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RIBEIRÃO PRETO
Ricardo Gonçalves • psicografia de Francisco Cândido Xavier

Ribeirão Preto!... O céu que se anila e engrinalda
Para o carro solar que avança em resplendores,
Reinando sobre o campo em festa de esmeralda
Adornada de flores!...

Revejo-me contigo... A memória desvenda
A pompa em que surgiste ao menino que eu era...
O júbilo da praça, o brilho da fazenda,
O solo em primavera...

Corro a sorver-te a paz das manhãs harmoniosas,
Em torno, os cafezais engastando rubis...
Ouço malhos batendo e vejo a gleba em rosas...
E a cidade feliz.

Hoje, entre arranha-céus, ante a própria conquista,
Fulges, galgando o espaço em ritmo seguro,
Esplêndido florão da grandeza paulista
Indicando o futuro!...

A vida estenda ao mundo a paz que te descerra,
Cânticos de ascensão que o teu progresso entoe!
Ribeirão Preto em luz, terra de minha terra,
Deus te exalte e abençõe!...


RICARDITO VEM VINDO
Irmão Saulo
No dia 8 de agosto de 1971 Chico Xavier recebeu, em São José do Rio Preto, um poema de Ricardo Gonçalves, intitulado “Até breve, São Paulo”, que trazia a seguinte anotação: Preparando a próxima reencarnação. Publicamo-lo com várias informações sobre o poeta e curiosas declarações de seu amigo particular, o sr. Oswaldo Maria de Almeida Ramos, que se interessava vivamente por maiores informações sobre a volta de Ricardito. Pedimos e insistimos junto ao médium, mas nada mais obtivemos.

O dia 8 de agosto é o do nascimento do poeta, que ocorreu em São Paulo, em 1883, tendo ele falecido a 11 de outubro de 1916. Na data de seu aniversário Ricardito anunciava a sua volta a São Paulo através de nova encarnação. Agora, em Ribeirão Preto, cidade em que Ricardito viveu na sua infância, Chico Xavier recebeu o poema, sem mais explicações.

Ambos os poemas são típicos, refletem o estilo e a alma do poeta. A forma desses poemas é a mesma que ele utilizou na adolescência ao escrever “O pombo” e mais tarde o poemeto de apenas três estrofes “Uma vela que passa”. Essas duas produções figuram na edição de Ipês, organizada e lançada como obra póstuma por Monteiro Lobato. Constituem-se de estrofes de três versos de doze sílabas e um verso de seis. Até mesmo o uso de ponto de admiração e reticências, comum na época, repete-se nos poemas psicografados.

A poesia de Ricardo Gonçalves caracteriza-se pelo paisagismo, o apego à terra e à gente, aos costumes dos povos traduzidos em cenas poéticas. Os dois poemas que nos envia do além mostram essa mesma tendência,mas agora num sentido novo. Ricardito (seu apelido de família) mostra-se atraído pelos lugares em que viveu e aos quais voltará dentro de algum tempo.

Seu entusiasmo é justo. A volta que se prepara é uma oportunidade de recomeçar a tarefa interrompida pelo suicídio há mais de meio século. A misericórdia divina lhe permite a reintegração emocional na paisagem perdida que ele tanto amava. E lhe permite ainda mais – o que não é comum – essas tomadas de contato com a realidade atual, através da mediunidade de Chico Xavier, para o desabafo da comunicação na medida do possível.

Chico Xavier explicou, numa entrevista radiofônica, porque não obtivera as informações mais completas sobre a reencarnação do poeta: onde, quando, em que família? Só em casos excepcionais isso pode acontecer, pois a nossa condição evolutiva é ainda adversa a esse esclarecimento. Os antigos familiares e amigos do poeta cercariam a criança de cuidados extremos, prejudicando as provas por que ele deve passar na nova existência.

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