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LIÇÃO DE TRÂNSITO
Francisco Cândido Xavier

Após leitura da questão 851 de O livro dos espíritos e debates sobre o livre-arbítrio, Emmanuel nos deu a página mediúnica da noite que lhe envio para a nossa seção domingueira no Diário de S. Paulo, com a sua complementação para os nossos estudos.

Emmanuel nos oferece a lição do trânsito, que nos parece fácil de compreendermos.

DETERMINISMO E LIBERDADE
Emmanuel

Observando que determinismo e livre-arbítrio coexistem nos destinos humanos, ajustemos o assunto às lições do trânsito no mundo, regido por leis que nos lembram a temática em exame.

Imaginemo-nos assumindo o compromisso de realizar certa viagem na Terra, que, no caso, seria uma nova reencarnação.

Nas diretrizes do inevitável, estão ingredientes importantes, como sejam:

O carro significando o corpo físico.

As companhias expressando a equipe familiar.

A estrada a percorrer, a tarefa de base.

A obediência aos sinais, o acatamento às ordens da guarda.

A apresentação de documentos legais, a condução de recursos socorristas, indispensáveis à sustentação do veículo.

O pagamento de pedágio, os riscos naturais.

No campo da ação livre, ser-nos-á lícito considerar os pontos seguintes:

A proteção em favor da máquina nos corresponda as expectativas.

A observância aos preceitos do trânsito.

A colaboração espontânea com aqueles que nos cruzam o caminho para que acidentes sejam evitados.

O cuidado nas ultrapassagens.

A cautela contra brincadeiras e imprudências.

O apreço para com as autoridades.

A abstenção de avanços temerários.

O sustento da atenção no trabalho.

A previsão de crises prováveis com os elementos de solução aos problemas que possam surgir.

Segundo é fácil de ver, em qualquer viagem terrestre, estão juntas as obrigações fatais e as decisões independentes, em função concomitante.

Assim é a romagem da reencarnação nos caminhos planetários.

O espírito jaz temporariamente submetido a deveres inevitáveis, mas dispõe de livre-arbítrio para melhorar ou comprometer qualquer situação.

(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 30/04/1976, em Uberaba, MG)

QUERER E FAZER
Irmão Saulo

Se quisermos fazer alguma coisa, isso pode ser determinado por fatores interiores ou exteriores. Mas se decidirmos fazê-la, dando livre curso ao impulso, isso mostra que temos a liberdade de fazer ou não fazer.

As discussões sobre determinismo e liberdade são também uma prova de que dispomos de livre-arbítrio. Quem examina, estuda, pesquisa e discute é livre.

Isso é tão evidente que só as pessoas sistemáticas ou amantes de sofismas podem pôr em dúvida.

A posição filosófica do espiritismo no assunto é de clareza meridiana. Estamos condicionados pela encarnação a um meio físico, a um corpo animal, a uma cultura. Mas somos livres, como espíritos, para utilizar esse condicionamento da maneira que entendermos. E tanto maior é a liberdade do homem, quanto mais ele se define como espírito.

O que incentiva as opiniões negativas, que procuram apresentar o homem como um robô, sempre dominado pelas circunstâncias, é a cegueira materialista. Quanto mais apegado à matéria e à concepção materialista do mundo, mais sujeito é o homem a duvidar da sua liberdade, que é a própria essência da sua natureza espiritual. Entretanto, no próprio jogo das coisas materiais o homem sabe que é livre de fazer ou não fazer isto ou aquilo.

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