EDUCAÇÃO NA FAMÍLIA
Por Heloisa Pires, do livro Educação Espírita, Ed, Paidéia.
A Educação Espírita, como bem frisou Kardec, se inicia nas famílias espíritas. Exemplos cristãos, reencarnação, compreensão de Deus, amor, fraternidade, possibilidade de intercâmbio entre encarnados e desencarnados, fazem parte dos conhecimentos que os pais devem ministrar aos seus filhos.
Os pais espíritas utilizarão os recursos da prece, do Evangelho no Lar e do passe. Dedicar-se-ão, ainda, ao auxílio às casas espíritas.
Não farão do filho um tirano doméstico, ou um inadaptado para o mundo. Mas o encaminharão para as escolas de evangelização espírita. Não colocarão as crianças em escolas protestantes ou católicas, não por preconceitos tolos, mas para não confundilas. É grande o número de pais espíritas que levam seus filhos às aulas de evangelização espírita, aos sábados e domingos, e permitem que eles aprendam religião católica ou protestante, durante a semana. A criança acredita nos pais, mas também nos professores, e se interroga: afinal, quem está com a razão? Como conciliar opiniões tão diversas?
Isso é horrível para a criança.
Uma vez por semana, a família espírita se reunirá para fazer o Evangelho no Lar. Não é um ritual, mas uma disciplina que permitirá a nossa ligação com o mundo espiritual. Após o Evangelho, a família poderá analisar, à luz do Espiritismo, os problemas atuais que preocupam sobretudo os jovens: a guerra, a fome, o desemprego, as injustiças sociais, a falta de amor. A compreensão da reencarnação e da lei de Ação e Reação facultará o entendimento do “porquê” das dificuldades do mundo em que vivemos.
Os pais espíritas explicarão aos seus filhos que não somos robôs. Que podemos modificar o nosso destino, atenuar as nossas provas e transformar para melhor o mundo à nossa volta. Esforço de evolução não é esperar, inerte, pelo auxílio divino, acreditando que tudo lhe será dado. É modificar-se, através do amor e com energia. Gandhi é o exemplo do indivíduo que entendeu, como ninguém, a necessidade de agir no mundo que o rodeava. É o exemplo de não aceitarmos tudo, e “deixar como está, para ver como fica”.
Antes de Gandhi, um homem louro e doce, deu o exemplo de como lutar contra as injustiças. O Meigo Nazareno soube usar de energia, quando verberou os fariseus chamando-os de “sepulcros caiados por fora e cheios de podridão por dentro”, acrescentando, ainda: “sereis lançados nas trevas exteriores, e aí haverá choro e ranger de dentes”.
Como bem diz Herculano Pires, evoluir não é ficar indiferente, com falsas atitudes de humildade e amor. Isso é ser igual aos fariseus. Evoluir é desenvolver a energia amorosa de Jesus, de Paulo de Tarso, de Gandhi, da Madre Teresa de Calcutá, de Joana d’Arc e de tantos outros que iluminaram o mundo com seus exemplos edificantes.
Como alguns membros da família espírita se acham, ainda, ligados às leis cármicas, à luz do Espiritismo se fortalecerão, e irão corrigir suas imperfeições e colaborar para um mundo melhor.
A função da família espírita é desenvolver, em casa, sob as claridades do Evangelho, todas as boas qualidades, as quais serão, posteriormente, colocadas em prática fora dela.
Uma nova Humanidade surgirá, sem barreiras geográficas. Uma humanidade que praticará, realmente, as Leis de Deus. Não mais o “meu”, o “teu”. A “minha” família, a “tua” família, mas a compreensão da família espiritual, resumida num só rebanho, com um só pastor, de que nos fala o profeta.
Quando o lindo bebê surge em nossa casa e começa a se desenvolver, o dever de todos os membros da família é auxiliá-lo na sua sociabilidade. Infelizmente, o que vemos é estimular-lhe o egoísmo. Se ele faz malcriações, todos acham graça. Se bate, exige, não empresta os brinquedos, a família se encanta com a sua personalidade forte. Logo se transforma numa criatura exigente, depois em um adolescente difícil, e finalmente em um adulto insuportável. De quem a culpa? Dos pais, dos tios, de todos os que incentivaram as tendências inferiores do reencarnado. A finalidade da educação é, exatamente, desenvolver as tendências boas e eliminar os defeitos trazidos de outras encarnações.
O mundo cruel de hoje é o produto do egoísmo que ainda existe nos corações. E se esse egoísmo vem de séculos, é comum encontrar estímulos na educação pragmática deste século.
A Educação Espírita, trazendo nova visão do mundo, auxiliará a formação da família espiritual.
A família espírita participará do Evangelho no Lar como fonte que é, da harmonização de seus membros. Não é um ritual, mas um momento de sintonia com o plano espiritual superior. É quando os corações, unidos, agradecerão a Deus todo o auxílio que lhes tem dispensado.