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BRASIL
Castro Alves • psicografia de Francisco Cândido Xavier

Brasil, o Mundo a escutar-te
Pergunta hoje: “O que é?”
Ah! Terra de minha vida,
Responde às Nações de pé!
Das montanhas altaneiras,
Dentro das próprias fronteiras,
Alonga os braços – Sansão!...
Sem prepotência ou vanglória,
Grava no Livro da História
Novo rumo à evolução!

Contempla a sombra da guerra,
Dragão de lodo a rugir
Envenenando a Cultura,
Ameaçando o Porvir!...
Fala – assembleia de bravos –
Aos milhões de homens escravos,
Sábios, loucos Prometeus...
Do píncaro a que te elevas
Dissolve os grilhões das trevas
Na Fé que te induz a Deus!...

Brada – gigante das gentes –
Proclama com destemor
Que o Cristo aguarda na Terra
Um novo Mundo de Amor!...
Ante as grandezas que estampas
Os mortos voltam das campas
Sublimando-te a visão...
Ao Progresso, Fernão Dias!
O Dever mostra Caxias,
Deodoro a renovação!...

Dos sonhos de Tiradentes,
Que se alteiam sempre mais,
Fizeste Apóstolos, Gênios,
Estadistas, Generais...
De todos os teus recantos
Despontam palmas de santos,
Augustos pendões de heróis!...
Astros de brilhos tamanhos,
Andrada, Feijó, Paranhos
Em teus céus brilham por sóis!...

Desde o dia em que nasceste,
Ao fórceps de Cabral,
O Tempo se iluminou
Na Bahia maternal!...
Hoje, que o Mundo te espera
Para as leis da Nova Era,
Por Brasília envolta em luz,
Que em ti a vida se integre,
De Manaus a Porto Alegre,
No Espírito de Jesus!...

Ao resguardar o Direito,
Mantendo a Justiça e o Bem,
Luta e rasga o próprio peito,
Mas não despreza ninguém...
Levanta o Grande Futuro,
Ergue, tranquilo e seguro,
A Paz nobre e varonil!...
À Humanidade que chora
Clamando: “Senhor... e agora?”
O Cristo aponta: “Brasil!...”

O POETA SE IDENTIFICA
Irmão Saulo

O poema de Castro Alves que encerrou o Pinga Fogo do Canal 4, na noite de 20 de dezembro de 1971, com o médium Francisco Cândido Xavier, oferece todos os elementos de identificação do poeta.

Composto em estrofes de dez versos setissílabos, tem a forma poética de O livro e a América e o mesmo estilo épico, a mesma garra condoreira, o mesmo ímpeto místicotelúrico daquele poema. O que mais devia impressionar aos que desejarem analisá-lo é a conotação de contemporaneidade entre eles. Em O livro e a América o poeta coloca o Novo Mundo em face do Velho Mundo como um prolongamento deste, mas também como um passo evolutivo no desenvolvimento do planeta. Na segunda estrofe faz os Andes – como braços levantados – apontarem para a amplidão. No poema “Brasil”, faz o Cristo apontar ao mundo, em desespero, a vastidão brasileira.

O tema é quase o mesmo. Num, a América é a esperança de paz e cultura que surge diante do materialismo guerreiro da Europa. Noutro, é o Brasil que rasga uma perspectiva espiritual para os insanáveis conflitos de sangue e fogo em que se perdem as velhas nações da Terra.

As metáforas condoreiras se assemelham e se equivalem, apenas atenuadas no poema de agora pela ternura evangélica. Há felizes conotações de imagens, como a que se nota, por exemplo, entre as figuras de Briaréu, no primeiro poema, e a de Sansão no segundo. É ainda mais expressiva a conotação entre os braços dos Andes apontando a amplidão e as montanhas altaneiras, dentro das próprias fronteiras, alongando-se como braços para assinalar novo rumo à evolução.

Outra consideração de importância fundamental a fazer-se é a de que o poema “Brasil” representou uma síntese poética dos momentos culminantes do Pinga Fogo, quando foram postos em foco os problemas da atualidade brasileira. O poema brotou espontâneo, escrito a jato, na velocidade característica da psicografia, revelando a presença espiritual e emocional do poeta nos diálogos que se travaram. Impossível negar, diante desse conjunto de elementos favoráveis e de um pouco de conhecimento dos problemas espíritas, a legitimidade dessa mensagem mediúnica.

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