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CID FRANCO DE VOLTA
Francisco Cândido Xavier

Conforme lhe comuniquei pessoalmente, recebemos a segunda mensagem de nosso amigo, o escritor Cid Franco.

O ponto de O livro dos espíritos sob o qual gravitam os pensamentos e os comentários da reunião foi a pergunta e a resposta da questão 733. Julgamos a página do nosso inesquecível poeta e escritor muito original, segundo o nosso entendimento.

Nota – Questão 733: Pergunta – A necessidade de destruição existirá sempre entre os homens na Terra? Resposta – A necessidade de destruição diminui entre os homens à medida que o espírito supera a matéria. É por isso que ao horror da destruição vemos seguir-se o desenvolvimento intelectual e moral.

QUE SERÁ DE NÓS
Cid Franco

Que será de nós se não sobrevivermos em Cristo

Tanto quanto o Cristo busca sobreviver em nós?

Não passaremos de símios acorrentados à teia dos cromossomos,

Nascendo,

Morrendo

E renascendo

A fim de aprender a edificar a vida pelo amor,

Mas acabando por ceder às tentações do ódio para destruí-la

Qual vem acontecendo

Na sucessão dos evos.

Que será de nós sem a sobrevivência em Cristo?

Quem livrará os povos superdesenvolvidos dos polvos da ambição e dos cogumelos do extermínio?

Time Square, Piccadilly, Champs Elysées, Festivais de Cannes, passarelas de Roma, carnavais do Rio,

Quem vos garantirá, na retorta da existência, a transformação gradativa convertendo-vos o brilho exterior em felicidade real?

Sociedades de Nações, Academias de Ciências, Institutos de Pesquisas e Organizações Culturais,

Quem vos assegurará a subida em demanda do sol do sentimento,

Para que os vossos raciocínios brilhem de sublimação à plena luz?

Companheiros que vos ocultais sob a névoa grossa da anfetamina

Ou que transitais nas alucinações do ácido lisérgico,

Quem vos soerguerá com paciência, restituindo-vos o equilíbrio nas trilhas naturais?

Que será de nós se não sobrevivermos em Cristo?

Sem Ele, ai de vós entregues às mandíbulas das máquinas,

Semelhantes a Moloques insaciáveis do sangue das vítimas!

E ai de nós no plano espiritual da Terra,

Que não podemos rogar piedade aos computadores nem pedir vida nova aos foguetes espaciais!

Que será de nós se não sobrevivermos em Cristo?

Homens, comunidades e nações conhecem a resposta...

Sem sobrevivermos em Cristo, na marcha em direção à solidariedade isenta das pedras do sarcasmo e livre dos punhos e golpes da violência, não passaremos de animais amando e odiando, edificando e arrasando, nas viagens de ida e volta berço-túmulo e túmulo-berço, embora refulgindo no ápice das conquistas biológicas, transistorizadas em nossas lembranças ancestrais a rebentarem através de guerras e mais guerras, conforme a filosofia do imanente e segundo o registro do imemorial.

A PÁSCOA DE TODOS
Irmão Saulo

Todos ressuscitaremos, como afirmou o apóstolo Paulo na primeira carta aos coríntios. A mensagem poética de Cid Franco nos traz a confirmação disso, nesta Páscoa de 1973, por duas maneiras. Dá-nos primeiro a prova da sua própria ressurreição e depois nos convida, a todos, para a ressurreição em Cristo. E para ilustrar numa visão histórica e mundial a realidade da ressurreição, mostra-nos o perigo do círculo vicioso das reencarnações, em que podemos cair pelo apego animal aos planos inferiores, sem a iluminação em Cristo.

Sobreviver após a morte é uma lei natural. Todos nós e todas as coisas estamos sujeitos a essa lei. Mas sobreviver em Cristo é superar essa exigência biológica para atingir os planos superiores do espírito. Não foi isso o que Jesus ensinou ao dizer: “Quem se apegar à sua vida perdê-la-á, mas quem a perder por amor de mim, esse a encontrará”?

O saudoso poeta de “À Procura de Cristo” e de “Trovas para o meu Senhor” continua a proclamar do além o que sustentava no aquém. Adverte-nos quanto ao perigo das máquinas devoradoras, da loucura tecnológica que enleia os povos nos tentáculos do polvo da ambição e ameaça-os com os cogumelos do extermínio. Convida-nos a vencer os alucinógenos da filosofia do imanente, dos tóxicos do pragmatismo, para podermos sobreviver na vida em abundância que o Cristo nos revela em sua ressurreição.

Páscoa quer dizer passagem e nós todos teremos a nossa páscoa individual ao passar desta vida para a outra. O poeta nos convida à Páscoa cristã – não a da passagem do mar Vermelho – mas a da travessia do mar vivo nas águas lustrais do Evangelho.

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