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FELICITAÇÕES A IVANI
Francisco Cândido Xavier
Em nossa reunião pública, o nosso amigo espiritual Cornélio Pires escreveu dois sonetos sobre a reencarnação. Um deles, intitulado “Feliz regresso”, mereceu muita atenção de senhoras presentes interessadas no tema. Envio-lhe esse soneto, a pedido das senhoras, que desejam vê-lo publicado no Diário de S. Paulo com seus comentários.
Envio ao caro amigo os meus respeitos de sempre, com as minhas felicitações pelo apoio que vem dando à nossa admirável irmã Ivani Ribeiro no lançamento da novela ”A Viagem”, que se transformou em luminosa mensagem de fé e esclarecimento em todo o país. Peço-lhe transmitir à nossa Ivani os meus parabéns, com um abraço jubiloso de reconhecimento por essa realização digna do maior carinho da parte de todos nós.
FELIZ REGRESSO
Cornélio Pires
– “Casar com minha filha? Isto é loucura!...”
Falando assim, Nhô Nico da Cancela
Mandou matar Totonho de Nhá Bela,
Recusando-lhe a filha Nhá Belura.
Mas a jovem, conquanto a desventura,
Acabou desposando João Portela...
E Totonho voltando, nasceu dela,
Um prodígio de choro e de doçura.
Nhô Nico, o avô feliz, que andava inquieto,
Encantou-se de todo, vendo o neto
Ao guardá-lo nos braços de carinho...
Dias depois, falou de olhos em brasa:
– “Ninguém tire o menino, aqui de casa,
Que eu não posso viver sem meu netinho."
(Soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 10/01/1976, em Uberaba, MG)
VIAGEM DE IDA E VOLTA
Irmão Saulo
Na forma breve e simples de um sonho caipira, Cornélio Pires nos mostra como funciona a justiça de Deus, transformando a pena ou castigo do criminoso em processo de reajuste afetivo. A reencarnação é a nossa passagem de volta na viagem da morte. Todos morremos no corpo animal e ressuscitamos no corpo espiritual, como já ensinava o apóstolo Paulo à comunidade cristã de Corinto.
Assim, a ressurreição espiritual é a nossa passagem de ida. Vamos e voltamos tantas vezes quantas necessárias à nossa evolução. Por isso, Plotino, o filósofo do neoplatonismo, referia-se à “alma viajora”, que para Kardec seria o “espírito errante”, ou seja, que permanece viajando entre a Terra e o céu, até que possa fixar o seu verdadeiro domicílio nas regiões celestes.
Deus se serve, por assim dizer, desse processo para eliminar os ressentimentos entre as criaturas. O Totonho de Nhá Bela, no soneto de Cornélio, despachado em viagem forçada por Nhô Tonico da Cancela, volta mais tarde como neto do assassino, que a ele se apega sem suspeitar que o menino era precisamente o jovem que ele mandara matar.
Uma vida nova, entretecida de amor e carinho entre os dois, apagará no tempo o ódio que poderia fermentar ao longo de encarnações sucessivas. Nhô Tonico recebe o moço de volta em seu lar, através da filha que lhe negara em casamento. Dessa maneira, cede seu próprio sangue para reencarnação da vítima e vai criá-lo de novo na Terra, devolvendo-lhe a vida carnal e o corpo que lhe havia roubado.
A justiça divina é temperada de misericórdia, pois objetiva o amor e não a vingança.
Na novela “A Viagem”, de Ivani Ribeiro, em transmissão pela TV Tupi, canal 4, há várias mortes e ressurreições. As pessoas que estranham o fato de César e Diná aparecerem no plano espiritual com a mesma forma humana e as mesmas características que tinham na Terra, devem lembrar-se das aparições de Jesus aos discípulos após sua morte e ressurreição. E se acharem que estamos cometendo uma heresia nessa comparação, leia a I Epístola de Paulo aos Coríntios, onde encontrarão a afirmação do apóstolo de que todos ressuscitamos como Jesus ressuscitou.
É fácil compreendermos, diante desses casos, que há duas formas de ressurreição para as criaturas humanas. A primeira é a ressurreição espiritual, que ocorre logo após a morte. A segunda é chamada “ressurreição na carne”, que nada mais é que reencarnação. Por isso, encontramos no Evangelho os vários tópicos em que Jesus se refere à reencarnação, particularmente a do profeta Elias, reencarnado em João Batista, o precursor do Cristo.