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INDAGAÇÕES
Francisco Cândido Xavier
Quantas indagações estavam no ânimo dos companheiros, antes das nossas tarefas, naquela noite, eu não saberia dizer.
Por que a enfermidade, às vezes sem explicação? Como enfrentar desilusões junto de amigos que pareciam inalteráveis? De que maneira interpretar as dificuldades orgânicas, por vezes até mesmo certas mutilações em criaturas inteligentes?
Como superar os problemas que se enfileiram na existência de cada criatura na Terra, como se cada um estivesse a esperar pela solução do anterior a fim de aparecer?
Nesse clima, a execução do programa de trabalho começou para o nosso grupo. Aberto O evangelho segundo o espiritismo, surgiram os itens 3 e 4 do capítulo XXV para as nossas reflexões. E foi o nosso amigo André Luiz quem escreveu a página da noite, intitulada Não tema, em que sinto um apontamento de consolo e de alerta para o nosso ânimo geral, nas lutas construtivas do dia a dia.
Nota – Os itens mencionados de O evangelho segundo o espiritismo ensinam que o trabalho é uma exigência natural da evolução do homem e que os espíritos não vêm libertar-nos do esforço próprio na solução dos nossos problemas, mas apenas mostrar-nos “o alvo que devemos atingir e a rota que a ele nos conduz”.
NÃO TEMA
André Luiz
“Não tema, creia somente” – diz o Senhor.
Creia na harmonia, na justiça, na verdade, no bem...
Somos livres, sob a proteção de leis vigilantes.
Deus não se ausenta.
Por isso, quanto nos aconteça, é sempre o melhor do que nos mostremos capazes de receber.
Em muitas ocasiões, a enfermidade inesperada no corpo é apoio antecipado às necessidades da alma; a afeição que nos deixa é amputação no mundo afetivo para que possamos sobreviver naquilo que estejamos fazendo de mais útil; o desejo contrariado é providência contra perigo invisível; a inibição orgânica é recuso para a condenação de nossas energias em auxílio à realização de tarefa determinada; o prejuízo é comunicado prévio para que não se caia em débitos insolvíveis; a penúria material é desafio a que nos levantemos para o trabalho.
Não desfaleça na prova que a vida lhe trouxe.
A Terra é um educandário em cujas lições somos todos alunos e examinadores uns dos outros.
Hoje é possível esteja sofrendo o cerco de numerosos problemas, entretanto, se você atende às instruções do amor, que nos traçam caminho certo entre as margens da humildade e do serviço, encontrará você o rumo exato de todas as soluções.
Para isso, porém, é necessário que você não permaneça no canto da inércia, colecionando pedras e espinhos que lhe pesem no coração ou lhe firam a alma.
Esqueça tudo o que foi tristeza ou desequilíbrio e entre no sistema da ação edificante que nos reforma o destino.
Todos os que lutaram e venceram, todos os que tombaram na sombra e se reergueram para a luz, sofrendo, lutando, construindo e renovando, nunca deixaram de trabalhar.
RESPOSTAS
Irmão Saulo
As respostas às indagações formuladas pelos visitantes de Chico Xavier foram dadas por André Luiz que, por sinal, revestiu de novas palavras e nova forma de expressão os ensinos espíritas sobre a finalidade da vida humana na Terra. Os espíritos do Senhor são bons professores e não se cansam de repetir as lições para os alunos desatentos, revestindo-as das mais diferentes roupagens a fim de atingirem a compreensão de todos. O educandário da Terra é orientado pela pedagogia do céu, cujo método fundamental é o amor.
Frederic Myers, o famoso psicólogo inglês, em seus estudos sobre a personalidade humana, verificou que a nossa consciência se divide em duas partes essenciais: a supraliminar e a subliminar. Encontrou isso nos seus estudos espíritas, confirmados por suas pesquisas hipnóticas. A consciência supraliminar é a que utilizamos no mundo, adaptada às exigências da vida material. A consciência subliminar é a que se destina ao mundo espiritual, onde teremos de viver depois da morte.
Podemos figurar a consciência como uma esfera cortada ao meio, uma laranja partida em duas metades. Esse corte é o limiar. A metade que fica acima dele é a que Myers chamou de supraliminar; a que fica abaixo é a subliminar. A parte de cima está cheia de indagações sobre a vida e a morte. A parte de baixo encerra todas as respostas. Porque a vida no mundo é um aprendizado e, para aprender, temos de enfrentar muitos problemas e procurar resolvê-los.
Na consciência subliminar – a parte de baixo – armazenamos o aprendizado feito em várias encarnações. Mas esse aprendizado não está completo e é por isso que voltamos ao educandário terreno. Quando uma prova difícil desafia a consciência supraliminar, a consciência de baixo, a subliminar, a socorre com os recursos provenientes das experiências anteriores.
Mas a consciência subliminar – a de baixo – é a que está em ligação com o mundo espiritual, adaptada a ele e não ao mundo terreno. Por isso, a parapsicologia hoje nos mostra que a percepção extrasensorial provém do inconsciente. E é por intermédio dessa consciência interna e profunda que os espíritos nos socorrem com suas intuições. Meditando sobre isso, compreenderemos melhor a lição de André Luiz: “A Terra é um educandário em cujas lições somos todos alunos e examinadores uns dos outros.”