No Limiar do Amanhã: um desafio no espaço.
Estamos na era do espírito. Os rituais da morte se modificam. Vai longe o tempo em que a morte era o fim. Hoje sabemos que a morte é apenas uma porta pela qual entramos na vida maior. O dia dos mortos será transformado em dia dos espíritos. O culto da saudade se converterá em culto da esperança. Novas concepções iluminam o pensamento humano. Abandonemos o símbolo do desespero e da tristeza. Encaremos a morte na sua naturalidade e compreendamos que é preciso morrer para renascer.
Vitor Hugo afirmou: “Morrer não é morrer meus amigos. Morrer é mudar-se.” Charles Richet, o grande fisiologista francês escreveu: “A morte é a porta da vida.” O apóstolo Paulo ensinou em sua Primeira Epístola aos Coríntios: “Temos corpo animal e corpo espiritual. Enterra-se o corpo animal e nasce o corpo espiritual.” Hoje os cientistas soviéticos materialistas acabam de descobrir o corpo bioplástico do homem, provando que esse corpo energético não desaparece na morte. A parapsicologia investiga as comunicações dos espíritos e intensifica suas pesquisas sobre a reencarnação. As ciências materialistas provam que não somos matéria e não desaparecemos no túmulo.
Nada se acaba na natureza; tudo se transforma. Por isso nos diz o Livro de Jó na Bíblia: “Os mortos viverão”. E Jó acrescenta: “Dia a dia aguardo a minha transformação”. Os homens morrem e se transformam em espíritos. A vida contínua no mundo espiritual. É a vida maior em novas dimensões em que a criatura se defronta com o infinito. Por que chorarmos os mortos se ninguém morre? A vida continua amigos, numa vida que é muito mais vida do que esta vida. No limiar do amanhã: um programa desafio. Produção do Grupo Espírita Emanuel. Transmissão número 86. Segundo ano. Direção e participação do professor Herculano Pires.
Amigo ouvinte, todas as semanas estamos no ar neste dia e neste horário para levar a você a mensagem do amanhã. Ligue o seu receptor para a Rádio Mulher de São Paulo, 730 KHZ, para a Rádio Morada do Sol de Araraquara, e para a Rádio Difusora Platinense de Santo Antonio da Platina, estado do Paraná. Todas as semanas, neste dia e neste horário.
Perguntas e respostas no auditório.
Ganhe o livro indicado na resposta dada à sua pergunta. Retire-o a partir de segunda-feira no horário comercial no escritório da Rádio Mulher à Rua Barão de Itapetininga, 46 – 11° andar, conjunto 1111. Os ouvintes do interior receberão os livros pelo correio. Esta é uma promoção da Rádio Mulher e das editoras espíritas de São Paulo: GEEM, Edicel, Edigraf e LAKE. Livro espírita é presente de irmão. Procure-o à Rua Barão de Itapetininga, 46 – 11º andar, conjunto 1111 a partir de segunda-feira.
*** E como acontece em toda primeira quarta-feira de cada mês, realizamos o nosso diálogo radiofônico com os ouvintes do programa No Limiar do Amanhã, quando realizamos a gravação do programa no auditório da Rádio Mulher com a participação do público, ocasião em que você, amigo ouvinte, pode fazer sua pergunta na hora e receber a resposta, e dialogar com o professor Herculano Pires face a face. Pergunta nº 1: Comunicação verdadeira x animismo Locutor - O primeiro ouvinte com nome e a pergunta. Plateia - Jader Frutuoso e a pergunta é a seguinte: Como nós distinguimos a comunicação verdadeira de animismo? J. Herculano Pires - A pergunta é muito interessante porque nos coloca diante de um problema bastante estudado no espiritismo desde o tempo de Kardec. Aliás, esse problema foi colocado mesmo por Kardec. O animismo é a comunicação do próprio espírito do médium, porque no espiritismo a alma é o espírito enquanto encarnado. Na função de encarnado o espírito anima o corpo, daí a sua designação de alma. Quando o indivíduo morre, o espírito se desprende do corpo e não é mais alma, é espírito. Isso me lembra o seguinte: muita gente diz que o espiritismo lida com almas do outro mundo. Mas no espiritismo não existe almas do outro mundo. Alma só existe na Terra, encarnadas, quando o espírito está encarnado. A comunicação anímica é, portanto, uma manifestação do próprio médium: as suas ideias, a maneira porque ele as expõe, ao tratamento que dá as perguntas, a sua linguagem, tudo isso caracteriza perfeitamente a comunicação anímica do médium. Quando por acaso essa manifestação anímica provém de uma manifestação do inconsciente, o inconsciente do médium representando, portanto, a memória profunda que ele traz consigo, muitas vezes pode caracterizar uma outra personalidade. É uma personalidade anterior do próprio médium. Como todos nós passamos por vidas sucessivas, as memórias antigas, ancestrais, as memórias profundas de outras vidas, todas elas estão armazenadas por assim dizer, arquivadas no nosso inconsciente. Então é possível que por um motivo ou outro o médium sinta, por assim dizer, um aflorar da sua memória profunda no sentido de uma determinada encarnação em que ele manifesta uma personalidade diferente do médium atual. Apesar disso, sempre nessas manifestações há uma conotação com a personalidade atual do médium. Porque embora a modificação da personalidade se faça no tempo e no espaço, há sempre uma continuidade que caracteriza aquela mesma personalidade. Muita gente considera as manifestações anímicas como prejudiciais. O espiritismo como doutrina não a considera assim. Pelo contrário, essas comunicações são importantes porque inclusive trazem a possibilidade de modificarmos situações presentes na personalidade do médium. Assim como a parapsicologia demonstrou que nós trazemos no inconsciente certos traumas psíquicos que produzem modificações do nosso comportamento atual, assim, o espiritismo muito antes da parapsicologia provou que nós trazemos traumas muito mais profundos pertencentes a encarnações anteriores. A personalidade, vamos dizer assim, mórbida ou perturbada de uma encarnação anterior que está dentro do próprio indivíduo, não na forma de uma personalidade própria, mas na forma de uma memória antiga, essa personalidade pode estar causando perturbações no comportamento atual do indivíduo. E quando se dá a comunicação anímica é como se desse uma catarse psicanalítica. É o momento em que vem à tona à mente consciente aqueles elementos de perturbação que estão dentro do médium. Justamente por isso quando os indivíduos que presidem os trabalhos, dirigem as sessões, entendem do assunto, eles acham a comunicação anímica tão válida, tão interessante, quanto a comunicação mediúnica propriamente dita ou a comunicação espírita. Então é necessário que o doutrinador, por assim dizer, saiba compreender o processo diante do qual se encontra, lançando mão daqueles elementos que a doutrina fornece para isso, e saiba doutrinar também aquela forma de memória ancestral, fazendo com que a personalidade do médium se liberte das pressões daquela lembrança antiga. Quanto às manifestações espiríticas, como sabemos, trazem o cunho indelével, a marca indiscutível de uma personalidade inteiramente diferente daquela do médium. Ela não tem nenhuma conotação, nenhuma ligação com a personalidade atual do médium; ela se mostra não só independente como muitas vezes contrária à própria personalidade do médium, e muitas vezes superando a cultura, os conhecimentos, a capacidade de discernimento e assim por diante do médium. A distinção, portanto, entre as comunicações anímicas e as comunicações espíritas não é, evidentemente, fácil para aquele que não conheça o assunto. Mas, para aquele que conhece, que estudou, que investiga o problema, é muito fácil e traz um elemento válido não só do ponto de vista prático, como nós vimos, mas também do ponto de vista teórico, porque essas manifestações anímicas comprovam a teoria da reencarnação. Download Pergunta nº 2: Parapsicologia Locutor - Professor, o próximo perguntador é um companheiro que tem nos prestigiado com a sua presença constante nesse programa e creio que isso nos traz bastante alegria. Nós vamos passar a palavra para ele. Plateia - Antônio Terezo. Professor, eu ia entrar nesse assunto que o senhor acabou de citar, mas o senhor concluiu todo o problema. Então eu só queria saber da definição, do ponto de vista espírita: os fenômenos psi-gama e psi-kapa. O senhor podia dar uma definição como espírita? J. Herculano Pires - Sim, é evidente. A parapsicologia divide atualmente o campo dos fenômenos paranormais em duas áreas. A área psi-gama que é a área de fenômenos subjetivos, portanto, fenômenos que se passam apenas na mente do próprio indivíduo. Por exemplo: uma visão que não é objetiva, que apenas o médium percebe, somente ele, portanto é subjetiva; somente ele capta aquela visão, as outras demais pessoas circunstantes não percebem nada. Ou então um fenômeno telepático, a transmissão de pensamentos, uma percepção à distância; ou além de uma percepção à distância, uma profecia, uma predição de acontecimentos que vão se realizar; ou mesmo uma visão do passado, aquilo que se chama precognição, isto é, precognição é a profecia, retrocognição que é a visão do passado. Todos esses fenômenos são puramente subjetivos, se passam na mente do indivíduo. Não se objetivam exteriormente, embora, possam ser comprovados objetivamente. Um dos grandes fatores do triunfo, da importância científica da parapsicologia, é precisamente essa objetivação possível de todos os fenômenos. Se nós temos a captação de um pensamento que foi transmitido por um telepata, é possível comprová-lo porque a experiência da transmissão foi feita, positivada, testemunhada, documentada, e então se pode ver que se o indivíduo que recebeu a transmissão, realmente está recebendo uma coisa transmitida por outro. Assim também, uma profecia, por exemplo, ela só é válida se ela se cumpre; se não se cumprir ela não tem valor. Se ela se cumpre, nós temos a objetivação do fenômeno subjetivo. Não é verdade? E assim por diante. Então este campo de fenômenos subjetivos se opõe ao campo de fenômenos objetivos. É a outra área da fenomenologia paranormal. Fenômenos objetivos são os que se passam diretamente no campo material. Por exemplo, uma levitação de objetos; a influência da mente sobre a queda dos corpos, em experiências que foram realizadas numerosas vezes por grandes cientistas nos Estados Unidos e na Europa. Por exemplo, a máquina de Hardy – um parapsicólogo francês que trabalha com gotas d’água caindo sobre uma lâmina de navalha. As gotas d’água caem de tal maneira nessa máquina, que elas se partem em duas na lâmina de uma navalha. Então a experiência com o pensamento é feita no sentido de desviar a gota d’água da lâmina da navalha. O indivíduo que exerce essa função mental força a gota d’água a cair de um lado ou de outro da navalha. Então aí nós temos um fenômeno objetivo, o chamado jogo de dados, que foi muito utilizado para experiências parapsicológicas na Universidade de Duke, sendo dados cientificamente construídos, de maneira que não há diferença entre um e outro, nem a menor diferença. Então o jogo de dados na mesa, obedecendo a determinação mental de um indivíduo, é comprovado pelos próprios resultados. Há também o jogo de dados no sentido de cair em áreas diferentes da mesa, não só dá resultado determinado pela mente, mas também cair numa posição diferente. Para isso usa-se uma máquina elétrica que joga os dados sempre numa única direção. Mas se o pensamento do médium, do paranormal, forçando a queda do dado, faz com que se desvie a direção da queda dos dados, então nós temos um fenômeno comprovado de influência da mente sobre a matéria. Ora, estes dois fenômenos correspondem precisamente aos fenômenos inteligentes e aos fenômenos de efeitos físicos no espiritismo. Quer dizer, o espiritismo, já muito antes da parapsicologia, havia não só conhecido, reconhecido e proclamado a existência desses fenômenos, como também já os havia classificado da mesmíssima maneira por que a parapsicologia viria classificá-los mais tarde. É bom lembrar também que na metapsíquica de Richet essa classificação foi adotada. Existe a metapsíquica subjetiva e a metapsíquica objetiva, correspondendo perfeitamente à psi-gama e psi-kapa, na parapsicologia, e a efeitos inteligentes e efeitos físicos, no espiritismo. Pergunta nº 3: Multiplicação dos pães Locutor - Continuamos com o nosso diálogo, entrevistando mais um ouvinte. Nome e endereço, por favor. Plateia - Francisco Carlos Domingues. Professor, como o espiritismo explica a multiplicação dos pães por Jesus Cristo? J. Herculano Pires - Ah sim, a multiplicação doa pães. O problema da multiplicação dos pães é um problema de efeito físico. Nós conhecemos muitos fenômenos semelhantes obtidos em sessões espíritas. Não a multiplicação dos pães propriamente dita, mas a multiplicação de objetos e a modificação de objetos. Os efeitos físicos, como nós já vimos aqui, são produzidos pela ação da mente sobre a matéria. Essa ação mental pode provir do próprio médium, seria então um fenômeno anímico; ou provir da ação de uma inteligência extra-física, ou seja, de uma inteligência espiritual, como nós vemos no espiritismo, através do médium. Então seria a mente do próprio espírito conjugada com a mente do médium agindo sobre a matéria para produzir um fenômeno. Por exemplo, na metapsíquica estudou-se muito os fenômenos de ectoplasmia que é um fenômeno através do qual emana do corpo do médium uma força orgânica em forma fluídica, que pode ser, inclusive, captada e examinada em laboratório como geralmente se fez. Essa força se manifesta como uma matéria orgânica, às vezes em forma líquida, às vezes em forma puramente fluídica, às vezes, mesmo, em forma de uma massa esbranquiçada. Por isso mesmo ela é captável, pode se colher uma poção dela, como fez o Barão von Schrenck-Notzing, em Berlin nas suas pesquisas, para submeter isto a exame de laboratório. Então, verificou-se o seguinte: essa força ectoplásmica pode produzir objetos. Pode formar objetos. Acredita-se, portanto, que a multiplicação dos pães por Jesus, revelou-nos esse mesmo fenômeno, naturalmente, de uma forma mais intensa porque é produzido por um espírito bastante elevado, muito superior à nossa condição humana. Pergunta nº 4: Jesus x Cristo Locutor - Vamos ao seguinte perguntador. É uma pessoa que também nos dá muito prazer, porque se trata de um companheiro que tem colaborado com este programa na parte técnica. Ele hoje está como um ouvinte, dando-nos a alegria da sua presença. Plateia - Professor Herculano, Álvaro Ricardo. Eu queria que o senhor me respondesse, por favor, Jesus é um e Cristo é outra pessoa? J. Herculano Pires - Não. Isso é uma tese esposada pela teosofia e por outras correntes ocultistas. Eles consideram que o Cristo seria uma entidade cósmica, universal, que não pode se encarnar. Não pode pela sua amplitude, pelo seu poder, pela sua grandeza. E que então nós teríamos a encarnação de um discípulo, de um enviado. E este enviado serviria como intérprete do Cristo, Jesus no caso, seria o médium do Cristo, de acordo com essa teria teosófica. Mas o espiritismo não adota essa teoria. Pelo contrário, no espiritismo nós consideramos Jesus como um espírito superior, muito superior à nossa humanidade terrena. Um espírito que realizou a sua evolução em outros mundos do universo. Dentro, naturalmente, das condições necessárias para toda a evolução espiritual porque a natureza é una, a criação de Deus é una e os seus princípios e as suas leis regem todo universo e estão presentes em toda parte. Jesus desenvolveu-se espiritualmente, atingiu um grau muito elevado, muito superior à nossa humanidade. E assim, ele é o espírito incumbido da direção e da orientação do nosso planeta, da nossa humanidade. Por isso ele representa, pra nós, aquilo que na doutrina de Platão se chamava o Demiurgo. Demiurgo era uma espécie de deus secundário. Platão dizia que um deus secundário é um deus de um determinado planeta, e dirige este planeta depois de o haver ele mesmo o construído com a matéria prima criada por Deus. Quer dizer, o deus secundário, o deus subalterno não cria, ele apenas recebe a criação de Deus e a re-elabora. Assim nós encaramos Jesus no espiritismo: ele é praticamente o construtor do nosso planeta e o diretor da nossa humanidade. Isso está muito de acordo com o próprio processo histórico da aparição e desenvolvimento do cristianismo. Há uma diferença evidente entre Jesus e Cristo. Essa diferença é a seguinte: Jesus é o homem. Jesus é a criatura humana que nasceu de acordo com um processo natural, normal, dentro do próprio desenvolvimento das gerações sucessivas na humanidade, dentro da sua raça, da raça que ele pertenceu quando veio ao mundo. Este homem tem um nome que é o nome que lhe foi dado no nascimento: Jesus. O cristo é um mito, é o mito grego do cristo que corresponde ao mito hebreu do messias. Todos os povos, no mundo inteiro, esperavam, antes da vinda de Jesus, a vinda do messias. Mas cada povo tinha, naturalmente, de acordo com sua língua, uma designação própria para o messias. Se os judeus falavam do messias como o ungido de Deus, o filho predileto, aquele que viria à Terra para auxiliar a humanidade a se redimir dos seus pecados, das suas imperfeições, também os gregos esperavam isso com o nome de cristo. Então, depois que Jesus faleceu, depois que ele deixou nosso o planeta e voltou para o plano espiritual, de acordo com o que estava previsto e com o que era necessário que ocorresse para a própria evolução humana, depois disto foi que se difundiu o nome de cristo ligado a Jesus. E isso partiu dos discípulos gregos de Jesus. É uma decisiva influência da cultura grega prevalecendo sobre a cultura judaica naquele tempo. Nós sabemos que a cultura grega no mundo clássico greco-romano foi de uma importância fundamental. Costuma-se mesmo dizer que os romanos conquistaram a Grécia, mas foram conquistados pelos gregos. Por quê? Porque embora conquistando a Grécia, eles foram dominados pela cultura grega. A cultura grega, portanto, imperava no império romano. Ora, a Judeia era, no tempo, uma província no império romano. Bem perto da cidade de Nazaré, na Galileia, existia a Decápolis Grega, quer dizer, um conjunto de dez cidades gregas, dez cidades gregas bem próximas a Nazaré. A influência dos gregos na palestina era, portanto, muito grande. E foram numerosos os discípulos gregos de Jesus. Eles começaram a chamar Jesus de Cristo. Muitas vezes nos alegam o seguinte: “Mas no evangelho consta Jesus Cristo”. Sim, é preciso saber que os evangelhos foram escritos muito depois da morte de Jesus. Os evangelhos reproduzem os fatos referentes à morte de Jesus guardados pela tradição apostólica, pela as lógias, os registros que alguns apóstolos faziam das principais frases ou passagens dos sermões de Jesus, mas estes evangelhos foram escritos com uma grande posterioridade. O primeiro evangelho, como sabemos, não é o primeiro evangelho canônico de Matheus, mas sim o evangelho de Marcos, o que aparece em segundo lugar. Esse evangelho foi escrito quarenta e cinco anos depois da morte de Jesus. E os outros foram posteriormente até o de João que foi escrito sessenta anos depois. Então, nos evangelhos, aparece a designação de Jesus Cristo porque essa designação já havia, durante todo esse tempo decorrido da morte de Jesus e da propagação do cristianismo no mundo, esse título de Cristo já havia se juntado à palavra Jesus. Então quando nós falamos Jesus Cristo nós temos uma expressão dupla que nos apresenta ao mesmo tempo: homem Jesus e o mito do Cristo. Mito não no sentido de um fato apenas lendário, mas sim, daquilo que poderíamos chamar de arquétipo, um anseio humano, uma esperança da criatura humana que só se realizaria, que só se concretizaria, com o advento positivo de uma criatura humana que foi Jesus. De maneira que, para o espiritismo, Jesus Cristo tem essa duplicidade que tem em toda história do cristianismo. Todos aqueles que estudam o cristianismo, seja dentro de uma religião ou fora de qualquer religião, como os estudos universitários hoje estão desenvolvendo no cristianismo, independentemente de qualquer religião – que são grandes e profundos estudos – todos eles nos trazem essa mesma explicação que o espiritismo dá. Jesus era um espírito extraordinariamente superior encarnado na terra. É hoje, como foi sempre desde o início do nosso planeta, o diretor da nossa humanidade. O nosso senhor, portanto. O nosso mestre. Aquele que supremamente dirige os nossos destinos na Terra. Mas, a designação de Cristo quer dizer apenas que ele foi realmente aquele que as nações do tempo esperavam. Download Locutor – Pergunte, amigo ouvinte, pergunte o que quiser. Envie a sua pergunta por carta ao Programa Limiar do Amanhã, Rádio Mulher: Rua Granja Julieta, 205, São Paulo. Não faça relatório; fala perguntas. Se quiser, pode fazê-las pelos telefones: 2694377 ou 2696130. Ouça as respostas por essa emissora em São Paulo, 730 kHz, pela Rádio Morada do Sol, em Araraquara, ou pela Rádio Difusora Platinense, em Santo Antônio da Platina, estado do Paraná. E na primeira quarta-feira de cada mês venha ao nosso auditória, na Rua Granja Julieta, 205, em São Paulo, para fazer as suas perguntas ao nosso microfone e ouvir as respostas na hora. Pergunta nº 5: Antimatéria Locutor - Continuamos com o nosso diálogo radiofônico. Nome e a pergunta, por favor. Plateia - Jorge. Completando a pergunta da antimatéria que é composta, como entendi, do espírito, do perispírito – que seria um intermediário – e o corpo. Mas quando deixa-se o corpo físico, morre-se, como é que fica então a interligação do espírito e o perispírito? Não faltaria o elemento corpo para se completarem? J. Herculano Pires - Não entendi bem a sua pergunta. Com é que fica o quê? Plateia - A antimatéria, no caso, não estaria faltando o elemento, o corpo, quando a gente morre? J. Herculano Pires - Sim... Plateia - Para se completar? Porque o intermediário é o perispírito; eu entendi desta forma... J. Herculano Pires - Sim. Plateia - E quando a gente morre, deixa o corpo físico. Como é que fica? Fica só o intermediário que é o perispírito e a antimatéria, que seria o fluido universal? J. Herculano Pires - Ah, sim... Aí acontece o seguinte: nós sabemos que a teoria espírita é a da interpenetração do espírito e da matéria. Espírito e matéria se interpenetram. Nós estamos aqui, por exemplo, vivendo no mundo material. No entanto, estamos cercados de espíritos, de entidades espirituais que não vemos, que não podemos palpar. Isso mostra que o mundo material é interpenetrado pelo mundo antimaterial. Essa expressão antimaterial é da ciência atual, é uma expressão provisória no campo da pesquisa. Para nós, aquilo que eles estão chamando antimatéria é o próprio espírito que está sendo tocado pela ciência. Quer dizer, os “Tomés” da ciência materialista estão tocando com o dedo agora a existência do espírito. Então, quando um indivíduo morre, o seu corpo volta, naturalmente, à Terra, à matéria, desligando-se do conjunto psicofísico, e o espírito fica liberto do corpo, dispondo apenas do seu perispírito. O seu perispírito é constituído pelo elemento que nós chamamos de fluido universal. Esse elemento subsiste no geral, no conjunto do universo, porque todo universo é, por assim dizer, mergulhado nesse fluido universal. De onde resultam todas as formas que nós conhecemos, todas as produções feitas pelo espírito, inclusive a matéria. Bom, na teoria espírita, portanto, não há essa ligação de dependência da matéria com o espírito que aparece no campo da pesquisa física como uma hipótese ainda. O espírito é independente da matéria. E justamente por isso o perispírito pode se conservar como um instrumento de manifestação do espírito no plano intermediário entre a matéria e o espírito, na zona fronteiriça desses dois elementos fundamentais do universo. De maneira que a separação do corpo não implica, absolutamente, em problemas para o espírito; ele continua ser o que ele era: uma personalidade humana, espiritual, dotada de um corpo semi-material, como Kardec o classifica, semi-material, que serve de ligação com o corpo carnal quando o espírito se encarna. Quando não se encarna, esse envoltório espiritual se conserva como corpo espiritual. Não sei se está bem dada a resposta. Download Pergunta nº 6: Evangélico x espírita Locutor - Vamos passar a palavra ao nosso irmão que, se não nos falhe a memória, é pasto da igreja evangélica. Ele já esteve nos visitando alguma vez e gostaria de cumprimentá-lo, professor. Plateia - Meu nome é Francisco Cáfaro. Eu gostaria de cumprimentar a todos. Boa noite. J. Herculano Pires - Muito obrigado. Boa noite. Plateia - E eu queria deixar claro que eu não sou pastor. Eu sou apenas um cristão, pela graça de Deus, e estudante da Bíblia, do Evangelho. E vim para avisar, como o senhor já sabia, que para este fim de ano éramos para ter aquele diálogo com o professor Teddy, que ele foi para os Estados Unidos e ele vai demorar mais que o previsto, porque as igrejas dos Estados Unidos resolveram doar bolsas de estudos para os nossos irmãos brasileiros, de forma que Teddy precisou. Por isso que houve esse atraso do nosso irmão Teddy. E talvez agora ele vá passar as festas com a família lá nos Estados Unidos, mas logo para o começo do ano, se Deus quiser, estaremos aqui para marcar, fazer os preparativos para esse diálogo que já tínhamos por alto assim combinado, não é? J. Herculano Pires - Muito obrigado pela sua comunicação. Plateia - E para deixar claro. J. Herculano Pires - Agradecemos a sua comunicação e aguardamos tranquilamente o momento necessário. Plateia - Certo. Só para justificar o nosso atraso. J. Herculano Pires - Sim, não tenho dúvida. Teremos prazer. Plateia - E aproveitando a oportunidade de estar aqui, o senhor respondeu àquela senhora que não é possível a humanidade toda ter vindo de Adão e Eva, pelo fato de estarem os dois filhos... (tosse) Desculpe, estou resfriado. Abel e Caim. Caim ter matado Abel; ele ficou sozinho e foi para outra cidade e se casou. O senhor deve lembrar que Adão e Eva não tiveram só os dois filhos. Tiveram filhos e filhas. E seria lógico também, provavelmente, teria se casado com uma das irmãs. E seria lógico, também, provavelmente teria casado com uma das irmãs. Apesar de que a bíblia não diz, não deixa bem claro esse ponto, mas também não deixa claro que existiam outras pessoas além de filhos de Adão e Eva. Então não pode dar uma resposta clara da coisa. É provável que ele tenha se casado com uma irmã – a Bíblia relata isso; que ele teve filhos e filhas. E não é possível dar uma resposta dessa natureza. Que existiam outras pessoas; a Bíblia não diz nem que sim, nem que não. E outra coisa: o senhor diz que Deus, Jeová, seria um vingativo por ele ter mandado matar toda a cidade de Canaã. O apóstolo Paulo deixa bem claro: Considerai o amor de Deus, mas considerai também a sua severidade. Ele é o nosso criador e nós somos criaturas, e devemos ser obedientes a ele. Ora, a Bíblia deixa claro que Deus se limita dos nossos pecados. O homem é desumano, às vezes; ele é perverso, ele quer fazer a sua vontade e não à vontade do seu criador. Por exemplo, no caso do dilúvio, que eu já disse aqui em uma ocasião. Deus mandou o dilúvio e matou a todos; só oito pessoas ficaram vivas. Vamos deduzir disso que Deus é perverso? Ele não queria fazer isso; ele mandou que Noé profetizasse, que o povo se arrependesse e obedecesse; o povo riu-se da pregação de Noé e o espírito do Senhor estava com ele, a Bíblia diz. Mas, como já disse, a Bíblia diz, aliás: Deus se limita dos nossos pecados. Jesus Cristo mesmo disse sobre Gomorra e Sodoma que Deus consumiu com fogo. Deve haver uma razão para isso. Deus nos ama e ele só quer o nosso bem, ele quer que nós fujamos das coisas abomináveis, para nos convertermos a ele, mudar o nosso ritmo de vida, ao invés de fazer a nossa vontade, a vontade da carne; lutas, prostituições e infâmias que cometemos. Ele quer que nós nos arrependamos dessa vida, que deixemos essas coisas para vir aprender de Deus, dos evangelhos, da palavra dele. E assim será no dia do juízo. Jesus profetizou o dia do juízo. Deus não quer que os homens se percam. Ele mandou Cristo para que iluminasse o povo; pregasse o evangelho; que através da palavra dele viessem a ser salvos. É a mesma coisa hoje: o povo ao invés de crer e obedecer aos evangelhos, eles obedecem a doutrinas de homens e de outros espíritos além do espírito santo. Paulo disse que há só um espírito que vivifica, mas é o espírito de Deus. O espírito santo, e não o espírito dos mortos. O espírito de Deus tem poder para nos vivificar. Mas os espíritos dos mortos, nenhum outro espírito tem poder para vivificar ninguém. J. Herculano Pires - O senhor terminou? Plateia - Agora o senhor diz... Não. O senhor diz que segundo a doutrina espírita ninguém morre. O senhor diz que para não se apegar à letra que mata e sim ao espírito que vivifica. Exatamente, mas quem são esses que morrem? Segundo a doutrina espírita, ninguém morre. Vocês ensinam que não se apeguem à letra que mata, mas o espírito que vivifica... J. Herculano Pires - Sim. Plateia - Nos entendemos, através do evangelho, que só um espírito vivifica: o Espírito Santo. É claro que se eu ler e não obedecer não vai adiantar. Vai, pelo contrário, vai piorar, ainda, a minha situação. Outra coisa: quanto à Terceira Revelação, que nós também já debatemos esse assunto, na ocasião anterior que estive aqui. Apesar de que esses assuntos vão ser debatidos com Teddy. Ele tem muito mais conhecimento, eu sou apenas um aluno. J. Herculano Pires - Sim. Plateia - Um estudante da Bíblia e pretendo crescer no conhecimento... J. Herculano Pires - Estou preocupado com o tempo; queria saber se ainda tem tempo para a gente responder suas perguntas... O senhor tem muito ainda o que dizer? Evangélico - Não, eu já terminei. Sobre na Terceira Revelação. Jesus escolheu doze homens, ensinou sua doutrina e disse que muita coisa tinha a dizer, mas não podia dizer ainda porque eles não podiam suportar. Ele enviaria o consolador. O consolador veio a eles. O reino de Deus; virá o reino de Deus com poder. Jesus disse: “Vocês não vão morrer sem antes ver, primeiro, o reino de Deus ter chegado com o poder sobre vós.” Veja que não cabe essa doutrina, que o Espírito Santo está vindo somente agora, o consolador somente agora. Que Cristo profetizou. Está nos evangelhos de João, Matheus, Marcos, Lucas. Que vocês não vão morrer sem antes ver o reino de Deus ter chegado com poder... J. Herculano Pires - Estamos no final. O senhor quer terminar para eu poder responder, senão não dá tempo. Plateia - Quer dizer, essa Terceira Revelação não se encaixa nos Evangelhos, é além dos evangelhos, e é exatamente o que os evangelhos condenam. Não é de Deus isso!!! Eu quero deixar claro uma coisa: eu não sou contra nenhuma pessoa espírita, absolutamente. J. Herculano Pires - Sim, é claro. Plateia - Sou contra a doutrina que não encaixa com os evangelhos. J. Herculano Pires - Pois bem, mas eu queria lembrar o senhor que isso é de acordo com o seu pensamento, o seu conceito. Porque para nós se encaixa perfeitamente. Para nós a única explicação possível é essa que está no espiritismo. Agora, eu respeito a sua posição. O senhor tem uma religião diferente da nossa. Nós dizemos sempre aqui que a nossa intenção não é converter ninguém. Nós não temos igreja. Nós não precisamos de adeptos para uma determinada igreja. Nós defendemos um pensamento livre, uma interpretação livre das escrituras, diante do espiritismo. Oferecemos a todos aqueles que quiserem esclarecer-se de pontos que tenham dúvidas nos esclarecimentos que o espiritismo oferece. Nós não estamos doutrinando, não estamos procurando adeptos e nem tirar ninguém da sua religião. Respeitamos todas as crenças e descrenças; que cada um fique no seu lugar. Mas, como dizemos aqui no nosso programa, respeitamos tudo, cada crente com sua crença, cada descrente com sua descrença, mas a verdade ao alcance de todos. De maneira que aquilo que nós consideramos, a verdade que nos é oferecida pela Terceira Revelação, nós colocamos neste programa ao alcance de todos. Todos esses pontos que o senhor referiu aí são perfeitamente sustentáveis dentro da dogmática da sua igreja e das demais igrejas cristãs. Todos eles são pulverizáveis diante dos princípios espíritas. Os princípios espíritas nos mostram, por exemplo, no caso de Adão e Eva, que a Bíblia é bastante clara quando diz que Caim saiu e foi para o país de Nod. Dá até o nome do país. Trata-se de um país, não se trata de um lugar distante em que teria fugido ou desaparecido uma filha de Adão e Eva. Não. É um país em que ele foi se consorciar com uma mulher que já existia num país povoado. Portanto, isso aqui é indiscutível do ponto de vista não só bíblico como histórico. Por outro lado, a data que a Bíblia marca para o aparecimento de Adão e Eva está muito superada do ponto de vista histórico e das pesquisas arqueológicas, porque muito antes de Adão e Eva havia gente no mundo, havia raças no mundo. Por outro lado, Adão e Eva correspondem a um mito, um símbolo. Por exemplo, para os gregos, não foi Adão e Eva quem povoou o mundo. Foi Pirra e Deucalião. Foram eles que povoaram o mundo. Quer dizer, existe uma lenda grega em que aparece então um casal primitivo, que é um casal heleno. Existe uma lenda judaica em que existe um casal primitivo que é um casal judeu. Existe uma lenda babilônica, existe uma lenda egípcia, existem lendas indianas, e assim por diante. Ora, por que motivo nós vamos aceitar que a lenda que está na Bíblia –sendo a Bíblia um livro profundamente histórico do povo judaico – vamos aceitar que essa lenda judaica seja superior às outras. Quer dizer então, os outros casais também, os outros casais primitivos poderiam disputar a primazia. Mas nenhum destes casais foi verdade, foi verídico. Todos esses casais são símbolos, alegorias. É o que a psicologia hoje explica no tocante aos arquétipos espirituais. Bom, quando o senhor fala, por exemplo, da severidade de Deus. É estranho que Deus, sendo amor e bondade, criador de todos os homens e de todas as criaturas, quisesse que os homens criados por ele e cuja capacidade ele conhece de sobra, porque ele é onisciente, ele é onisciente, ele conhece o passado, o presente, o futuro; ele sabe, portanto, que esses homens não tinham capacidade para entender de imediato os ensinos superior dos seus enviados. Seria estranho que esse deus mandasse passar todo mundo a fio de espada, submeter-se ao fogo de enxofre, essa coisa toda, destruindo todos porque não obedeceram. Isso é uma atitude cabível num homem, num homem bárbaro, num homem primitivo, e não num deus. Principalmente no Deus de sabedoria e de amor que Jesus nos apresenta no Evangelho. Essa parte da Bíblia, portanto, só é inteligível na sua perspectiva histórica, quando nós vemos que aquele povo de pastores, aquele povo agrário da Judeia daquele tempo, não podia ter outra concepção senão essa. É natural. As concepções humanas evoluem com a evolução da cultura e o desenvolvimento do espírito. Quando o senhor fala do dilúvio. O dilúvio é uma lenda universal também. Não houve apenas o dilúvio relatado na Bíblia. Na Babilônia, por exemplo, existe também o Noé, que se chamava Gilgamesh. Este Gilgamesh também foi avisado de que Deus iria destruir o mundo. Ele também construiu uma canoa; recolheu gente dentro da canoa; sua família, principalmente; e se livrou do tormento do dilúvio, de se afogar nas águas. Aqui entre os nossos índios, o lei do dilúvio é tão comum, que José de Alencar a repete, a utilizou no final do romance “O Guarani”, onde ele mostra o dilúvio que ocorreu naquela região em que Ceci e Peri fugiram servindo-se de uma palmeira que Peri arrancou da terra para ir flutuando e levando sobre a água. Quer dizer, é uma lenda universal, o senhor encontra isso em todas as religiões do mundo. E essa lenda, como Kardec assinala muito bem, corresponde a episódios telúricos ocorridos em diversas regiões da Terra. Por exemplo, quando doutor Woolley – pesquisador inglês e arqueólogo – descobriu junto à cidade de Ur um grande lençol de lama, de lama de tipo diluviano, quer dizer, de lama intensa, um lençol bastante grosso que havia liquidado a antiga cidade de Ur, que lá estava soterrada, o doutor Woolley passou um telegrama comunicando a imprensa mundial: “Descobri os restos do dilúvio universal”. Porque Ur fica exatamente na região do delta do Tigre e do Eufrates, onde ocorreu o dilúvio segundo a Bíblia. E analisando este lençol de lama, a ciência, com os métodos hoje utilizados para a verificação da idade das pedras, das rochas, essa coisa toda, a ciência verificou que este lençol correspondia exatamente ao tempo determinado pela Bíblia, ao tempo apontado na Bíblia. Então realmente seria um dilúvio, mas como diz Kardec, um dilúvio parcial, não um dilúvio universal. Um dilúvio que ocorreu numa grande região do mundo, mas não em todo mundo. Acontece que naquele tempo as civilizações eram ilhadas, eram separadas umas das outras e não havia comunicação como hoje. Então o povo, que sofria uma inundação geral na sua região, pensava que o mundo havia se acabado. Mas na verdade não se acabou e continua, e prosseguiu. De maneira que essa lenda do dilúvio também não tem cabimento do ponto de vista lógico, histórico, cultural, de maneira alguma e nem mesmo religioso. Quanto ao dia de juízo, realmente Jesus falou do dia de juízo. O dia de juízo é uma expressão hebraica. Todo mundo esperava o dia de juízo. Como também os gregos, os romanos esperavam este dia. Como os egípcios sabiam que existia o julgamento no dia de juízo. Está isso lá na religião egípcia, bem clara. Mas o dia de juízo não é o dia universal do juízo, com essa simbologia fantástica com que apresentam as igrejas: os mortos se levantando dos seus túmulos com seus próprios corpos, esses corpos que já desapareceram na terra, que foram irremediavelmente destruídos. Deus reconstruindo os corpos desses mortos para que eles ressuscitem no último dia e serem julgados. Quando o julgamento de cada um se dá logo depois da morte, no tribunal da sua própria consciência, segundo o espiritismo nos explica. Segundo o espiritismo não só nos explica, mas nos prova, com a pesquisa dos problemas das comunicações espíritas. E hoje é esse um problema da ciência; já não é mais só de espiritismo. No tocante ao problema de que ninguém morre: realmente eu sei que as religiões determinam que certas pessoas não morram. Há um privilégio para os adeptos da igreja; os adeptos da igreja são os privilegiados de Deus, desde que creiam e sigam as regras da igreja, eles não morrem. Mas no espiritismo não é assim. O espiritismo considera o universo como criação divina, criação de Deus. E, portanto, quando a ciência verifica que nada se perde, tudo se transforma no universo, o espiritismo concorda com isso dizendo que nenhuma criatura se perde, e de acordo com a mesma expressão de Jesus, que disse que nenhuma ovelha do seu rebanho se perderia. Realmente não se perde. Ninguém morre; todo mundo passa pela morte como por uma porta que dá acesso ao mundo superior. E a justiça de Deus é universal. Deus não concede privilégio a ninguém. O fato de uma pessoa ser espírita não lhe dá privilégio algum. De ser católico, de ser protestante, a mesma coisa. O privilégio que nós temos é o grande privilégio de nos aproximarmos do conhecimento da verdade. Porque Deus nos deu a razão e a capacidade de discernimento para isso. O dia de juízo é um dia individual, pessoal para cada um de nós. O que se tomava como dia de juízo era o fim de ciclos históricos. Por exemplo, quanto terminou o ciclo histórico das grandes civilizações do Oriente – que eram civilizações teológicas enormes –, e um novo ciclo histórico ia nascer com a civilização persa, a civilização grega, e a civilização romana, houve catástrofes universais. Todas essas civilizações caíram sobre o poder de inimigos, foram destruídas e um novo mundo começou. Então entendia-se que isso seria o dia de juízo. O mundo clássico greco-romano sofreu a mesma coisa. Roma, como sabemos, foi invadida pelos bárbaros; destruída a civilização romana, os bárbaros dominaram tudo. Os romanos foram submetidos ao juízo, ao julgamento, porque eles não haviam levado a civilização para os povos bárbaros que vieram buscar lá nele, vieram beber lá em Roma. Assim, não há possibilidade de se interpretar o dia do juízo como esse acontecimento fantástico de um último dia marcado para o mundo, onde todo mundo se levantará do pó novamente com seus pobres corpos humanos. E Deus fazendo, como diz Kardec muito bem, um milagre horroroso que é o seguinte: Deus transforma esses corpos que vão renascer da terra, corpos humanos frágeis, perecíveis, Deus os transforma em corpos eternos, o indivíduo passa a viver dali por diante eternamente com aquele miserável corpo que ele arrastou na Terra. E Deus manda aqueles que vão para o inferno com uma condição mais cruel que ele acrescenta ao corpo que é o seguinte: Aquele corpo humano ressuscitado por Deus no último dia é dotado de invulnerabilidade. Então o indivíduo sofrerá as doenças que ele tinha, as condições que ele tinha, eternamente, e jogado no fogo do inferno sem que o fogo queime-lhe a carne, sem destruí-la, porque ele não é destrutível mais, ele não é mais destrutível. O corpo se tornou eterno. Quer dizer, a última maldade de Deus que supera toda imaginação humana: a maldade de converter uma miserável criatura em eterna para ser miserável eternamente. Não se pode aceitar isso, e o senhor vai concordar comigo do ponto de vista lógico. Do ponto de vista da fé, da dogmática de uma igreja, pode se aceitar, e nós não condenamos porque isto é uma questão emocional. E o indivíduo que emocionalmente se sente bem dentro de uma religião, ele está necessitando dessa religião. Nós reconhecemos isto, e achamos que ele vai muito bem ali, nós não queremos tirá-lo de lá de maneira alguma. Porque, futuramente, nas reencarnações sucessivas, ele virá naturalmente ao espiritismo. Agora quanto à Terceira Revelação. Jesus não disse aos doze apóstolos, que ele mandaria o espírito da verdade. Ele falou a todo o povo. Porque nunca se dirigia apenas aos doze apóstolos. Ele falava anunciando aquilo a todos os que nele cressem, a todos os que aceitassem a sua verdade. Quando Jesus faleceu, segundo nós vemos no próprio Livro de Atos, ele não tinha apenas doze apóstolos, ele tinha cento e vinte discípulos. Então, quer dizer, ele estava anunciando uma revelação que viria quando aquelas criaturas estivessem em condições de receber. O espírito santo, o espírito da verdade, não veio excepcionalmente com o espiritismo. Ele está no mundo permanentemente, mas ele trouxe essa revelação na época determinada por Jesus quando os homens amadureceram para compreender a verdade dos seus ensinos. Quem lê o evangelho, presta bem atenção no espírito do evangelho, vê o ensino claro de Jesus sobre a reencarnação, a lei de causa e efeitos, a comunicação dos espíritos que ele mesmo afastava dos indivíduos que eram possessos de espíritos. A comunicação que ele mesmo exemplificou, ele se comunicando depois de morto. A comunicação que, ele mesmo, também exemplificou no Tabor, com o espírito de Elias e de Moises ali presentes, evocados por ele. Quer dizer então, nós vemos que a Terceira Revelação corresponde exatamente aquele anúncio de Jesus: “Quando estiverdes em condições de compreender os ensinamentos que eu hoje não vos posso dar, eu pedirei ao Pai que mande o Espírito da Verdade para vos esclarecer a respeito”. É este o nosso problema. Download Locutor - O Evangelho de Cristo em espírito e verdade. Não se apegue à letra que mata; procure o espírito que vivifica. Abrindo o Evangelho ao acaso, encontramos no Evangelho de Matheus, no versículo 17, do capítulo primeiro: “Assim todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações. Também desde Davi até o exílio, em Babilônia, catorze gerações; e desde o exílio em Babilônia até o Cristo, catorze gerações”. J. Herculano Pires - Ora, nós vemos aqui, neste trecho do evangelho, uma referência bastante importante ao problema das gerações na Terra. Nós vemos que o trecho de Matheus nos fala de Abraão e não de Adão, marcando as gerações sucessivas, porque esse trecho pretende estabelecer a genealogia de Jesus para provar que Jesus era descendente de Davi. Era importante que Jesus fosse descendente de Davi, porque de acordo com as profecias, era da descendência de Davi que nasceria o Messias e, portanto, o Cristo. Então Matheus, neste trecho, procura, dando às sucessivas gerações que vêm desde Abraão, o pai Abraão, até os tempos de Davi, ele procura estabelecer a genealogia necessária para mostrar que Jesus era filho de Davi, descendente do rei Davi. Ora, essa descendência de Davi justifica então a classificação de Cristo que se deu a Jesus e, portanto, a classificação de Messias, segundo o ponto de vista hebraico. Não temos dúvida de que se o evangelho fosse se referir ao problema da descendência humana a partir de Adão, a posição dele seria bem diferente. Ele não poderia fazer toda essa descrição em catorze gerações apenas sucessivamente de um período para outro. Ele teria de se estender a períodos bastante longos de tempo. E não seria possível isso, porque nem havia os registros necessários a partir de Adão e Eva.
Adão e Eva continuam, portanto, em face do evangelho – e isso aparece muito bem nas epístolas de Paulo, quando ele fala que por um homem Adão veio ao pecado, e por um homem, Cristo, nos libertamos do pecado – mostra muito bem que se trata de uma concepção judaica, religiosa, que nos oferece então a lenda de Adão e Eva como um símbolo da criação do mundo e não precisamente como um fato histórico. Aliás, a Bíblia se divide em fatos históricos, fatos religiosos, profecias e todos os elementos que podem nos fornecer uma compreensão do que foi o mundo judeu do qual nasceu o cristianismo.
Mas assim como o sol nasce de uma nebulosa, o evangelho nasce da nebulosa da Bíblia. Todos aqueles elementos que estão em conflito, em confusão na Bíblia, vêm se definir e esclarecer nas páginas do evangelho. Da mesma forma que todos os elementos que não estão precisamente esclarecidos no evangelho, em virtude da incompreensão do homem naquele tempo, vêm se esclarecer nas páginas da codificação espírita que representa a Terceira Revelação da lei divina, revelação esta prometida por Jesus.
Leia amigo ouvinte, leia livros espíritas para se esclarecer e se orientar. Participe do novo mundo que está nascendo. Faça a sua pergunta ao nosso programa e leia o livro indicado na resposta que você receberá como presente de irmão. Basta retirá-lo em nosso escritório, à Rua Barão de Itapetininga, 46, 11° andar. Os ouvintes do interior receberão os livros pelo correio. E não se esqueça de que existe uma revista especializada em educação espírita. Ajude-nos a criar a nova educação que formará as gerações do futuro. Adquira e colecione a “Revista Educação Espírita” com numerosos trabalhos de famosos educadores. Não fazemos propaganda religiosa. Fazemos divulgação científica. Não temos igreja e não buscamos adeptos. Colocamos a verdade ao alcance dos que a procuram. Não somos pregadores. Somos expositores.
Divulgamos a ciência do espírito na era do espírito.
Nosso lema é este: “cada crente com sua crença; cada descrente com sua descrença. Mas a verdade ao alcance de todos”.
Queremos a verdade; só a verdade; nada mais que a verdade. E se você provar que está com a verdade, ficaremos com você.