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SOBRE O FEMINISMO
Francisco Cândido Xavier

As opiniões sobre o feminismo explodiam nos comentários que precederam a nossa reunião pública. Era noite de sábado. Em nossa visita aos lares de vários irmãos, os grupos de companheiros procedentes de cidades diversas falavam da posição da mulher na atualidade.

De todos os pareceres sobressaíam, felizmente, as considerações sobre a maternidade e sua importância evidente para o mundo e a vida. Mas, apesar disso, definições estranhas eram formuladas por várias irmãs que discutiam os problemas do feminismo acaloradamente.

Quando terminou a visitação em que nos empenhávamos, foi iniciada a parte final de nossas tarefas com a reunião habitual, quando se comunicam os nossos benfeitores espirituais. Depois do estudo rápido da codificação kardequiana, feita a prece inicial.

O livro dos espíritos nos ofereceu à meditação a questão 890. E, ao término de nossos ligeiros estudos, foram várias as poetisas desencarnadas que se comunicaram, dando-nos pela psicografia as trovas a que denominaram Notas de mulher.

NOTAS DE MULHER
Espíritos diversos

Na estrada mais rotineira
O homem, por mais que valha,
Quando perde a companheira
A vida se lhe atrapalha.

Rita Barém de Melo

Sócrates, César, Cervantes...
Homens de brilho imortal...
De todos esses gigantes
A mulher é o pedestal.

Narcisa Amália

Muito espírito no Além,
Sonhando a luz do porvir,
Pede um corpo de mulher
Para aprender a servir.

Maria Rosa

Conceito sábio e profundo
De inspiração lapidar:
O homem levanta o mundo,
A mulher sustenta o lar.

Antonieta Saldanha

É preciso andar sem corpo,
Vagando de alma ferida,
Para saber quanto vale
Um colo de mãe na vida.

Amélia Brandão

Um berço que a vida empresta
Para elevar o destino,
É Deus que se manifesta
No coração feminino.

Francisca Clotilde

Mulher errada de todo?!...
Mera injúria ao que não há.
Joga a semente no lodo
Que o lodo florescerá.

Ivete Ribeiro

No mar revolto da vida,
O sabor de vento e vaga,
Por mais largada e esquecida,
Mãe é luz que não se apaga.

Auta de Souza

Entre as criaturas mortais,
Ante ilusões e empecilhos,
Irmãs, não vos esqueçais
Que os homens são nossos filhos.

Vivita Cartier

Mães e mãos – harpas de amor
De poder incontroverso
Com que Deus cria o trabalho
Por música do Universo.

Julinda Alvim

Enquanto a mulher for mãe,
Por mais que o mundo a degrade,
Isto é sinal de que Deus
Confia na Humanidade.

Benigna da Cunha

CONJUGAÇÃO VERBAL
Irmão Saulo

O problema do feminismo foi solucionado pelo espiritismo, em meados do século 19. A questão 890 de O livro dos espíritos trata do amor maternal e a questão 822 coloca o problema da igualdade entre o homem e a mulher. A solução é simples e precisa: igualdade de direitos e diversidade de funções. Homem e mulher se complementam na vida terrena, são formas de encarnação com funções diversificadas na dinâmica da evolução.

Na forma masculina, o espírito enfrenta experiência que lhe desenvolvem as faculdades viris; na forma feminina, as que lhe aprimoram as faculdades afetivas. Por mais que se acentuem as mudanças sociais no mundo, haverá sempre a diversidade de funções entre homem e mulher, mas a igualdade de direitos se acentuará com o desenvolvimento da civilização.

É o que ressaltam de uma análise de conjunto das trovas mediúnicas dessas onze poetisas desencarnadas, todas elas conhecidas em nossas letras. Antonieta Saldanha define bem a situação, nos versos "O homem levanta o mundo, / A mulher sustenta o lar". No campo dos direitos, a mulher pode desempenhar encargos até a pouco só reservados aos homens, mas, no campo das funções, cada qual tem a sua posição biológica e social bem definida e irreversível.

Um poeta espiritual soprou-nos a seguinte trova que parece esclarecer a questão:

Homem e mulher – dois tempos
Do verbo amar sobre a Terra
Em que as almas se conjugam
Na vida que se descerra.

O feminismo exacerbado é tão insensato como o machismo. Ambos representam posições extremas que revelam incompreensão do problema. O homem que escraviza a mulher diminui a si mesmo, e a mulher que pretende sobrepor-se ao homem nada mais faz do que se aviltar.

Quando a mulher assume na vida social uma função masculina, o seu dever não é competir com o homem, mas dar-lhe o exemplo de desempenho equilibrado dessa função em que o homem, pelo seu machismo ridículo, em geral se desmanda. As mãos da mulher, como acentua Julinda Alvim, na sua trova, devem semear notas de amor na função em que o homem só tem desferido martelada.

Alguns espíritas não aceitam a tese doutrinária da encarnação do espírito ora como homem, ora como mulher. São criaturas sistemáticas e convencidas da suposta superioridade masculina. Mas a verdade é uma só: o espírito não tem sexo e as suas encarnações dependem das exigências da evolução espiritual, não se sujeitando à tolice dos preconceitos humanos. Basta lembrarmos que, sem a mulher, o homem não poderia existir e, sem o homem, a mulher também não existiria.

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