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ENCONTRO NA PRECE
Francisco Cândido Xavier
A mensagem Vida e coragem nasceu de uma reunião de amigos a que compareci. Comentávamos os problemas e tribulações com que somos todos desafiados para seguir adiante, na execução de nossos compromissos ante as realizações espirituais.
Tantos companheiros se afastam das atividades a que se consagravam, nos domínios da fé, muito embora continuem convencidos quanto às verdades do espírito! E quantos como que se distanciam da própria vida, permanecendo em desânimo! Referimo-nos a isso, quando alguém lembrou o benefício da prece em conjunto, para buscarmos a inspiração da Vida Superior.
A oração foi pronunciada por um de nossos companheiros. Em seguida abrimos O livro dos espíritos, que nos ofereceu a questão 643 para estudo. Trocamos ideias em torno do assunto suscitado pelas instruções kardecianas.
E, ao término do ligeiro encontro espiritual na prece, o nosso amigo André Luiz escreveu, por nosso intermédio, a mensagem sobre coragem e realização que todos nós, presentes ao estudo, concordamos em enviar às suas mãos, na esperança de vê-la em nossas publicações com os seus apontamentos doutrinários, para maior amplitude de esclarecimentos em nosso favor.
Nota - A questão 643 se refere à prática do bem na vida diária. Os espíritos afirmam que podemos fazê-lo a todos os instantes e acrescentam: “Fazer o bem não é apenas ser caridoso, mas ser útil na medida do possível, sempre que o auxílio se faça necessário.”
VIDA E CORAGEM
André Luiz
Ninguém consegue evoluir e elevar-se sem a coragem de aceitar-se tal qual é para fazer o melhor de si.
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Decerto os que nunca erraram e nunca sofreram estarão ainda na estaca zero, em matéria de experiência.
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Nenhum avanço se fez e nem se fará sem riscos.
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Pessimismo é impedimento da criação voluntária.
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Receio de sacrifício, em se tratando de fazer o melhor, é atraso na marcha.
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Trabalhar servindo é participar, e participar é viver corajosamente.
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Todos aqueles que se preservam demasiado contra obstáculos e provações acabam fugindo às tarefas que lhes compete desenvolver.
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O espírito que colabora na construção da felicidade geral não se agasta com a visita da injúria, qual o semeador que, a fim de enriquecer o celeiro, não se irrita contra os detritos do solo a que se dedica.
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Na contabilidade do bem de todos, mais vale imperfeição que trabalha em auxílio aos outros, no processo de aperfeiçoamento da alma, que virtude inerte com medo de perder-se.
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Todos nós – os espíritos ainda vinculados à Terra – somos, coletivamente considerando, vasto rebanho de criaturas em evolução. Mas aquele que não tenha coragem de pensar, agir e renovar-se sozinho, quando o rebanho estoure ou empaque, estará por muito tempo na roda da repetição, de vez que sem coragem de sermos o que somos, operando e cooperando para cumprir o dever que a vida nos atribui, não encontraremos progresso e nem apresentaremos utilidade para ninguém.
SER E FAZER
Irmão Saulo
Tudo na vida está por fazer. O que já fizemos é apenas o início da nossa tarefa. Ser e fazer são duas faces da mesma moeda. Quem é, faz. Quem não faz, não é. Podemos lembrar a doutrina de potência e ato em Aristóteles. Somos em nós mesmos a potência de quanto temos que fazer. Mas só fazendo nos atualizamos, nos convertemos na realidade viva do nosso destino, no ato de viver. Os filósofos existenciais consideram hoje que, para o homem, a vida é potência que se realiza no ato de existir. Assim, existir é viver conscientemente, lutando sem cessar na busca da transcendência.
A mensagem de André Luiz toca num ponto essencial da filosofia espírita – o seu aspecto existencialista. Ao contrário do que geralmente se pensa, o existencialismo não é uma corrente superficial do pensamento moderno. É um esforço para a compreensão do Ser através da existência, uma busca do homem através do seu fazer. No espiritismo essa busca se amplia e se aprofunda com a doutrina das existências sucessivas. O homem se faz a si mesmo fazendo o que lhe compete em cada existência. Se ele se considerar feito ou incapaz de fazer, não transforma a vida em ato, não existe.
As plantas e os animais vivem. A vida se atualiza nos reinos vegetal e animal através do simples ato de viver. Mas no homem existe a consciência, que supera o simples viver, exigindo o fazer espiritual. O homem não pode vegetar nem viver segundo os instintos animais. A consciência contém os seus próprios instintos que em O livro dos espíritos são designados como instintos espirituais. Estes exigem do homem a definição do seu viver no rumo das suas aspirações. Só assim ele se torna um existente, que no espiritismo se define como interexistente, um ser que existe entre dois mundos.
É por isso que o homem precisa aceitar-se tal qual é, tomando consciência das suas deficiências, dos seus defeitos, para fazer o melhor de si mesmo, para superar-se. As filosofias das existências, que caracterizam o pensamento filosófico do nosso tempo, confirmam a filosofia espírita e nos fornecem novos elementos para melhor compreendê-la. Se o leitor desejar aprofundar este assunto, deve ler o nosso livro O ser e a serenidade. Não podemos indicar outro, simplesmente por [ainda] não existir.