Reproduzimos aqui o artigo intitulado Indagações sofridas, publicado na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970. Ele apresenta a mensagem No intercâmbio espiritual, ditada a Chico Xavier pelo espírito Emmanuel, que Herculano Pires (com o pseudônimo Irmão Saulo) comenta por meio do seu texto O diálogo mediúnico.
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INDAGAÇÕES SOFRIDAS
Francisco Cândido Xavier
Era muito grande o número de pessoas, em nossa reunião, a solicitar notícias e até mesmo mensagens diretas de familiares desencarnados. Muitas delas não tinham nenhum conhecimento ou experiência espírita. As solicitações sofridas pesavam no ambiente. As consultas e os diálogos que precediam os nossos estudos eram quase todos impregnados de muita dor moral.
Iniciados os trabalhos, O evangelho segundo o espiritismo, aberto ao acaso, nos ofereceu o tema do capítulo XVIII para os comentários habituais. Depois destes, que proporcionaram aos presentes palavras de esperança e esclarecimento, Emmanuel nos transmitiu a mensagem que lhe envio.
NO INTERCÂMBIO ESPIRITUAL
Emmanuel
Irmãos,
Os vossos mortos são mais particularmente os vossos vivos.
Decerto, desejam trazer-vos o testemunho da própria sobrevivência.
Entretanto, nem sempre dispõem de acesso fácil ao suspirado intercâmbio.
Esse descobriu iluminado caminho de renovação e não consegue harmonizar-se com vossas lágrimas.
Aquele vos anotou a desolação e, para falar-vos, aguarda o momento em que os vossos ouvidos se façam exonerados das sombras do desespero.
Outro esqueceu ofensas recebidas, e para evidenciar-se, espera o instante em que o vosso coração esteja livre de qualquer ressentimento, diante de supostos adversários e agressores.
Outro ainda se ausenta da comunicação, buscando adiá-la até que se libere dos traumas de angústia adquiridos na Terra e que ainda lhes remanescem no próprio ser.
E temos, na vida espiritual, companheiros outros, em dificuldade para o diálogo mais imediato convosco, tais quais sejam: os que são desafiados a fornecer provas minudenciadas de si mesmos para as quais ainda não possuem os recursos necessários.
Os que se fizeram portadores de inibições mentais, por efeito de ações que nem sempre conseguistes assinalar, quando na convivência terrestre; os que se entregam voluntariamente à longa preparação, no intuito de se expressarem oportunamente com mais seguro proveito; os que desistem de tanger certos assuntos de formação íntima e que se conservam na expectativa de mais ampla maturidade em determinados amigos, de modo a se manifestarem, de futuro, com o nível desejável da elevação.
Não intimeis os entes queridos, agora domiciliados no mais além, a se comunicarem convosco na base das carinhosas violências de que tantas vezes, na Terra, nos utilizamos para fins afetivos, nas vinculações de natureza familiar.
Esperai por eles, amando e servindo.
Não é propriamente o anseio do lavrador que faz germinação da planta e sim o tempo que, em nome de Deus, aceita o zelo do lavrador e coloca os menores acontecimentos da sementeira em seu justo lugar.
(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 27/02/1976, em Uberaba, MG)
O DIÁLOGO MEDIÚNICO
Irmão Saulo
Muitas criaturas se angustiam com a falta de comunicação com os entes queridos levados pela morte. Algumas, depois de tentativas infrutíferas, revoltam-se com a indiferença dos espíritos ou a suposta falta de atenção do médium.
Não obstante, é enorme o número de comunicações recebidas por pessoas que não acreditavam nessa possibilidade e nem mesmo a esperavam. Bastaria esse fato para indicar às pessoas ansiosas que as comunicações mediúnicas estão sujeitas a leis e condições geralmente desconhecidas.
gente supõe carregada de rituais sombrios e mistérios, não passa de um ato mental, ou seja, do pensamento voltado para o espírito com quem se deseja conversar. Quem vai a uma sessão pensando em determinado espírito já o evocou. Se ele não se comunica é porque não pode. E a impossibilidade tanto pode decorrer da situação do espírito após a morte, como das condições psíquicas da pessoa que o evoca, ou ainda de outras razões que só o estudo e a prática da doutrina podem esclarecer.
uitas coisas que aqui não percebia, compreende o que aqui não compreendia, passa a encarar os fatos da vida terrena de maneira diversa da que usava na Terra.
Os espíritos que se comunicam com muita facilidade e naturalidade estão em condições favoráveis. Mesmo assim, quase sempre são ajudados por espíritos superiores, que os amparam na hora da comunicação. Não se pode encarar o ato mediúnico como de natureza mágica ou sobrenatural.
Os espíritos, como ensina Kardec, são elementos da natureza. Mas não devemos esquecer que se encontram numa dimensão diferente da nossa. Naturalmente, sem rituais nem processos misteriosos, podem aproximar-se de um médium e solicitar o seu concurso para uma comunicação. Mas precisam estar em condições de fazer isso. E precisam também que os que desejam ouvi-los estejam nas condições necessárias.