renascença do mundo clássico greco-romano na Europa, está havendo agora na América, a partir do Brasil, a renascença cristã. É o renascimento do cristianismo em Espírito e Verdade através do Espiritismo.
 

 
Pergunta 5: Existe cultura católica, cultura protestante e assim por diante?
 
Locutor
– Professor, o ouvinte Maximiliano Prado da rua José Bonifácio, São Paulo, pergunta. Ouço sempre o senhor falar em cultura espírita.  Mas a cultura não é uma só?  Então existe cultura católica, cultura protestante e assim por diante?
 
JHP – Existe mais do que isso. Se o senhor prestar atenção o senhor vê assim, que a gente diz: este moço tem uma grande cultura histórica. Aquele outro tem uma grande cultura médica. Este aqui tem uma grande cultura jurídica. Então o senhor vê que a cultura não é uma só. Há varias formas de cultura, numerosas formas de cultura. E existe realmente uma cultura católica. Mas dentro do catolicismo, existe também as subdivisões culturais. Por exemplo, uma cultura jesuítica, uma cultura dominicana e assim por diante. Existe uma cultura protestante, mas dentro do protestantismo existe também as subdivisões correspondentes aos vários aspectos da estrutura do protestantismo.
 
Ora, quando nós falamos em cultura espírita, nós falamos em dois sentidos. Primeiro num sentido geral. Porque a cultura espírita é aquela que está nascendo na terra, com base nos princípios do Espiritismo. É uma revolução cultural. Uma verdadeira transformação da cultura atual numa outra cultura. Assim como aconteceu com o cristianismo. O cristianismo nasceu dentro da cultura greco-romana, dentro portanto da cultura clássica de um mundo pagão.  Pois bem. Mas dentro desta cultura, ligada também a cultura judaica. Dentro dessa mistura de culturas, a grega, a romana e a judaica.  Nessa estrutura cultural do mundo clássico, o cristianismo nasceu com uma nova forma de cultura e criou um mundo novo. Este mundo novo é o mundo moderno que surgiu baseado não mais nos princípios da cultura grega, nem da romana, nem da judaica, exclusivamente, mas sim na orientação do evangelho de Jesus e com os subsídios culturais que vieram das outras culturas. Cada cultura é uma forma nova que herda das formas antigas os bons elementos. Cada cultura é uma nova síntese do pensamento humano, baseado nas experiências do passado e nas perspectivas do futuro que se abrem diante dela.
 
Assim como o cristianismo formou na terra uma nova cultura. E isto o cristianismo ainda formal, o cristianismo ainda é entendido apenas no plano da letra como dissemos ainda há pouco ao responder a outra pergunta. Apesar de baseado na letra, este cristianismo criou uma nova cultura, que é a cultura em que estamos vivendo. Mas o desenvolvimento cultural da própria cultura criada pelo cristianismo, acabou rompendo os limites da chamada civilização cristã. E nos deu o aparecimento de um tipo de cultura leiga, materialista, ateísta que predominou em nosso tempo. E justamente neste momento, surgiu na Terra aquilo que Jesus havia prometido. O Consolador, o Espírito da Verdade, numa reação espiritual para redevolver o homem aos seus limites dentro da concepção cristã, e não deixá-lo descambar para o terreno do negativismo árido, seco e destruidor. Então surgiu uma nova voz, a voz dos espíritos, a voz dos mortos. Não era mais a voz dos profetas, a voz dos anjos cantando nos céus. Mas era a voz dos espíritos falando através das comunicações mediúnicas e mostrando-nos o verdadeiro sentido das passagens evangélicas. Este sentido o senhor encontra lendo um livro muito popular que é O Evangelho Segundo o Espiritismo. Que muita gente diz: é o evangelho dos espíritas. Não, não é. O Evangelho Segundo o Espiritismo é o evangelho de Jesus interpretado de acordo com os ensinos do Espiritismo, de acordo com os ensinos dos espíritos superiores que se manifestaram à Allan Kardec. E não somente à ele, mas à milhares de pessoas no mundo daquele tempo. Ora, então o que nós chamamos de cultura espírita primeiramente é isto. É a nova cultura que está surgindo no mundo e que não é a cultura puramente tecnológica, materialista como pensam, mas a cultura espiritual.
 
Agora mesmo está aí, aquilo que a Enciclopédia Britânica em seu suplemento de ciências deste ano, chamou de psyquic boom. Quer dizer, explosão psíquica. A explosão psíquica no mundo, dentro da própria ciência. A ciência mesmo descobrindo a antimatéria e avançando através da antimatéria à descoberta do corpo espiritual do homem. Passando a estudar, como estão estudando os cientistas neste momento em laboratório, o fenômeno da morte. Examinando o moribundo que está morrendo na sua agonia, para ver o que se passa com ele em referência ao corpo espiritual e verificando positivamente que no momento da morte o corpo espiritual se desprende do corpo material e continua a viver. Então estamos aí vendo que dentro da própria cultura materialista, nós avançamos para uma nova era de compreensão espiritual que está surgindo e que é guiada por assim dizer, balizada pelos princípios fundamentais do Espiritismo. É isto o que chamamos no sentido geral de cultura espírita, a nova cultura que vai surgir no mundo que está surgindo agora. Mas também chamamos cultura espírita o conhecimento que uma pessoa tem do Espiritismo.  Este moço tem cultura espírita. É assim que nós podemos compreender as duas coisas.
 
 
Mande suas perguntas por escrito ao Programa No Limiar do Amanhã, Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Ouça as nossas respostas. Analize-as e conteste-as se for o caso. Isso é diálogo amigo ouviente e estamos no ar para dialogar.
 
Diálogo no limiar do amanhã. Quem estará com a verdade? Nós, você?
 
Pergunta 6: O espírito sai do corpo logo após a pessoa morrer?
 
Locutor
– Professor, o ouvinte José Rodrigues Lapa, de Osasco, pergunta. Primeiro. Quando uma pessoa morre o espírito sai do corpo no mesmo instante do ùltimo suspiro, ou demora para sair? Pergunto isso porque meu pai quando morreu, quase no mesmo instante foi visto por uma minha tia na casa dela noutra cidade. Isso é possível? 
 
JHP – Sim, isso é possível. É possível porque o espírito ao se desprender do corpo, ele o faz de acordo com a sua situação espiritual. As pessoas que demoram a se desprender do corpo, que ficam muito tempo apegadas ao cadáver, são aquelas que viveram uma vida intensamente material, o pensamento voltado sempre para as coisas materiais, pouco se preocupando com os problemas espirituais.  Então elas se sentem naturalmente apegadas aquilo, a que o seu pensamento esteve sempre voltado. É uma questão de hábito. E tem dificuldades em se retirar do cadáver. Mas pessoas já mais espiritualizadas, que não passaram a vida apenas para viver materialmente, mas souberam elevar o seu pensamento, souberam pensar em Deus, pensar que existe a outra vida. E souberam ser úteis ao próximo, souberam dar-se a si mesmos em beneficio dos outros, ao invés de quererem tudo para si. Estas pessoas geralmente saem com muita rapidez. Mal o corpo começou a perder a sua vitalidade, o espírito vai abandonando-o e sai com rapidez. E pode conforme o grau evolutivo que a pessoa atingiu no seu plano moral, ele pode logo imediatamente comunicar-se com pessoas distantes. No caso dessa sua tia por exemplo, foi, podia ter sido, não sei se foi, mas podia ter sido um aviso de morte. Porque geralmente os espíritos fazem isso.
 
É um dos casos que levou a parapsicologia atual a incluir no seu esquema fenomênico um novo tipo de fenômeno, chamado fenômeno teta. Fenômeno teta quer dizer, fenômenos relacionados com a morte. Porque teta é a oitava letra do alfabeto grego, com a qual se escreve morte em grego. Então os cientistas tomaram esta letra, como designativa deste tipo de fenômeno, os fenômenos principalmente de avisos de morte. Porque estes fenômenos foram comprovados exaustivamente pelas pesquisas parapsicológicas. Hoje, cientificamente, o aviso de morte é uma realidade, uma verdade. Então nós vemos que as pessoas que morrem, podem comunicar-se com outras à distância, mostrando a elas que morreram, dando um sinal.  E este sinal consiste em aparecerem ou em provocarem um fenômeno qualquer, como sejam a derrubada do seu retrato que está na parede. Ou um outro sinal qualquer que desperta na pessoa a idéia daquela pessoa que morreu e ao mesmo tempo a relaciona com um problema que ela precisa solucionar.  Ela vai saber o que aconteceu com a pessoa e aí descobre que morreu. De maneira que a manifestação de seu pai a essa sua tia é perfeitamente viável.
 
 
Pergunta 7: Uma criança, quando morre, pode se comunicar como adulto?
 
Locutor
– Uma criança quando morre, pode se comunicar como adulto?
 
JHP – A criança em geral quando morre é um espírito que veio passar por uma prova breve aqui na terra e voltou logo para o espaço. Nós sabemos que o espírito da criança não é uma criança, é um adulto. Entretanto ela está condicionada à situação de criança. Porque o espírito tem de nascer de novo, como disse Jesus, fazer-se pequenino para poder depois entrar no reino do céu. Então, ao fazer-se pequenino o espírito volta à condição infantil, recebe um novo corpo que ele tem desenvolver na terra. E através do qual vai realizar novas experiências, mas ele é um espírito adulto. Por isso nos diz O Livro dos Espíritos: “o espírito na infância aparece revestido com as vestes da inocência, com as vestes da inocência”. Ele não é realmente inocente, mas ele está vestido com as vestes da inocência porque ele está na sua situação ainda de espírito em desenvolvimento. E ele retoma a condição de criança, faz-se inocente, humilde, para dali poder avançar em direção ao futuro, desenvolvendo-se.
 
Assim uma criança quando morre, se ela por acaso retoma imediatamente, se o seu espírito é bastante evoluído que ela pode retomar imediatamente a condição de espírito adulto, ao abandonar a condição de corpo infantil, ela pode se comunicar como adulto. Mas, no geral não é assim que acontece. As crianças passam para lá e permanecem ainda durante um certo tempo até que se libertem do seu ergástulo psíquico, ou seja, do seu corpo espiritual que é ainda infantil, do seu perispírito, que é um condicionamento do espírito também. Enquanto ele não se liberta daquilo, continua se comunicando como criança. Se lhe for permitida a comunicação. Mesmo porque convém que o espírito se comunique na condição em que ele desencarnou para poder identificar-se perante os pais. Quando uma criança se manifesta como adulto, não pode dar elementos de identificação. Então o natural é comunicar-se como criança.
 
 
Pergunta 8: Pode um espírito para reencarnar num corpo que estava destinado a outro espírito?
 
Locutor
 – Terceira pergunta do ouvinte José Rodrigues Lapa. Uma pessoa que morre e quer se reencarnar em seguida, pode tomar o corpo que outro espírito estava destinado a tomar? Pergunto porque um meu amigo disse que leu isso num livro de cientista.
 
JHP – Ah sim, não há dúvida.  Existe num livro de cientista, mas é um absurdo. Os cientistas também cometem absurdos.  Existe um caso deste em uma teoria, no livro do professor Ian Stevenson, 20 Casos Sugestivos de Reencarnação. O professor Stevenson que é como sabemos diretor do departamento psiquiátrico de uma universidade norte-americana, ele não é espírita. Ele é um pesquisador parapsicológico. Ele investiga o problema sem ter o conhecimento doutrinário do Espiritismo. Mas do meu ponto de vista ele cometeu um erro também no sentido científico. Por que? Porque nós sabemos que o espírito e o corpo formam biologicamente uma unidade. Espírito e corpo são coisas unidas. O espírito, segundo nos ensina o Espiritismo e de acordo com o que psicologicamente se admite no campo das ciências, o espírito é um elemento ligado intimamente ao corpo, e é um elemento que atua no corpo para o seu desenvolvimento.  Ora, sendo assim, esta união de espírito e corpo é vital. Desde o inicio do desenvolvimento do gérmen para a formação do embrião, os dois elementos espírito e matéria estão interligados.  Há uma fusão entre eles, formando uma unidade. Ora, esta unidade não pode ser rompida ao gosto de qualquer espírito que pretenda se reencarnar, conquistando o corpo do outro, expulsando o outro dali para ele tomar o corpo. 
 
Isso é simples absurdo, isto é lenda. Isto vem de um passado lendário. Mas acontece que o professor Stevenson encontrou alguns casos de possessão, como ele denominou, e que realmente são possessão mas não como ele pensou. Ele pensou em possessão, o espírito se apossando do corpo do outro. Não é isto. É possessão no sentido espiritual. Um espírito que se apossou do outro, envolvendo-o, subjugando-o pelo pensamento. Mas não do corpo do outro. Não. De maneira que não existe isto.  Este problema de um espírito afastar o corpo de outro, afastar o outro espírito do corpo para ele tomar é absurdo. Como é absurdo aquela história de Lobsang Rampa. De que ele é um Lama do Tibet que veio tomar o corpo de um inglês que é ele mesmo. Ele que se diz o Lama do Tibet. Tomar o corpo do inglês que estava morrendo. É absurdo também.
 
 
Pergunta 9: É verdade que temos sete corpos? E que cada corpo corresponde a um dos nossos sentidos?
 
Locutor
- Professor, a ouvinte Isaura de Castro Meira, de Itu, pergunta. É verdade que temos sete corpos? E que cada corpo corresponde a um dos nossos sentidos?

JHP – Não. Esta teoria dos 7 corpos não tem correspondência com os sentidos. Os sentidos físicos, os sentidos orgânicos, os sentidos da percepção. Não. Os corpos, que segundo a teoria, uma indiana que é adotada principalmente pela Teosofia. Esses corpos corresponderiam a verdadeiros corpos referentes à faculdades, por assim dizer humanas. Por exemplo, a mente, a afetividade, a volição ou o poder de querer, não é. São corpos correspondentes então a vários aspectos da personalidade humana e não aos sentidos.  Mas isto é uma teoria que no Espiritismo não tem aceitação. No Espiritismo nós consideramos que esses corpos, constantes de uma tradição indiana e que é aceita pela Teosofia, esses corpos são apenas elementos estruturais do próprio corpo espiritual. Por exemplo, nós temos o nosso corpo material, revestido por aquilo que chamamos a epiderme, a pele.  Então poderíamos dizer que nós temos um corpo de pele? Temos nesse corpo material, um sistema vascular, um sistema de vasos, vasos sanguíneos, linfáticos.  Então poderíamos dizer que temos um corpo vascular? Temos também um sistema nervoso. Poderíamos dizer que temos um corpo nervoso? E temos um sistema ósseo. Poderíamos dizer que temos um corpo ósseo?
 
Quer dizer, do ponto de vista espírita, nós temos apenas 3 corpos. Ou melhor, temos 2 corpos. Porque nós somos, nós somos o  que somos.  Nós somos uma criatura, uma criatura de Deus, uma criatura espiritual. Então nós somos espírito. E como espírito nós somos a essência, a essência da nossa personalidade. Mas nós temos um corpo espiritual. Aquele corpo espiritual de que fala o apóstolo Paulo, na Primeira Epístola aos Coríntios. Nós temos um corpo espiritual que é o corpo com o que nós saímos do corpo material quando morremos. Ora, este corpo espiritual é portanto uma manifestação daquela essência espiritual que é a nossa personalidade. É uma manifestação nossa. Nós nos manifestamos num plano de matéria rarefeita através do corpo espiritual. Por isso o Espiritismo diz: o corpo espiritual é semi-material. Ele contém elementos materiais da matéria rarefeita, uma matéria sutil que escapa aos nossos sentidos físicos. Além deste corpo espirital, nós temos o corpo material que é o nosso corpo orgânico. Este é o corpo da nossa manifestação no plano denso da matéria. No plano da matéria grosseira em que nós vivemos aqui na terra. Assim, todos aqueles adendos que constituem os outros corpos, os setes corpos. Que também corresponde aquilo que os antigos chamavam os sete véus de Isis, da deusa Ísis, envolvida em sete véus.Tudo isto corresponde a aspectos do corpo espiritual. Quer dizer, a formas estruturais desse corpo, como as formas estruturais do corpo material que nós possuímos. Não é possível separar o corpo material em vários corpos. Não é possível do ponto de vista espírita dividir-se o espiritual em vários corpos.
 
 
Pergunta 10: A comunicação anímica não é também uma comunicação espírita?
 
Locutor
– Professor, o ouvinte Mário de Almeida Melo, da Rua Formosa, pergunta. Primeira. Uma comunicação anímica dada por um médium não é também uma comunicação espírita?
 
JHP – Sim, não há dúvida. É uma comunicação espírita porque é uma comunicação do espírito do médium. Aquilo que nós chamamos  comunicação anímica, é um fenômeno espírita bastante importante. Geralmente as pessoas que não conhecem bem o assunto, consideram o animismo uma espécie de praga no meio espírita. Estão enganadas. O fenômeno anímico é um fenômeno complexo e tão belo como o fenômeno espírita. Porque o fenômeno anímico consiste no seguinte. Nós temos o nosso inconsciente.  No nosso inconsciente estão as nossas personalidade do passado, das encarnações anteriores. Não estão formalmente. Estão num conjunto de experiências que nós vivemos em estados emocionais que nós vivemos e que ficaram no nosso inconsciente. Assim como temos, através da psicanálise a possibilidade de provocar a Catarse do inconsciente, trazer à luz estados emocionais traumáticos que ficaram no espírito da pessoa, da sua vivência infantil ou da sua adolescência. Assim também podemos através do processo anímico, provocar a Catarse mais profunda. Fazendo vir à tona do inconsciente da criatura, uma personalidade traumática do passado, um estado emocional que ela viveu no passado e que está influindo no seu comportamento atual de maneira inconsciente.
 
É o mesmo processo psicanalítico só que em maior profundidade. Assim, se um médium cai em estado de transe, mas não recebe uma entidade espiritual estranha. Ele manifesta através desta evasão do inconsciente para o consciente, ele manifesta as profundezas do seu próprio espírito, da sua própria alma.  Então este fenômeno é bastante importante. É um fenômeno de regressão psíquica a um estado anterior. E ao mesmo tempo, tem uma função benéfica, curadora para o individuo. De maneira que nós não classificamos como comunicação espírita, para não confundir com a comunicação de um espírito diferente do espírito do médium. Mas não deixa de ser, num sentido geral, uma comunicação espírita porque é o próprio espírito do médium que está se manifestando.
 
 
Mande suas perguntas por escrito ao Programa No Limiar do Amanhã, Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Ouça as nossas respostas. Analize-as e conteste-as se for o caso. Isso é diálogo amigo ouviente e estamos no ar para dialogar.
 
Temos um recado para você no final do programa, logo após a interpretação do evangelho. Há nele uma pergunta. Responda-a por escrito e ganhe um livro que o auxiliará na busca da verdade.
 
***
 
 
O evangelho do Cristo em Espírito e Verdade. 
 
Abrindo o evangelho ao acaso encontramos o seguinte. Lucas 22: 7-13.
 
“Chegou o dia dos pães ázimos, em que se devia imolar a páscoa. E Jesus enviou a Pedro e a João, dizendo: ide preparar-nos a páscoas para comermos. Eles lhe perguntaram: onde queres que a preparemos? Repondeu-lhes: Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem trazendo um cântaro de água. Segui-o até a casa em que ele entrar e dizei ao dono da casa. O mestre manda perguntar-te. Onde é o aposento em que hei de comer a páscoa com meus discípulos? Ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobiliado. Ali fazeis os preparativos. Eles foram e acharam como ele lhes dissera. E prepararam a Páscoa.”
 
JHP - Este trecho do Evangelho de Lucas nos apresenta um episódio bastante significativo na história do cristianismo.  Mostrando que Jesus não se desligou completamente das suas raízes judaicas, no desenvolvimento dos seus ensinos cristãos. E por que ele fez isso? Por que ele continuou por exemplo a celebrar a páscoa judaica?  Nós sabemos que a páscoa do judaísmo, correspondia ao momento de libertação do Egito. Quando os judeus se libertaram da escravidão do Egito. Ao atravessar o Mar Vermelho e penetrar no deserto do Sinai, os judeus celebraram a sua libertação, comendo os pães ázimos que eram pães sem sal. E com o cordeiro pascal, um cordeiro especial para comemoração do fato em homenagem a Deus, sacrificado para esse fim.  Ora, Jesus não se afastou disto. Ele sendo judeu, os apóstolos judeus. Ele funcionando por assim dizer como um rabi judeu, um mestre judeu. Ele tinha de se sujeitar às condições legais do tempo da sua religião. E muita gente confunde essas coisas, procurando levar para o lado do judaísmo certas questões que são puramente cristãs e devem ser colocadas em termos de cristianismo e não do judaísmo. Ele celebrou a páscoa porque ele tinha de integrar-se, de manter-se integrado na sua religião e no seu povo, a fim de comunicar a este povo as renovações que ele vinha fazer. Ele não vinha fundar uma nova religião. Ele vinha renovar, vinha refundir o judaísmo, alargar as perspectivas do judaísmo. É preciso compreendermos bem isto. Toda  cultura humana se processa assim. A ciência se renova continuamente. A física de Newton, por exemplo, está hoje completamente reformada. A partir de todo o trabalho de Einstein e de seus colaboradores e de seus similares, seus concorrentes no campo das pesquisas. E depois de Einstein nós tivemos ainda a revolução nova da física que se apresenta em nossos dias, com uma abertura de perspectivas para o mundo espiritual de maneira decisiva.  Quer dizer, a própria física, a ciência da matéria, penetrando no mundo espiritual. Tudo é uma seqüência, como diz O Livro dos Espíritos. Tudo se encadeia no universo, uma coisa provém da outra, tem raízes. Este episódio da páscoa nos mostra as raízes judaicas do cristianismo, a sua ligação íntima com o cristianismo. Jesus se portando como um mestre judeu que comemorava a páscoa. Depois de Jesus, depois do seu ensino, depois da sua morte, havendo-se criado uma espécie de cisão entre o judaismo e o cristianismo, com o sacrifício do mestre pelos judeus. Embora a responsabilidade legal da morte de Jesus fosse dos romanos, mas através dos judeus. Então nós vemos o cristianismo se libertar do judaísmo como um filho que se emancipou e se liberta do pai. Mas as raízes do cristianismo são judaicas.
 
Então nós vemos também o seguinte. A páscoa que era comemorada de maneira judaica passou a ser comemorada de maneira cristã. E foi o apóstolo Paulo o primeiro a proclamar isto. Que a páscoa dos cristãos não era a mesma páscoa dos judeus. A páscoa dos cristãos devia ser comemorada no dia da ressurreição do Senhor. A palavra páscoa quer dizer passagem. Se os judeus comemoravam a sua libertação na passagem do Mar Morto, do Mar Vermelho, perdão. Os cristãos entretanto deviam comemorar a sua libertação na passagem de Jesus através da morte, passagem essa que foi feita do mundo material para o mundo espiritual. Quando morremos nós passamos para a outra vida. A morte é uma passagem, como dizemos. E então no cristianismo se considerou-se assim: a morte é uma páscoa. A páscoa dos cristãos é a páscoa da ressurreição. Mas está ligada simbólica e historicamente à páscoa judaica. Assim, no processo sequente disto nós vamos para a concepção espírita que nos mostra a necessidade não de comemorarmos a páscoa, mas de compreendermos a páscoa. De compreendermos o problema da ressurreição como o problema mais importante e fundamental do cristianismo. Enquanto se admitiu até hoje nas igrejas que o problema fundamental foi o do sacrifício de Jesus. No Espiritismo consideramos de outro ponto de vista, que o fundamental foi a ressurreição de Jesus.
 
Chegou a hora do recado. Anote a pergunta e responda-a por escrito.
 
O diabo não anda à solta, como dizem por aí. O diabo está em nós mesmos.  Quando descemos ao inferno dos nossos instintos inferiores, nos transformamos no diabo. Cuidado amigo ouvinte, com os seus pensamentos e seus sentimentos, com as suas paixões.  Quem alimenta paixões inferiores se transforma em diabo e atrai para sua companhia, diabos e diabretes. Como devemos fazer para nos livrarmos do diabo?
 
No Limiar do Amanhã. Uma revoada de esperanças no céu aberto.

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