No Limiar do Amanhã: um desafio no espaço.
Março é o mês da morte e ressurreição de Allan Kardec. O grande missionário da Terceira Revelação tombou na sua trincheira de luta espiritual a 31 de março de 1869 em Paris. Mas todos ressuscitamos, como ensina o apóstolo Paulo em sua primeira epístola aos coríntios, porque todos possuímos o corpo espiritual que é o corpo da ressurreição. Kardec desvencilhou-se do invólucro material e ascendeu aos planos superiores do mundo etéreo em seu radiante perispírito, seu ascendente corpo espiritual.
É taxativa a afirmação do apóstolo Paulo em primeira coríntios: Se não há ressurreição de mortos então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé (capítulo 15, versículos 13-14). E é o mesmo apóstolo quem ensina no versículo 44 desse mesmo capítulo: Semeia-se corpo natural e ressuscita-se corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. O mito de Osíris, o deus egípcio que foi esquartejado e lançado à terra, mas ressuscitou dos mortos, não é a origem do dogma Cristão da ressurreição, mas apenas o símbolo de uma verdade mal conhecida nos tempos antigos.
Ao dizer que Kardec morreu, ressuscitou e ascendeu aos céus, como Jesus, não cometemos heresia, porque se nisto existe heresia, foi ela cometida pelo apóstolo Paulo e figura nos evangelhos. Recorremos ao ensino paulino para mostrar mais uma vez a natureza cristã do espiritismo, insistentemente negada pelas igrejas cristãs, da mesma forma que os judeus negaram a legitimidade do Cristo. A ressurreição do Cristo é o penhor da ressurreição de Kardec e da ressurreição de todos nós, pois todos ressuscitaremos em nosso corpo espiritual.
No Limiar do Amanhã: um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão número 103. Segundo ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.
Este programa é transmitido todas as semanas neste dia e neste horário pela Rádio Mulher de São Paulo 730kz, pela Rádio Morada do Sol de Araraquara 640kz, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780kz. Todos os domingos este programa é reprisado pela Rádio Mulher de São Paulo das seis às sete horas da manhã com sugestões especiais para o seu domingo espiritual. Comece bem o seu domingo ouvindo as mensagens de No Limiar do Amanhã.
Podemos padronizar as práticas espirituais?
Pergunta nº 1: Padronização
Locutor - Pergunta o Sr. Júlio Lopes Assis, da Rua Pires da Motta, Aclimação.
Professor, fala-se muito em padronização das práticas espíritas principalmente sessões mediúnicas e passes. O que o senhor acha disso?
J. Herculano Pires - Acho que a padronização das práticas espíritas tem um aspecto negativo que precisamos muito ser levado em consideração.
Não podemos estabelecer padrões definitivos, estabelecer modelos estáticos e rígidos para as determinadas práticas, tanto de sessões como de passes. Compreendo que a tentativa tem por objetivo fazer com que desapareçam da prática espírita certos rituais e certas interferências de práticas estranhas que não concordam com a doutrina.
Entretanto, é preciso lembrar o que Kardec fez com as preces. Havia um problema no tempo de Kardec: as preces eram quase sempre recitadas de acordo com textos das igrejas. Muitos espíritas sentiam dificuldade em proferir preces novas, preces espíritas. Kardec redigiu então um verdadeiro livro de preces, como nós sabemos, e neste livro ele deu um modelo de vários tipos de preces que devem ser proferidas. Mas ele acentuou: estas preces não são para ser decoradas e sim para que as pessoas que têm dificuldade em pronunciar uma determinada prece, nas determinadas ocasiões aqui mencionadas, encontrem um roteiro, uma espécie de exemplo que elas podem seguir. E quanto melhor elas usarem as suas próprias palavras, os seus próprios sentimentos no pronunciar essas preces, mais poderosas serão as preces por elas pronunciadas.
Quer dizer, Kardec não oferecia um modelo rígido, mas sim uma simples orientação, um exemplo para aquelas pessoas que não podiam compreender a necessidade de proferir preces espontâneas.
As sessões espíritas estão nesse mesmo caso. As sessões devem ser dirigidas de acordo com a compreensão, os conhecimentos, as experiências de cada dirigente. Naturalmente obedecendo ao sistema geral de Kardec no sentido de que as sessões sejam desprovidas de aparatos, de rituais e de todo formalismo que possa prejudicar a espontaneidade das manifestações.
Infelizmente no meio espírita tende-se mais para o formalismo. O presidente de sessão se torna, por assim dizer, uma espécie de mestre escola dando palavra aos médiuns, caçando a palavra, impedindo que se manifestem espíritos e assim por diante. Quando na verdade deve prevalecer nas sessões a maior espontaneidade possível, porque os espíritos do lado de lá estão dirigindo o trabalho de maneira muito mais ampla, de maneira superior à nossa própria maneira pessoal, particular de dirigir.
As sessões, portanto, podem ter uma padronização no sentido de se dizer aos centros espíritas, aqueles que promovem sessões, que não pratiquem nada fora daquilo que está na doutrina, mas não podem ser formalizadas em sentido absoluto.
O mesmo se dá com os passes. Como estruturar, como padronizar passes espíritas, se o passe espírita não é um passe magnético? O passe espírita não decorre do próprio médium. É sempre um espírito quem dá o passe espírita. Por isso que o passe é espírita, do contrário seria um passe magnético. O médium envolvido pelo espírito recebe a intuição, e muitas vezes o espírito se apodera dele, se incorpora mesmo para transmitir o passe da maneira que ele, espírito, que está vendo o problema, que está sentindo, que está dirigindo a solução do problema, da maneira que ele entende que deve ser dado. Assim, o passe espírita de maneira alguma pode ser padronizado.
Download Pergunta nº 2: Padronização e Federação
Locutor - Professor, as federações podem determinar a padronização das práticas espíritas para os centros a elas filiados? Têm esse direito?
J. Herculano Pires - Este é um problema também controvertido porque há dois aspectos aí a se considerar.
Como sociedade civil, uma federação espírita baseada nos seus estatutos tem o direito de impor aos centros filiados aquilo que ela entender que deve ser imposto, desde que os centros, ao se filiarem, se submetem a ela, à sua direção. Entretanto, doutrinariamente não lhe cabe este direito. Doutrinariamente não lhe cabe este direito porque a doutrina não admite, absolutamente, este princípio de sujeição, este princípio de autoridade absoluta de um organismo sobre outros. Cada centro espírita é por si mesmo uma entidade livre, autônoma, independente, que deve seguir as suas experiências, realizar os seus trabalhos de acordo com aquilo que determinam não somente os seus diretores encarnados, mas também os espíritos que assistem, que auxiliam e que intuem esses diretores.
Dessa maneira, nós podemos dizer que se de um lado, de parte dos direitos humanos, de acordo com os estatutos conforme eles forem formulados, cabe à federação o direito de impor certas práticas; entretanto, do ponto de vista doutrinário e espiritual, que é muito mais importante, nenhuma federação tem esse direito.
Download Pergunta nº 3: Sessões longas
Locutor - Outra pergunta que nos foi endereçada, professor: as sessões infindáveis de Chico Xavier, em Uberaba, que entram pela madrugada, não são condenáveis doutrinariamente?
J. Herculano Pires - Está aí um exemplo vivo daquilo que eu acabei de dizer. Cada sessão é organizada pelo seu dirigente, de acordo com os seus guias espirituais, e realizada de acordo com as necessidades evidentes do trabalho a se realizar.
Nós sabemos que existem numerosos tipos de sessões. Não há apenas um tipo de sessão espírita. Temos as sessões de manifestações psicográficas e manifestações psicofônicas; temos as sessões de efeitos físicos, as sessões de materialização, as sessões de voz direta, as sessões de tiptologia, as sessões de desobsessão e assim por diante.
Cada um desses tipos de sessão deve obedecer naturalmente às regras gerais da doutrina no sentido de serem realizadas com seriedade, com disciplina; não a disciplina rígida, esquemática que se adota em certos centros, mas a disciplina livre que o espiritismo determina no sentido de todos se portarem com respeito, com atenção no cumprimento dos seus deveres, e de não provocarem tumultos e confusões nos trabalhos.
Cada sessão tem, portanto, uma orientação doutrinária a seguir. Mas cada uma delas se adapta às suas necessidades imediatas. No caso, por exemplo, das sessões de Chico Xavier em Uberaba, nós temos uma sessão de psicografia, em que tanto Chico Xavier pode psicografar – a como realmente ele psicografa –, como outros médiuns presentes à reunião também podem psicografar.
As sessões começam e vão realmente desde o início da noite até quando for necessário. Vão pela madrugada afora. Aqueles que não querem, entretanto, participar, ou que não podem de toda sessão, retiram-se no momento em que se sentem indispostos, ou que sentem que têm necessidade de se retirar. É isto que muita gente censura, considera isto uma indisciplina. Na verdade não é.
Chico Xavier está atendendo numa sessão desta há milhares de consultas que lhe vêm de todos os cantos do país. Ele não está apenas ali para receber uma comunicação. Ele está ali atendendo aos espíritos, que por sua vez atendem aos consulentes, dando conselhos, receitando, dando orientação e assim por diante.
Não é possível exigirmos que Chico Xavier estabeleça uma ou duas horas de sessões por semana, porque ele então não atenderia a todos os consulentes, não daria conta do recado que é muito grande sobre ele.
Pois bem, os espíritos que orientam, principalmente Emanuel, aprovaram precisamente este tipo de sessão em que os trabalhos se prolongam até a distância possível, de maneira a que o maior número de consulentes sejam atendidos. Não há nada na doutrina que impeça a realização de um trabalho destinado a atender as necessidades imediatas que se apresentam diante do centro espírita, ou na mesa do centro espírita.
Chico Xavier, portanto, nessa sessão pode ser condenado por críticos e teóricos da doutrina que não compreenderam, não assimilaram os seus fundamentos. Mas para aqueles que procuram compreender o espírito da doutrina, a orientação espiritual que ela nos dá às sessões de Chico Xavier estão perfeitamente dentro dos princípios doutrinários.
Download Faça suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã escrevendo para Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana as perguntas podem ser feitas no horário comercial pelos seguintes telefones: 269-4377 ou 269-6130. Na próxima quarta-feira, dia sete, venha ao nosso auditório participar da gravação do programa. Você pode fazer suas perguntas ao microfone, ouvir as respostas na hora e discutir conosco a respeito. Venha participar do nosso diálogo radiofônico. Início às 20h30.
Perguntas e respostas. As perguntas dirigidas a este programa devem ser breves e precisas, tanto as escritas quanto as feitas por telefone. Quarta-feira próxima, dia sete, venha fazer suas perguntas ao microfone em nossa gravação de auditório e ouvir a resposta na hora. Você pode dialogar conosco face-a-face e depois ouvir o diálogo radiofônico do programa No Limiar do Amanhã pela Rádio Mulher em São Paulo 730kz, pela Rádio Morada do Sol em Araraquara 640kz, e pela Rádio Difusora Platinense de Santo Antônio da Platina, Paraná, 780kz.
Professor, o ouvinte Moacir Batista de Paula, da Rua Vinte e Sete, Jardim Nove de Julho, São Mateus, São Paulo, nos faz o seguinte pedido: Embora compreendendo muito bem quantas cartas vocês recebem e procurando corresponder com os ouvintes não deixando uma sequer sem resposta, tenho um motivo muito especial para pedir este favor ao professor que sei atenderá na medida do possível. Trata-se desta carta cujas perguntas foram respondidas no programa número 98. Acontece que por motivo de força maior, meu colega não pôde ouvir as respostas, embora ele ignore totalmente esses fenômenos de reencarnação etc., e acredita no que o padre Quevedo diz. A sua resposta a três perguntas formuladas o ilustrará e quem sabe ele ficará de olhos abertos para a realidade.
Pergunta nº 4: Darwin
Locutor - A primeira pergunta do nosso ouvinte é a seguinte: Como o espiritismo explica o aparecimento do homem na Terra? Estaria certa a teria de Darwin ou Hugo Vries quanto à evolução? J. Herculano Pires – Realmente nós já respondemos a essas perguntas e eu não gostaria de estar repetindo as respostas aqui no programa porque, como nosso ouvinte compreende, nós cada vez que estamos repetindo, estamos cansando os ouvintes que já prestaram atenção nessas perguntas anteriormente. Entretanto, vou atender ao seu pedido excepcionalmente.
O senhor pergunta como o espiritismo explica o aparecimento do homem na Terra, se é como Darwin e Hugo Vries quanto à evolução. Não é exatamente assim. O espiritismo admite de maneira muito mais profunda. O espiritismo admite que o universo se constitui de dois elementos fundamentais que são: o princípio inteligente e a matéria, princípio material. Esses dois princípios em ação recíproca um sobre o outro promovem o desenvolvimento das potencialidades do princípio inteligente, quer dizer, as potencialidades do espírito. O espírito assim se desenvolve, e nesse desenvolvimento vai avançando através dos reinos da natureza, desde o mineral, passando pelo vegetal, o animal, até chegar no homem.
É, entretanto, somente ao estar em condições de entrar para a espécie humana que o princípio inteligente desenvolvido, quer dizer, aquela porção do princípio inteligente que se desenvolveu, que adquiriu experiências através das espécies inferiores, se torna capaz de uma individualização, e principalmente de adquirir a razão e a consciência. Assim, não podemos dizer que o homem foi sucessivamente pedra, vegetal, animal, determinando quais as espécies por que ele passou. Isso não é possível, porque o princípio inteligente passa no sentido geral. O que nós podemos dizer é que o homem, quando aparece no mundo, é o princípio inteligente individualizado e dotado de consciência, dotado de razão. Isto é o que caracteriza então o que chamamos a personalidade humana. Por isso, a encarnação do homem é, como homem, a primeira que ele faz quando atinge a capacidade de se individualizar e se conscientizar.
Download Pergunta nº 5: Padre Quevedo parapsicólogo
Locutor - A segunda pergunta do nosso ouvinte: disseram-me que o padre Quevedo é o maior parapsicólogo da América do Sul. Será mesmo?
J. Herculano Pires - Eu respondi essa pergunta dizendo o seguinte: que o padre Quevedo não é parapsicólogo; o padre Quevedo é simplesmente um diletante da parapsicologia, uma pessoa que estuda parapsicologia como qualquer outra pode estudar diante dos livros que estão por aí. E ele não faz o que seria necessário para designá-lo, para classificá-lo como parapsicólogo que seria um aprofundamento da parapsicologia através de pesquisas em laboratório, pesquisas dirigidas cientificamente com critérios científicos.
O que o padre Quevedo faz, como nós sabemos, é colher elementos aqui, ali, nos diversos livros de parapsicólogos e interpretá-los à sua maneira, o que é uma atitude absolutamente anticientífica. E principalmente porque ele interpreta essas coisas não apenas à sua maneira pessoal, mas também de acordo com os princípios religiosos que ele esposa. E procura não desenvolver a parapsicologia, mas servir-se da parapsicologia como arma de combate ao espiritismo.
Todo o esforço do Padre Quevedo, nos seus trabalhos, nas suas conferências, nos seus livros, nos seus escritos, em tudo que ele faz no campo parapsicológico, só tem uma finalidade: combater o espiritismo.
Ora, essa finalidade por si anula as possíveis qualidades parapsicológicas do padre Quevedo. Porque a parapsicologia é uma ciência, e não se faz ciência fazendo tumulto, combatendo, procurando negar princípios, procurando destruir e desfigurar experiências. Não é possível fazer ciência dessa maneira.
A ciência é a busca serena, tranquila, da verdade. Não é isto que o padre Quevedo faz. O que ele faz é tumulto, o que ele cria é um pandemônio no campo das ideias, com a finalidade única de combater o espiritismo. Esta é sua obsessão permanente; portanto, não é um parapsicólogo.
Download Pergunta nº 6: Padre Quevedo e parapsicologia
Locutor - A terceira pergunta do nosso ouvinte: segundo um colega, o padre Quevedo disse que a parapsicologia não está estudando a reencarnação nem a sobrevivência da alma. É verdade essa afirmativa, professor?
J. Herculano Pires - Já vê, o prezado ouvinte, que o acabei de dizer sobre o padre Quevedo está confirmado. Confirmado por este seu mesmo colega que diz ter ouvido do padre Quevedo essas afirmações, que ele realmente faz.
Dizer que a parapsicologia atualmente não está estudando a sobrevivência da alma, que não está estudando a reencarnação, é simplesmente querer tapar o sol com a peneira. Os livros de parapsicologia estão aí nas livrarias. Quem quiser pode encontrar, em qualquer livraria de São Paulo, o famoso livro do professor Ian Stevenson que é diretor do departamento de neuropsiquiatria da Universidade de Virginia nos Estados Unidos. Um cientista qualificado, portanto; com uma qualificação que o padre Quevedo não tem.
Este cientista publicou justamente o livro chamado “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação” que aí estão traduzidos em português e vendidos em todas as livrarias. Um livro que é um testemunho, não só das pesquisas do professor Stevenson, como também um relato das numerosas pesquisas feitas por outros investigadores em todo mundo no campo da parapsicologia.
O padre Quevedo está cansado de saber que na própria Rússia, na universidade de Moscou, o professor Vladimir Raikov, que é um grande cientista russo, está estudando a reencarnação. É verdade que ele não pode dar o nome de reencarnação ao fenômeno que estuda, porque, como nós sabemos, ele é obrigado por dever de Estado a ser materialista. O cientista russo é obrigado por dever de Estado a ser materialista. Como poderia o professor Vladimir Raikov tratar da sobrevivência da alma e da reencarnação?
Entretanto, nós sabemos que ele estuda o fenômeno chamado na parapsicologia hoje de memória extra-cerebral. E o que é essa memória extra-cerebral? É precisamente a lembrança de reencarnações passadas. Admitindo que essas lembranças não podem estar no cérebro de uma pessoa viva hoje, porque essa pessoa tem um cérebro que não viveu naquela encarnação passada, então, o professor Vladimir Raikov, e todos os demais parapsicólogos do mundo, parapsicólogos de verdade, que estudam o problema e que pesquisam o problema, adotaram essa denominação geral: memória extra-cerebral. Mesmo porque na ciência não se pode admitir uma denominação de fenômeno que já implique a sua interpretação.
Ao falar de memória extra-cerebral, não está implícita assim, do ponto de vista científico, uma pressuposição da reencarnação e nem qualquer outra teoria. Está apenas se admitindo um fato. O fato psicológico inegável de que certas pessoas se lembram de coisas que não podem cerebralmente lembrar, de coisas que não podem estar gravadas no seu cérebro.
Ora, negar, portanto, esta pesquisa, que é mundial, que está por toda parte, e outros livros estão aí na praça, estão em outras livrarias tratando deste mesmo assunto; e ainda recentemente esteve aqui, como nós sabemos, em São Paulo, fazendo conferências, dando entrevistas a jornais, a revistas, à televisão, ao rádio, o doutor Hamendras Nat Banerjee que é um grande cientista indiano investigador do fenômeno da reencarnação, que é mesmo conhecido e chamado no mundo inteiro como “o cientista da reencarnação”, porque é um homem que já há mais de trinta anos vem investigando este fenômeno e já publicou numerosos livros a respeito. O doutor Banerjee é o presidente do Instituto de Parapsicologia da Índia, do Instituto Indiano de Parapsicologia. Como pode, pois, o padre Quevedo vir a afirmar essas coisas? Querer negar uma verdade evidente que está nas livrarias, que está aí para todos verem?
Basta isso para confirmar o que acabo de dizer. O padre Quevedo não é um parapsicólogo. Não respeita o trabalho dos parapsicólogos. Não respeita o avanço da parapsicologia, porque tudo aquilo que contraria os princípios da sua religião, ele põe de lado, ele nega, ele deturpa.
Download Pergunta nº 7: Doenças
Locutor - Professor, o ouvinte Pedro A. P. Machado, da Rua Epiacaba, Vila Arapuã, Ipiranga, pergunta: procuro ingressar na doutrina espírita, conforme disse anteriormente, de uma maneira esclarecida, com convicção e sem fanatismo, isto é, com serenidade e a energia que caracterizam os verdadeiros adeptos da mesma. Assim, à medida que encontrar dúvidas, dirigir-me-ei a este programa que é produzido com talento e carinho. Para começar, relembro uma pergunta anterior: que quer dizer as expulsões de demônios que também o próprio Cristo realizou?
O senhor respondeu-me tratar de maus espíritos. Kardec diz, em “Iniciação Espírita”, que os espíritos inferiores chegam a causar verdadeira epidemia quando o ambiente é favorável, sendo necessária uma força moral superior para expulsá-los, como no tempo de Jesus, por exemplo. Pois bem, li há alguns dias numa tradução católica que a cura de um lunático trata-se de um caso de epilepsia e que os judeus achavam que os epiléticos sofriam influência da lua.
Pergunto: não seriam os outros casos também doenças desconhecidas na época?
J. Herculano Pires - Acredito que essa tradução que o senhor leu não diga apenas isso, porque ela tratando do caso de epilepsia, pode acentuar que para certas regiões do mundo naquela época, a epilepsia era atribuída a influências da lua. Isto em algumas regiões. Porque na maioria dos casos isso prevaleceu até a Idade Média.
A epilepsia sempre foi considerada como uma possessão demoníaca, sempre foi assim que se atribuiu. E sabemos que chegou-se mesmo a chamar a epilepsia, posteriormente a essa fase, de uma doença divina.
Doença divina porque se atribuía ao epilético a possibilidade de ter visões superiores, caso em que já não seria o demônio que o possuiria, mas sim qualquer entidade superior espiritual.
Ora, não há, portanto, razão nenhuma para se querer dizer que a cura da epilepsia feita por Jesus era simplesmente a cura de uma possível doença lunática.
Na verdade pouco importa o que fosse essa doença. O fato é que a epilepsia existe, existia naquele tempo, existe hoje, e que Jesus realizava suas curas.
Quanto a perguntar se outras curas feitas por Jesus também não se referiam a doenças desconhecidas naquele tempo, e que hoje podem ser explicadas de outra maneira, isso não tem nenhuma implicação quanto ao espiritismo, não afeta de maneira alguma o espiritismo. Porque as manifestações de espíritos que ocorriam naqueles tempos, ocorrem ainda hoje. O espiritismo se baseia na pesquisa, na experiência dos fatos, e demonstra que as manifestações de espíritos existiram em todos os tempos. O que acontece é que, muitas vezes, essas manifestações foram encaradas como doenças orgânicas, o que não era verdade. E naquele tempo, de maneira alguma se encarava isto assim. Naquele tempo, aceitava-se muito, e em primeiro lugar, que as doenças decorriam de influenciações de espíritos maus.
Download Faça as suas perguntas por carta ao programa No Limiar do Amanhã, escrevendo para a Rádio Mulher, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Durante a semana, no horário comercial, você pode fazer as suas perguntas pelos telefones: 269-4377 ou 269-6130. Na próxima quarta-feira, dia sete, venha fazer suas perguntas ao microfone em nosso auditório, Rua Granja Julieta, 205, São Paulo, última travessa da Avenida Santo Amaro. Você terá as respostas na hora e poderá debater o assunto conosco no dialogo radiofônico no programa No Limiar do Amanhã. A gravação se inicia às 20h30. Crentes e descrentes, espiritualistas e materialistas, todos serão bem-vindos.
Perguntas e respostas.
Pergunta nº 8: Pobres de espírito
Locutor - E continuamos com as perguntas do nosso ouvinte Pedro A. P. Machado, da Vila Arapuã, Ipiranga. Pergunta: qual o sentido das palavras de Jesus no sermão da montanha: “Bem aventurados os pobres de espírito”?
J. Herculano Pires - Jesus queria dizer que aqueles que se consideravam grandes de espírito, ricos de espírito, cheios de sabedoria terrena, estes em geral não eram capazes de compreender a mensagem evangélica que ele trazia. Justamente por isso, essas criaturas estavam numa situação deficiente em face daquilo que se considerava no tempo e se consideram ainda hoje os pobres de espírito, quer dizer, as pessoas desprovidas de cultura, de inteligência, de sagacidade, de penetração nas coisas, mas que são dotadas de humildade. E que justamente por serem humildes, recebem com mais atenção, com mais carinho, os ensinamentos espirituais.
Assim, quando falamos em pobres de espírito, de acordo com o Evangelho, estamos falando de pessoas humildes, desprovidas de todo esse cabedal de cultura mundana que impede os grandes do mundo de serem humildes, de serem evangélicos, de seguirem realmente o Evangelho; que faz com que eles prefiram os aparatos exteriores das religiões socialmente admitidas ao invés de penetrarem na essência da compreensão evangélica.
Download Pergunta nº 9: Livros da Bíblia
Locutor - Por que nas traduções católicas a Bíblia tem mais livros? O catolicismo diz que é porque falam de coisas que o protestantismo rejeita, como, por exemplo, a oração pelos mortos, de que fala o segundo livro dos Macabeus. Gostaria que o senhor explicasse por que e em qual o espiritismo se baseia.
J. Herculano Pires - Nós sabemos que a Bíblia é uma coleção de livros judaicos antigos; é a coleção dos livros fundamentais da religião judaica. Como o cristianismo é uma reforma do judaísmo, ele nasceu do próprio seio da religião judaica, então consequentemente os livros bíblicos são admitidos, adotados pelas religiões cristãs como livros básicos dessa nova religião.
Acontece, porém, que nem todos os livros da Bíblia são considerados autênticos. Há discussões a respeito de alguns destes livros. Alguns que são considerados apócrifos, quer dizer, não correspondendo realmente aos autores que neles aparecem indicados.
Há uma controvérsia muito grande entre os protestantes e os católicos a respeito da autenticidade desses livros. Assim, a Bíblia protestante exclui do seu conjunto precisamente aqueles livros que a investigação protestante dos originais bíblicos considerou como suspeitos ou apócrifos. São livros que o protestantismo não aceita.
O catolicismo, entretanto, engloba todos estes livros em procurando dar, por assim dizer, uma visão global maior daquilo que era a religião judaica antiga. E mesmo há, como sabemos, a afirmação de padres católicos de que estes livros são autênticos.
Essa é a razão de ser porque há uma diferença, apenas com a exclusão de alguns livros, da chamada Bíblia protestante e da chamada Bíblia católica.
O espiritismo não tem uma Bíblia. O espiritismo admite que as escrituras sagradas do judaísmo são dignas de respeito e de admiração por nós, e nos fornecem a fonte de muitas informações referentes à situação do cristianismo e também contém em si muitos germes proféticos, muita força espiritual em vários dos seus livros.
Mas por isso mesmo o espiritismo não se interessa assim, especialmente, especificamente, pela verificação da autenticidade destes ou daqueles livros bíblicos. Esses livros, na verdade, sejam autênticos ou não quanto aos seus autores, eles vigoraram na religião judaica e vigoram até hoje. Consequentemente esses livros têm um valor histórico e uma vigência histórica que nós não podemos esquecer.
O espiritismo não dá à Bíblia aquela atitude que é considerada, principalmente nos meios protestantes, de palavra de Deus. Não. O espiritismo considera estes livros na sua posição histórica. São livros que formam uma verdadeira biblioteca, a grande biblioteca da literatura judaica antiga. Neles estão alguns livros proféticos, alguns livros inspirados, alguns livros que realmente trazem o conteúdo espiritual da religião judaica. E existem os livros que são praticamente históricos ou praticamente literários, como livros como o dos cânticos, dos cantares de Salomão e assim por diante, que são livros de verdadeira poesia israelita antiga.
Não há, portanto, necessidade, para o espiritismo, de uma investigação quanto às origens desses livros e a sua autenticidade ou não. A autenticidade decorre da prática a que eles serviram durante anos e anos, durante séculos.
O espiritismo, portanto, encara a Bíblia como uma fonte de ensinamentos que resultaram no aparecimento do cristianismo e dá mais importância ao Novo Testamento, que é o livro cristão realmente; é o livro da religião cristã, é o Novo Testamento. As fontes judaicas servem como elementos informativos, mas como disse o próprio apóstolo Paulo, o livro que dita a lei para o cristianismo é o Novo Testamento.
Download Pergunta nº 10: Diagnose da mediunidade
Locutor - Pergunta o nosso ouvinte: de Kardec até os nossos dias, a ciência espírita ainda não descobriu como diagnosticar a mediunidade. Qual a sua resposta?
J. Herculano Pires - É um engano de sua parte. Desde Kardec, desde a publicação do “Livro dos Espíritos” e particularmente com a publicação do “Livro dos Médiuns”, a diagnose da mediunidade está evidente nesses livros.
Nós conhecemos, nós diagnosticamos uma doença através do que? Diagnosticamos qualquer alteração da personalidade através do que? Dos sintomas. Ora, os sintomas da mediunidade são o que denuncia a sua existência. O que Kardec diz é que nós não podemos dizer que um indivíduo possui essa ou aquela mediunidade, esse ou aquele tipo de mediunidade simplesmente por olhar para ele, como fazem muitas pessoas que querem ter os olhos da diagnose. Não, não é assim que se pode diagnosticar uma mediunidade.
A mediunidade só pode ser diagnosticada quando nós conhecemos os sintomas que aquela pessoa revela. Como nós já dissemos, insistentemente neste programa, a mediunidade é uma faculdade humana natural. Nós todos possuímos mediunidade, mas a variação de graus que ela se manifesta é muito grande. De maneira que só os médiuns, aqueles que estão a serviço da mediunidade, que possuem grande e elevado grau mediúnico, é que realmente são chamados médiuns pela maioria das pessoas. Ora, sendo assim, nós então devemos compreender que a mediunidade se revela através das suas manifestações. Uma pessoa chega, por exemplo, ao centro espírita dizendo: “Eu tenho mediunidade”, não disse nada de novo, todos nós temos. “Não, mas eu tenho uma mediunidade de serviço, uma mediunidade de missão”. Então o que faz o presidente do centro, se ele tiver olhos de ver, se compreender a doutrina? Ele não vai responder para a pessoa baseando-se apenas na sua intuição, ou na sua suposta percepção extra-sensorial: “Não, o senhor não tem mediunidade nenhuma de serviço; o senhor não tem coisa alguma. O senhor, ou a senhora, precisa estudar este assunto, ler e aprender espiritismo”. Não, ele irá dizer assim: “Pois não, vamos então fazer o seguinte: a senhora vai participar dos nossos trabalhos; nós temos aqui uma sessão de desenvolvimento mediúnico, e vamos ver como se manifesta, como se revela a sua mediunidade”.
Esta pessoa submetida sim à experiência irá revelando o grau de mediunidade que ela tem, não os graus determinados como se faz aí em certas instituições – médium grau três, médium grau dois e assim por diante. Isto é errado. Não tem nada disso. O grau de mediunidade é ver apenas qual é a proporção em que a mediunidade se manifesta na pessoa, se é com maior intensidade, com menos intensidade, se é uma mediunidade de tipo consciente ou de tipo inconsciente, se é uma mediunidade sonambúlica e assim por diante.
Por outro lado, é ver que tipo de mediunidade ela possui: se é uma mediunidade de comunicação psicofônica, ou seja, de incorporação, como costumamos falar; se é de efeitos físicos; se é de tiptologia, se é de psicografia, e assim por diante. Isto tudo só pode ser verificado através dos sintomas que o indivíduo revelar na experimentação mediúnica.
Portanto, o espiritismo tem a sua forma de diagnosticar a mediunidade desde que ele nasceu.
Download Pergunta nº 11: Sonho com desencarnados
Locutor - Pergunta ainda a nossa ouvinte: minha futura sogra sonha frequentemente com uma conhecida pessoa que agora é falecida. Por isso, ela gostaria de saber se tem algum sentido estes sonhos constantes, porque essa pessoa morreu há muitos anos atrás.
J. Herculano Pires - Sim. Não há dúvida nenhuma que quando nós sonhamos com insistência a respeito de uma pessoa ou com uma pessoa que já faleceu, e principalmente que já faleceu há anos atrás, e essa pessoa continua a aparecer em nossos sonhos, isto não é apenas uma fixação mental de nossa parte na figura desta pessoa, mas sim é uma tentativa que ela faz de se comunicar conosco, ou uma prova de que durante os estados de sono, enquanto dormimos, nosso espírito, desprendendo do corpo, entra em contato com essa pessoa. Essas pessoas que assim permanecem nos nossos sonhos, e que de certa maneira procuram muitas vezes nos dar até orientação para a nossa vida, essas pessoas são espíritos ligados a nós, ligados por encarnações anteriores; têm afinidade conosco e continuam, naturalmente, desde que possam na sua vida espiritual, a procurar influir sobre nós no sentido de nos ajudar, de nos amparar, de nos orientar.
Download Pergunta nº 12: Peruca de Chico Xavier
Locutor - E finalmente: professor, li em um jornal que o nosso Chico Xavier usa peruca. Se é verdade, os antagonistas do espiritismo não poderiam interpretar este fato como vaidade e não como um fato normal, mesmo em um personagem comprovadamente singelo?
J. Herculano Pires - Os antagonistas do espiritismo não precisam absolutamente da peruca do Chico para condená-lo. Eles o condenam por tudo, até pelas coisas boas que ele faz.
Muitas vezes nos lembramos daquela expressão de Jesus quando perguntou aos fariseus: por que me condenais? Pelas boas obras que eu faço? Porque eles o condenavam a troco de nada, a troco de tudo! Assim fazem com Chico Xavier.
Que tem que ver qualquer pessoa deste mundo com o fato de Chico Xavier usar ou não usar peruca? Isso interessa no que? Uma peruca posta na cabeça do Chico pode atrapalhar a sua mediunidade? Essa peruca pode, por acaso, desmoralizar alguma pessoa? Uma pessoa que usa peruca se torna ridícula por isso? Parece-me que não existe nada disso.
Nós devemos considerar as coisas de um ponto de vista mais elevado. Os médiuns são criaturas humanas como todos nós, e toda criatura humana tem os seus direitos. O Chico Xavier tem o direito de andar como ele quiser. Com peruca, sem peruca, bem vestido, mau vestido, com sapatos, com chinelos, com tamancos, da maneira que ele quiser. Nós temos de respeitar nele a sua autenticidade. Se ele usa peruca, naturalmente é porque tem alguma necessidade disso. Nós sabemos que o Chico Xavier tem problemas em vários sentidos. Ele não é um homem perfeito, são. Ele é um homem que tem várias coisas que o afetam. É um homem que sofre todas as deficiências que nós sofremos. Ele sofre profundamente da vista, como nós sabemos, e não tem cura. Os próprios espíritos já disseram a ele que aquele sofrimento da vista, da visão, que ele tem, ele vai suportar até o fim da vida. É uma das suas provações nesta existência.
Todos nós que descemos à vida corporal aqui na Terra, trazemos as nossas provações. Assim, não podemos estar querendo exigir de nossa parte, segundo as nossas regrazinhas particulares, pessoais, a nossa maneira de ver as coisas, exigir que um médium ou que uma figura exponencial – seja do espiritismo, seja da política, seja do mundo das artes, seja das várias religiões –, que esta pessoa se comporte como nós achamos que ela deve se comportar. Ela tem a sua própria personalidade e o seu direito de ser o que é, de andar como quiser.
Download Pergunta nº 13: Palavra dos guias
Locutor - Professor, o ouvinte Benedito A. Souza esteve na rádio e faz as seguintes perguntas: sou colaborador modesto no centro espírita João da Silva. Nosso centro é dirigido por dona Dina Abdala a qual é uma enorme divulgadora do seu horário.
E deixou as seguintes perguntas. Primeira: é necessário dar a palavra aos guias dos médiuns no final dos trabalhos?
J. Herculano Pires - Não há necessidade nenhuma disso. As sessões espíritas bem dirigidas devem ser harmonizadas no que tange à direção material e à direção espiritual. Cada sessão espírita, por mais modesta que seja, tem uma direção espiritual. Os espíritos superiores que velam por essa sessão, que superintendem o seu desenvolvimento, estão sempre presentes. E eles embora não se manifestem, estão orientando os trabalhos através da própria intuição do presidente ou da intuição dos médiuns.
Desta maneira, nós temos de considerar que nas sessões não deve haver um exagerado formalismo. Há sessões em que o presidente abre os trabalhos e começa a dar a palavra aos médiuns: “receba o seu guia. Você aí receba o seu guia. Você fale com o seu guia”. Que autoridade tem o presidente para isso? Ele pode saber se o guia do médium está ali presente? Se o guia está querendo se comunicar? Isto é um erro! Um erro fundamental, um erro profundo que desfigura a doutrina e que desfigura mesmo as manifestações espirituais.
Não se precisa dar palavra para guias espirituais. Eles é que sabem se devem, se querem se manifestar, se tem o que dizer, se desejam trazer alguma mensagem, algum comunicado aos presentes. A comunicação espírita deve ser considerada como necessitando de espontaneidade, portanto, de liberdade.
Aberta a sessão, estabelecido, portanto, o início dos trabalhos mediúnicos, cada médium irá sentindo a aproximação ou não dos espíritos que desejam manifestar-se, e ele dará as comunicações que forem ocorrendo de acordo não com a determinação do presidente, mas sim com a determinação dos guias espirituais que dirigem os trabalhos.
Download Pergunta nº 14: Médium pronto
Locutor - Como saber que um médium em desenvolvimento está pronto para o trabalho mediúnico?
J. Herculano Pires - Claro que isso se sabe através da experiência. Nós estamos tratando com o desenvolvimento mediúnico, tratando da mediunidade de uma pessoa. O desenvolvimento na verdade, como diz Emmanuel muito bem, é uma educação da mediunidade. Porque nós todos temos mediunidade, como sabemos. E aqueles que têm a mediunidade em condições de receber comunicações de espíritos – porque a mediunidade generalizada nos serve apenas para ter pressentimentos, para receber pensamentos, intuições, ter visões às vezes mentais de coisas que nós devemos perceber –; mas aqueles que têm a mediunidade de serviço, a mediunidade de missão e que se põe, portanto, nos trabalhos mediúnicos a atender, se predispõe a atender os espíritos, estes, como nós sabemos, devem ser considerados por todos nós na proporção em que se desenvolvem as suas capacidades.
Quer dizer, nós vamos percebendo que o médium está recebendo espíritos; ele está transmitindo comunicações, a princípio com certeza insegurança, depois com mais segurança, e assim por diante. Na proporção em que ele amadurece durante o desenvolvimento dos trabalhos, e na proporção em que ele se educa, ele aprende a se governar, a controlar a comunicação mediúnica, a não se deixar levar inteiramente pelos espíritos que dele se aproximam, então nós vemos que ele amadureceu, que ele adquiriu a maturidade necessária para o trabalho efetivo.
Download Pergunta nº 15: Pensamento intuitivo
Locutor - Pergunta: de que maneira o senhor escreve os seus livros? Por intuição?
J. Herculano Pires - É claro que todos os que escrevem têm intuições. Nós não poderíamos escrever apenas por um simples raciocínio nosso. Enquanto raciocinamos, enquanto procuramos, por exemplo, argumentar neste ou naquele sentido, ou enquanto procuramos a fabulação, criar, desenvolver histórias, criar personagens, descrever situações, enquanto procurar fazer tudo isto, há não somente a nossa razão em funcionamento, mas também o nosso pensamento intuitivo.
Como é o pensamento intuitivo? Nós sabemos que temos a nossa mente de relação, a mente racional, a mente ligada aos problemas da vida externa, esta mente com que nós analisamos as coisas, raciocinamos, e decidimos. Mas nós temos as mente profunda, essa mente de que trata a psicanálise, de que trata a parapsicologia. Temos o inconsciente, por assim dizer. Esse inconsciente é o órgão psicológico da intuição, é nele que ocorrem as intuições. Estas intuições tanto podem nascer das profundezas do próprio escritor, quer dizer, daquilo que ele traz arquivado das suas experiências de encarnações anteriores e que surge evocado pela sua atividade de escrever, como pode também ocorrer provindo de entidades espirituais amigas, que transmitem a ele as suas intuições, os seus pensamentos em forma intuitiva e que são captados pelo inconsciente e transferidos, ou traduzidos, como se costuma dizer, para o consciente.
Todos os escritores, por mais modestos que sejam, desde que se dedicando realmente ao seu trabalho de escrever com amor e com interesse de servir, eles sempre recebem intuições.
Download Pergunta nº 16: Nostradamus e capa
Locutor – Certa fez fiz-lhe uma pergunta sobre Nostradamus que infelizmente não pude ouvir a resposta. Apenas conheço sua opinião por amigos que puderam ouvi-lo. Pergunto: as predições de Nostradamus têm sentido figurado ou será mesmo como ele disse?
J. Herculano Pires - Sim, as predições de Nostradamus são sempre feitas em forma bastante figurada. De tal maneira figurada, que têm servido para as mais contraditórias interpretações. Isto é que é preciso se considerar bem no tocante a Nostradamus. Mas, ao encerrar isso aqui, eu noto aqui na nossa nota sobre a sua pergunta um aviso de Maria Helena – Maria Helena aqui da nossa rádio. É que o senhor esqueceu aqui a sua capa de chuva quando passou aqui pela rádio, e essa capa aqui está com Maria Helena ao seu dispor.
Download O Evangelho do Cristo em espírito e verdade; não segundo a letra que mata, mas segundo o espírito que vivifica. Abrindo o Evangelho ao acaso, encontramos no Evangelho de João no capítulo primeiro do versículo 1 ao 5 a seguinte passagem: No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus, tudo era feito por ele, e nada do que tem sido feito foi feito sem ele. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas e contra ela, as trevas não prevaleceram.
O verbo, como nós sabemos, é o Logus, é uma expressão que nos vem dos gregos. O Logus é a razão, a razão divina; a razão divina que estava com Deus. Esta razão manifestou-se na Terra. Com isto João procura nos fazer compreender que o verbo que estava com Deus era Jesus, era o Cristo, porque era ele o que viria interpretar a razão divina de Deus perante os homens na Terra. Ele trazia, portanto, a mensagem superior, a mensagem divina para os corações e as consciências humanos. Mas o que é mais importante neste tópico do evangelho de João não é somente a admissão desta verdade espiritual, mas também a afirmação de que o verbo esteve sempre presente em todas as criações de Deus. O verbo, no sentido mais amplo neste caso, da razão divina; mas no tocante à Terra, há a afirmação que nós vimos aí de que o verbo criou a própria Terra; e ele veio para a Terra por ele criada. Esta concorda com uma afirmação do próprio Jesus quando disse que antes de o mundo ser ele já era.
De acordo com o espiritismo, baseado naturalmente nesses princípios do Evangelho, Jesus foi o criador da Terra. Ele não só criou o nosso planeta, como ele dirige a humanidade toda. Ele é, por assim dizer, numa expressão simbólica, alegórica, o governador planetário. Ele é que dirige toda a humanidade e que superintende todos os problemas terrenos.
Mas é preciso compreendermos também que esta direção de Jesus, superior, vinda lá do alto, respeita sempre, em todos os instantes, a liberdade do homem. Há na criatura humana o princípio do livre arbítrio; o verbo ilumina o livre arbítrio, ilumina a mente do homem para que ele possa transmitir a sua iluminação às suas ações, e estas ações, que são decididas pelo seu livre arbítrio, devem, portanto, ser iluminadas pelo verbo.
Esta presença permanente de Jesus na Terra, não apenas distante da Terra, mas nela, integrando-se na nossa própria vida através da iluminação que transmite às nossas mentes e aos nossos atos é que configura a presença da luz entre os homens, luz que nem todos aceitam, que nem todos compreendem, mas que termina prevalecendo sob as trevas do mundo.
Na próxima semana ouça nossos debates de auditório neste dia e neste horário por essa emissora.
No Limiar do Amanhã: um convite ao futuro.