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MOCIDADE E VELHICE
Francisco Cândido Xavier

Nossa reunião foi precedida por longa conversação entre os amigos que vinham de pontos diversos. O tema central era a idade física. Falava-se das criaturas que se sentem imprestáveis ainda na juventude, enquanto outras se sentem vigorosas aos oitenta dezembros.

Por que isso? Por que existem homens desanimados aos vinte anos, quando outros se sentem ativos aos oitenta? Em que tempo se deve colocar o limite entre a mocidade e a velhice?

O assunto estava em plena agitação, quando as nossas tarefas começaram. E O livro dos espíritos, logo após, deu-nos para estudo a questão 680, sobre os entendimentos em foco.

Ao término de nossas atividades, o nosso caro Emmanuel nos ofereceu a página intitulada Idade. É uma página simples, mas os amigos presentes solicitaram que ela faça parte da coleção em lançamento com os seus edificantes comentários.

IDADE
Emmanuel

Madureza física nunca foi obstáculo para o espírito sequioso de progresso.

Em todos os distritos da vida, a criatura é tão jovem quanto os ideais e esperanças que acalenta. E tão gasta quanto o ceticismo ou o desânimo a que se entregue.

Muitos companheiros pretendem marcar a idade da pessoa adulta pelos sinais externos que demonstre; no entanto, isso é mera convenção.

Claro que, se o motorista estima o carro que o coloca no centro dos interesses que lhe digam respeito, há de zelar pela conservação dos seus implementos. Ocorre o mesmo com o espírito, inquilino do corpo que se lhe transforma em instrumento de manifestação: se deseja equilíbrio e segurança, esforçar-se-á por assegurar-lhe as mais sólidas condições de trabalho.

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Se a criança é habitualmente medicada a fim de se desenvolver com eficiência, por que motivo a pessoa adulta deixará de tratar-se como se faz preciso para amadurecer fisicamente com a robustez possível, de modo a sustentar-se útil até as derradeiras possibilidades do veículo de que dispõe?

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Não creias em velhice unicamente porque o tempo te haja dotado com valiosas experiências.

Convence-te de que és um espírito imortal usando um corpo perecível. E se vives na disciplina do trabalho, com a ginástica do pensamento reto, conservarás sempre a juventude espiritual – a que se erige, por fonte de constante renovação, melhorando o presente e construindo o futuro.

O INQUILINO DO CORPO
Irmão Saulo

A juventude é a fase das esperanças e dos entusiasmos. José Ingenieros acentuou, em As forças morais, que “a juventude toca a rebate em toda renovação”. Mas na verdade falta-lhe a experiência, a vivência existencial (pois cada existência traz os seus problemas novos) para que ela possa controlar as suas forças e aplicá-las com eficiência.

O espírito, esse “inquilino do corpo”, como Emmanuel o chama, precisa de tempo para dominar a nova situação em que se encontra. Lembremos que Jesus só se entregou à sua missão na idade madura, e Kardec só iniciou a codificação do espiritismo aos cinquenta anos de idade.

Devemos nos lembrar, por outro lado, que cada espírito traz as suas dificuldades e, muitas vezes, precisa vencê-las na fase juvenil, a fim de sentir-se desembaraçado na madureza e na velhice, para o cumprimento de seus novos encargos. Não é fácil atirar à beira do caminho os pesados fardos do passado, o que não raro demanda longos sacrifícios.

Ingenieros tem razão ao assinalar a função renovadora da juventude, mas ele mesmo adverte que há jovem-velhos e velhos-jovens. Hoje, que a população mundial cresce velozmente, os jovens são maioria e fazem sentir a sua presença em todos os setores de atividade. Não obstante, são ainda os homens maduros e os velhos que dirigem o mundo. E até mesmo no campo novíssimo da astronáutica, a experiência da maturidade se impôs sobre os arroubos da juventude.

A razão de Emmanuel é evidente. Não podemos “crer em velhice”, quando vemos que o tempo nos traz a riqueza da experiência. Não há limite preciso entre juventude e velhice, quando o “inquilino do corpo” conseguiu dominar o seu instrumento e conservá-lo viril através dos anos. Esse “inquilino”, o espírito, não envelhece. Pelo contrário, o tempo o aprimora e aguça, dando-lhe a juventude que se repete, cada vez mais bela e segura, em cada nova encarnação.

A juventude terrena é um tempo de preparação do homem em cada existência. A juventude espiritual é a atualização dos poderes do espírito de maneira definitiva, acima da transitoriedade da matéria.

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