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heculano microfone

J.Herculano Pires foi comunicado que Roberto Montoro, proprietário da Rádio Mulher, pretendia colocar na programação da emissora um programa espírita semanal, com a duração de uma hora. E mais: desejava fosse o programa estruturado e apresentado por ele.  O apóstolo de Kardec aceitou o convite, pois lhe fora assegurado que teria a mais ampla liberdade, “podendo tratar do espiritismo em todos os seus aspectos, sem restrição, e responder a qualquer pergunta” dos ouvintes.

No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados à noite e obteve sucesso imediato em São Paulo. A Rádio Mulher passou a reprisá-lo aos domingos, pela manhã. A Rádio Morada do Sol, de Araraquara e a Rádio Difusora Platinense, de Santo Antônio da Platina, no Paraná, retransmitiram-no, também, com expressiva audiência. O vigoroso programa prestou inestimável serviço à doutrina espírita durante três anos e meio. Herculano Pires, obviamente, jamais aceitou da Rádio Mulher qualquer espécie de remuneração.

Nesta seção do site, você vai poder ouvir os áudios originais dos programas, e também ler o texto  integral da transcrição.

 AGRADECIMENTOS

A Fundação Maria Virgínia e J. Herculano Pires agradece a todos os que colaboraram com a criação do acervo desta seção, doando gravações dos programas, em especial a Aldrovando Góes Ribeiro, Maria de Lourdes Anhaia Ferraz e Miguel Grisólia.

 

 

 

No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
 
Busquemos a verdade acima de tudo. Só a verdade nos libertará. Porque a verdade nos tira da ilusão, nos livra da mentira e do engano, nos enquadra na realidade. Quem vive fora da realidade está sujeito às surpresas desagradáveis, não sabe o que é certo e o que é errado.
 
Quem faz um negócio de olhos fechados, pode cair numa armadilha. Quem aceita o erro pela verdade, pode ter amargas decepções. Ande na vida de olhos abertos e ouvidos atentos. A Terra, dizia Pitágoras, é a morada da opinião. Mas a opinião não é a verdade, é apenas um palpite. Não dê ouvidos aos palpiteiros, procure a verdade. Quem procura acha, disse o Cristo. Para quem bate, a porta se abre.
 
Mas antes de bater na porta, verifique se o endereço está certo. O mundo está cheio de portas, muitas delas são falsas e dão acesso à mentira. Se você quer a verdade, deve bater na porta da verdade.
 
A porta da verdade nunca se enfeita de atrativos fictícios. A verdade não faz promessas fantasiosas, nem quer enfiar ninguém em uma rede de ilusões. A verdade é simples e pura. Não é arrogante e portanto não é exclusivista. Não diz que só ela é verdadeira. E ensina que há outras portas, para a verdade que procuramos.
 
Muitos caminhos nos levam à porta da verdade. Mas uma coisa é certa. Nenhum desses caminhos é atapetado e flores, nem está cheio de camelôs anunciando maravilhas. A verdade é a verdade. Aquilo que é, na realidade. Aquilo que podemos tocar com os nossos dedos, como Tomé tocou as chagas do Cristo ressuscitado.
 
A verdade não faz ameaças nem promessas. A verdade nos espera sem alarde. Se você quer encontrá-la, tem de procurá-la com afinco, com vontade. Mas não com precipitação, nem com paixão. A verdade é encontrada pelos que pensam, pelos que raciocinam, e não pelos que se deixam levar pelos outros. A verdade é a resposta que você procura.
 
No Limiar do Amanhã. Um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emmanuel. Transmissão 165 - 4° ano. Locutores: Jurema Iara e José Pires. Sonoplastia: Paulo Portela. Técnica de som: Benê Alves. Direção e participação do Professor Herculano Pires. Gravação dos estúdios da Rádio Mulher – São Paulo.
 
Este programa é transmitido todas as semanas, neste dia e neste horário. Pela Rádio mulher, São Paulo, 730 Khz; pela Rádio Morada do Sol, Araraquara, 640 KHz; pela Rádio Difusora Platinense, Santo Antônio da Platina, Paraná, 780 MHz. Toda as semanas, neste dia e neste horário.
 
Diálogo No Limiar do Amanhã, uma busca radiofônica da verdade.
 
A verdade só é descoberta pelos que não tem medo de encará-la.
 
Pergunta nº 1: Ouvinte enfermo deseja se consultar com Prof. Herculano.
 
Locutor
- O ouvinte José Manoel da Silva diz que está muito doente e pergunta quanto tem que pagar, para fazer uma consulta com o senhor, professor? Ele mora na Vila dos Remédios, em Osasco.
 
JHP – É claro que o senhor José Manoel da Silva está completamente enganado. Eu não sou médico, não tenho consultório, não trato desses problemas. Quando falamos aqui em curas, no sentido espiritual, estamos nos referindo a curas que tanto se podem dar em centros espíritas, como em qualquer igreja ou instituição religiosa, em que pessoas interessadas em despertar, em seus semelhantes, as energias espirituais necessárias para uma reação orgânica, consigam também a assistência espiritual necessária para isso. De maneira que o nosso ouvinte, se engana ao me fazer esta pergunta. O que ele deve fazer é dirigir-se a um centro espírita bem orientado e procurar então receber ali as instruções necessárias para sua orientação. Mas é claro que se o seu problema é de doença, de doença física, ele não precisa apenas ir ao centro, precisa também consultar médicos. Recorrer aos especialistas no tratamento da saúde, para poder obter os resultados necessários. Não obstante, a assistência espiritual lhe pode ser dada num bom centro espírita.
 

Pergunta nº 2: Quanto o senhor ganha para fazer esse programa?
 
Locutor
– Professor, a ouvinte Maria José Malva da Rua Luís Góes, da Vila Mariana, pergunta. Primeiro. Quanto o senhor ganha para fazer esse programa contra a nossa santa religião? Sabe que esse dinheiro vai servir para queimar sua alma no Inferno?
JHP –Não, não sabia disso, mas acredito que não vai dar certo. Não vai dar certo pelo seguinte, porque o Inferno não existe. Primeira condição para eu ser queimado era que o Inferno existisse. O Inferno não existe, primeiro. Segundo, eu não ganho nada para fazer o programa, de maneira que não há dinheiro para se converter em lenha. Se eu ganhasse alguma coisa, sim, estaria certo. Mas como não ganho, não há dinheiro para se converter em lenha. Entretanto, eu quero esclarecer também a nossa ouvinte. Nós não fazemos este programa contra nenhuma religião. Absolutamente. Nós fazemos o programa na divulgação daquilo que consideramos importante para a humanidade, que é a divulgação do evangelho de Jesus em Espírito e Verdade segundo ele mesmo anunciou. Procuramos despertar nas criaturas, a compreensã,o não apenas da letra do Evangelho, mas do Espírito do Evangelho. E se oferecemos os princípios da doutrina espírita, estes princípios também estão apoiados no evangelho de Jesus. É dele mesmo, é do Evangelho mesmo, que estes princípios decorrem. De maneira que a senhora se engana, não estamos fazendo campanha contra ninguém.
 

Pergunta nº 3: Por que o senhor não procura um exorcista para lhe tirar o demônio do corpo?
 
Locutor
- A segunda pergunta da ouvinte Maria José Malva. Por que o senhor não procura um exorcista para lhe tirar o demônio do corpo? Este é um conselho de quem deseja salvar a sua alma, que pertence a Deus.
 
JHP – Eu agradeço muito, a sua intenção. E agradeço a sua referência de que a minha alma realmente pertence a Deus. Mas, veja a senhora, se a senhora mesma reconhece que a minha alma pertence a Deus, então não deve estar preocupada com ela. Se o demônio estivesse no meu corpo, ele estaria numa situação muito difícil, porque a minha alma, pertencendo a Deus, ele não pode se apossar dela. Só se apossaria do meu corpo, não é verdade? Eu não acredito que o demônio tenha força para tomar uma alma de Deus. A senhora acredita? Se a senhora acredita, a senhora está cometendo uma heresia. Porque Deus é o poder supremo do universo. Sendo assim o poder supremo, o demônio, mesmo que exista não pode com ele. A senhora acha que pode? Se a minha alma está com Deus, se foi criada por Deus. Se eu me aproximo de Deus procurando através do estudo e da leitura dos evangelhos compreender a mensagem do Cristo em Espírito e Verdade, a senhora ainda acha que eu devo ter medo do demônio? Não. Não devo ter. Pode estar tranquila quanto a minha alma.
 

Pergunta nº 4: O Evangelho pertence ou não à Bíblia?
 
Locutor
– Professor, o ouvinte José Maria Corvão, da Rua São Luís, pergunta. Primeiro, por que o senhor diz que o Evangelho não pertence à bíblia? Todos fazem o contrário do senhor.
 
JHP – Bom, naturalmente isto é um problema de investigação histórica e de apreciação das coisas no seu exato sentido. Eu sei que os evangelhos são ligados à Bíblia em várias edições e são considerados, por numerosas religiões cristãs, como fazendo parte integrante da Bíblia. Mas a história diz o contrário. Para mim a voz da história é muito importante. A história nos mostra que a Bíblia é um livro judaico. É uma biblioteca judaica, como eu tenho dito aqui muitas vezes. Estão vários livros ali reunidos, livros do antigo judaísmo. Do antigo, veja bem, não do judaísmo moderno. Do judaísmo anterior a Cristo. Esses livros, ali juntados, representaram as escrituras judaicas, da Antiguidade. Depois veio Jesus. E Jesus fez a sua pregação. Jesus teve a sua vida. A sua vida de 33 anos na Terra, segundo a tradição. Depois disto, Jesus foi crucificado, como sabemos, e somente 40 anos depois se começaram a escrever os evangelhos. Veja que é uma grande distância da Bíblia judaica e o Evangelho, do ponto de vista histórico.
 
Por outro lado, há uma distância também no sentido de conteúdo. A bíblia tem alguns livros proféticos que correspondem realmente à inspiração daqueles médiuns antigos que eram chamados "profetas", que recebiam estas inspirações e transmitiram algumas revelações muito importantes. Mas talvez a mais importante seja aquela que fala da vinda do Messias. O Messias deveria vir e o Messias era Jesus. E o Messias, quando veio, ele não continuou a Bíblia. Pelo contrário. Ele ofereceu uma nova mensagem, revogando muitos princípios da Bíblia. Quando ele disse, por exemplo, que não vinha revogar a lei, mas cumpri-la, ele estava se referindo à lei moral. A lei espiritual que está na Bíblia. Esta lei é válida, mas ela não constitui toda a Bíblia. A Bíblia é um livro que tem a história dos judeus, que traz numerosas criações literárias dos judeus. Embora, no sentido religioso, mas literárias. Que traz numerosos cânticos usados pelos judeus, naquele tempo nas sinagogas. E assim por diante. É uma verdadeira enciclopédia judaica da Antiguidade.
 
Ora, o Evangelho é o contrário disso. O Evangelho é uma espécie de uma plataforma religiosa. Assim como os partidos políticos apresentam a sua plataforma em véspera de eleições, podemos, por uma comparação puramente histórica, dizer que Jesus apresentou a plataforma de sua ação, da sua atuação no mundo, a partir de sua presença na Terra, no Evangelho. O Evangelho escrito por vários evangelistas consubstancia o pensamento de Jesus sobre nosso comportamento no mundo. E modifica as coisas profundamente, no tocante à velha bíblia judaica. Por exemplo, o Deus da Bíblia é um Deus raivoso, iracundo. Um Deus que amedronta, um Deus vingativo. Um Deus que lança povos contra povos em guerras de extermínio. Um Deus que se manifesta para mandar os seus diletos cometerem crimes e sacrificarem, às vezes, os seus próprios familiares. O Deus da Bíblia é aquele que diz "dente por dente e olho por olho", pregando, portanto, a vingança. O Deus de Jesus é tão diferente... A senhora preste atenção. O Deus de Jesus é aquele que diz: amai-vos uns aos outros. O Deus de Jesus é aquele que o apostolo João, definiu no seu evangelho como sendo amor. João diz: "Deus é Amor." O Deus de Jesus é o Deus de perdão. Jesus lhe deu um nome pequenino, mas tão significativo: Pai. Deus é Pai. Se ele é Pai, nós todos somos seus filhos. E então, este Deus não é vingativo, não atira ninguém contra ninguém. Não quer a guerra, mas a paz. Não quer o ódio, mas o amor. Não quer a vingança, mas o perdão. Jesus ensina lá a perdoar setenta vezes sete, aquele que nos fez o mal. Amar os nossos próprios inimigos. Enquanto o Deus da Bíblia manda matar os inimigos, extinguir os inimigos. Como o senhor quer que eu aceite que o Evangelho de Jesus, na sua pureza espiritual, seja parte do velho livro judaico? Não. Não posso aceitar. É por isso que eu não aceito.
 

Pergunta nº 5: O apóstolo Paulo ensina a fazer as sessões espíritas
 
Locutor
– Segunda pergunta do ouvinte José Maria. Como e por que o senhor diz que o apóstolo Paulo ensina a fazer sessão espírita? Onde está isso?
 
JHP – Eu digo que o apóstolo Paulo ensina realmente a fazer uma sessão espírita, porque ele nos dá o modelo das sessões realizadas pelos apóstolos, naquele tempo. E ele ensina isto na Primeira Epístola aos Coríntios. O senhor pode procurar ali, o tópico referente aos dons espirituais. E veja, se o senhor conhece uma sessão espírita, veja a disposição dos médiuns na mesa. As recomendações de Paulo sobre a maneira por que os médiuns deviam receber o espírito e como deviam falar. A recomendação específica dele no tocante à mediunidade que nós hoje chamamos mediunidade de xenoglossia, ou mediunidade poliglota. Aquela mediunidade que se manifestou nos apóstolos, no dia de Pentecostes, quando eles começaram a falar em línguas estrangeiras. O apóstolo Paulo recomenda aos médiuns sentados à mesa nas sessões apostólicas, que não falassem numa língua estrangeira, se não houvesse ali um intérprete. Porque não havendo o que interpretar, a mensagem do espírito não serviria para ninguém. Todos os cuidados são tomados pelo apóstolo na sua Primeira Epístola aos Coríntios, ao ensinar como se faz uma sessão mediúnica.
 

Pergunta nº 6: A reencarnação é uma teoria pagã?
 
Locutor
– E a terceira pergunta. O senhor não acha que a reencarnação é teoria pagã? Pertence a religiões de antes do cristianismo, como a egípcia, as da Índia e outras?
 
JHP – Não. A reencarnação é simplesmente um fato natural, é uma lei da natureza. Nós verificamos que, desde toda Antiguidade, não só as religiões, mas também as filosofias, consideraram a existência do processo reencarnatório. A reencarnação tomou mesmo, entre os gregos, um nome mais amplo. Nós falamos reencarnação porque falamos da volta do espírito à carne. Encarnar e reencarnar. Mas os gregos utilizaram uma palavra ainda mais ampla. Eles falavam: palingenesia. Palin, genesia. Genesia, como sabemos é o nascimento, a criação. Palin é novo. Portanto, nova criação, novo nascimento. Este novo nascimento, ou esta nova criação, como quisermos entender, correspondia no pensamento grego, a um processo de reencarnação universal, referente a todas as coisas. Palingenesia. Quer dizer todas as coisas nascem de novo. Todas as coisas morrem e renascem. Todas são reconstruídas. Então vemos que esta teoria da reencarnação vinha realmente de muito longe. Mas no Espiritismo, ela não apareceu ligada a esses processos, a essas interpretações, a essas teorias antigas.
 
O Espiritismo apresentou-nos uma nova teoria da reencarnação. E esta teoria não nasceu do pensamento de Kardec, mas da comunicação dos espíritos com ele. Os espíritos lhe falaram da reencarnação, com base no Evangelho de Jesus. Quando Jesus diz, por exemplo, a Nicodemos que é preciso nascer de novo. E Nicodemos estranha que Jesus falasse disso. Então Jesus pergunta a Nicodemos: “És mestre em Israel e não sabes destas coisas?” Jesus estranha que Nicodemos não saiba que nós precisamos nascer de novo, para poder entrar no Reino dos Céus. As religiões em geral interpretaram este nascer de novo, como sendo apenas uma renovação espiritual da criatura, um processo de conversão. Mas a verdade é que Jesus insiste na teoria do nascimento real. E Nicodemos lhe pergunta: “então devo entrar no ventre de minha mãe para nascer de novo?” Então Jesus o corrige e termina dizendo que na verdade, todos temos de nascer de novo e nascer da água e do espírito. Esta expressão dele, "nascer da água e do espírito" é sintomática, é definitiva, como explicação da reencarnação. Porque a água era, em toda a Antiguidade, e também no tempo de Jesus, a água era o símbolo da geração. O símbolo do nascimento na matéria. Nascer, portanto, da água e do espírito, quer dizer nascer do corpo e do espírito. Reencarnar-se.
 
Kardec tem um estudo muito bonito sobre isto que o senhor poderá encontrar n'O Evangelho segundo o Espiritismo. E ele ali esclarece que a reencarnação era conhecida no tempo de Jesus, pelos judeus. Mas era interpretada ou confundida com ressurreição. Então, por exemplo, quando Jesus apareceu (o senhor vê isto no próprio Evangelho), eles diziam que era um dos profetas antigos que estava voltando, que tinha renascido, que tinha ressuscitado. Eles aceitavam, portanto a reencarnação, mas não sabiam explicá-la. Ora, Jesus explicou como se dava o renascimento. E Jesus confirmou isto várias vezes, como naquele cego, por exemplo que ele curou. E lhe perguntaram se, na verdade, a cura daquele cego representava a libertação de um pecado cometido por ele. Mas que ele, cego, o era desde nascença. Então como interpretar-se que tivesse sido um pecado? E Jesus disse que nenhum, não foram os seus pais que pecaram, mas ele mesmo. Ele mesmo havia pecado, ele, o cego. Há até uma teoria religiosa, uma hipótese religiosa muito curiosa. Que para se livrar do problema da reencarnação, interpretou assim: que o cego pecou no ventre da mãe, antes de nascer. Ora, como ele poderia pecar, num estado de inconsciência? Vê-se, então, que precisaram mesmo fazer certos jogos de palavra para tirar a reencarnação da interpretação evangélica. Mas a reencarnação está ali presente. E em numerosos tópicos que confirmam plenamente também a citação histórica de Kardec, de que a reencarnação era admitida pelos judeus.
 

Pergunta nº 7: O livro O Exorcista e a desobsessão
 
Locutor - Professor, a ouvinte Maria José Amaral, do Tatuapé, pergunta. Primeiro. É verdade que existe um livro intitulado Obsessão, que é uma resposta dos espíritas ao livro O Exorcista? Se é, onde posso encontrá-lo?
 
JHP – Existe o livro Obsessão. É um livro de Allan Kardec. E basta dizer que é de Allan Kardec, para se ver que não pode ser, de maneira alguma, uma resposta ao livro e romance O Exorcista, que é um livro recente. Quer dizer o livro Obsessão de Kardec é muito anterior, tem um século antes do aparecimento deste livro O Exorcista. O livro Obsessão é muito interessante, é um livro valioso. Porque nele, Kardec relata numerosos casos de obsessão ocorridos no seu tempo e que foram tratados pelo Espiritismo de maneira naturalmente diversa daquela que é aplicada nos processos de exorcismo, tanto do judaísmo quanto das igrejas cristãs. Ora, neste livro de Kardec, Obsessão, nós encontramos a maneira pela qual espiriticamente se faz aquilo que chamamos de desobsessão. Libertar o indivíduo de uma perturbação espiritual, de uma obsessão espiritual que o perturba. Esta libertação entretanto, não implica aqueles processos violentos de mandar o espírito retirar-se do corpo da pessoa e voltar para as regiões inferiores. E nem mesmo de chamar o espírito obsessor de condenado, de réprobo, de demônio, de satanás e assim por diante. O processo de desobsessão leva em conta o seguinte: que o espírito obsessor é também um espírito necessitado.
 
Como o Espiritismo não admite a existência de satanás, considera que aquele espírito que dá o nome de satanás ou nome de diabo, é simplesmente um espírito inferior que está querendo atemorizar os outros. Mas, na verdade, é um espírito necessitado, uma criatura humana que morreu, passou para a vida espiritual, não tem condições suficientes de evolução para se elevar espiritualmente, e passa a praticar coisas que correspondem ao que se chama, aqui na Terra, de práticas demoníacas. É preciso atender a esta criatura. Então no processo de desobsessão, os dois lados são atendidos. Não se cuida apenas do obsedado. Cuida-se também do obsessor, e em vez de procurar afastar-se violentamente um espírito diabólico, procura-se mostrar aquele espírito humano perturbado, inferior que ali está, a necessidade dele se corrigir, dele se converter ao bem, para poder se libertar também no seu estado inferior. Porque o espírito obsessor é sempre um espírito sofredor.
 
Mande suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã, Rua Granja Julieta 205, travessa da avenida Santo Amaro, São Paulo. Escreva-as à máquina ou com letra redonda e bem legível. Faça perguntas, não faça relatórios. Nosso tempo é curto e precisamos atender a todos.
 
Aceite um conselho de mulher. Não receba ninguém que se apresente como enviado deste programa ou do professor Herculano Pires. Não temos enviados e não mandamos ninguém fazer visita de espécie alguma. Se alguém aparecer como nosso enviado, mande-o cantar noutra freguesia. 
 
Diálogo No Limiar do Amanhã. Quem estará com a verdade?
 
A verdade não está com os que dizem possuí-la com exclusividade. Porque a verdade é de todos e a todos espera.
 

Pergunta nº 8: Um passe espírita é o mesmo que uma bênção?
 
Locutor
- Continuando a responder a ouvinte Maria José do Amaral do Tatuapé. Ela pergunta professor. O que é um passe, no Espiritismo? Não é o mesmo que bênção?
 
JHP – Não. O passe não é propriamente uma bênção. Aliás, no Espiritismo, nós não usamos a bênção. Não usamos, porque achamos que quem pode abençoar é Deus. Pedimos a bênção de Deus e, naturalmente, dos espíritos superiores. De Jesus, dos bons espíritos que podem abençoar-nos. Porque a bênção é uma doação. Uma doação que só quem tem pode fazer. Então o passe no Espiritismo tem outro sentido. A palavra vem, como sabemos, do verbo "passar". Passe é assim dito no sentido de que a pessoa pode ajudar uma outra que esteja enferma ou que esteja apenas se sentindo com indisposições. Ajudar esta pessoa a fazer passar aquela situação e voltar a sua saúde ao estado normal, ou o seu equilíbrio ao estado normal. O passe não é apenas espírita. Existe o passe magnético, o passe hipnótico. Isto no campo, naturalmente, das ações psíquicas. Nós sabemos que a palavra passe se aplica em muitos outros campos, de diversas formas. Entretanto, o passe no Espiritismo não tem o sentido da bênção como dissemos. Tem o sentido de uma ajuda fluídica, uma ajuda magnética. Seja do magnetismo animal, quando o indivíduo age apenas magneticamente, ou do magnetismo espiritual, quando ele age como médium. Então é o passe mediúnico. Ele age assistido por entidades espirituais que transmitem vibrações, fluidos, ao indivíduo que recebe o passe. É assim.
 

Pergunta nº 9: Por que os espíritas dizem "prece" em vez de "oração"?
 
Locutor
– Por que os espíritas dizem "prece" em vez de "oração"?
 
JHP – É curiosa esta pergunta, porque muita gente se interessa por isso e, às vezes, tem um certo acanhamento em perguntar. A palavra "prece" e a palavra "oração" são sinônimos, se equivalem. Então o problema é apenas de costume. Acostumou-se no meio espírita a dizer "prece". E este costume tornou-se uma tradição espírita. Nós preferimos a palavra prece à oração. Mas não tem nenhum sentido mais profundo nessa preferência. Ela decorre apenas de uma espécie de costume que se tornou habitual, tornou mesmo que uma tradição no meio espírita. Mas falamos oração também. Falamos orar, é preciso orar. Entretanto, quando nos referimos especialmente às formas de oração que se pode fazer, nós preferimos a palavra prece, porque estamos mais habituados a ela.
 

Pergunta nº 10: Por que o Espiritismo condena as imagens, os defumadores e o uso de velas?
 
Locutor
– Professor, a ouvinte Ambrosina Pereira, da Rua São Luís, pergunta. Primeiro. Por que o Espiritismo condena as imagens, as medalhas, os escapulários e até mesmo os defumadores e uso de velas? O senhor não acha que essas coisas são psicologicamente válidas? Podem ajudar as pessoas?
 
JHP - Não há dúvida. Nós achamos que sim. Mas essas coisas agem psicologicamente para aquelas pessoas que acreditam nelas. Ora, o Espiritismo nos demonstra que o problema do espírito não está ligado a objetos materiais. Por exemplo, a senhora me lembrou aí um aspecto curioso. Muitas perguntas têm sido feitas aqui sobre o exorcismo e também sobre a desobsessão. Ainda há pouco, respondi a uma delas. A senhora me lembra um aspecto curioso do exorcismo e da obsessão. É a presença, no exorcismo, destes objetos. Inclusive daquilo que se chama as relíquias dos santos. Que se usam para fazer com que o espírito mau, considerado demônio, se afaste da pessoa que está sendo influenciada por ele. Usam-se esses objetos como tendo poder para afugentar o demônio. Entretanto ainda hoje falou-se aqui no livro O Exorcista. Lendo-se o livro O Exorcista, vê-se que certos espíritos, chamados demoníacos ou diabólicos, não respeitam nenhuma dessas coisas. Eles chegam mesmo a cometer verdadeiras heresias, quando conseguem no processo de exorcismo tomar das mãos do exorcista um destes objetos. Revelam o maior desprezo por eles, não têm o necessário respeito.
 
Então, o Espiritismo nos mostra que nenhum objeto, nenhuma fórmula, nenhum gesto, nenhuma palavra tem o poder de expulsar um espírito que esteja perturbando uma pessoa. O que vale na relação com os espíritos é o pensamento e o sentimento. O que determina o afastamento da entidade com mais rapidez é aquilo que Kardec chama autoridade moral de quem age. Todos esses objetos são, portanto, resíduos de épocas primitivas, dos tempos em que os homens ainda se ilhavam em superstições e acreditavam no poder dos objetos e das coisas materiais. Para nós, espíritas, o problema do espírito está ligado apenas ao espírito mesmo. O espírito não se interessa por esses objetos. É verdade que espíritos inferiores, às vezes, se impressionam, como as criaturas humanas também se impressionam com esses objetos. Mas apenas os inferiores. E o maior perigo das obsessões, não está nos espíritos atrasados, ignorantes, supersticiosos. Mas, sim, nos espíritos inteligentes, atinados, que são os chamados pelas religiões de "demônios", porque eles têm saber. Eles têm capacidade intelectual, inteligência para agir. E então, agem de maneira, muitas vezes, sutil e bastante perigosa.
 
Ora, para lidar com esses espíritos, nenhum desses objetos, nenhuma dessas coisas materiais, tem valor nenhum. Porque eles não temem os objetos. Eles não temem essas coisas. Eles não acreditam no poder, no possível poder dessas coisas. Então, é por isso que, no Espiritismo, nós procuramos desligar as pessoas do apego às coisas materiais, como tendo poderes espirituais. Essas coisas não têm poderes espirituais. E procuramos despertar as criaturas para a compreensão do poder do espírito, que está não somente no coração e na mente do individuo, mas também no campo da sua moralidade. Aquilo que Pestalozzi, o mestre de Kardec, considerava a religião livre, a religião depurada de quaisquer vestígios materiais. Ele chamava de Moralidade. A moralidade da pessoa, a sua condição moral é muito mais importante no processo de afastamento do espírito, do que qualquer objeto que possa ser utilizado. E é por isso que, no Espiritismo, esses objetos são considerados como sem valor para as ações espirituais.
 

Pergunta nº 11: Por que os espíritas não usam crucifixo?
 
Locutor
– Professor, agora uma pergunta que o senhor pode julgar maliciosa, mas não é. Quero mesmo saber. Por que os espíritas não usam crucifixo?
 
JHP - Pela mesma razão que acabei de dar com referência aos outros objetos. O crucifixo é uma imagem, como sabemos, do momento em que Jesus morreu na cruz. Ele nos lembra a morte de Jesus. Durante 2000 anos, depois da crucificação de Jesus, o cristianismo se desenvolveu no culto dessa imagem. Mas essa é a imagem que nós, no Espiritismo, não consideramos como a mais criadora e a mais capaz de dar uma sugestão positiva para as pessoas que seguem o cristianismo. Nós preferimos a imagem do cristo ressuscitado e não o momento da sua derrota no mundo material, do seu sacrifício, da sua morte. Nós sabemos que essa derrota produziu a sua vitória, que foi a ressurreição. Mas preferimos encará-lo no momento da vitória. No momento glorioso em que ele sai da morte, em que ele triunfa sobre a morte. E em que ele nos dá o exemplo de que nós todos podemos nos libertar dos perigos do mundo e nos libertar das ameaças da morte. Então o crucifixo que deu sempre ao mundo uma imagem sombria do cristianismo e nos traz a recordação dos momentos mais penosos da vida de Jesus. O crucifixo, nós o respeitamos como imagem nesse sentido. Mas preferimos oferecer a todos aqueles que procuram as luzes do Espiritismo, a imagem mais estimuladora, aquela que nos fala da vida superior, que nos fala principalmente da ressurreição, o Cristo ressuscitado. Não mais preso ao madeiro. Não mais sacrificado pela humanidade.
 
E aí há outro aspecto bastante importante. Em geral, as religiões consideram a crucificação do Cristo como um momento em que ele, pelo seu sangue, salva a humanidade. A verdade nos parece ser outra. O que salva a humanidade não é o sangue de Jesus derramado na cruz. O que salva a humanidade é o seu ensino, é o seu Evangelho, são as suas lições de amor, é o seu convite às almas para que se libertem do apego a matéria. Para que procurem descobrir, dentro de si mesmas, a essência divina que todas elas possuem. É isto o que salva o mundo. O que deu origem ao culto do sangue no Cristianismo, culto que a nós espíritas parece muito grosseiro. O que deu origem a isso, foi aquela comparação que Jesus fez. Nós já falamos aqui da linguagem alegórica de Jesus, em virtude da incompreensão dos homens de seu tempo. Jesus fez uma imagem dele comparando ele mesmo com o cordeiro pascal. Porque Jesus era judeu, nasceu no meio judaico, viveu entre os judeus. Então ele conhecia todos os costumes judaicos.
 
O cordeiro pascal é, como sabemos, o cordeiro sacrificado na comemoração da páscoa. A páscoa judaica referia-se ao momento da passagem do mar Vermelho. Quando Moisés retirou os judeus escravos do Egito, para levá-los à terra de Canaã. A palavra Páscoa, quer dizer precisamente "passagem". Então eles comemoravam o momento da libertação. O momento em que eles se libertaram da escravidão do Egito. Comemoravam sacrificando um cordeiro. Um cordeiro que, uma vez sacrificado, eles o utilizavam na ceia pascal em sinal de agradecimento a Deus pela sua libertação. Ora, então Jesus, lembrando-se também de que não só no cordeiro pascal, mas no templo de Jerusalém, o cordeiro era usado como instrumento de salvação dos pecados - levava-se o cordeiro ao altar, ao altar do templo. O sacerdote o sacrificava ali no altar e derramava o seu sangue, para que este sangue do cordeiro derramado livrasse a criatura que levou o cordeiro até lá, dos pecados que ela havia cometido. Então vem daí a ideia de que o sangue lava o pecado. E como Jesus disse: "eu sou o cordeiro que tira o pecado do mundo". Então passou-se a considerar que o sangue derramado por Jesus na cruz, tinha o mesmo efeito do sangue do cordeiro derramado no altar do templo de Jerusalém.
 
Ora, todas estas coisas pertencem a um passado mitológico. Precisamos nos lembrar de que Jesus nasceu na era mitológica. O mundo era dominado pela mitologia. A mitologia é simplesmente uma evolução da magia primitiva. A mitologia é cheia de símbolos e estes símbolos eram usados também pelos judeus, embora os judeus já estivessem se libertando da mitologia. Não obstante ainda praticavam atos mitológicos como esse do cordeiro. Dos sacrifícios de plantas, de vegetais e de animais realizados nos templos de Jerusalém, para agradar a Jeová ou Iavé, que era o Deus cioso, o Deus ciumento do seu povo e o Deus vingativo que precisava ser sempre agradado para não castigar as criaturas.
 
Ora, então entendemos que tudo isto não pode ser interpretado de um ponto de vista espiritual elevado como aquele que Jesus apresentou no seu Evangelho. E nós então não consideramos este momento da crucificação como o momento de redenção da humanidade. Mas pelo contrário, achamos que este momento é negativo para a humanidade. Quando a humanidade sacrificou Jesus, quando os homens daquele tempo o levaram à cruz e o pregaram entre criaturas consideradas como malfeitoras. A cruz era naquele tempo um signo de ignomínia. A pessoa, para morrer na cruz, tinha de ser considerada ignominiosa. Jesus chegou a entregar-se a este ato de suprema humilhação, porque a humanidade do seu tempo não estava à altura de compreender a sua mensagem e mostrou-se verdadeiramente em estado selvagem. Então, vamos comemorar isto? Vamos eternizar isto numa imagem? A imagem da crucificação? É contra isto que o Espiritismo se levanta. Procurando tirar da mente da humanidade, a lembrança desse momento em que ela cometeu um dos maiores crimes de todos os tempos. O crime de crucificar um justo, crucificar um espírito superior encarnado na Terra para trazer a redenção à humanidade. E assim não podemos aceitar, portanto, o culto do crucifixo. Não obstante, o respeitemos, quando é praticado por aqueles que realmente acreditam nesse culto.
 

Pergunta nº 12: Mediunidade e vida diária (pedido de orientação).
 
Locutor
– Professor. A ouvinte Maria da Conceição Medeiros, da vila Carrão, pergunta. Primeiro. Tenho mediunidade mas não posso frequentar sessões. Sou atormentada diariamente por espíritos inferiores que querem me tomar. O que devo fazer? Sou dona de casa e tenho filhos pequenos, não posso deixá-los sozinhos.
 
JHP – É claro que a senhora, tendo essa mediunidade, precisa libertar-se dessas influenciações. Não podendo abandonar sua casa nem os filhos, e é justo que não os abandone. Entretanto a senhora pode perfeitamente fazer suas as preces, fazer leituras d'O Evangelho Segundo o Espiritismo. E pode também reunir-se com um pequeno grupo de pessoas que queiram fazer preces com a senhora. E pode com essas pessoas, dar vazão, por assim dizer, à sua mediunidade quando sentir que é necessário. Quando um espírito a estiver atormentando muito, a senhora, com umas duas ou três pessoas que realmente se dediquem ao Espiritismo, com amor e com vontade de servir, pode dar vazão à sua mediunidade, exercitando-a no sentido de uma caridade para com esses espíritos.
 

Pergunta nº 13: Trabalhava muito no centro antes de me casar. Acha que fiz mal em casar-me?
 
Locutor
– E a segunda pergunta, Professor. Eu trabalhava muito no centro antes de me casar. Acha que fiz mal em casar-me?
 
JHP – Não, absolutamente. A senhora, no centro, prestava os seus serviços e, naturalmente, até o momento em que surgiu na sua vida, na sua existência atual, a necessidade de dar cumprimento a um outro compromisso, o compromisso do casamento. Os filhos que a senhora tem, são espíritos que esperavam naturalmente a possibilidade de reencarnar-se, através da senhora. A mãe traz sempre uma missão para a Terra. Ela traz a missão de socorrer espíritos amigos, muitas vezes, ligados a ela através de varias encarnações, para que venham à Terra, submeter-se a uma existência necessária à sua própria evolução.
 
Mande suas perguntas ao programa No Limiar do Amanhã. Rua Granja Julieta, 205 travessa da avenida Santo Amaro, São Paulo. Escreva-as à máquina ou com letra redonda e bem legível. Faça perguntas, não faça relatórios. O nosso tempo é curto e precisamos atender a todos.
 
Ouça o recado final deste programa, depois da explicação evangélica. Há nele uma pergunta. Responda esta pergunta por escrito e você pode ganhar um livro que o ajudará na busca da verdade.
 
 

***

 
Evangelho de Jesus em Espírito e Verdade. Não espere um sermão, amigo ouvinte. Tentaremos apenas dar uma explicação.
 
Abrindo o evangelho ao acaso, como sempre o fazemos, encontramos o seguinte: Atos 16, 16-18.
 
“Enquanto íamos ao lugar de oração, veio-nos ao encontro uma moça que tinha um espírito adivinhador, a qual com suas adivinhações dava muito lucro aos amos. Ela seguindo a Paulo e a nós clamava. Estes homens que vos anunciam o caminho da salvação são servos do Deus altíssimo. E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo enfadado, virou-se para ela e disse ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo, que saias dela. E na mesma hora saiu”.
 
Falamos neste programa de exorcismo, de desobsessão. E lembramos a existência de muitos fatos, muitos episódios evangélicos que nos dão exemplos desse processo. E aqui está, neste trecho de Paulo. Que abrindo o evangelho ao acaso, como sempre fazemos, Jurema Iara encontrou no capítulo 16 do livro de Atos dos Apóstolos. E vemos que estamos diante de um fato tipicamente espírita passado com o apóstolo Paulo. Ele ia para o lugar de oração, como diz ali. Acompanhado de outras pessoas, principalmente dos seus companheiros de apostolado. E acontece que surge aquela moça gritando que ele era mensageiro, que ele era enviado do Deus altíssimo. Mas Paulo compreendeu, Paulo percebeu logo, pela sua percepção espiritual, que se tratava de um espírito obsessor. Daquilo que chamamos hoje, no Espiritismo, de espírito obsessor. Que envolvia aquela moça, a subjugava, por assim dizer, e fazia com que ela produzisse aquelas espécies de milagres, de previsões que davam lucros aos seus senhores, aos seus amos. Os senhores, portanto, os amos desta moça, comerciavam com os seus dons espirituais. E foi isto que aborreceu o apóstolo Paulo. E o apóstolo, então, resolveu fazer com que aquele espírito se retirasse da moça, a deixasse em paz, para que ela pudesse ter naturalmente a sua vida, as suas experiências na vida, sem aquela perturbação contínua e sem a exploração dos homens que negociavam com os seus dons. Então Paulo, sem nenhuma encenação no sentido de desenvolver um processo, todo um processo de expulsão do demônio, Paulo, com simplicidade e com autoridade moral, aquela autoridade moral de que fala Kardec, Paulo mandou o espírito que se calasse e que se afastasse da moça. E imediatamente o espírito se calou e se afastou.
 
Ora, casos como este, relatado aqui neste trecho, nós encontramos no Evangelho e encontramos em todas as escrituras religiosas do mundo. Este problema de influenciação espiritual sobre as criaturas e de possibilidade de afastar-se a influenciação através de uma pessoa que tenha não apenas aquilo que se chama geralmente de poder mediúnico, mas também, e principalmente, autoridade espiritual ou autoridade moral de que fala Kardec. É bastante comum e todo mundo sabe que realmente sempre existiram estas coisas. Assim encontramos no próprio Evangelho, em qualquer dos seus livros. Desde os livros referentes aos Evangelhos sinópticos. E ao Evangelho teológico de João, quanto às Epístolas, o Livro de Atos, o Apocalipse. Por toda parte, nós encontramos sempre fatos mediúnicos desta natureza, semelhantes a estes, que nos levam à compreensão de que na verdade, os fatos espíritas estão na própria essência do Cristianismo.
 
Chegou o momento do nosso recado. Anote a pergunta que nele se encontra e responda por escrito. Você pode ganhar um livro que o ajudará na busca da verdade.
 
Onde você encontrar pessoas que prometem curar as suas doenças e arranjar a sua vida, pode estar certo de que ali não existe Espiritismo. No
Espiritismo existem curas espirituais, como em todas as religiões. Mas ninguém pode prometer que fará a cura desejada. Sua vida poderá tomar novo rumo, se você seguir a doutrina espírita. Mas ninguém pode lhe prometer solucionar os seus problemas através dos espíritos. Nem os próprios espíritos podem prometer isso. Cuidado com a charlatanice. Há charlatões em toda parte. Tenha fé. E espere em Deus.
 
Você sabe como se define a fé espírita? E é capaz de explicá-la?
 
No Limiar do Amanhã. Queremos a fé à luz da razão. 


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