Aproveite e veja também as outras colunas que já estão no ar.
IMPERATIVOS DA INDULGÊNCIA
Francisco Cândido Xavier
Em nossa reunião da noite, o item 116 do capítulo X de O evangelho segundo o espiritismo, relacionado com os imperativos da indulgência, foi o tema principal dos comentários.
Lutas e inquietações da atualidade foram expostas pelos oradores que emitiram opiniões contrárias umas às outras. Ao término das tarefas, o nosso caro Emmanuel escreveu a página Apoio e bênção.
Nota – O item 16 do capítulo X de O evangelho segundo o espiritismo é uma mensagem psicográfica recebida em Bordeaux, na França, em 1863. Traz a assinatura de um espírito protetor que dava simplesmente o nome de José. A tônica dessa mensagem está na segunda frase: “Sede severos para convosco e indulgentes para com os outros.”
APOIO E BÊNÇÃO
Emmanuel
Indiscutivelmente, quantos te cercam precisam de ti, tanto quanto, até certo ponto, necessitas de cada um deles.
Entretanto, acima de todos os tipos de auxílio, solicitar-te-ão aquele que se erige no socorro do entendimento, a fim de que lhes não falte cobertura espiritual no caminho.
*
Assegura proteção aos filhos queridos em tudo quanto se relacione com a previdência no plano físico, mas quando não pensem por teus princípios, não lhes sonegues apoio e abençoa-os sempre.
O esposo e a esposa, o companheiro e a companheira, os amigos e os colegas contam contigo na solução das dificuldades de ordem material. No entanto, quando errem, criando-te provas e lutas, ampara-os com os benefícios de tua própria compreensão, para que, de simples erro, não venham a sair para as grandes calamidades doméstico-sociais.
Se tens contigo pais difíceis e violentos, auxilia-os através da própria tolerância, com a qual o tempo efetua prodígios de concórdia e felicidade.
Familiares e amigos abraçando ideias contrárias às tuas? Não lhes recuses a aplicação das receitas de benevolência das quais disponhas, de modo a que se reencontrem, quando em desacerto, nas bênçãos da vida.
Em verdade, todos precisamos uns dos outros, seja para compartilhar o pão que a Terra estende com fartura, seja para desfrutar o agasalho que a natureza nos ajuda a entretecer, em todas as direções. Mas todos nós, em qualquer tempo e em todas as situações, necessitamos, acima de tudo, de compreensão e bondade, estímulo e simpatia – as forças vivas do amor que nos fazem melhores para vivermos servindo e convivermos – sobrevivendo a todos os problemas e experiências da vida, invariavelmente unidos pelo esforço constante de ascensão à Divina Luz.
A LÂMPADA ACESA
Irmão Saulo
A vida pode escurecer ao nosso redor, mas se mantivermos a lâmpada acesa os contornos das criaturas amadas não desaparecerão nas trevas. O entendimento é a lâmpada mental que carregamos no escafandro do corpo, como o escafandrista carrega a sua no fundo do mar. Deixemos que a lâmpada se apague e não veremos mais nada ao nosso redor.
O mundo em mudança é como um dia de eclipse solar. Quando menos se espera o sol se apaga no céu e as trevas invadem a Terra. A evolução se acelera em nossos dias e o carro da vida se precipita em solavancos e curvas inesperadas. Precisamos de equilíbrio e firmeza para nos manter em nosso lugar e da luz do entendimento para clarearmos o caminho.
Em casa, com os familiares; no serviço, com os companheiros; na rua, com a multidão; a todo o momento nos defrontamos com surpresas atordoantes. Os costumes se modificam, a velha rotina se quebra, as normas do relacionamento humano se subvertem. É o mundo que está mudando e, por mais que tudo nos pareça errado, a verdade é que ele muda para melhor, sob o impulso irrefreável das leis da evolução.
Até agora nos orientamos – apesar das lições milenares do Evangelho – pela moral egocêntrica da importância pessoal. Os conceitos de honra e dignidade que cultivamos são heranças bárbaras. O melindre, a susceptibilidade exagerada, o autorrespeito doentio, a autoconsideração orgulhosa, criavam conflitos insanáveis por toda parte. Esposas e filhos não eram companheiros, mas escravos e às vezes até mesmo objetos. Falávamos em indulgência e compreensão, mas como tiranos que só as desejassem para si mesmos.
Hoje a evolução nos força a compreender que somos todos interligados por dependências de ordem moral e espiritual. Precisamos compreender os outros, entender as situações alheias e auxiliar sempre para sermos também auxiliados. Os imperativos da indulgência decorrem da necessidade de convivência. Compreender, perdoar e ajudar é a única maneira de cumprirmos os nossos deveres de pais, de filhos, de irmãos, à luz dos princípios cristãos.
Um século e uma década após a mensagem de José, na França, Emmanuel precisa nos dar uma nova mensagem a respeito da indulgência, procurando acordar-nos para mantermos a lâmpada acesa.