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FELICIDADE NA TERRA
Francisco Cândido Xavier

O tema central que nos reunia as conversações era o da felicidade na Terra. Todos os companheiros se referiam ao assunto quase calorosamente, quando a nossa reunião de estudos foi iniciada.

O livro dos espíritos nos ofereceu a questão 921, sobre os entendimentos em foco. Ao término de nossas tarefas, foi o nosso caro amigo espiritual André Luiz quem veio encerrar os comentários, com a página Paz íntima.

Nota – Na questão 921, os espíritos advertem que a felicidade terrena é relativa e depende de nós mesmos. Kardec acentua: "O homem compenetrado do seu destino futuro não vê na existência terrena mais do que rápida passagem. Somos punidos nesta vida pelas infrações que cometemos às leis da existência corpórea, pelos males decorrentes dessas infrações e pelos nossos excessos.”

PAZ ÍNTIMA
André Luiz

Guarda sempre:


A confiança em Deus e em ti mesmo.
A consciência tranquila.
O tempo ocupado no melhor a fazer.
A palavra construtiva.
A oração com trabalho.
A esperança em serviço.
A paciência operosa.
A opinião desapaixonada.
A bênção da compreensão.
A participação no progresso de todos.
A atitude compassiva.
A verdade iluminada de amor.
O esquecimento do mal.
A felicidade aos compromissos assumidos.
O perdão incondicional das ofensas.
O devotamento ao estudo.
O gesto de simpatia.
O sorriso de encorajamento.
O auxílio espontâneo ao próximo.
A simplicidade nos hábitos.
O espírito de renovação.
O culto da tolerância.
A coragem de olvidar-se para servir.
A perseverança no bem.

Conservemos semelhantes traços pessoais, na experiência do dia a dia, e adquiriremos a ciência da paz íntima com o privilégio de encontrar a felicidade pelo trabalho, no clima do amor.

O ESQUEMA DA FELICIDADE
Irmão Saulo

Viver é fácil. Mas existir é muito difícil. As plantas e os animais vivem naturalmente. Os homens não podem apenas viver; precisam, também, acima de tudo, existir.

As filosofias existenciais confirmam a tese espírita ao sustentar, em nossos dias – como novidade filosófica –, que o homem é um existente, um ser que existe conscientemente. No espiritismo, aprendemos que a vida é infinita, mas as existências sucessivas na Terra e noutros mundos materiais são finitas. Aquelas filosofias dizem que o homem nasce com sua facticidade, nasce feito, mas, durante a existência, deve superar-se a si mesmo, deve transcender a sua condição humana. O espiritismo nos ensina que a transcendência é o objetivo das existências sucessivas.

Bastaria isso para nos mostrar que a filosofia espírita antecipou o pensamento filosófico do nosso tempo e o transcendeu, revelando outra forma de existência, que é perispiritual, a de após a morte, em que o espírito passa a existir no perispírito ou corpo espiritual.

As transcendências humanas, que Sartre negou na sua filosofia existencial, mas que a maioria dos filósofos existencialistas sustenta como real, é acessível ao conhecimento humano, como Kardec demonstrou através da pesquisa científica. Hoje as próprias ciências materiais estão comprovando isso. As duas maiores provas, ambas irrefutáveis, foram feitas pelas pesquisas parapsicológicas (prova da natureza extrafísica do homem) e pelos físicos e biólogos soviéticos, com a descoberta do corpo energético ou corpo bioplástico do homem.

Colocado nesses termos o problema da vida humana na Terra, podemos facilmente compreender que a felicidade terrena é uma questão de adaptação da criatura às condições da sua existência. Essa adaptação não representa simples acomodação, pois a principal condição a ser levada em conta é a da necessidade de transcendência.

À luz do espiritismo, o homem não é apenas um existente, mas um interexistente, um ser que vive entre duas formas existenciais: a material e a espiritual. Atender somente às exigências existenciais seria acomodar-se, como queriam os estoicos, às condições imediatas. É necessário atender, também, às exigências do espírito que estão em nossa própria consciência. A interexistência é, assim, uma forma de equilíbrio.

O esquema da felicidade, que André Luiz nos apresenta, é um verdadeiro trabalho técnico. O encadeamento das proposições é perfeito e cada uma delas exige um estudo especial. “A confiança em Deus e em ti mesmo” implica o problema da fé divina e da fé humana colocado por Kardec. E da sua realização em nós decorre a proposição seguinte: “A consciência tranquila”.

Essas proporções, analisadas em si mesmas e na sua sequência, dariam um livro que poderíamos intitular A técnica de existir. Os espíritos não se comunicam à toa. Suas mensagens devem ser lidas e meditadas com atenção e profundidade.

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