No Limiar do Amanhã, um desafio no espaço.
Super-civilizações do espaço procuram comunicar-se com a Terra. Astrônomos russos e norte-americanos recebem mensagem.
Há muitas moradas na casa de meu pai, afirmou Jesus. Há mais estrelas no céu do que grãos de areia no deserto. Se houver uma guerra atômica, disse Chico Xavier, voltaremos ao marco zero. Teremos de começar tudo de novo. Estamos em marcha para o infinito.
Muita gente não acredita nessa história de discos voadores. Tem havido realmente muito exagero a respeito do assunto, mas o número de testemunhas sensatas e categorizadas em todo o mundo contrabalança de sobra os excessos de imaginação. Não há dúvidas que há qualquer coisa no ar, e agora mesmo estão chegando dos Estados Unidos novas notícias sobre esses OVNIs, objetos voadores não identificados.
O curioso é que ao mesmo tempo a Rússia volta a anunciar a captação de possíveis mensagens radiotelegráficas vindas do espaço. É o que se pode chamar de coincidência significativa. A expressão empregada nas pesquisas parapsicológicas, embora a agência NASA afirme que é a primeira vez que os russos captam esses sinais, a verdade é que já na década de 1960, um astrônomo de Moscou anunciou que havia uma super-civilização no cosmos tentando comunicar-se com a Terra.
Tratava-se de um jovem astrônomo pouco disposto a guardar o rígido silêncio soviético, e a corporação do observatório de Moscou deu entrevista coletiva à imprensa mundial para esclarecer que se tratava apenas de precipitação juvenil. Já agora são os velhos que falam.
Depois dessa, mesmo que os comunicados oficiais pulem para o outro extremo alegando caduquice, já fica uma dúvida no ar, tanto mais que o norte americano já haviam anunciados captações semelhantes em 1960. E (inaudível) os captara na Rússia em 1965. Agora, é o renomado professor Samuel Kaplan que encabeça a fila dos visionários soviéticos apoiado em suas pesquisas no observatório de Korg.
O bom senso que Descartes afirmou ser a coisa mais repartida do mundo nos diz que não há razão para insistirmos no isolacionismo ridiculamente vaidoso. E Kardec lembra que o bom senso o levou a aceitar e divulgar, já nos idos de 1857, a hipótese da pluralidade dos mundos habitados, com valioso referendo do astrônomo e médium Camille Flamarion. Seríamos nós as únicas inteligências cósmicas?
Pobre cosmos! Vazio e fulgurante como calda de pavão aberta inutilmente no infinito. Teríamos a coragem de admitir que Deus se pavoneia na imensidade para as minhocas pensantes da Terra?
Pitágoras dizia que a terra é a morada da opinião. Na sua numerologia a opinião é o número dois, o mais instável dos números que revoluteia na insegurança das suas asas de borboleta. E nós a queremos dar à Terra a solidez do número um, solitário no unificável. Essa é uma pretensão risível, baseada na lenda bíblica de Adão e Eva. Dizia-me outro dia um amigo terrivelmente opiniático: se Deus criou o homem na Terra, é claro que só na Terra existe gente. Eis um bom exemplo do falso raciocínio. Partindo de uma premissa falsa, podemos construir um silogismo que é só verdadeiro na forma. O que a Bíblia nos oferece não é uma informação científica, mas apenas uma alegoria, por sinal muito poética, uma figura a ser interpretada.
O espiritismo nos mostra que a humanidade é cósmica, não se restringe à Terra, que é na verdade um dos planetas mais insignificantes do cosmos. Mas o homem terreno, esse bicho da terra tão pequeno, segundo a expressão de Camões, tem sua origem no limo da terra, no solo do planeta. Essa é a razão da alegoria bíblica. Monteiro Lobato saiu-se com essa numa conversa na Livraria Brasiliense: dizer que a Terra é o único planeta habitado é o mesmo que o bicho da goiaba afirmar que só na goiaba dele existem bichos. O bom senso de Lobato contrasta com o dogmatismo misoneísta dos teólogos.
Se estamos enviando sinais de rádio e até programas de televisão para o cosmos, na esperança de atingir algum mundo habitado, por que motivos povos de outros mundos não poderiam estar fazendo o mesmo? Estamos num momento decisivo da evolução terrena e avançamos para a era espacial. Logo mais teremos comunicações com outros mundos. No Limiar do Amanhã, um programa desafio. Transmissão de número 138, terceiro ano, direção e participação do professor Herculano Pires.
Perguntas e respostas. Pergunte para você e para os outros. Há muita gente que tem as mesmas dúvidas que você.
Pergunta nº 1: Líquido do conhecimento
Locutor - Professor, nosso ouvinte R. R. G., de São Bernardo do Campo, pergunta: ouvi falar a respeito de experiências feitas com ratos que parecem ser o seguinte: um rato é colocado em um labirinto e aprende a chegar rapidamente ao objetivo que é a comida. Injetando um suco que é feito a partir do cérebro desse rato em outro rato, este segundo, colocado no mesmo labirinto, consegue, na primeira tentativa, o mesmo que o primeiro rato. Seria falsa essa notícia? Se for verídica, como explicar esse fato, se o conhecimento é atribuído ao espírito? J. Herculano Pires - Houve não só uma notícia, houve inclusive uma grande reportagem publicada por uma das nossas revistas, com ilustrações, a respeito dessas investigações de um cientista europeu, mas nos Estados Unidos. Na verdade, quando se trata de uma transmissão, por assim dizer, de conhecimentos através de um líquido, nós estamos inteiramente fora de toda e qualquer possibilidade de acerto no campo científico, no campo filosófico, porque não é num líquido que permanece o conhecimento de ninguém, nem mesmo dos animais. A investigação, nesse sentido, é praticamente uma investigação de reflexos condicionados. O rato no labirinto foi uma experiência básica para behaviorismo, ou seja, a psicologia da conduta, o condutismo que saiu nos Estados Unidos e de lá se propagou pelo mundo, mas que teve sua origem na Rússia com as pesquisas no reflexo condicionado de Pavlov. Ora, essas experiências atuais, que consistem na transmissão de certos mecanismos dos animais, como no caso do rato, através de uma transposição de líquido cerebral de um rato para outro, essas experiências estão no campo dos reflexos e não no campo propriamente da memória ou no campo da mente onde se desenvolve o conhecimento. Além disso, é preciso notar que nós estamos precisamente na época em que se desenvolve a pesquisa mais intensa possível no sentido de demonstrar que existe a percepção extra-sensorial e, portanto, a possibilidade de conhecermos além dos sentidos, ou seja, de obtermos conhecimentos sem ser através dos órgãos do sentido, dos órgãos sensoriais. Ora, estamos, assim, no momento em que a parapsicologia, a partir do professor Rhine e segundo as próprias escolas europeias mais avançadas, a parapsicologia sustenta que o cérebro é simplesmente o aparelho de transmissão da mente. Existe no homem duas coisas. Existe a mente, que é espiritual, e existe o cérebro, que é material. Seria absurdo que nesse momento se pretendesse – eu já não digo que se provasse –, que se pretendesse provar que a memória humana é semelhante aos instintos que governam certos animais. As experiências com ratos, nesse sentido, são muito úteis para a ciência porque ela vai investigando a ação de certos elementos químicos no sangue e na atividade vital dos animais. Mas querer transportar isso de uma simples experiência com ratinhos num labirinto para a psicologia profunda do homem, onde a mente tem uma capacidade de elaboração e de criação que os animais nunca atingiram, de tal maneira que o homem é o único animal, por assim dizer, na Terra dotado de pensamento criador, querer fazer isso é simplesmente desconhecer os mais recentes avanços da ciência. De maneira que essas experiências devem ser consideradas dentro dos seus limites reais, que são os limites do campo dos reflexos condicionados.
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Pergunta nº 2: Fotografia do ectoplasma
Locutor - Professor, a ouvinte I. G. pergunta: pode alguém fotografar o ectoplasma agindo sobre o médium e o espírito? Pois lendo um livro que me emprestaram, há varias fotos do ectoplasma e várias diferenças agindo entre o médium e o espírito. É verdade que todos os médiuns sofrem? Pois sou médium, e conversando com vários médiuns, eles dizem-me que ainda vou sofrer por um longo período, mas com o tempo tudo passa. Será que é por causa das tentações dos maus espíritos? E as provas difíceis que temos que vencer com a ajuda de Deus? Há quatro meses atrás tive a satisfação de ganhar um livro do seu programa. Como não tive tempo para retirá-lo, quero saber se agora ainda tenho esse direito, pois estou mais folgada.
J. Herculano Pires - Infelizmente a senhora já perdeu o livro, porque, na verdade, nós temos um certo prazo para retirada de livros. A senhora há de compreender que nós temos muitas perguntas, os livros distribuídos, às vezes, atingem números bastante elevados e não podem ficar acumulando no escritório central da Rádio Mulher. Então, nós damos sempre um prazo de uma semana ou duas semanas para que os ouvintes vão retirar. Mas a senhora pode ganhar outro livro, de maneira que o nosso programa poderá lhe recompensar essa perda. E é o que nós vamos fazer agora mesmo. Nós vamos atribuir à senhora, diante dessas suas perguntas, um livro que a senhora poderá retirar. Mas vamos primeiro tratar das perguntas. A senhora pergunta se o ectoplasma pode ser fotografado. Sim, é claro que pode, há muitas fotografias de ectoplasmas, há muitas fotografias inclusive de figuras produzidas pelo ectoplasma. Pela sua pergunta eu entendo que a senhora não tem bem noção do que seja o ectoplasma. Ectoplasma é matéria, matéria que sai do corpo do médium. O espírito agindo sobre o médium desperta energias psíquicas do médium que produzem a emanação de uma matéria a que o professor Charles Richet, que foi um dos maiores fisiologistas do mundo, prêmio Nobel de fisiologia, deu o nome de ectoplasma. Esse ectoplasma saindo do médium ele pode se produzir de várias formas apenas como uma emanação fluídica – nesse caso nós temos ema espécie de neblina que cerca o médium e que invade a sala, é visível. Pode sair também de forma invisível. Mas quando ele é fotografado é porque ele sai em forma de uma massa esbranquiçada, de uma massa branca que pode não só ser fotografada como pode ser colhida pelos investigadores. Por exemplo, Barão Schrenck-Notzing, na Alemanha, no seu laboratório, conseguiu apanhar porções de ectoplasma que submeteu a exames de laboratório. Assim, o ectoplasma é perfeitamente fotografável. E quando esse ectoplasma serve para as materializações, quer dizer, é a matéria que serve para o espírito se revestir dos elementos materiais necessários a fim de aparecer diante dos homens e de ser inclusive examinado pelos cientistas, quando o ectoplasma serve para isso, então ele permite, inclusive, a fotografia dos espíritos materializados. Parece-me que isso ficou bem explicado. Se não ficou, a senhora perguntará mais depois. No tocante ao problema dos médiuns sofrerem, os médiuns sofrem como todos nós sofremos. Há pessoas que não têm mediunidade no sentido de servir para comunicações de espíritos ou para fenomenologia espírita e, não obstante, sofrem muito. Todas as criaturas na terra estão sujeitas ao sofrimento, porque o sofrimento decorre da necessidade de evolução dos espíritos, e todos nós estamos aqui para evoluir. Não quero dizer com isso que os médiuns sofram mais do que os outros. Essa é uma ideia errônea que muitas pessoas fazem. Na verdade, os sofrimentos do médium, no tocante à mediunidade, são até mesmo reduzidos, porque eles se misturam com os sofrimentos decorrentes das provas naturais que nós enfrentamos. É certo, entretanto, o que disse esse médium à senhora. Na proporção em que a sua mediunidade se desenvolver, esses sofrimentos poderão abrandar-se bastante, porque também na proporção em que ela se desenvolve, a senhora está vencendo as suas provas. Tenha esperança e continue firme no seu trabalho espiritual para que a senhora possa realmente atingir o seu objetivo nesta encarnação terrena.
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Pergunta nº 3: Regulamentação dos médiuns
Locutor - Professor, o ouvinte J. S. recebeu a seguinte mensagem: estava semi-acordado, segundo meu sogro, estava num local deserto e do céu caía sobre minha cabeça uma luz, que derrubava raios sobre meus ombros, e uma voz que dizia: no ano sétimo Jesus virá à Terra e haverá grandes problemas para os cientistas. Qual será este ano sétimo? Para mim seria 2007.
J. Herculano Pires - A sua visão, essa visão que o senhor teve, nos dá impressão de voltarmos à era apocalíptica, quer dizer, aquele tempo em que os profetas judeus recebiam grandes visões do céu, como nós vemos no apocalipse de São João constante do evangelho. Eu vou lhe dizer o seguinte: o senhor precisa ter cuidado com essas visões. Essas visões místicas, assim espantosas, profetizando, são geralmente perigosas. Não são perigosas no sentido de lhe provocar doenças, de lhe trazer qualquer presságio mau, nada disso. São perigosas no sentido da pessoa se entusiasmar com elas, acreditar que virou profeta e começar a dizer essas coisas. O senhor não se incomode com essa visão. Faça as suas preces ao seu espírito protetor, pedindo que afaste do senhor visões dessa espécie. Procure conhecer a sua mediunidade. Frequente um bom centro espírita. Leia livros espíritas. Leia principalmente Iniciação Espírita de Allan Kardec. Por sinal, vou lhe dar um volume deste livro: Iniciação Espírita de Allan Kardec. É um presente que o senhor recebe desse programa e da editora Edicel, Editora Cultural Espírita Ltda.
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Pergunta nº 4: Evangelhos apócrifos
Locutor - Professor, o ouvinte O. S., pergunta: li no jornal da capital que na Inglaterra os médiuns são amparados por lei. Gostaria, se possível, ouvir um comentário do professor a respeito, bem como para o seguinte: sugerido no mesmo jornal em data recente a regulamentação, pelo Estado, através de sanatórios e médicos espíritas do departamento espiritual, o que sem dúvida seria uma coisa maravilhosa na cura de tantos necessitados. Aproveito para agradecer os livros que ganhei pelo seu programa.
J. Herculano Pires - Não tem nada que agradecer. O senhor ganhou pelo seu esforço. Mas eu queria dizer o seguinte: esse problema de médiuns na Inglaterra terem o seu trabalho regulado por lei não é apenas na Inglaterra. Na França também existe regulamentação, nos Estados Unidos também. Por exemplo, vou lhe contar um caso que o senhor ficará assustado. Enquanto aqui no Brasil José Arigó era preso e metido na cadeia por fazer operações, nos Estados Unidos um médium chamado Edgar Cayce, hoje tão famoso que lá existe uma fundação chamada Fundação Edgar Cayce para pesquisas científicas, esse médium trabalhava com a mais ampla liberdade e tinha até escritório aberto para receber as consultas, como se fosse um médico. E muitos médiuns funcionam assim agora nos Estados Unidos e na Inglaterra, e na Alemanha, e em vários outros países do mundo. Isso é natural, porque a faculdade paranormal, segundo a expressão da parapsicologia, que nós chamamos de mediunidade, é uma faculdade natural do homem, existe realmente nas criaturas, está cientificamente provada. Assim, aplicar essa faculdade em favor de curas dos semelhantes não deve ser proibido, deve ser, pelo contrário, incentivado, regulado e orientado por lei. Acreditamos que no Brasil nós ainda chegaremos também a esse ponto.
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Pergunta nº 5: Duplo etéreo
Locutor - Professor, a ouvinte M. A. P., da Rua Genebras, cidade, pergunta: por que a igreja não publica e não aprova os chamados evangelhos apócrifos? E por que o espiritismo não se interessa por eles?
J. Herculano Pires - A igreja não publicou esses evangelhos apócrifos, mas ela não deixou de se interessar por eles. O espiritismo não endossa esses evangelhos, mas também se interessa por eles. Interessa para estudo. Acontece que esses evangelhos não têm outro interesse senão o de trazer-nos uma informação sobre o que se passou na Palestina depois da publicação dos chamados evangelhos canônicos, ou seja, os evangelhos divulgados pelas igrejas cristãs e que o espiritismo também aceita e reconhece como válidos. Os evangelhos apócrifos, ao contrário do que geralmente se pensa, não foram escritos juntamente com os evangelhos legítimos. Pelo contrário, esses evangelhos apareceram muito depois. Primeiro surgiram os quatro evangelhos canônicos, os quatro evangelhos que nós conhecemos, os três sinóticos que se repetem na sua forma e o evangelho final, o evangelho teológico de João, que é o evangelho mais solene do Novo Testamento. Mas depois de publicados esses evangelhos, começaram a surgir outros, decalcados nesses. Evangelhos apócrifos, porque, na verdade, os nomes que eles trazem não correspondem à verdade. Evangelhos atribuídos a vários santos, a vários apóstolos e que na verdade não pertencem a esses apóstolos. Foram escritos por escribas anônimos que se interessavam por divulgar certas crenças e certas ideias, certas informações errôneas que eles tinham a respeito de Jesus. Então são evangelhos absurdos, carregados de absurdos, de coisas ilógicas, e esses evangelhos não foram considerados nem pelas igrejas primitivas, as igrejas de que nasceram depois a igreja católica e as igrejas protestantes e assim por diante. Aquelas igrejas primitivas, que eram consideradas apenas assembleias cristãs do cristianismo antigo, não conheciam esses evangelhos. Esses evangelhos surgiram depois. São, portanto, realmente apócrifos e só têm interesse histórico no sentido de se ver o que se passava nessa tentativa de introduzir deformações no evangelho. Nada mais de que isso. Por esse motivo eles não foram publicados. E o espiritismo se interessa por eles. Não foram publicados para o povo, mas existem publicações especiais para os estudiosos de todos os evangelhos apócrifos.
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Pergunta nº 6: Cavalos no outro mundo
Locutor - Ainda da ouvinte M. A. P., da Rua Genebra, cidade, ela pergunta: uma pessoa que morre velha sempre se comunica como velho. Isso quer dizer que os espíritos também envelhecem e depois da morte ainda continuam a envelhecer? Até quando?
J. Herculano Pires - Não, não quer dizer que os espíritos continuem a envelhecer. Quer dizer apenas o seguinte: nós temos dois corpos. Um é o corpo espiritual de que trata o apóstolo Paulo na primeira epístola dos Coríntios, outro é o corpo material que nós todos conhecemos e usamos. Quando a pessoa morre, ela simplesmente perde o corpo material, mas conserva o corpo espiritual. A senhora certamente já ouviu falar no duplo, ouviu dizer que existe o duplo etéreo das criaturas. O duplo etéreo é o corpo espiritual. Assim, a pessoa morreu velha. O seu duplo etéreo, quer dizer, é uma duplicata do corpo material que é o corpo espiritual, esse duplo etéreo está assinalado por todos os traços característicos do corpo material que atingiu a velhice. Ele está envelhecido aparentemente, apesar de que esse corpo espiritual não envelhece. Ele reproduz a velhice do corpo material. Ora, se o espírito, que morreu velho, viesse a se comunicar como jovem, ele não se faria reconhecer. Então, o espírito se utiliza do seu poder mental para manifestar-se como velho, segundo ele era. E quando ele não tem a capacidade de fazer isso conscientemente, ele faz naturalmente, porque ele não consegue modificar a estrutura aparentemente envelhecida do seu corpo espiritual. Então, ele se manifesta como velho. Mas, na verdade, o tempo no mundo espiritual tem um sentido diferente do tempo aqui na Terra. Aqui, o tempo nos envelhece. No mundo espiritual, pelo contrário, ele rejuvenesce. Os espíritos que passam para lá, na proporção em que vivem nesse mundo, vão se tornando mais jovens, vão voltando no tempo, por assim dizer. Não quer dizer que tenham a juventude terrena, mas têm a juventude do espírito. Por isso nós dizemos mesmo aqui na Terra que o espírito não envelhece. Envelhece o corpo, mas não o espírito. Aqueles que sabem se manter jovens, continuam jovens dentro do corpo velho. É isso que se passa com os espíritos de velhos.
Locutor - Ainda respondendo a mesma ouvinte. Professor, li num livro espírita de Chico Xavier que existem carruagens puxadas por cavalos no mundo espiritual. Se isso é verdade, quer dizer, que os cavalos têm espírito ou que são animais existentes no mundo espiritual? Palavra que não posso compreender isso. Então até os animais passam para o outro mundo? Ou são só os animais superiores?
J. Herculano Pires - Todas as coisas passam para o outro mundo, porque em todas as coisas – e não só nos seres – em todas as coisas existem dois elementos fundamentais: espírito e matéria. A senhora sabe que hoje, por exemplo, vou lhe dar uma indicação de tipo assim mais objetivo, mais concreto para a senhora entender. A senhora sabe que hoje a ciência já não faz diferença entre energia e matéria densa. Por quê? Porque a física conseguiu provar que a matéria não é nada mais do que uma condensação de energia. Assim, por exemplo, a senhora pega uma chaleira que está soltando vapor de água. Se a senhora resfriar esse vapor, ele se transforma geralmente em água. E se a senhora continuar congelando esse vapor, ele se transforma em gelo, em gelo sólido. Assim, a água em estado fluídico passou por um processo natural a um estado sólido, se transformou em gelo. Assim também acontece com todas as coisas. Em todas as coisas existe uma natureza fluídica, uma natureza sutil, que não é densa como a natureza material. No espiritismo, nós dizemos que em todas as coisas existe o duplo etéreo. Uma pedra, uma planta, um objeto qualquer ele não possui apenas a matéria densa, possui também a matéria em estado rarefeito, a energia que lhe dá forma. De acordo com a doutrina espírita, a matéria vive, existe, por assim dizer, disseminada no espaço, disseminada em partículas infinitesimais, que são as partículas atômicas. Mas essa matéria ela é, por assim dizer, congregada, reunida, unificada pela força do espírito. Quando falamos na força do espírito nesse sentido, estamos falando na energia espiritual, não estamos falando no espírito de um homem, no espírito de uma criatura qualquer que agisse sobre a matéria, mas na energia espiritual que existe no universo inteiro. Já um filósofo grego muito conhecido, Aristóteles, tinha uma doutrina chamada Doutrina de Forma e Matéria. Ele dizia: a matéria não tem forma, mas existe a forma que se apossa da matéria e lhe dá então estrutura. Todas as coisas tem estrutura: uma pedra, um grão de areia, um fio de cabelo, uma folha de relva, tudo tem uma estrutura e uma estrutura inteligente. Essa estrutura inteligente é produzida por aquilo que nós chamamos no espiritismo: o princípio inteligente do universo, que é o espírito, não o espírito individualizado, mas o espírito como uma substância universal ligada à matéria. Assim, todas as coisas passam para o outro mundo. Quando a senhora mata uma planta, a essência inteligente dessa planta, o princípio inteligente que lhe dava forma, passa para o mundo espiritual. Quando a senhora mata um animal, a essência espiritual desse animal, que é o principio inteligente em desenvolvimento, ele passa também para o plano espiritual. Dessa maneira posso te responder o seguinte: existem cavalos, existem animais no mundo espiritual mais próximo da Terra. Não evidentemente nos mundos superiores, nos planos elevados da vida espiritual, onde só vivem as inteligências cujas formas até nos escapam, nós não podemos dizer como elas são. Mas no mundo espiritual mais próximo da Terra feito ainda de matéria grosseira, nesse mundo espiritual existem animais e plantas como existe aqui em nosso mundo. Isso a senhora pode ver inclusive na Bíblia, quando a Bíblia fala, por exemplo, da existência das duas Jerusaléns, a Jerusalém celeste e a Jerusalém terrestre. A Jerusalém celeste é feita de casas, de plantas, de animais, de homens, a mesma coisa que a Jerusalém terrestre, mas é uma Jerusalém que só os videntes podem ver. Assim, esse princípio espírita é confirmado inclusive pela Bíblia.
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Pergunta nº 7: Crianças mortas
Locutor - Professor, o ouvinte J. B. R., da Rua Albio, na Lapa, pergunta: quando uma criança nasce morta é porque não tinha espírito? Então como dizem os espíritas que o espírito ajuda a modelar o seu corpo?
J. Herculano Pires - Sim, na realidade o espírito é o primeiro responsável pelo seu próprio corpo quando ele vai se reencarnar. Quando o espírito volta à vida terrena ele é o responsável direto pelo seu corpo. Ligando-se ao embrião que vai se desenvolver, ele traz consigo seu corpo espiritual que é o modelo sobre o qual vai se desenvolver o corpo material. Ele se liga sim a esse corpo já trazendo uma determinação, um desígnio através do qual ele vai modelar esse corpo. Mas quando uma criança nasce morta, não quer dizer que isso não se tenha passado. O espírito presidiu a formação do embrião, ajudou a desenvolver-se, a tornar-se numa criança, mas os espíritos têm livre arbítrio, e, segundo os próprios espíritos explicam, cada criatura que vai nascer aqui no mundo trás o seu destino. Ela sabe pelo que vai passar aqui na Terra. E assim como existe espíritos covardes entre os homens, existem homens covardes que não enfrentam as suas responsabilidades aqui na Terra, assim também existem espíritos covardes fora da matéria. Quando um espírito se angustia demais diante da prova que ele vai passar na Terra e teme nascer aqui, ele pode se desligar do corpo. Ele se desliga pelo seu próprio temor, pela própria situação de pânico em que ele cai, ele se desliga do corpo material e o corpo nasce morto. Mas além dessa explicação, nós precisamos considerar também que muitas vezes o corpo nasce morto, porque é uma prova para os pais. Pais que não quiseram ter filhos em vidas anteriores, pais que mataram os seus filhos no ventre da mulher, que praticaram aborto criminoso, que rejeitaram as crianças que iam nascer, passam, às vezes, numa existência, tendo filhos natimortos, filhos que nascem mortos, que é para eles naturalmente pagarem, como se costuma dizer, os crimes que praticaram em vidas anteriores. Não é um pagamento de acordo com a justiça dos homens. É apenas um pagamento de acordo com a justiça divina, ou seja, é uma lição, é um aprendizado, é uma experiência. Isto decorre daquilo que chamamos de a lei de ação e reação. Todas as nossas ações têm uma reação. A reação vem inevitavelmente. Não é que Deus esteja condenando o indivíduo a passar por aquilo. É que ele mesmo, o indivíduo que praticou o crime, já se condenou. Ele se condenou, porque a ação que ele praticou vai ter uma reação no futuro.
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Pergunta nº 8: Limbo
Locutor - Professor, ainda o J. B. R., ele pergunta: professor, para onde vai o espírito de uma criança que morre em terna idade? Vai para o limbo? E o que é o limbo?
J. Herculano Pires - Eu compreendo que o senhor, naturalmente, diz a criança que nasce em tenra idade, em idade ainda muito tenra, né? Mas acontece o seguinte: essa criança que nasce, que morre em tenra idade, ela naturalmente não teve o tempo de viver aqui uma vida completa e não teve tempo de fazer o bem nem o mal. Como se pode condenar essa criança? Na igreja, como o senhor sabe, diz que essa criança vai para o limbo. Limbo quer dizer simplesmente beirada. A beirada de uma coisa é o limbo, é o limiar, o momento em que se passa de um plano para outro. Então, o limbo seria um lugar destinado a criaturas que não vão nem para o céu e nem para o inferno. De acordo com a teologia católica, o limbo é o lugar em que estavam os justos, aqueles que foram justos na Terra e que não foram nem para o céu nem para o inferno. Ficaram no limbo aguardando o momento em que Jesus vindo à Terra, morreu e ressuscitou para libertá-los. Mas de acordo com o espiritismo, isso não é certo. O limbo é apenas uma imaginação, uma imagem, nasceu da imaginação, não é verdadeiro. As crianças não têm culpa de não terem tido uma vida aqui para elas resgatarem, por assim dizer, o seu passado, para fazerem o bem ou fazerem o mal e serem premiadas ou serem condenadas. As crianças não vão para o limbo. As crianças que vão para o limbo, de acordo com os preceitos da igreja, são aquelas que não foram batizadas. Ora, isso não é aceito pelo espiritismo. Nós dizemos simplesmente que as crianças que morreram em tenra idade, são crianças que não tinham de viver aqui no mundo. As suas ações do passado determinaram essa morte prematura, e muitas vezes elas podem também ter nascido por uma missão. São espíritos abnegados que nascem, às vezes, num lar para resolverem problemas de família. Uma vez nascidas, resolvido o problema, elas podem morrer logo depois. Elas apenas se despedem dos pais e partem para a vida espiritual, mas deixaram uma mensagem, deixaram uma marca, produziram um efeito na vida da família. São problemas, portanto, relacionados com vários aspectos de lei de causa e efeito, e todos eles relacionados com a necessidade de evolução de todas as criaturas. Mas a criança que se libertou do seu corpo infantil porque tinha que de libertar, ela, no mundo espiritual, retoma a sua condição espiritual, adulta, porque todo espírito é adulto, e passa a viver tranquilamente a sua vida espiritual como qualquer outro espírito de pessoa falecida. E terá novas oportunidades de voltar à Terra, se for necessário, ou de passar a planos superiores, se estiverem em condições para isso.
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Desperte, amigo ouvinte. É hora de despertar. Acorde do sono da letra para a vida do espírito.
O evangelho de Jesus em espírito e verdade.
Abrimos o evangelho ao acaso, e eis o que saiu (Jo, 13:34).
Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros (Jesus, evangelho de João).
Esta passagem do evangelho de João – precisamente do capítulo treze, versículo trinta e quatro – é uma passagem pequenina, mas por isso mesmo incisiva que nos coloca diante do problema fundamental do cristianismo. Quando João registra essas palavras de Jesus “um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros”, ele na verdade, nos coloca diante de um problema que resolveria todos os problemas humanos. Se nós hoje na Terra temos tanta dificuldade para a solução das nossas questões, para o encaminhamento na nossa vida, para que o homem seja feliz, para que as criaturas humanas possam ter tranquilidade e segurança, se isso tudo acontece é porque não aprendemos a amar aos nossos semelhantes. Nós amamos muito a nós mesmos, mas não amamos aos outros. Os outros, para nós, são os outros, são criaturas estranhas, criaturas que não têm nada a ver conosco. Temos, às vezes, o nosso grupo familiar, o nosso grupo de amigos, mas se uma pessoa estranha aparece, nós sempre a olhamos com desconfiança. Por quê? Porque não aprendemos a amar os homens, a amar as criaturas humanas, a amar naquele sentido que Jesus ensinou e naquele sentido com que ele nos ama e nos amou. Quando Jesus desceu das alturas do plano espiritual em que ele dirige a Terra para encarnar-se entre nós como uma criatura humana, ele praticou um ato de amor, um ato de amor que nós poderemos considerar de amor supremo, porque ele deixou a sua condição sublime, a sua condição divina para vir viver num corpo humano, colocar-se entre os homens, sofrer a incompreensão e a ingratidão dos homens, e fez tudo isso para ajudar os homens; para nos salvar, como dizem as religiões.
A salvação, de acordo com os princípios espíritas, não é uma salvação mágica, milagrosa. Jesus, pelo simples fato de vir à Terra e derramar aqui o seu sangue, já nos teria salvado. Não. Não existe essa mecânica da salvação. Jesus não veio para nos salvar através de uma morte, mas sim através da vida. É a sua vida que nos salva, porque ele não morreu apenas, ele morreu e ressuscitou, e como ensina o apóstolo Paulo, ele ressuscitou no corpo espiritual que é o corpo da ressurreição. Ao ressuscitar, ele já se colocou novamente na sua condição de espírito. Nós podemos ver nos evangelhos: Jesus ressuscitado não vive como Jesus encarnado. Ele vive de maneira diferente. Ele aparece para os apóstolos, ele surge na estrada de Emaús, ele aparece no cenáculo, ele surge para os seus discípulos a caminho da Galileia, indo ao mar da Galileia. E surge de que maneira? Como uma aparição, como um espírito que se materializa de acordo com as regras das materializações de espírito. Ele se comunica; é a comunicação de um espírito superior aos homens. Assim, ele veio à Terra para nos ensinar através da sua vida e não do seu sangue, da sua morte, da sua crucificação, do seu martírio. O seu martírio foi apenas uma prova do nosso atraso, da nossa ignorância, da nossa falta de amor, e por isso ele insistiu na tônica do amor. Todo o seu evangelho é uma lição de amor. E esta expressão de João toma um significado muito mais profundo quando nós sabemos que João foi o apóstolo de Jesus que morreu em idade mais avançada, com mais de cem anos, segundo se diz. Quando ele estava bem velhinho na cidade de Êfeso, onde fundara a escola para ensinar o evangelho, ele não podia mais dar aulas, não podia mais falar da maneira livre como que falava anteriormente, porque lhe faltavam as forças e faltavam as energias. Então iam buscá-lo no seu quarto; traziam apóstolo para o meio dos discípulos, e ele dizia apenas isto: meus filhinhos, amai-vos uns aos outros, e o levavam de volta para a cama. Quando nós sabemos isso, compreendemos mais profundamente a importância desse ensino de Jesus. João reunia, resumia nesse ensino todo o evangelho. E Jesus mesmo disse, como nós sabemos, nós encontramos nos evangelhos a expressão dele ensinando-nos, que apenas existem dois mandamentos fundamentais que são: amar a Deus sob todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mas ele diz: este último, amar ao próximo como a si mesmo, reúne também o primeiro. Então, este é o princípio fundamental do evangelho que Jesus nos oferece para a nossa compreensão espiritual.
Mande-nos suas perguntas. Responda à pergunta do mês. Participe ativamente deste programa que pertence a nós todos. Ocupe o seu lugar em nosso diálogo radiofônico. É conversando que a gente se entende. Todos precisamos chegar à verdade.
No Limiar do Amanhã: marchamos para o infinito.