No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
Dirigimos esse desafio a todos os que negam a grandeza da criatura humana, a todos os que pretendem reduzir o homem à condição de um ser inútil, a todos os que fazem da vida um jogo de futilidades e frustrações sem sentido, uma corrida inconsequente para o nada.
Dirigimos esse desafio aos que negam a liberdade e a responsabilidade da criatura humana.
Aos que pensam que o homem é um autômato, um robô dirigido pelas forças cegas da natureza e da fatalidade.
Aos que acreditam que o homem está destinado por Deus à eterna bem aventurança ou ao castigo eterno.
Aos que acham que a morte é a extinção total da criatura humana, o aniquilamento absoluto do corpo e da alma. Desafiamos a ignorância dos que dormem nas ideias feitas, dos que agonizam sem esperança, asfixiados na letra que mata.
Desafiamos os que não acreditam no espírito que vivifica, os que em vida cultivam a morte no seu próprio coração.
Os clarins da imortalidade soam para despertar os que dormem. O sol da imortalidade brilha além dos túmulos.
Onde está a vitória da morte, no universo em que nada se extingue e tudo se transforma?
A mulher agraciada com o dom da maternidade não embala em seus braços uma criatura inútil, mas um filho de Deus que crescerá na Terra para o seu destino cósmico.
Somos herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo, como ensinou o apóstolo Paulo.
A herança de Deus é o infinito com os seus mundos inumeráveis cintilando nas galáxias, além de toda imaginação.
No Limiar do Amanhã, um programa desafio, transmissão número 144, terceiro ano, direção e participação do professor Herculano Pires.
Perguntas e respostas.
Mande-nos suas perguntas, amigo ouvinte, e se não concordar com as respostas, conteste-as. Estamos no ar para dialogar.
Com votos de ano novo para toda equipe da Rádio Mulher e do Programa No Limiar do Amanhã, o ouvinte B. L. S. enviou-nos a seguinte mensagem:
Espírito da verdade, espírito de luz.
Há um milenar provérbio oriental que diz: quando o discípulo está pronto, o mestre espírito se manifesta. Toda humanidade foi criada por Deus e muitas vezes encontramos irmãos, que separados de nós por profundas diferenças humanas, têm um vislumbre de verdades nas quais acreditamos. Assim é que, em sua infinita sabedoria, Deus fez com que Jesus não dissesse coisas para as quais não estávamos preparados, utilizando-se de parábolas que foram muitas vezes esquecidas ou mal interpretadas. Mas em sua infinita misericórdia, promete Jesus que Deus enviaria em seu nome o espírito da verdade, muito mais valiosa para nós do que a mensagem de profetas e apóstolos. Torna-se “a” mensagem. Através de espíritos desencarnados, daqueles que chamávamos de mortos e que nos ensinam, levantando o véu de mistério que envolvia as nossas existências, que nada perece, pois a morte do corpo é a ressurreição. A vida, irmãos, nada mais é do que uma prova que nós mesmos buscamos para nos aperfeiçoarmos, e fomos criados fracos simplesmente para que tenhamos a bela oportunidade de evoluir.
A perspectiva da felicidade e de aperfeiçoamento cada vez mais confere-nos uma força interior e amor para com Deus, nosso próximo e nós mesmos, que paira radiante acima de qualquer provação. Como é fácil a resignação quando sabemos que o sofrimento nos é útil e tem sempre uma causa justa.
Irmão, deixa que o espírito da verdade, enviado por Deus para te prover da força e do consolo que o mundo não te pode dar, modifique a tua vida. Observa os ensinamentos do espiritismo sendo dócil, devotado e abnegado, pois tudo isso reverterá em teu próprio benefício, pois é essa a vontade de Deus.
Essa é a mensagem que nos foi enviada pelo ouvinte B. L. S.
Pergunta nº 1: Transporte
Locutor - Professor, S. R. da C., da Rua Bartolomeu Feio, Brooklin Paulista, pergunta: em o Livro dos Médiuns, questão dezessete do texto intitulado Fenômeno do Transporte, confessa o espírito interrogado ser incapaz de produzir espontaneamente quaisquer objetos, quer pelas modificações que possa operar no fluído ou no elemento universal. Na questão seguinte, diz o mesmo espírito haver conseguir introduzir alguns objetos em um aposento fechado, envoltos por um fluído tirado metade do perispírito do médium e metade do espírito que opera. E na questão de número vinte, outro espírito, de nome Erasto, afirma com relação aos corpos, que os espíritos compõem, que nesses só introduzem os elementos da matéria. E como os próprios espíritos penetram e atravessam os corpos mais condensados com a mesma facilidade com que a luz atravessa uma placa de vidro, pode-se perfeitamente dizer que um objeto pode ser introduzido num lugar hermeticamente fechado, mas isso somente nesse caso, isto é, um corpo pode ser introduzido em um lugar que esteja hermeticamente fechado somente quando este objeto for fabricado pelo espírito. Professor, estaria correta esta minha interpretação sobre o referido texto? Se correta, como se explica que o primeiro espírito tem introduzido alguns objetos que ele não fabricou em um aposento fechado, pois que o espírito pode tornar invisíveis, porém não penetráveis os objetos de transporte. Não haveria uma contradição entre os dizeres dos dois espíritos interrogados? Gostaria de maiores explicações sobre o assunto.
J. Herculano Pires - Este problema da introdução de objetos em ambientes fechados tem sido, na verdade, objeto também de estudo, de pesquisa, não apenas no meio espírita, mas nas ciências que decorreram do espiritismo, como a antiga parapsicologia alemã, a metapsíquica francesa e até mesmo a parapsicologia moderna. É realmente um fenômeno intrigante, porque como se pode admitir que, por exemplo, num cofre inteiramente fechado, o espírito consiga introduzir um objeto estranho, fazer com que ele apareça ali dentro sem que o cofre tivesse sido aberto? Numa sala também hermeticamente fechada ocorrem os fenômenos chamados de aporte. Aporte é precisamente o fenômeno de transporte de objetos para dentro de recintos fechados. Ora, acontece que Kardec, naturalmente, interrogou os espíritos a respeito desse problema. Não obstante, as teorias existentes na ciência do tempo a respeito, as teorias que foram formuladas, posteriormente às investigações de Kardec, e não obstante as teorias do próprio Kardec, ele fazia as perguntas aos espíritos para ver se esses possuíam alguma explicação diferente daquelas formuladas hipoteticamente pelos homens. E na verdade, como Kardec verificou muitas vezes, os espíritos contrariavam as hipóteses humanas oferecendo uma solução mais racional para esses problemas. No caso em questão, nós temos a indagação de Kardec a um espírito inferior. Este é o primeiro caso. Um espírito inferior que se declara incapaz de produzir objetos. Ele diz que não tem mesmo autorização para produzir esses objetos. Assim, ele confessa, como diz o nosso ouvinte, que levou para o ambiente fechado certos objetos que envolveu no seu próprio fluído. Ora, ali, estando dentro desse recinto fechado, ele retirou o envoltório fluídico dos objetos tornando-os visíveis. Mas o espírito não disse que fez atravessar a matéria, quer dizer, é preciso notar que no texto da resposta do espírito não consta que ele tenha feito realmente o objeto atravessar a parede para aparecer dentro do recinto. Erasto, entretanto, espírito já evoluído, superior, que era até um discípulo do apóstolo Paulo, Erasto, que também trata do assunto, não alude ao problema de atravessar a parede no tocante à resposta do espírito inferior. Erasto aceita tacitamente a explicação do espírito que disse ter levado o objeto para lá envolto no seu próprio fluído. Resta aqui, naturalmente, como elemento de dúvida para o ouvinte a seguinte questão: como o espírito inferior, sem poder fazer o objeto atravessar a parede, sem poder ter criado um objeto espiritualmente – que este sim poderia atravessar a parede –, como ele conseguiu introduzir esse objeto no ambiente? Ora, no próprio texto da resposta de Erasto nós encontramos a explicação de que o espírito retirou os fluídos do objeto, quando esse objeto já estava no recinto. Nós podemos então entender, assim através do próprio texto, da letra, da explicação do espírito, que o objeto havia sido introduzido ali antes que se fechasse o recinto, quer dizer, o objeto material trazido de fora foi introduzido ali, mas de maneira invisível. Ninguém percebia sua presença porque ele estava envolto no fluído espiritual que tornava invisível o objeto. O que o espírito fez então? Nada mais foi do que no momento em que pediam o transporte, retirar o fluído do objeto, tornando-o visível, ele apareceu. Esta é uma das explicações. Mas é preciso lembrar também o seguinte: há na pesquisa realizada pelo professor Friedrich Zöllner na Universidade de Leipzig, na Alemanha, sobre estes transportes, há uma teoria proposta por ele muito interessante que é a teoria da quarta dimensão. Nós sabemos que posteriormente, por exemplo, na teoria da relatividade de Einstein, apareceu também a hipótese da quarta dimensão, mas para Einstein a quarta dimensão seria realmente uma dimensão a mais do nosso mundo tridimensional, e essa dimensão a mais seria o tempo. Mas para Zöllner não era esta a quarta dimensão. Para Zöllner, o tempo se incluía também nas três dimensões comuns do nosso mundo, do mundo em que vivemos, e ele admitia a existência da quarta dimensão defrontar no futuro continuando as pesquisas desse sentido. As investigações de Zöllner foram intensivas e estão publicadas num livro curioso que já se encontra traduzido aqui em São Paulo e lançado pela editora Edicel. É o livro Provas Científicas da Sobrevivência. Friedrich Zöllner era professor de física e astrônomo, era um dos nomes mais eminentes na ciência alemã do tempo, no século passado. Ele insiste então na teoria da quarta dimensão e explica o seguinte: se nós vivemos num mundo de apenas três dimensões, não é porque o nosso mundo, na verdade, se constitua apenas dessas dimensões. É porque os nossos sentidos físicos não nos permitem perceber todas as dimensões do universo dentro do qual nós estamos. Na verdade, o universo tem dimensões que nós não conhecemos, mas os nossos sentidos físicos não captam mais do que três dimensões. Por isso, tudo quanto nós vemos, tudo quanto nós tocamos, tudo pelo quanto nos passa pelos sentidos se manifesta para nós apenas em três dimensões. Então dizia o professor Zöllner que numa sala hermeticamente fechada para nós, sem nenhuma possibilidade de entrar um outro objeto, deve existir, entretanto, a possibilidade de introduzir nesta sala um objeto que venha pela quarta dimensão. Esta sala não estaria fechada para um ser que tenha possibilidade de perceber a quarta dimensão. Haveria, portanto, uma abertura que para nós é imperceptível, mas que para um espírito seria perceptível. Esta seria, portanto, uma explicação de tipo científica dada pelo professor Zöllner para os fatos dessa natureza. Mas o que me parece mais importante nesse trecho do Livro dos Médiuns é a explicação de Erasto, espírito superior, discípulo do apóstolo Paulo, cujas mensagens transmitidas a Kardec foram de grande elevação espiritual e moral, e ao mesmo tempo quando tratava de assuntos científicos, de uma capacidade extraordinária de penetração nos problemas que lhe eram propostos. O importante é que esse espírito, ao tratar do assunto, não só abordou o problema da formação de objetos no mundo espiritual, como também abriu uma compreensão nova para o problema da materialização e desmaterialização de objetos. Afirmou o espírito de Erasto que quando eles, espíritos, formam um objeto no mundo espiritual para transportá-lo até um ambiente fechado, eles praticamente não fazem, não constroem esse objeto. Eles apenas adicionam a ele matéria sutil, matéria sutil do plano espiritual ou perispiritual, matéria referente ao perispírito, ou seja, semelhante à matéria que constitui o nosso corpo espiritual. E assim como nosso corpo espiritual atravessa qualquer parede, qualquer objeto, qualquer barreira material, assim também esse objeto formado no mundo espiritual com matéria semelhante ao do nosso perispírito, pode atravessar qualquer barreira física. E da mesma maneira por que nós, com o nosso perispírito, ou os espíritos que se apresentam em materialização podem, atravessando as barreiras físicas, tornarem-se, entretanto, aparentemente tão físicos como aquelas barreiras, assim também os objetos introduzidos espiritualmente num ambiente, ali podem tomar um aspecto material denso como se fossem realmente constituídos de matéria densa. Ora, essa explicação do apóstolo Paulo é muito interessante, particularmente porque ele põe abaixo a hipótese levantada pelos cientistas de que um objeto transportado de fora para um ambiente fechado era desmaterializado lá fora pelos espíritos e rematerializado dentro do ambiente fechado. Essas hipóteses ainda persistem no campo científico, mas no espiritismo, o espírito Erasto forneceu elementos para que não a aceitemos. Por quê? Ele explicou muito bem: um objeto que fosse totalmente desmaterializado não poderia ser reconstruído dessa maneira tão instantânea como pretendem os cientistas. A reconstrução desse objeto demandaria tempo e seria um processo bastante complexo, de maneira que a explicação precisa é essa (vamos ver se deixamos isso bem claro): quando um objeto é realmente material, por exemplo, em muitas sessões realizadas por Zöllner, objetos reais existentes na casa de pessoas que estavam ali presentes com ele nos trabalhos eram transportados da casa dessas pessoas para o ambiente. As portas, as janelas, tudo estava fechado, não havia possibilidade nenhuma daquele objeto aparecer ali na sala, mas ele era transportado para lá. Então Zöllner verificou que esses objetos em geral, quando eram transportados, apareciam quentes, quer dizer, eles revelavam calor como se houvessem sidos passados pelo fogo. Zöllner resolveu então fazer experiências específicas para esclarecer esse assunto. Mandou fabricar argolas de madeira, argolas integrais feitas de troncos de madeira, argolas que, portanto, não tivessem emendas, e submeteu essas argolas a uma experiência, pedindo os espíritos que as colocassem, por exemplo, numa cadeira, nos braços de uma cadeira sem, naturalmente, o afastamento dos elementos do braço para que a argola aparecesse ali como introduzida, como se ela tivesse atravessado a madeira. Os espíritos fizeram isso várias vezes. Na perna de uma mesa também, uma mesa que tem uma perna só e, entretanto, três pés embaixo, essa mesa muito comum nas casas antigas e particularmente nas salas de visitas antigas, era muito difícil fazer com que uma argola aparecesse na perna dessa mesa. Era preciso que se retirassem os pés ou que se retirasse a tábua da mesa. Ora, uma vez que nada disso havia e a argola era colocada ali instantaneamente, era evidente que havia havido um fenômeno paranormal. Zöllner verificou que as argolas, sempre que eram utilizadas assim, estavam quentes, e ele então deduziu que a passagem de uma dimensão extra para a outra no processo acessível da nossa percepção, exigia algum esforço, alguma energia especial que terminava esquentando os objetos. Ora, estou entrando nesses pormenores para que o nosso ouvinte possa compreender melhor o problema. E veja que não há contradição, mesmo porque a declaração do espírito inferior é apenas aquilo que está ao alcance dele, ele não conhece a técnica de transposição de um objeto para dentro de uma sala fechada. Ea declaração de Erasto é, por assim dizer, a explicação de um técnico, porque ele conhece o problema e está explicando. Então naturalmente a explicação de Erasto não podia concordar com a explicação daquele que não era técnico, daquele que era um leigo, de um espírito inferior incapaz de compreender o processo. Mas eu aconselharia o nosso ouvinte a ler particularmente com atenção no Livro dos Médiuns o capítulo intitulado Laboratório do Mundo Invisível. É o capítulo oito do Livro dos Médiuns onde as explicações a respeito são mais precisas e mais claras.
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Pergunta nº 2: Anti-matéria
Locutor - Professor, o ouvinte J. N. S., pergunta: o que é anti-matéria e qual a sua relação com o nosso corpo carnal e nosso espírito?
J. Herculano Pires - Não é muito fácil definir-se o que é anti-matéria. A definição mais comum para a compreensão vulgar que os cientistas têm usado é aquela de dizer que anti-matéria é a matéria às avessas, é a matéria ao contrário. Realmente anti-matéria se constitui de átomos e naturalmente das partículas atômicas que correspondem aos átomos materiais. Podemos dizer que um átomo de anti-matéria é uma átomo ao contrário do átomo material. Cada átomo se constitui de partículas que possuem algumas delas carga, outras não têm carga, umas tem uma determinada direção, outras tem outra direção. No anti-átomo, quer dizer, no átomo da anti-matéria, todas essas partículas do átomo estão invertidas. Elas funcionam ao contrário daquilo que nós vemos na matéria. Então justamente por isso nós podemos dizer que a anti-matéria é o avesso da matéria. Entretanto, essa é ainda uma compreensão relativa apenas da nossa capacidade de percepção das coisas e de compreensão da estrutura do universo. Na verdade, a anti-matéria representa o campo de um outro mundo, um mundo diferente do nosso. Os cientistas têm verificado nos seus trabalhos de laboratório a existência de todos os elementos químicos existentes no nosso mundo material. Esses elementos, eles verificam que existe também no mundo anti-material. São elementos que se apresentam ali de maneira contrária. Sua composição é a inversa da composição material que apresentam aqui, mas correspondem, nesse sentido contrário, aos elementos existentes aqui. Por exemplo, uma das últimas conquistas da física soviética foi a criação, em laboratório, a possibilidade de formarem em laboratório, um anti-átomo de hélio. Ora, o anti-átomo de hélio é então o que poderíamos chamar o hélio da anti-matéria. Mas justamente por isso ele é o avesso do hélio que nós conhecemos aqui na matéria. Ora, que relação teria isto, pergunta o senhor, com o nosso corpo carnal e o nosso espírito? Naturalmente, do ponto de vista espírita, a anti-matéria não é anti-matéria. A anti-matéria representa, na doutrina espírita, uma fase, por assim dizer, do processo material, um campo da matéria que é diferente do campo comum aos nossos sentidos, porque apresenta-nos uma matéria mais rarefeita, mais sutil do que a matéria que nós conhecemos, e dotada de energias completamente diferentes das nossas, uma vez que essas energias se dirigem em sentido contrário da força ou dos vetores que conduzem as energias físicas. Ora, a anti-matéria seria assim, para nós, aquilo que chamamos o fluído universal. No espiritismo chamaríamos a anti-matéria o fluído universal que é o nome dado especificamente a esse campo agora descoberto pela ciência. Com referência ao nosso corpo, nós poderíamos dizer o seguinte: a anti-matéria é o elemento que constitui o perispírito, ou seja, o corpo espiritual da criatura encarnada, e mesmo da criatura desencarnada. O corpo espiritual, como sabemos, é definido no espiritismo como perispírito, e a sua explicação é a de que ele representa o corpo formado de matéria sutil em mistura com elementos espirituais; energias materiais e energias espirituais se conjugam na formação desse corpo. Justamente por isso este corpo é o intermediário entre o espírito e o corpo material. É precisamente o corpo bioplasmático que foi recentemente descoberto pelos físicos e biólogos soviéticos. Podemos passar então a outra pergunta do nosso irmão.
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Pergunta nº 3: Reencarnação de Allan Kardec
Locutor - O senhor é a encarnação de Allan Kardec? Seja franco. Caso não possa responder a essa pergunta por razões alheias à nossa curiosidade, não haverá problema.
J. Herculano Pires - Não sou a reencarnação de Allan Kardec. Estou muito longe de Allan Kardec para pretender ser a reencarnação dele. Mas a sua pergunta é interessante porque vem nos colocar diante de um problema que é muito comum hoje no meio espírita. Como Kardec, em suas Obras Póstumas, numa de suas anotações registrou que ele teria de voltar ao nosso mundo, talvez nos princípios do século próximo, que seria precisamente o século vinte, ele teria de voltar para continuar a sua obra, há então uma intensa curiosidade no meio espírita de se procurar saber quem é que representa Allan Kardec em nosso tempo. Haveria alguém reencarnado que seria Allan Kardec. Acontece que essas previsões feitas por um homem encarnado, segundo a própria doutrina espírita nos explica, essas previsões são muito improváveis. Quando nós estamos na matéria, é como diz Emmanuel, nós estamos como que envolvidos pela neblina – ele chama a matéria, a neblina da carne. O espírito tateia, por assim dizer, sem a luz necessária, sem a visão precisa para andar de fato na direção ao futuro. Ele tateia apenas no presente, realizando as suas experiências necessárias, e esse condicionamento lhe é imposto precisamente porque ele necessita dele para a sua evolução, para o desenvolvimento das suas faculdades espirituais. Assim, Allan Kardec, não obstante à sua grandeza espiritual, estando encarnado, ele não podia prever quando voltaria para a Terra. Essa é uma posição em que Kardec faz apenas uma hipótese, uma suposição a respeito da sua vida, é uma dedução que ele faz como qualquer homem pode deduzir a respeito dos seus problemas. Isso não foi uma profecia e nem é um princípio de doutrina. Kardec não pode e não deve estar obrigatoriamente reencarnado só porque apareceu essa alusão à sua próxima encarnação em Obras Póstumas. Não vamos fazer dogmas daquilo que corresponde apenas a uma previsão puramente humana. A verdade é que a obra de Kardec ainda não foi suficientemente estudada por nós, ainda há muito o que devassar em Kardec, muito o que aprender em Kardec. Qual a razão porque ele teria de voltar a fim de prosseguir a sua obra, desenvolvê-la ainda mais? Nós não estamos ainda necessitando desse desenvolvimento. Basta ver o seguinte: o desenvolvimento das próprias ciências em nosso tempo só agora está levando essas ciências a se confrontar com a ciência espírita. A ciência espírita esteve tão na frente das ciências atuais que elas só agora estão se aproximando. Veja o próprio problema que o senhor colocou da anti-matéria. Esse problema já estava no espiritismo desde o século passado, desde 1857 quando Kardec publicou o Livro dos Espíritos, esse problema da anti-matéria, do corpo espiritual do homem, tudo isso já foi colocado ali cientificamente por Kardec. Entretanto, só agora a ciência está tateando nesse terreno. Então que necessidade teria Kardec de voltar para cá? É bom que os espíritas se acautelem. A sua colocação do problema nos dá a oportunidade de lembrar isso. Aqui mesmo em São Paulo existe um cidadão, médium psicógrafo que se apresenta declaradamente como reencarnação de Kardec, e muitos espíritas têm aceitado isso, apesar da situação bastante inferior mental e culturalmente desse nosso companheiro, que não tem capacidade nem para discernir o absurdo que ele está falando, e se apresenta como reencarnação de Kardec. É preciso que os espíritas usem daquilo que Kardec sempre apresentou como base da doutrina: o bom senso, e não se deixem levar por tolices. Como o senhor quer me atribuir a qualidade de reencarnação de Kardec? O que eu fiz, o que eu tenho feito para merecer esta suspeita? É claro que precisamos ter muito cuidado nisso e não precipitar as coisas. O senhor chega a colocar o problema assim como uma coisa mais ou menos confidencial. Se eu não puder responder pelo programa, para lhe responder pessoalmente, se não puder responder, que não responda. Não. Eu posso responder sim: eu não tenho nada que ver com reencarnações de Kardec! Kardec é um espírito infinitamente superior ao meu. Eu sou uma criatura humana como qualquer outra e cheia de muitos defeitos, imperfeições e de muita ignorância. Kardec era um homem de inteligência suprema, que tinha uma cultura superior ao seu tempo, como ele provou, deixando-nos, através do espiritismo, uma formulação precisa da doutrina que antecipa o próprio desenvolvimento das ciências em nosso tempo. Vamos deixar esse problema, portanto, bem claro: não sou, não pretendo ser, não penso que sou, não tenho a menor intenção de ser uma reencarnação de um espírito que está muito acima de mim.
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Pergunta nº 4: OVNIs
Locutor - Bem professor, J. S., pergunta ainda: o senhor cre nos OVNIs. Por quê? Dê razões técnicas e palpáveis. Sim ou não? J. Herculano Pires - O senhor é muito exigente no tocante as minhas respostas, mas quando o senhor formula a suas perguntas, o senhor precisa também usar dessa exigência. Nós temos de ser exigentes no tocante à clareza, o esclarecimento das coisas. Ora, o senhor quer saber se eu acredito nos OVNIs. Os OVNIs são os objetos voadores não identificados, são os discos voadores, as naves espaciais, que segundo numerosas pessoas e investigadores diversos estão realmente circulando na atmosfera terrena. Eu acredito neles. Acredito porque eles foram vistos, foram pesquisados, foram observados nos Estados Unidos, na Rússia, na Europa, a tal ponto que governos como dos Estados Unidos e da Rússia constituíram comissões especiais de pesquisa, comissões oficiais para pesquisar a existência desses objetos. Acredito porque não faz muito tempo, aqui mesmo no Brasil, na base aérea de Porto Alegre, segundo a divulgação dos nossos próprios jornais, os pilotos ali presentes e os comandantes da base tiveram ocasião de observar a presença de discos voadores à distância sobre a base, e ocasião de fazer um relatório que enviaram ao ministério da aeronáutica sobre essa observação. Chegaram mesmo a desenhar os OVNIs de acordo com a estrutura que eles puderam observar através dos seus instrumentos de ótica. Acredito porque numerosos testemunhos dessa natureza, dadas por homens que são não só de grande visão humana, mas também de conhecimentos científicos profundos, numerosas testemunhas desses homens me levaram à convicção de que eles existem. E acredito também porque não há nada que impeça a nós, criaturas humanas aqui na Terra, de acreditarmos na possibilidade de pessoas, de criaturas humanas numa civilização superior à nossa no espaço estar enviando naves espaciais para sondarem o nosso planeta, da mesma maneira como nós estamos enviando agora aqui da Terra naves espaciais que vão para Júpiter, numa distância tão grande que leva meses e meses para que essas naves atinjam Júpiter, circulem Júpiter e mandem informações para a Terra. Enviamos também naves espaciais a Marte, como fizeram os americanos ainda agora. Essas naves vão lá fazer o que? Circular em torno do planeta, obter informações, registrar essas informações com seus instrumentos e transmiti-los à Terra para pesquisa científica a respeito. Ora, qual o motivo por que só nós, no cosmos, poderíamos fazer isso? Essas são as razões por que acredito na existência dos OVNIs.
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Pergunta nº 5: Informações sobre OVNIs
Locutor - Por que as autoridades mundiais não permitem maiores divulgações claras e técnicas dos OVNIs? Seja claro.
J. Herculano Pires - Sim, pretendo ser claro. Acho que as entidades mundiais, as instituições mundiais – eu não posso dizer é por isso ou por aquilo; eu tenho que dizer acho, entendo, penso, porque elas não dão informações a respeito. Acho que elas não dão maior divulgação e maiores esclarecimentos a respeito dos OVNIs, porque o problema dos OVNIs implica também um problema de segurança nacional. As grandes potências que investigam esse assunto, elas partem de dois princípios: os OVNIs podem ser naves espaciais provindas de outros planetas; podem ser também instrumentos criados aqui mesmo por outra potência. Assim, de qualquer maneira, num caso ou noutro, está em jogo a segurança das potências terrenas. Mesmo porque também potências de outros mundos podem estar utilizando-se desses instrumentos para verificar a nossa capacidade ou não de resistir a uma possível invasão. É claro que eu, da minha parte, não acredito nessa hipótese de invasões de um mundo para outro, porque se o mundo chega a um elevado grau de evolução, desenvolve a sua ciência até conseguir o desenvolvimento de naves espaciais com a capacidade que os OVNIs têm demonstrado em nossa atmosfera, muito superior a tudo quanto nós temos conseguido, é evidente que se trata de povos muito mais evoluídos que nós e que não pretenderão invadir o nosso mundo ou dominá-lo pela força. Assim, não acredito nisso, mas nós temos de nos convencer, de acreditar, de compreender que as grandes potências da Terra têm as suas razões para se guardarem diante da possibilidade de serem os OVNIs instrumentos agressivos.
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Pergunta nº 6: Sonho com outra pessoa
Locutor - Professor, J. da S. C., pergunta: peço-lhe o favor de indicar-me o livro apropriado para as pessoas que se encontram em S.O.S, com respeito ao estudo doutrinário. Gostaria de relatar um sonho. No mês de fevereiro sofri um pequeno acidente na vista direita, quando manejava uma ficha de papel. Após ser medicado, fui dispensado pelo médico para ficar em repouso o resto do dia. A caminho de casa, fiz um pedido a Deus para dar-me novamente as minhas vistas perfeitas, porque queria ver uma pessoa que muito estimo. Chegando em casa, deitei-me. Dormindo, sonhei com essa pessoa, mas só considero que foi um sonho porque o encontro que tive com essa pessoa foi em lugar desconhecido. Pergunto: quando sonhamos com outra pessoa, é necessário que ambas estejam dormindo ou só a que está sonhando?
J. Herculano Pires - Depende naturalmente da natureza do sonho. Quando nós temos um sonho comum com outra pessoa, não é necessário que a pessoa esteja dormindo. Somos nós que estamos evocando a imagem daquela pessoa em nossa mente, em nossa recordação. Isso é o sonho comum, mas existe o sonho paranormal. O sonho paranormal é o sonho premonitório, o sonho que prevê acontecimentos futuros ou o sonho que nos dá a oportunidade de nos encontrarmos com outra pessoa espiritualmente, e depois nos lembramos desse encontro. Então temos aí o sonho. Nesse caso sim, quando nós temos um encontro espiritual com outra pessoa, podemos trocar opiniões com ela, podemos depois, ao acordar, lembrar-nos daquele encontro. E se nós podemos, como tem acontecido em numerosas experiências científicas, nós podemos provar que realmente daquele encontro há lembrança não apenas em nós, mas também na outra pessoa, então nós estamos diante de um sonho paranormal. E nesse caso não se pode entender que haja apenas uma lembrança da pessoa em nossa mente, porque houve troca de ideias e os dois se lembraram disso. Nesse caso, é necessário que os dois estejam realmente dormindo. Mas no tocante ao pedido que o senhor me faz de indicação de um livro para que se encontrem S.O.S a respeito do estudo do espiritismo, eu quero lhe indicar o livro de Allan Kardec: Iniciação Espírita.
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O evangelho do Cristo em espírito e verdade.
Não somos pregadores, somos expositores. Não queremos converter, mas apenas esclarecer. Queremos a verdade, só a verdade, e se você puder provar que está com a verdade, ficaremos com você. Sim, porque toda verdade deve ser provada.
Abrindo o evangelho ao acaso, tivemos 2Cor, 2:14.
Eis que pela terceira vez estou pronto a ir ter convosco e não vos serei pesado, pois não busco os vossos bens, mas a vós. Os filhos não devem entesourar para os pais, mas os pais para os filhos.
Nas epístolas de Paulo aos Coríntios, como, aliás, em todas as epístolas que ele enviou às igrejas da Ásia que estavam em desenvolvimento, em todas elas nós verificamos que Paulo está sempre ensinando, esclarecendo, orientando e combatendo. Combatendo o que? Combatendo os erros que proliferavam naquele tempo entre os cristãos primitivos. A própria formação das igrejas implicava problemas muito sérios que precisavam ser examinados atentamente à luz do ensino de Jesus. Os homens estavam acostumados a um sistema religioso que não podia prevalecer no cristianismo. O cristianismo era uma revolução, ele trazia uma transformação profunda do conceito de religião. E Paulo, por isso mesmo, teve sempre de combater através das epístolas, nas suas pregações, em seus contactos com os apóstolos e, principalmente, como nós sabemos, nos seus encontros com os apóstolos em Jerusalém. Em toda parte ele teve sempre de corrigir o que estava errado. Por quê? Porque Paulo recebera do Cristo, como ele mesmo diz, o evangelho diretamente. Quando na estrada de Damasco teve a visão do Cristo, e o Cristo lhe deu o evangelho diretamente, infundiu-lhe esse evangelho no espírito de maneira que ele o compreendia em profundidade e não sofria os prejuízos, apesar de ter sido doutor da lei do templo de Jerusalém; ele não sofria os prejuízos comuns da formação judaica naquele tempo. Ele pairou acima desses prejuízos. E o que é mais importante nesse pequeno trecho da segunda epístola de Paulo aos Coríntios, que nós acabamos de ouvir, é que Paulo, anunciando que teria de ir ter com os Coríntios, quer dizer, teria de ir visitar a comunidade cristã de Corinto, tendo de ir para lá, ele, entretanto, afirmava que para estar com eles não lhe seria pesado, pois “não busco”, diz ele, “os vossos bens, mas a vós”. Isso é muito importante, porque uma posição bem definida de Paulo – e poucas pessoas ao lerem isso atentam para esse pequeno trecho –, uma posição bem definida de Paulo, que hoje representa um dos princípios mais válidos e necessários do espiritismo. Paulo não queria ser pesado aos outros; ele trabalhava por conta própria; ele negociava; ele vendia a lona necessária para as barracas do deserto; ele fazia o possível de viver com o seu próprio trabalho, com o seu próprio suor, e sustentar-se a sim mesmo a fim de não ser pesado para os outros. Daí a sua alusão de que os pais devem guardar para os filhos, quer dizer, não queria pesar nos cofres, nas economias daqueles que haviam aderido ao cristianismo. E ele não queria fazer, principalmente, não queria fazer profissão da religião. Ora, nós sabemos que naquele tempo todas as igrejas mitológicas e seus corpos sacerdotais estavam todos envolvidos no profissionalismo religioso. O mesmo acontece ainda hoje nas várias religiões da Terra. Paulo lutava para que não houvesse o profissionalismo religioso no cristianismo. Adotava, assim, a posição que hoje aparece no espiritismo onde não há clero, onde não há sacerdotes, onde não há pessoas que vivam da religião, mas onde todos procuram dar de si em favor dos outros, fazendo do espiritismo um campo do cristianismo revivido em espírito e verdade.
Vivemos na era espacial. O céu está carregado de satélites artificiais. Estrelas da terra entre as estrelas do infinito. Há homens no espaço girando em torno do nosso planeta. Uma nova era está raiando, amigos: a era do espírito. Avançamos para um mundo melhor que assentará os seus fundamentos sob as luzes do cruzeiro do sul. Chegou a hora do Brasil na liderança do mundo, uma liderança espiritual. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho redivivo.
No Limiar do Amanhã: um desafio do espírito.