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ATUALIDADE TERRESTRE
Batuíra • psicografia de Francisco Cândido Xavier
Batuíra (Antonio Gonçalves da Silva), pioneiro da imprensa espírita em São Paulo, patrono dos jornalistas espíritas e do Grupo Espírita Emmanuel, figura de destaque na história do espiritismo no Brasil. A rua Espírita, do Lavapés, tem esse nome em virtude de ter sido aberta por Batuíra, que nela viveu e instalou as oficinas e a redação do jornal Verdade e Luz.
Meus amigos.
O texto escolhido por nossos instrutores da vida maior recaiu na advertência do Senhor: “quando derdes um festim, convidai os pobres e os estropiados...”
Vemos nisso, em nível mais alto de deduções, a penúria espiritual do mundo e as mutilações de ordem moral que enxameiam na Terra, solicitando-nos a provisão necessária de amor e luz.
Sentimos hoje, talvez como nunca, o impositivo da distribuição dos recursos imprescindíveis da alma.
Em toda parte estamos cercados por um mundo sedento de socorro e esperança.
Nos decênios últimos, milhões de companheiros da humanidade, que gravitavam em torno da comunidade planetária, voltaram ao plano físico impondo ao orbe novas perspectivas de libertação e progresso.
Esmagadora percentagem dos recém-chegados, através das portas da reencarnação, no fundo não se constitui de seres mais adiantados espiritualmente e sim de legiões imensas que aguardavam oportunidade para o retorno à experiência no lado mais denso da vida.
Isso vem criando os desníveis que conhecemos e os desequilíbrios que transparecem atualmente de quase todos os setores da atividade humana.
Estamos na residência física do planeta, assim como grande família que recebeu apressadamente e sem a devida preparação largo acréscimo de parentes que há muito tempo viviam distante, a exigir-nos agora providências múltiplas para que consigamos todos viver, conviver e sobreviver.
É, decerto, a hora do festim da inteligência em que somos todos induzidos a cooperar com os nossos irmãos para que disponham de possibilidades básicas na existência, de modo a alcançarem os objetivos de segurança e evolução a que demandam.
Aprendemos a repartir o pão.
Atingimos o momento de estender a paciência e a tolerância.
Temos doado apoio afetivo aos entes mais caros.
Chegou o instante de exteriorizarmos o coração em forma de entendimento e de amor.
Divulgação dos nossos princípios espíritas-evangélicos, não só de maneira determinada, mas por todas as formas que se nos façam possíveis.
Iluminar os caminhos e suportar os que transitam por eles carregando desespero ou desânimo, angústia ou perturbação.
Dar as mãos aos companheiros da estrada e ouvir-lhes os doestos e injúrias, as blasfêmias e lamentações com espírito de socorro e de paz.
Trabalhemos, sim, trabalhemos sempre mais, esparzindo os conhecimentos que nos honorificam a vida pelo acréscimo da Misericórdia Divina.
Antes de tudo, tanto quanto pudermos, solicitemos a todos, ou melhor, a cada um de nós, serenidade e serviço junto daqueles amados nossos, na órbita do lar, para que a tranquilidade e a bênção nos vivifiquem no desempenho dos deveres que o Senhor nos atribui.
Os pais difíceis, o filho problema, o esposo complexo, a esposa em desequilíbrio, o companheiro enigma e todos aqueles que se nos vinculam à experiência pessoal, transformados para nós em desafios inquietantes à nossa capacidade de entender e de amar – todos eles, os que se nos apresentam na moldura da provação – se erigem como sendo os necessitados a que nos cabe servir no festim da compreensão.
Pedimos determinadas concessões a Jesus e Jesus nos solicita determinados tipos de trabalho em sua seara de infinito amor.
E essa seara começa em nossa própria casa.
Amemos-nos como Jesus nos amou.
Esta será talvez para nós todos, agora, na atualidade do mundo, a maior mensagem.
OS PARENTES EXTRAVIADOS
Irmão Saulo
Que somos todos irmãos perante Deus, nosso Pai, é ponto pacífico desde o advento do cristianismo. Mas para figurar a grande família humana temos de admitir os graus de parentesco. Nossos irmãos que se extraviaram nos caminhos da reencarnação, perdendo-se nos descampados da zona etérea que circunda o planeta, são os nossos parentes que agora estão voltando ao convívio terreno. Enquistaram-se no espaço em núcleos estagnados, revivendo por séculos experiências há muito superadas, no abuso do seu livre-arbítrio. Agora, nesta fase de transição da evolução planetária, são obrigados a retornar e temos de recebê-los, dividindo com eles o pão de nossas novas experiências.
A mensagem de Batuíra confirma outras muitas mensagens recebidas no meio espírita, desde o tempo de Kardec, sobre o crescimento da população terrena. Mas Batuíra nos oferece algumas informações novas: são milhões os que voltaram nos últimos decênios; essa volta em massa nos obriga a apressar a acomodação de todos e a preparar acomodações para outros que virão; entre os recém-chegados, a maioria esmagadora é de espíritos necessitados de esclarecimentos; mas há naturalmente espíritos adiantados que vêm auxiliar-nos a acomodá-los; de tudo isso resulta a abertura de novas perspectivas de libertação e progresso para a vida terrena.
Estamos no “festim da inteligência”, porque os pobres e estropiados que vêm agora se sentar à nossa mesa são inteligências que anseiam por participar das conquistas que fizemos durante a sua ausência. Essas conquistas da nossa inteligência são partidas como o pão na mesa do banquete espiritual que estamos vivendo na Terra. A divulgação do espiritismo – a mais alta conquista efetuada no planeta – deve acelerar-se e intensificar-se por todos os meios possíveis, para que não falte a nenhum dos novos comensais a parcela de luz de que necessita.